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segunda-feira, 28 de maio de 2012

Mathias Rust: o piloto alemão que invadiu a União Soviética em um Cessna

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Há 25 anos o piloto alemão, Mathias Rust invadia o espaço aéreo da União Soviética em um Cessna e pousava na praça vermelha!

Durante toda a Guerra Fria, as superpotências mundias, Estados Unidos e União Soviética, se orgulhavam de possuírem espaços aéreos inexpugnáveis, e faziam questão de fazer enorme propaganda disso, como demonstração de poder.

O espaço aéreo da União Soviética era tão bem defendido que, dentro da doutrina militar americana, as possíveis missões contra alguns alvos específicos, em caso de guerra aberta, eram considerados, praticamente, como missões suicidas. Particularmente, a cidade de Moscou era considerada como uma das cidades melhor defendidas no mundo contra um ataque aéreo direto.

Todavia, nenhuma defesa é perfeita, e sempre haverá algum ponto vulnerável. De fato, um piloto ocidental conseguiu burlar todas as defesas russas, e não somente conseguiu sobrevoar boa parte da União Soviética e de Moscou, como também pousou lá, em pleno coração da cidade, na Praça Vermelha.
Esse piloto não operava, no entanto, uma sofisticada aeronave invisível militar. Ele nem sequer era militar, era civil, e pilotava um simples e pacato Cessna 172 Skyhawk. Mathias Rust era um piloto amador alemão, e tinha então apenas19 anos de idade. Rust alugou o Cessna para fazer a mais extraordinária aventura da sua vida: invadir o espaço aéreo da União Soviética e pousar em Moscou, em uma missão idealista de “promover a paz”.

Mathias Rust, na sua “missão”, demonstrou uma boa dose de coragem, sangue frio, capacidade de planejamento e… ingenuidade. Era evidente que se tratava de uma aventura extremamente arriscada: durante a Guerra Fria, qualquer avião vindo do Ocidente sem o conhecimento e autorização dos soviéticos era considerado hostil, e estava a sujeito a destruição sem aviso prévio. Mas Rust resolveu desafiar abertamente os soviéticos, sem apoio e nem conhecimento de mais ninguém. Era uma aventura particular de adolescente.

Sua jornada começou no Aeroporto de Uetersen, perto de Hamburgo, na então Alemanha Ocidental, em 13 de maio de 1987. Tinha como destino o Aeroporto Helsinki-Malmi, na Finlândia. Quinze dias depois, na manhã de 28 de maio, após encher os tanques do avião, e com uma generosa quantidade de combustível extra a brodo, Rust fez um plano de voo para Stockholm, na Suécia. Após fazer uma última comunicação com o Controle de Tráfego Aéreo finlandês, mudou o rumo para Sudeste e voou em direção à Estônia, na então União Soviética.

O Cessna de Rust sumiu dos radares finlandeses quando sobrevoava Sipoo, no litoral do Golfo da Finlândia. Como Rust deixou de se comunicar pelo rádio, seu Cessna foi considerado desaparecido, e provavelmente acidentado, no mar. Uma missão de busca e salvamento foi organizada. Os barcos de patrulha da Finnish Border Guard encontraram uma mancha de óleo no mar, que presumiram se tratar de vestígios do Cessna, mas não conseguiram confirmar, obviamente, pois Rust ainda estava voando.

Após cruzar a linha de costa da Estônia, Rust tomou uma proa para Moscou. Voando baixo, mas sem se preocupar em voar rente ao solo, foi interceptado pelos radares do PVO (ProtivoVozdushnoy Oborony – Forças de Defesa Aérea), pela primeira vez, às 14 horas e 29 minutos, hora local. Sem nenhuma identificação como aeronave amiga e em silêncio de rádio, o Cessna foi declarado invasor. O PVO declarou alerta vermelho, colocando mísseis antiáreos em prontidão e despachou dois caças para interceptar o intruso.

Os mísseis não foram disparados, pois era necessário obter autorização superior para isso, e tal autorização nunca foi concedida. Um dos dois caças fez contato visual com o Cessna de Rust, às 14 horas e 48 minutos, perto de Gdov, na Estônia, e identificou seu alvo como um pequeno avião branco, similar a um avião leve russo Yakovlev Yak-12, de asa alta. Pediu para engajar o alvo, mas tal autorização foi negada.

É de se duvidar que os caças, ou mesmo os mísseis antiaéreos, pudessem destruir o pequeno Cessna. O avião de Rust era tão pequeno, manobrável e lento que tornaria o seu abate uma proeza equivalente a caçar pardais com canhão.

Pouco tempo depois, os caças perderam o contato com o Cessna. Quando sobrevoava a região de Starava Russa, já na Rússia, o avião também sumiu dos radares. Especulou-se que Rust talvez tivesse pousado em algum lugar dessa região, para trocar de roupas, descansar um pouco e, possivelmente, reabastecer os tanques com a gasolina extra que carregava a bordo, mas isso nunca foi confirmado.

O PVO ainda conseguiu detectar o avião várias vezes, mas, contando com uma sorte incrível, Rust e seu avião foram confundidos com aeronaves russas. Próximo a Pskov, foi confundido com aeronaves de treinamento que usavam o local como área de manobras, e cujos inexperientes pilotos frequentemente se esqueciam dos códigos IFF (Identification Friend or Foe – Identificação de Amigo ou Inimigo) corretos. Em consequência, todos os aviões na área foram considerados “amigos”, inclusive Rust.

Quando sobrevoava Torzhok, o Cessna foi confundido com um dos helicópteros que faziam uma missão de busca e salvamento de um acidente aeronáutico ocorrido no dia anterior. Depois, sempre contando com uma sorte incrível, Rust continuou sendo confundido com aeronaves russas de treinamento e continou seu voo sem ser perturbado.

Embora voando sobre a superdefendida União Soviética, que enchia de temores qualquer piloto militar americano, Rust só passou medo real por uma única vez, quando percebeu a aproximação dos caças sobre a Estônia. Procurou espantar o medo recordando do incidente do voo KAL 007, um Boeing 747 civil coreano que foi abatido, cheio de passageiros, em espaço aéreo soviético, alguns anos antes, e que provocou protestos do mundo inteiro. Julgou que os soviéticos não iriam se arriscar a novos protestos por causa de um simples monomotor civil. Mas Rust manteve-se tenso durante o voo inteiro, e não era para menos.

Sem ser incomodado, Rust começou a sobrevoar os arredores de Moscou no final da tarde. Sua intenção era pousar dentro do Kremlim, mas pensou melhor e mudou seu objetivo para a Praça Vermelha. Afinal, o Kremlim era um local fechado ao público em geral, e a KGB poderia muito bem eliminá-lo lá dentro, sem chamar a atenção de mais ninguém, e ocultar o incidente do resto do mundo. Já a Praça Vermelha era um lugar público, tinha turistas estrangeiros, o que tornaria o incidente imediatamente conhecido.de todos e da imprensa. Isso poderia protegê-lo de ser simplesmente executado.

Pouco antes da 19 horas, Rust sobrevoava a Praça Vermelha, procurando um local para pousar. Não era fácil, pois a praça sempre tem intenso tráfego de pedestres. Afinal, encontrou um espaço livre na ponte próxima à Catedral de São Basílio, e lá pousou sem maiores dificuldades, às 19 horas. Ainda era céu claro, nessa época do ano. Taxiou como se fosse um carro de passeio na avenida, parou ao lado da Catedral, a 100 metros da Praça Vermelha, desligou o motor e desceu do avião.

Sua extraordinária sorte o protegeu até esse instante: a ponte era protegida contra pousos de aeronaves por cabos de aço, que foram removidos para manutenção justamente na manhã daquele mesmo dia. Seriam reinstalados no dia seguinte.

Os transeuntes perplexos não foram hostis com Rust e até o cumprimentaram. Mas não demorou muito para a polícia chegar e prender o audacioso piloto.

O julgamento de Rust pela Justiça Soviética começou no dia 2 de setembro de 1987. Ele foi sentenciado a 4 anos de prisão por baderna, infração às regras de tráfego aéreo e invasão de fronteira, e enviado à Prisão Lefortovo em Moscou. Foi uma sentença relativamente leve, pois, em outros tempos, talvez fosse mandado para a Sibéria pela KGB por espionagem e nunca mais saísse de lá, vivo.

Não chegou a cumprir a pena integralmente. Dois meses depois de Mikhail Gorbachev e Ronald Reagan assinarem um tratado de eliminação de mísseis nucleares de médio alcance instalados na Europa, o Soviete Supremo, em um gesto de boa vontade, mandou libertar Rust, que foi deportado para a Alemanha, Ocidental. Desembarcou naAlemanha Ocidental no dia 3 de agosto de 1988.

A aventura pessoal de Mathias Rust teve consequências inimagináveis na História. Naquela época, Mikhail Gorbachev defendia uma ampla reforma e uma abertura do regime soviético, a Perestroika e a Glasnost, que tinham, no entanto, grande oposição por parte dos militares russos. O incidente de Rust, no entanto, desmoralizou e humilhou os militares russos no mundo inteiro. Afinal, um simples avião civil, com um piloto amador quase adolescente, passou por todas as defesas e pousou sem oposição no centro da capital soviética, ao lado do Kremlin.

Gorbachev soube aproveitar muito bem o incidente: demitiu o Ministro da Defesa Soviético, Serguei Sokolov, o Chefe de Defesa Aérea, Alexander Koldunov e centenas de outros oficiais. Com a desmoralização dos militares, Gorbachev conseguiu implantar as reformas que queria, que acabaram criando um caos econômico que desembocou na queda do Muro de Berlim, no fim da Guerra Fria e no fim da União Soviética, em dezembro de 1991. Pequenas causas criaram grandes efeitos.

Do jovem idealista Mathias Rust, que queria, com seu voo épico, fazer um gesto em favor da paz, sobrou pouco. Depois de voltar à Alemanha Ocidental, recusou-se a fazer o Serviço Militar Obrigatário, por razões de consciência, pois era a favor da paz. Provou isso com o seu voo. Suas razões foram aceitas, e, em alternativa, teve que prestar serviços comunitários em um hospital alemão.

Enquanto estava no hospital, apaixonou-se perdidamente por uma enfermeira que, no entanto, não correspondeu ao seu amor. Acabou esfaqueando a enfermeira, e recebeu uma sentença de 4 anos de prisão por tentativa de homicídio. Foi libertado depois de 15 meses.

Depois disso, casou-se, divorciou-se e voltou a casar. Cometeu vários pequenos delitos, como roubar um casaco de cashemira em uma loja, não pagar dívidas e cometer pequenas fraudes. O Governo da Finlândia apresentou-lhe uma conta de 100 mil dólares pela missão de busca e salvamento levada a cabo no dia do seu voo histórico. Graças à fama que ganhou com a sua “missão” a Moscou, conseguiu amealhar uma pequena fortuna e fundou uma organização dedicada à paz, denominada Orion and Isis, que, todavia, nunca fez nada muito relevante, até hoje.

Hoje, aos 42 anos de idade, Mathias Rust é sócio de uma empresa de investimentos na Estônia, mas sobrevive mesmo como jogador profissional de poker. Parece que sua sorte ainda não o abandonou, pois consegue grandes lucros com isso.

O avião que Rust usou para chegar a Moscou, um Cessna F172P, fabricado sob licença pela Reims, da França, em 1983, foi matriculado na Alemanha como D-ECJB, e ficou apreendido na Rússia durante algum tempo, até ser devolvido para a sua proprietária, a Atlas, de Ganderkesee, Alemanha. Foi posteriormente exportado para o Japão. mas, provavelmente, nunca recebeu uma matrícula japonesa. Em 2008, o Deustches Technikmuseum Berlin levou o avião do Japão de volta para a Alemanha (foto acima, ainda com a matrícula original), onde está hoje em exibição pública, totalmente restaurado (foto abaixo). O Cessna de Rust é uma aeronave histórica, pois chegou onde nenhum avião militar ocidental jamais conseguiu sequer se aproximar, durante a Guerra Fria.

Mesmo sendo um típico anti-herói, Mathias Rust teve um papel desproporcionalmente grande na história, pois o seu voo provocou uma desmoralização geral nos militares soviéticos, que perderam poder e acabaram cedendo às reformas de Gorbachev. Em última análise, Mathias Rust e seu pequeno Cessna podem ter precipitado o fim da União Soviética, do Muro de Berlim e da Guerra Fria.

Fonte: Cultura Aeronáutica
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segunda-feira, 6 de junho de 2011

Bombeiros do PR, BA, MG e PE ganham o dobro do que os do RJ

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Soldados do Corpo de Bombeiros do Paraná, Bahia, Minas Gerais e Pernambuco ganham pelo menos o dobro de salário que seus colegas do Rio de Janeiro, que estão greve para aumentar sua remuneração R$ 950 para um bombeiro em início de carreira.

A diferença é ainda maior se comparada apenas ao salário dos bombeiros paranaenses de R$ 2.428,39 para soldados recém-formados, 150% mais do que o que ganham os bombeiros fluminenses. Na Bahia, o salário é de R$ 1.948,23, 105% superior ao do Rio, e inclui o soldo mais gratificação e vale-alimentação. O Estado possui um efetivo de 2.117 bombeiros.

Em Minas Gerais, Estado que conta com 5.628 bombeiros na ativa, o salário após o curso de formação é de R$ 2.041,74. Ainda assim, os bombeiros do Estado também estão se mobilizando por aumentos salariais. Fizeram passeatas pelo centro de BH e ameaçam com paralisação contra o reajuste de 7% proposto pelo governo mineiro. Os bombeiros querem salário de R$ 4.000 já e reclamam que o governo só queira chegar a esse valor no fim de 2014.

Em Pernambuco, onde os soldados do Corpo de Bombeiros ganham R$ 1.881, as associações de classe querem que os salários subam para pelo menos R$ 2.400, e não para R$ 2.100, como está previsto para julho. Os bombeiros do Estado têm feito caminhadas e assembleias para pedir um aumento maior. Eles também pedem novas fardas e mais estrutura para vigilância de praias.

Já no Rio Grande do Sul, associações de classe dos bombeiros prometem realizar assembleias nos próximos dias para exigir aumento para os soldados. No Estado, eles são ligados à Brigada Militar (a polícia gaúcha) e recebem o mesmo que um policial recém-formado, R$ 1.246, o pior salário do Sul do Brasil.

Os bombeiros também reclamam das condições dos veículos, da qualidade dos uniformes e das armas de serviço. O Estado possui um efetivo de 2.900 bombeiros.

Fonte: Folha

Nota do Blog: É uma vergonha para o Rio de Janeiro oferecer a nossos heróis do Corpo de Bombeiros uma miséria de soldo. Agora o salário dos deputados é um absurdo.

Porque um político que pouco produz, quase não esta presente as sessões vive uma vida de luxo as custas do povo enquanto nossos soldados do corpo de bombeiros e da policia militar ganham um soldo vergonhoso? Me digam meus compatriotas, como podemos exigir a integridade de nossos soldados se vivem a míngua, tendo de sustentar suas famílias com essa miséria, pois ainda temos de descontar deste soldo o valor gasto no transporte? Isso mesmo, o Estado não dá a esses guerreiros o vale-transporte. Ai me vem um politico safado e reclama porque nossos soldados estão protestando pela melhoria de seu salário e condições de trabalho.

O GeoPolítica Brasil espera saber do governador Cabral, como ele viveria com um salário desses? Se ele acredita que é possivel, então que corte o gasto com seus assessores e os demais políticos e passem a ganhar apenas esse soldo.

Angelo D. Nicolaci
Editor GeoPolítica Brasil
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sábado, 4 de junho de 2011

Policia Militar reprime manifestação de Bombeiros

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Nesta manhã de sábado o GeoPolítica Brasil acompanhou de perto a operação da policia militar, que com os batalhões do BOPE e Choque, invadiram o Quartel Central dos Bombeiros que havia sido ocupado na noite desta sexta por bombeiros e seus familiares após uma marcha que começou na noite desta sexta-feira frente a ALERJ. A manifestação é em prol de melhores salários e condições de trabalho.

O BOPE lançou granadas de efeito moral e gás lacrimogêneo antes de efetuar a invasão. Houve muito tumulto e algumas pessoas saíram levemente feridas. Ao menos duas crianças foram atendidas por intoxicação e outras duas pessoas atendidas com ferimentos leves na cabeça. Vários manifestantes foram levados para o Batalhão de Choque no Centro.

O Coronel Mario Sérgio Duarte, Comandante da Policia Militar, tentou convencer durante a madrugada os manifestantes a retornarem aos seus lares pacíficamente, prometendo que não se usaria de força contra os manifestantes colegas de farda. Mas devido a persistência na ocupação e às ordens do Governador Sérgio Cabral, a Polícia Militar teve de ser mais enérgica para conduzir ao fim da ocupação.

Os Bombeiros Militares do Rio de Janeiro tem hoje o pior salário nacional, enquanto nosso Estado possui a segunda maior arrecadação do país. É uma injustiça sem tamanho o tratamento dado a nossos guerreiros que salvam milhares de vidas todo o mês. Nós do GeoPolítica Brasil reconhecemos a bravura de nossos heróis anônimos e até acompanhamos recentemente durante o nosso caminho á um ato na Assembléia Legislativa a bravura desses homens ao presenciar um incêndio em um restaurante próximo a ALERJ, onde os bombeiros manifestantes foram os primeiros a chegar ao local e a controlar as chamas até a chegada da equipe do Quartel Central. Lembrando que o próprio Tenente que comandou a operação nos declarou que graças a ação desses homens o fogo não tomou proporções maiores.

É uma vergonha o descaso com que nosso governo vem tratando nossos Bombeiros e Políciais Civis e Militares, são eles que estão colocando suas vidas em risco para manter a segurança de nossa sociedade e merecem reconhecimento por tal sacrifício.

Acredito que falo em nome não só do GeoPolítica Brasil e das corporações envolvidas, mas em nome de toda nossa sociedade quando digo que é hora de mudar, chega de descaso com nossas questões básicas governador, chega de descaso com nossa segurança, saúde e educação, é uma vergonha ter uma arrecadação tão grande e ver o Estado jogando o dinheiro pelo ralo.

Bombeiros e Políciais do Rio de Janeiro, vocês tem nosso apoio nessa luta!

Angelo D. Nicolaci
Editor GeoPolítica Brasil
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terça-feira, 17 de maio de 2011

Presenciamos mais um ato de nossos Heróis Anônimos

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Ontem (16) estava saindo da faculdade e indo até a ALERJ realizar uma materia especial para nosso blog, onde estava acontecendo uma manifestação dos Bombeiros por um salário mais digno e melhores condições de trabalho, quando ao passar pela Rua Sete de Setembro, avistei uma intensa movimentação de bombeiros e viaturas que atendiam a uma ocorrência. Por volta das 17:30 um principio de incêndio atingiu a Choperia Pontinho, onde um provável curto em uma das fritadeiras deu inicio ás chamas.

O mais marcante foi saber que o incêndio poderia ter tomado proporções maiores não fosse a atuação dos bombeiros que estava na manifestação frente a ALERJ, que ao notar a fumaça partiram em direção ao estabelecimento em chamas. Mesmo sem equipamentos e não estando de serviço, os bravos homens do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro se lançaram ao combate das chamas. Utilizaram extintores da loja e alguns cedidos por lojas vizinhas, com isso evitaram que as chamas tomassem proporções maiores até a chegada dos homens do Batalhão Central com os devidos equipamentos.

Eduardo Gil, filho do proprietário do estabelecimento, conversou um pouco comigo e enfatizou a atuação dos bombeiros que saíram da manifestação e rapidamente se engajaram no combate as chamas. Nas palavras dele, os bombeiros foram fantásticos, merecem todo reconhecimento e apoio da nossa sociedade, são homens que arriscam suas vidas em condições extremas para nos proteger, se não fosse o ato heróico destes homens toda a loja teria sido consumida pelas chamas e ate mais que isso. O mesmo ainda completou defendendo a luta destes bravos guerreiros por maior reconhecimento, melhores condições de trabalho e salário digno.


Durante essa ação dois dos bombeiros manifestantes sofreram intoxicação pela fumaça, tendo sido atendidos por seus colegas do Batalhão Central que chegaram para dar prosseguimento na ocorrência.

Quero parabenizar o excelente trabalho dos bombeiros que saíram da manifestação para cumprir com sua vocação e toda a equipe do Batalhão Central, que liderados pelo Tenente Wellington, rapidamente controlaram o incêndio.


Agora nós do GeoPolítica Brasil, assim como toda a sociedade fluminense esperamos de nossos governantes o devido respeito a estes heróis anônimos de nosso dia a dia, sejam eles bombeiros ou policiais, arriscam suas vidas em prol de nossa segurança. Nós estamos juntos com vocês Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro nessa luta.

Em breve traremos mais uma reportagem exclusiva da série "Heróis Anônimos".

Angelo D. Nicolaci
Editor GeoPolítica Brasil
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domingo, 13 de março de 2011

Uma homenagem do GeoPolítica Brasil aos nossos heróis anônimos na região serrana do Rio de Janeiro - Parte II

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Dando continuidade a nossa série de entrevistas, com os profissionais e voluntários que se empenharam em salvar vidas e atender as várias pessoas que foram atingidas pelo desastre natural que atingiu a região serrana do Rio de Janeiro, trazemos agora a entrevista concedida ao nosso blog pelo Secretário de Meio Ambiente e Defesa Civil de Teresópolis, Flávio Luiz de Castro Jesus ao nosso repórter especial Claudio M. Queiroz.


GPB:Conte-nos um pouco sobre quem é o Ten. Cel.CBMERJ Flávio Luiz de Castro Jesus e sua história:

Secretário Flávio:Sou oriundo do CBMERJ, entrei para a academia em 1989 me formando em 1991. O regime lá é de internato, onde tínhamos que chegar aos domingos e saindo nas sextas-feiras à tarde. Terminando a formação fui trabalhar nos quartéis de rua, trabalhando em Campinho, Volta Redonda, Alto da Boa Vista. Neste ultimo foi onde eu tive contato com a área ambiental, mudando minha visão desta área, pois fui trabalhar no grupamento de socorro florestal, combate a incêndios florestais, resgate em montanhas, ou seja atividades mais ligadas ao ambiente natural.

Ao longo do tempo fui me especializando, tendo feito duas pós sobre gestão pública e uma em ciências ambientais. Depois fiz alguns cursos na área de defesa civil por causa dos contatos e vínculos do CBMERJ com esta. Em 2000 trabalhei no Instituto Estadual de Florestas e de lá para cá fui incrementando mais esta área voltada para o setor ambiental, em 2008 fiz outro curso sobre Defesa Civil, e em 2009 vim fazer parte do governo municipal de Teresópolis, tendo inicialmente trabalhado na área ambiental pura e simplesmente, tendo acumulado a Defesa Civil, vindo depois parques e jardins. Hoje a Secretaria de Meio Ambiente e Defesa Civil está cada vez mais forte, mas dentro do contexto administrativo da Prefeitura, sendo uma secretaria de ponta, que tem uma função muito clara que é melhorar a qualidade de vida da população, implementando melhoria com ações ambientais e de defesa civil para que se diminuam os riscos aos mesmos, também implementando a melhoria das praças públicas e áreas de lazer do município.

Um dos grandes projetos na questão preservação ambiental foi à criação do Parque Municipal da Pedra da Tartaruga, tendo este projeto sido todo desenvolvido dentro da secretaria, este foi gerado a partir de um estudo ainda na campanha eleitoral, onde foi levantado um total de 4.300 hectares de área ambiental para ser preservada, sendo o símbolo maior justamente o maciço rochoso conhecido como Pedra da Tartaruga, este um chamariz para algo maior, como o Dedo de Deus é para o Parque Nacional da Serra dos Órgãos e a cadeia de Montanhas dos Três Picos para o parque estadual de mesmo nome.

Hoje 90% da área deste parque são adjacentes à Pedra da Tartaruga, tendo estudos para ampliação do mesmo com outras áreas de preservação ambiental dentro do município com os mesmos princípios de conservação, mas não sendo contíguos ao principal.

GPB:Como foi a reação quando recebeu as noticias nos primeiros momentos, como ficou o lado humano do Flávio ?

Secretário Flávio:Nos primeiros momentos na madrugada do dia 11 de janeiro para o dia 12 de janeiro por volta das 01:00hs comecei receber ligações informando que bairros estavam tendo problemas, sendo o primeiro o bairro de Bonsucesso com inundações, depois Espanhol com barreiras e por volta das 4:00hs entrou a informação da Granja Florestal. A primeira reação foi ir para a rua e tentar atender onde tinha demanda, pois até aquele momento não tínhamos noção da magnitude do desastre, os primeiros informes eram de bairros onde estes eventos(em menor escala) eram teoricamente previsíveis, sendo o plano de ação da Defesa Civil acionado sempre que a chuva passa de 50mm, os agentes partem para a base para saírem em emergência. Mas o que ocorreu foi que a chuva passou dos 100mm e chegando a valores muitos mais altos que estes. Com isso as equipes ficaram com dificuldades de se locomover para os locais que tinham sido identificados com problemas, inclusive tendo o CBMERJ sofrido com o mesmo problema de locomoção, pois muitas ruas ficaram alagadas.

Através de caminhos alternativos consegui chegar a uma rua onde ocorreram duas barreiras com vitimas, infelizmente resultando em dois óbitos. Como estávamos presos impossibilitados de continuar, fiquei ajudando no resgate de uma das vitimas em frente ao Centro Educacional Beatriz Silva, conseguindo salvar uma senhora soterrada, mas um homem ficou ainda debaixo dos desmoronamentos, pois com a chuva as barreiras continuavam a descer pela encosta dificultando o resgate.

Fiquei até as 5:00hs pois o nível das águas abaixou, conseguimos nos locomover para o bairro do Golf, pois tinha ocorrido desmoronamentos nesta localidade, tendo outras equipes ido auxiliar o CBMERJ no bairro do Espanhol e outra equipe indo para o Campo Grande. Até este momento não sabíamos dos outros bairros atingidos, ao longo do dia os repórteres com informações dos outros lugares atingidos foram chegando, assim como os voluntários para auxiliar nos resgates.

Quanto ao lado humano do Flavio passa a ficar esquecido, pois o lado humano, emocional fica parado, estagnado e vivendo somente o lado racional onde o treinamento e tudo para o que fui preparado veio a me ajudar a deixar meio que anestesiado os sentimentos e executar somente o que fui preparado para fazer, tendo ficado em torno de uns cinco dias assim.

GPB:Se em campo ou não, qual o foi o momento ou momentos mais emocionantes, o que mais te marcou?

Secretário Flávio:Em cada situação é diferente, vivendo uma catástrofe deste tamanho, não canso de dizer que no Brasil ninguém teve esta experiência, por vários motivos. Quem no Brasil trabalhou em grandes catástrofes como esta que ocorreu aqui? Nenhuma delas chegou próxima ao que aconteceu nesta região. Talvez quem gerenciou/trabalhou em Nova Friburgo ou aqui tenham a mesma percepção. Quem foi ajudar no Haiti ou no Chile, não teve relacionamento emocional com os ajudados, pois você não conhece ninguém que está precisando de ajuda. Muito diferente do que ocorreu nesta localidade. Isso foi o que mais me emocionou, lidar com as pessoas que estavam em campo, os relatos dos que estavam em campo, as buscas pelos cadáveres normalmente de pessoas conhecidas ou que tenham algum tipo de relação com você. Em algum momento já ocorreu um encontro social(futebol, círculos de amigos) ou parente de alguém que trabalha com você ou até mesmo a casa de funcionários.

Estas situações por serem pessoas conhecidas, fez que o lado emocional das pessoas envolvidas ficassem muito abaladas, pois todo dia tinha três,quatro ou cinco pessoas da sua equipe retornando de alguma missão chorando. Isto é muito difícil de você gerenciar, administrar, motivar e incentivar para que a equipe retorne a rua no dia seguinte para executar mais resgates.

GPB:O que o lado cidadão do Flávio vê de necessidade para uma Sec.Def. Civil mais atuante, e a palavra do Secretário?

Secretário Flávio:Eu acho que não é uma questão de uma defesa civil mais atuante, e sim a defesa civil ser considerada num contexto mais atual.

Na verdade ela não precisaria nem de uma secretaria específica se tudo ocorresse dentro dos parâmetros de segurança normais, onde não tivessem ocorrido ocupações irregulares de terrenos, construções em encostas, em margens de rios. Se as prefeituras no passado não tivessem autorizado ou se omitido e até mesmo incentivado estas ocupações e as pessoas vivessem em áreas seguras, talvez nem houvesse a necessidade de defesa civil.

O que eu identifico como uma defesa civil mais atuante é uma mudança de cultura na população local e do Brasil. Trabalhamos a tempos, buscando recursos para implementar projetos de segurança, e isto não é em Teresópolis somente, isto é no Brasil como um todo. Esta muito enraizado na cultura brasileira, as pessoas ocupando encostas, áreas de riscos, e nós vamos acompanhando este processo, mas quando se solicita recursos para retirar estas pessoas antes dos desastres nunca é atendido, conseguindo estes somente após os desastres.

De uma forma geral é a cultura brasileira de tratar a conseqüência e não a causa, isto faz que não ocorra economia de recursos na implementação da prevenção, não só na área publica, mas em todas as esferas. Como exemplo a nossa mania de esperar algo parar, como um carro com defeito antes de fazermos uma revisão quando demonstra uma anomalia. Ou seja, vamos levando até onde aguentar, apesar de termos um ditado que diz “é muito melhor prevenir do que remediar”, nós não fazemos isto. É uma verdade muito ruim, pois você tem condições de fazer um trabalho muito melhor se conseguíssemos implantar projetos de prevenção para se evitar acidentes. Isso é muito difícil por questões financeiras, escassez de verbas para isso, quando existem elas são pequenas e tem que ser divididas em todas as áreas, isso não é uma questão especifica da defesa civil e sim de todos os setores da gestão pública.

GPB:Quais os pensamentos para o futuro a respeito do que aconteceu e o que pode vir acontecer ainda?

Secretário Flávio:A idéia é aproveitarmos este momento para que consigamos tirar o máximo possível de pessoas das áreas de riscos.

Complementando a pergunta anterior, como é agora que as verbas estão chegando então que façamos a aplicação destas bem feita, potencializando este dinheiro para tirar o máximo de pessoas das áreas de riscos, para que possamos transformar Teresópolis em uma cidade segura, apesar de estarmos fazendo um trabalho de remoção dos moradores das áreas de risco ainda existem muitos retornando para as suas casas que foram interditadas, fazendo que nos demande mais trabalho onde já tinha sido feito. Não abriremos mão de levar este processo até o final.

Como exemplo, existe todo um processo para que os proprietários das casas interditadas seja indenizados, para que isto ocorra é necessário que o mesmo autorize a demolição de sua residência, onde ele receberá todo o apoio financeiro para a compra, construção ou outro método de indenização para sua nova moradia. Sendo que existe muita informação errada e maldosa sendo falada, inclusive com incentivos para que a população fragilizada emocionalmente se revolte com os órgãos públicos, mas devemos informar que a prioridade de indenização de moradias é para a população de baixa renda e com dificuldades de se reerguerem sozinhas.

Infelizmente existe muitas pessoas envolvidas no meio político se aproveitando do momento para trazer benefícios próprios fazendo movimentos irresponsáveis para que pessoas voltem para os lugares atingidos e com grandes riscos de vidas, mas a administração está mapeando isto e preparando meios legais para que caso ocorram novas catástrofes estas pessoas irresponsáveis venham a serem acionadas juridicamente e criminalmente.

Hoje estamos com os processos caminhando dentro da velocidade normal planejado da secretaria, mas infelizmente por causa de vários fatores como boatos, cansaços dos desabrigados, tem feito que estas voltem para as áreas atingidas fazendo que a Defesa Civil venha a ter que refazer um re-trabalho inclusive trazendo problemas pois as equipes que são deslocadas para este trabalho poderia e deveriam estar em outras áreas liberando as sub-localidades que não foram atendidas ainda com desobstrução de ruas, e outras prioridades.

GPB:Algo que ficou sem ser feito pela Flavio cidadão?

Secretário Flávio:O Flavio cidadão deixou de existir no dia 12 de janeiro de 2011 e somente no dia 20 de fevereiro ele voltou a retornar a vida normal, onde pude rever minhas filhas, uma de oito e outra de dez anos. Desde ocorrido o Flavio era funcionário público das 6:00hs as 18:00hs e depois voluntário no restante do dia.

GPB:Como consegue lidar com as cobranças, muito delas infundadas da comunidade ?

Secretário Flávio:Eu acho que o importante nesse momento é que as pessoas confiem na Defesa Civil, que não esta em campo para prejudicar ninguém como dizem os boatos. Se estamos hoje impedindo a passagem e o acesso de moradores nas localidades, é por que queremos única e exclusivamente o bem destes moradores, não por que não gostamos ou queremos prejudicar os moradores.

Se no passado nós não tivemos oportunidade de impedir a ocupação desordenada e a ocupação de áreas de risco, hoje nós temos a obrigação legal e a competência técnica para fazer isto. Pois precisamos fazer desta cidade com a população vivendo em áreas seguras, uma cidade segura, por que senão qualquer 10 mm de chuva as pessoas saírão de suas casas e correrão para as ruas procurando segurança, por que continuam morando inseguras e pode ocorrer de que não consigam sair e venham a morrer.

Então acreditem no que a Defesa Civil fala e não no que os boateiros de plantão falam, pois estamos aqui para proteger a população.

GPB:Muito obrigado Secretário Flávio por nos conceder esta entrevista, queremos agradecer por todo o trabalho que o senhor e sua equipe vem desenvolvendo na cidade de Teresópolis e desejamos sucesso na busca pela segurança da população da cidade, que esta população venha a compreender o trabalho da Defesa Civil e atender ás suas solicitações para o bem de todos.


Nota do Blog: O GeoPolitica Brasil agradece aqui aos nossos heróis anônimos, sejam eles civis,militares ou servidores públicos, pois é louvável ver a união de todos em busca de ajudar ao seu próximo, e esperamos que sempre possamos contar com estas pessoas que abrem mão do "eu" em prol de outras pessoas em face as dificuldades que a vida nos apresenta.

Aqui encerramos nossa série em homenagem aos heróis que atuaram na região serrana do Rio de Janeiro, esperando que todos reconheçam que cada um pode fazer a sua parte e ajudar a quem precisa.
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sexta-feira, 11 de março de 2011

Uma homenagem do GeoPolítica Brasil aos nossos heróis anônimos na região serrana do Rio de Janeiro - Parte I

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Nesta série de entrevistas, valorizamos os profissionais e voluntários que se empenharam em salvar vidas e atender as várias pessoas que foram atingidas por esta que já é considerada a sexta maior tragédia natural, sendo considerada uma “mega tragédia”.

Para que nossos leitores possam ter uma noção de como agiram estes cidadãos que se empenharam no resgate e apoio as vítimas, fizemos uma série de entrevistas pós catástrofe com três voluntários e com o Sr. Secretário de Defesa Civil e Meio Ambiente do Município de Teresópolis.

Queremos com esta série homenagear a todos os envolvidos neste grandioso trabalho de salvar vidas, diminuir o sofrimentos entre outras benesses para esta sofrida população da região serrana do Rio de Janeiro. Buscamos captar a visão pessoal de cada um dos voluntários entrevistados, queremos mostrar o lado humano e solidário que foi a marca registrada dos heróis anônimos desta grande operação de resgate e atendimento ás vítimas. Nossas entrevistas conseguiram fazer com que cada um expressa-se da forma mais pessoal e livre possível. Tendo esta tarefa ficado a cargo de nosso reportér especial Claudio M. Queiroz, que também atuou como voluntário nas equipes de resgate.


Nosso primeiro entrevistado foi o voluntario Leonardo Sampaio:


GPB:O que o levou a se voluntariar?

Leonardo Sampaio: O que levou a me voluntariar, primeiramente foi o fato de ser um profissional da área da saúde, acadêmico da Feso, onde tenho competências e habilidades profissionais em prestar socorro, na qual tenho o dever e obrigação de ajudar aquele que esteja necessitando de atendimento de saúde e socorro, e devido ao fato do desastre ter ocorrido em Teresópolis que é a cidade em que resido.

GPB:Como foi o primeiro momento no resgate?

Leonardo Sampaio:O primeiro momento de resgate foi muito emocionante e sem muitas palavras, uma fase muito marcante para nossas vidas, em poder ajudar aqueles que necessitam de ajuda.

GPB:Como era a organização das equipes,

Leonardo Sampaio:A organização não foi muito boa, pois recrutaram pessoas no devido momento sem muitos critérios e estratégias de equipe, com pessoas sem treinamento em resgate, e sem preparo para salvar vidas!!! Porém os voluntários demonstraram dedicação e garra, com o intuito de ajudar ao próximo, se doando ao máximo para cumprir as tarefas de resgate e apoio ás vitimas.

GPB:O momento que achou mais importante no resgate e a imagem que mais te marcou?

Leonardo Sampaio:O momento mais marcante, foi quando vi uma criançinha de cinco anos em óbito sendo retirada dos escombros da Fazenda Alpino. Apesar de ter experiência e ver óbitos de perto, foi diferente, devido ao fato de ser um desastre natural e uma fatalidade.

O momento mais importante foi quando trouxemos uma família até o abrigo que foi montado em Venda Nova.

Tenho que agradecer ao posto de saúde de Venda Nova, a Enfermeira Débora Jones, responsável pelo PSF, a médica de posto e toda a equipe, que cedeu o espaço para ajudar no atendimento aos desabrigados e onde se dedicaram a essas famílias, prestando atendimento a semana inteira, inclusive sábados e domingos e não havendo descanso para as equipes do posto. Muito obrigado a todos!


Voluntário Werner



GPB:O que o levou a se voluntariar?

Werner: Por ser católico e muito mais pelo sentimento de amor ao próximo. Senti a necessidade de ajudar aqueles que necessitavam, acima de tudo levar no momento de dor, atenção, carinho e amor. Principalmente ás crianças vitimadas ela catástrofe.

GPB:como foi seu primeiro momento no resgate?

Werner:Na verdade eu participei apenas nas etapas de transporte dos sobreviventes que foram resgatados pelas equipes que foram aos locais sem acesso.
Posso dizer que o primeiro contato com as pessoas que foram socorridas era um misto de comoção. Você via o olhar dos adultos e das crianças e ali estava estampado todo o sofrimento que passaram, por outro lado o sentimento era de muita alegria em poder ajudar e socorrer pessoas que até então eram desconhecidas, mas que a partir daquele momento olhavam para nós como uma salvação que eles mesmos não acreditavam ser possível.

Agora, olhar as crianças e ver a carinha de cada uma que mesmo sem entender ao certo o que havia acontecido tinham pela gente um carinho sem precedentes.

GPB:Como era a organização das equipes?

Werner:No nosso caso nos organizávamos em três frentes. Uma ficava responsável pela busca dos resgatados, outra ficava com a responsabilidade de buscar e transportar as doações até o abrigo e a terceira ficava no próprio abrigo auxiliando a preparação do espaço para receber os desabrigados e também as doações.

GPB:O momento que achou mais importante no resgate e a imagem que mais te marcou?

Werner:O mais importante é manter sempre o foco no trabalho que está sendo realizado e fazê-lo da maneira mais organizada possível, lembrando sempre que acima de qualquer coisa, nosso foco deve ser o bem estar daqueles que se encontram fragilizados pela situação.

O que mais me marcou, e que ainda me comove ao lembrar, foi o encontro com a pequena Maria no abrigo, uma linda menina de cinco anos que me deu um abraço que não foi apertado, não teve choro, mas que era simplesmente a necessidade de um carinho, aquela cabecinha repousada no meu ombro e aquele silêncio disseram mais que qualquer palavra que me disseram. Era a imagem do amor e carinho e de todo o agradecimento em um momento de silêncio.


Claudio Marcos de Queiroz


GPB:O que o levou a se voluntariar?

Claudio M. Queiroz:Eu acordei por volta das 02h30min da madrugada do dia 11 para o dia 12 de janeiro com o barulho da forte chuva que caia, logo depois comecei a perceber que algo de muito grande estava para acontecer, pois de onde eu estava dava para ter uma percepção de como a tempestade estava castigando a cidade, quando amanheceu sai em busca de informações a respeito do que podia ter ocorrido, e conforme eu me inteirava percebia o quão grande tinha sido a tragédia.

Como eu estava perto do centro de operações montado no Ginásio Poliesportivo Municipal, comecei a ir lá para ver onde poderia ser útil, foi quando pude constatar o caos que se instalava no local.

No momento nos bate algo do tipo: Onde posso ser útil? O que posso fazer?

Apesar de estar sentindo que era impotente para o tamanho dos acontecimentos, mesmo assim a vontade de colocar em prática o que aprendi na caserna, trabalho e outros foi maior. Comecei a formular possibilidades, identificar pessoas que pudessem ser úteis para os trabalhos que estavam surgindo no caos frenético que aparecia diante dos meus olhos e de todos a minha volta, através de contatos consegui junto com amigos organizar equipes de resgates no dia seguinte e nos dias posteriores.

GPB:Como foi o primeiro momento no resgate?

Claudio M. Queiroz:O primeiro resgate fica marcado como o marco inicial, algo que você grava na sua memória, é como uma cicatriz para a vida toda, onde sempre se lembrará do ocorrido, como é reconfortante o momento que você olhar uma família sentada à mesa comendo uma boa refeição quente após passar momentos trágicos como estes. É ai que você percebe que depois sempre existe a esperança.

GPB:Como era a organização das equipes?

Claudio M. Queiroz:Como tinha falado anteriormente, quando cheguei ao Ginásio a organização era um caos e ficou assim até que os órgãos públicos se unissem para que fossem organizados os esforços de resgate. Quanto a organização da equipe que participei, foi tentado recrutar os voluntários que tinham o máximo de experiência em resgate e atendimentos de emergência, mas infelizmente isto era muito pouco no quesito conhecimento em campo, gerando infelizmente alguns conflitos desnecessários e prejudiciais ao momento, era o que tínhamos na mão para nos lançar ao socorro. Mesmo assim conseguimos introduzir bons profissionais como Resgatistas profissionais, soldado Bombeiro do CBMESP como outros voluntários com experiência e vontade de ajudar.

GPB:O momento que achou mais importante no resgate e a imagem que mais te marcou?

Claudio M. Queiroz:Na verdade você que tem alguma experiência ou treinamento para estes tipos de ocorrências fica com seu lado humano meio que desligado, você simplesmente vai lá e faz o que tem que ser feito. Mas não posso me furtar de narrar que chegando á uma casa para convencer os moradores a aceitarem ir para o abrigo, descobri que era a família de uma amiga minha que há muito eu não via, mesmo assim você se desliga do emocional e começa a agir racionalmente, como conseqüência deste episódio, uma das senhoras que foi retirada da casa por causa do risco que corria me encontrou na cidade umas três semanas depois e me deu um dos melhores abraços que já recebi em minha vida, simplesmente sussurrou algo que ficará para sempre na minha mente.

Quanto a imagem eu não teria uma, mas várias, infelizmente muitas destas triste, como corpos de crianças embalados para transporte entre outras de tamanho impacto emocional. Prefiro tentar lembrar dos sorrisos das pessoas quando chegamos em uma localidade isolada com cestas básicas para elas.

Quero agradecer a todos os envolvidos em ajudar neste momento triste de nossa região, desde os altos oficiais das Forças Armadas, ao mais simples cidadão que deu o que tinha para dar neste momento de ajuda a todos que foi o sorriso reconfortante para quem não tinha mais nada, nem mesmo esperanças.

Meu muito obrigado em nome de todos os socorridos.


Nota do Editor: Quero agradecer imensamente o desprendimento dos voluntários e resgatistas que se empenharam arduamente nas operações de resgate. Aqui trouxemos relatos de apenas três dentre centenas de voluntários que atuaram anônimamente não só em Teresópolis, mas em toda a região serrana, como Nova Friburgo, Petrópolis e adjacências. Estendo a homenagem a todos envolvidos, sejam eles civis,bombeiros,médicos,policiais ou militares que atuaram sem parar, amenizando os danos morais e psicológicos sobre as vítimas das chuvas.

Ainda quero agradecer e parabenizar o excelente trabalho de nosso novo membro da família GeoPolitica Brasil, nosso amigo e novo repórter Claudio M. Queiroz, que nos trouxe notícias em primeira mão, direto do centro de operações, tendo inclusive acompanhado as operações aéreas de perto, tornando o GeoPolítica Brasil o único blog que tripulou os voos das equipes de resgate aéreo do Exército Brasileiro e da Polícia Civil do RJ. Parabenizando pelo excelente trabalho.

Agradeço também a todos que ajudaram as vítimas, seja com envio de alimentos e roupas, doando sangue ou seja na organização da coleta deste itens tão importantes em uma hora como essa.

Muito Obrigado a todos, que Deus esteja sempre convosco.

Angelo D. Nicolaci
Editor GeoPolítica Brasil
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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A outra face do SAER - Polícia Civil RJ

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Estamos acostumados a ver nos meios de comunicação os helicópteros policiais em combate ao crime organizado, como o ocorrido recentemente na Vila Cruzeiro e no complexo do Alemão na cidade do Rio de Janeiro, onde o Bell UH-1H II, tendo esta aeronave atuado praticamente sem cessar contra os marginais envolvidos nos ataques à sociedade carioca. Agora esta mesma aeronave está envolvida em uma outra missão, uma tão importante ou até mais digna que é a de salvar vidas e levar esperança a quem precisa, onde comunidades inteiras estão isoladas, onde pessoas perderam a vontade de viver por falta de condições básicas e alimentares, ai é que entra em cena a outra face destes profissionais e sua aeronave que nos remete ao Vietnã, pois muito das missões lembram as que convencionou-se chamar de MEDVAC naquele teatro. Assim como as missões SAR e de ressuprimento vertical a estas comunidades inacessíveis por via terrestre, eu pude acompanhar duas destas missões, sendo uma até atípica para a situação mas não menos importante.


A primeira missão foi a de ressuprimento de gêneros diversos à uma comunidade isolada próximo ao Bairro da Posse em Teresópolis, onde a aeronave aterrissou em uma área extremamente difícil, com muitas árvores, entre outros obstáculos, mas mesmo assim o comandante da aeronave fez o pouso e a equipe fez o descarregamento dos gêneros necessários para aquela localidade.


A segunda missão foi praticamente uma continuação do mesmo vôo, onde partimos para o final do bairro de Campo Grande, praticamente no sopé de uma montanha, onde parte das águas começou a se juntar para se transformar em uma torrente devastadora, destruindo tudo em seu caminho, carregando árvores, pedras gigantescas, lama e muitos destroços de obras mortas que quando encontrou o bairro de Campo Grande onde existiam muitos moradores foi fatal para a comunidade.


Mas a missão era chegar a algumas casas extremamente isoladas e fazer um reconhecimento no solo para ver se existiam vidas para ser resgatadas, tendo sido encontrados somente os cães das famílias que ali moravam e tinham sido resgatados em uma outra missão SAR.


Neste caso para que a aeronave pudesse fazer um pouso com um mínimo de segurança, a mesma teve que inserir dois Sargentos Bombeiros para que os mesmos cortassem algumas árvores e abrissem uma área razoável para que a aeronave pousasse em segurança. Com a aeronave no solo e sua turbina cortada em segurança partiram para o resgate dos animais abandonados ali. Depois de um tempo considerável foi possível resgatar três animais e conferir com certeza que as casas estavam vazias sem existência de qualquer pessoa, tendo certeza que aquela localidade estava deserta e podia ser devolvida a natureza, pois muito provavelmente não existirá meio para que as belas casas sejam re-habitadas em um futuro próximo, pois os acessos as casas simplesmente deixaram de existir, tendo somente gigantescas clareiras, fendas escavadas nas encostas como cicatrizes nas florestas mostrando que ela quer ficar sozinha sem a companhia dos homens.


Não podemos de deixar de mencionar e dar os parabéns a equipagem da aeronave assim como as duas voluntárias que tem voado com a mesma desde o inicio dos resgates. Sem contar o resgate de animais que apesar de parecer estranho em um momento como este de calamidade, isto é muito importante pois os mesmos precisam ser retirados para que não gerem problemas sanitários e também não gerem alarmes falsos a outras equipes de resgate, mas a prioridade sempre é de socorrer as vitimas, mas quando não existem as mesmas e a aeronave retornará vazia, então não existe o porque de não trazer os animais.


Meus parabéns ao Piloto Policial Adônis, ao Agente Adm. Ortega, aos Sgt. Bombeiro Wilmar e Sgt. Bombeiro Moisés, assim como as duas voluntárias Marina Nunes (biologia Marinha) e Júlia Leite (médica, clínica geral).


Claudio Marcos de Queiroz
Correspondente Especial do GeoPolítica Brasil em Teresópolis

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domingo, 23 de janeiro de 2011

Para que outros possam viver!

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Diferente do que estamos acostumados a ver, ler e ouvir, o Exército Brasileiro através de vários de seus batalhões tem feito um tremendo esforço para que as comunidades atingidas em Teresópolis tenham o mínimo de condições para sobreviver nestas horas difíceis, onde estes bravos soldados estão empenhados no transporte de alimentos, remédios, médicos entre tantos outros gêneros de primeira necessidade. Para mostrarmos o quão valoroso é este trabalho traremos uma pequena amostra do sacrifício e determinação dos bravos cavaleiros alados do Exército Brasileiro, que mesmo tendo parte da equipe se acidentando na última quinta-feira (20), não parou de levar conforto aos necessitados.




Hoje estive à bordo do HM-1Pantera 2017 (Panther AS 565) do 3º BAvEx, nesta nobre missão. Na minha chegada a base de operações já fui logo introduzido em um voo de resuprimento vertical, onde decolamos e fizemos uma escala com pouso em um campo de futebol para que carregássemos 200kg de alimentos para os animais da comunidade de Sta. Rita que se encontra isolada, visto que a mesma já tinha sido reabastecida de gêneros necessários em voos anteriores, mas os animais não tinham sido supridos, sem contar que muitos dos mesmos são de criação para sustento de muitas famílias que lá se encontram isolados, sem luz, comunicações ou outro meio de acesso que não o aéreo.

Pude observar o quão feliz eles ficaram quando desembarcamos os sacos de alimentos para seus animais e pequenas criações.


Depois deste voo e de outros, reembarquei para outro voo mais nobre ainda, onde decolaram com a capacidade máxima da aeronave em alimentos (cestas básicas) para reabastecer outra comunidade mais afastada da cidade, tendo esta sido muito castigada, onde ficaram praticamente isolados como a anterior. Nesta pude observar o brilho nos olhos dos moradores e a força desprendida para levantar uma cesta de alimentos pesada, para que com a mesma possam sobreviver quem sabe mais uma semana, até que uma aeronave retorne trazendo mais alimentos.



Pude observar idosos, crianças, mulheres e homens indo de encontro as estas cestas de alimentos que nessa situação são tão valiosas quanto ouro para estas pessoas, onde foram rapidamente retiradas da área de pouso e levadas para suas casas e abrigos.


Nós parabenizamos a esta tripulação que não tem medido esforços para amenizar o sofrimento de tantos, alguns dentre tantos heróis anônimos que fazemos questão de fazer aqui menção, são eles o Capitão Hamilton, Capitão Eduardo Ferreira, Sgto Maxwell e Sgto Peracelli.



Claudio Marcos de Queiroz
Correspondente Especial do GeoPolítica Brasil em Teresópolis


Nota do Editor: Quero agradecer especialmente pela cordialidade do Maj. Rovian Janjar,Maj. Eric Lessa,Maj. Hélder,Cpt.Cordova,Maj.Sergio Batista e Cel.Silva Jr. por sua atenção e receptividade, parabenizamos pelo excelente serviço prestado às vítimas e a organização exemplar das operações, símbolos da capacitação e organização de nosso Exército Brasileiro, orgulho de nosso país, como diz o seu lema: "Braço forte,Mão amiga".

Angelo D. Nicolaci
Editor - GeoPolítica Brasil
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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O GeoPolítica Brasil esteve no BOPE e traz a você uma entrevista exclusiva

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Nesta última terça-feira dia 09/11, nós do GeoPolítica Brasil estivemos visitando o Batalhão de Operações Policiais Especiais da Policia Militar-RJ, o famoso BOPE. Com o intuito de conhecer melhor esta unidade e seus combatentes, Trazendo a realidade da tropa de elite para mais perto de você leitor.

Chegamos cedo à unidade e fomos recebidos pelo Capitão Ivan Blaz, uma figura super simpática que nos recebeu naquela manhã para uma entrevista especial para nosso blog. Infelizmente na chegada nos deparamos com a triste noticia do falecimento de um aluno do Curso de Ações Táticas. Tivemos então de abreviar nossa visita.



Gostaria de congratular o BOPE e seus homens pelos excelentes serviços prestados a nossa sociedade, sendo um dos orgulhos de nossas tropas e um referencial internacional no que diz respeito a suas capacidades técnicas.



Capitão Blaz, é uma honra estar aqui nesta manhã conhecendo um pouco mais do trabalho desta unidade e poder partilhar esse momento com os leitores do GeoPolítica Brasil. Muitos de nossos leitores pediram para parabenizá-los por seu trabalho, e a equipe de nosso site parceiro Plano Brasil enviou saudações, em especial o seu editor chefe Edilson M. Pinto e o Lucas Urbanski, e muitos outros amigos que se forem citar todos ficaríamos horas aqui.



Bem vamos iniciar então nossa entrevista:


GPB – Como surgiu o BOPE?

Cap. Blaz - O BOPE foi criado em 1978 para ser uma tropa de resgate de reféns, tendo como base o evento ocorrido nas Olimpíadas de Munique, onde houve o sequestro da delegação de Israel.

Com a evolução do combate a criminalidade e o crescimento da atividade criminosa no RJ a gente teve a necessidade de colocar o BOPE no combate aos narcotraficantes em operações urbanas, essa mudança se deu em 1987 quando tivemos a primeira apreensão de um fuzil de assalto em uma comunidade carente. Foi na Mangueira onde apreendemos um fuzil Fal 7,62mm. Até então o policial só usava um revolver calibre 38 e não usava colete, o BOPE ao entrar nessa nova atividade implementou o uso de novas tecnologias no combate ao crime. O BOPE foi a primeira unidade a usar o colete aprova de balas 24 horas, pistolas, submetralhadoras e depois fuzis.

O BOPE então passou a ter duas missões: resgate a reféns e combate ao narcotráfico.
Como é uma tropa de operações especiais nós começamos a desenvolver várias técnicas de progressão no terreno, hoje unidades militares do mundo todo vêm aqui no nosso quartel para aprender conosco nossas técnicas de progressão em zona conflagrada em ambiente urbano. É isso que nos torna famosos no mundo.

Com isso acabamos ganhando mais uma missão que é a de instrução, então nos temos basicamente três missões: resgate de reféns, operações em área urbana contra o narcotráfico e instrução. Hoje damos instrução para mais ou menos dois mil homens por ano, e estamos indo para um quartel maior ali na maré, onde teremos capacidade de treinar mais de seis mil homens.


GPB - E seu símbolo, qual foi sua inspiração?

Cap. Blaz - A heráldica do símbolo do BOPE, a faca na caveira, não foi uma criação dos fundadores do batalhão, foi algo que surgiu já na segunda guerra mundial, quando Churchill o então primeiro ministro da Inglaterra , criou um grupo de comandos, que eram combatentes de grande técnica, coragem e usavam armas pequenas, tinham a seguinte missão: Cruzar o canal da mancha e executar missões de sabotagem e destruição na costa francesa dominada pelos nazistas. Lembrando que os nazistas já estavam quase cruzando o canal da mancha, a Inglaterra já não tinha mais como sustentar sua posição, então esses homens iam cumpriam suas missões de sabotagem e retornavam, eram caras muito corajosos que enfrentavam a morte, por isso adotaram esse símbolo, a caveira simbolizando a morte e a faca na caveira simbolizando a vitória do soldado sobre a morte, e isso se tornou um lema motivacional, a vitoria sobre a morte - nós iremos enfrentá-la e nos iremos vencê-la.

Isso acabou sendo adotado não só pelo BOPE, mas por unidades de operações especiais no mundo todo.



GPB - O que diferencia o BOPE das demais forças policiais além do seu perfil tático operacional?

Cap. Blaz - Bem na Policia Militar do Estado do Rio de Janeiro, o BOPE é a unidade destinada às operações policiais especiais. O BOPE é uma tropa de intervenção, nós estamos ali para atuar quando tudo mais falha, então a nossa missão é essa, chegar lá e tentar resolver o problema.

Logicamente temos uma missão especifica, não dá para esperar de todas as outras unidades da policia militar este tipo de comportamento, mesmo porque não é o papel deles, mas a gente acaba funcionando como uma força inspiradora, por conta do nosso espírito institucional, o valor que a gente dá a nossa tropa e a nosso quartel.


GPB - O que é preciso para se tornar um caveira?

Cap. Blaz - Hoje acima de tudo é preciso querer muito, querer muito mesmo, ter muita vontade. Pois são cursos extremamente rigorosos, que exigem muito do policial. Tem que realmente querer muito fazer parte da tropa.

Além disso, existem alguns requisitos que precisam ser preenchidos pelo candidato: O policial tem de estar a mais de dois anos na corporação, estar no comportamento classificado como bom e ser aprovado nos testes médico, psicológico, físico e no teste de habilidade especifica.

Então é uma carga muito pesada de avaliação. Só para ilustrarmos um pouco isso, no último curso de operações especiais nós tivemos 250 inscritos, desses apenas 65 foram aprovados nessa bateria de testes, desses 65 que começaram o curso apenas 17 se formaram “caveiras”. Então é um curso bem difícil, que exige muito do combatente, mas não é impossível.



GPB - Qual a rotina diária de um caveira?

Cap. Blaz - Hoje nós lidamos principalmente com operações onde a rotina é cercada de imprevisibilidade, a gente nunca sabe quando as coisas vão acontecer ou como irão acontecer.

Por isso a gente tem que treinar muito. É muito treinamento físico, muito treinamento tático, treinamento de lutas e várias horas de operação, isso é fundamental em nossa rotina.


GPB - Como é a vida do caveira antes e depois da farda?

Cap. Blaz - Eu posso falar por mim. Hoje eu sei que sou capaz de realizar coisas que antes do curso eu não imaginava que seria capaz. Eu era um antes do curso e hoje sou outro, eu sei que sou capaz de exigir mais de mim mesmo, sei que posso vencer certas resistências internas e certas fraquezas que eu achava que não seria capaz de vencer.

Então o grande mérito do curso é o alto conhecimento que ele dá ao policial.


GPB - Como as famílias lidam com isso?

Cap. Blaz - Quem é de fora tende a pensar que nossos familiares ficam extremamente apavorados, preocupados com a nossa rotina aqui no batalhão. Mas na verdade eles sabem que aqui nós estamos extremamente seguros, porque nós trabalhamos com equipes altamente especializadas, homens altamente treinados, nós temos um convívio diário com esses caras, aqui é nossa segunda casa.

Então minha mãe, por exemplo, fica muito mais segura quando estou aqui, do que quando estou em qualquer outro lugar. Ela acompanha meus 11 anos de policial militar, já servi em diversas unidades e hoje ela sabe que aqui é uma unidade que realmente prima pelo treinamento, pela excelência técnica.


GPB - Há mulheres no BOPE?

Cap. Blaz - Nós temos aqui quatro mulheres. Uma Tenente psicóloga que trabalha comigo na seção de resgate de reféns, temos também uma sargento que trabalha no setor correcional do batalhão, temos uma soldado que trabalha na área administrativa e nós temos uma pedagoga que trabalha nos processos seletivos do curso.


GPB - No caso todas estão em funções administrativas ou internas?

Cap. Blaz - Tirando a Tenente Bianca que é psicóloga e trabalha comigo em operações de resgate de reféns, as outras três trabalham internamente.

Ainda não tivemos uma mulher que trabalhe ali na ponta da patrulha, não tivemos uma candidata a ser uma operações especiais, uma “Caveira”. Lembrando que no nosso edital não há qualquer tipo de restrição quanto a isso. Estamos aguardando ainda esta voluntária.


GPB - Há várias especialidades dentro da tropa, como é feita a seleção e treinamento desses especialistas?

Cap. Blaz - Olha essa seleção acontece de forma natural, é uma questão de afinidade e análise do comportamento de cada policial, a gente acaba destinando esse homem para determinadas funções.

Depois de cursado operações especiais, ele pode migrar para atividade de resgate de reféns. Onde vai poder ser um atirador de elite ou ser um negociador, comandar um grupo tático de invasão, pode se especializar em mergulho, montanha...

Aqui nós temos todo um leque de opções para que esse combatente possa se especializar e se desenvolver, para ai sim ter uma vida produtiva ainda maior aqui no batalhão.



GPB - Qual o suporte o psicológico o BOPE dá aos seus combatentes? Pois como sabemos esses homens vivem no seu limite e enfrentam situações de muito stress.

Cap. Blaz - Como eu já disse quem esta de fora tende a pensar isso. O público em geral no Rio de Janeiro como um todo, vem nos questionar sobre a vida estressante do caveira e o ritmo frenético das nossas ações.

De fato nossas ações são muito tensas, nós lidamos com o perigo real que pode ser algo extremamente traumático, mas o dia a dia aqui na unidade nós procuramos transformar em algo extremamente saudável. Nós primamos muito pelo treinamento físico, usando de diversas atividades lúdicas, praticamos futebol, lutas, nós temos ai corridas. Tudo buscando sempre a integração entre as equipes, desenvolvendo atividades leves e que ajudem a criar um espírito de união dentro da unidade, onde haja um congraçamento que fortaleça nosso espírito de equipe e união.

Há também o acompanhamento psicológico feito pela Tenente Bianca, que ali acompanha as nossas chagas diariamente e que ministra também instruções para tropa sobre comportamento, como nós podemos lidar com determinadas questões que surgem no Batalhão. É algo que a gente se preocupa muito, como vai a cabeça de nosso público interno, como dar motivação a esse pessoal, isso é muito importante, é isso que move este batalhão.



GPB - Como foi recebido pelo BOPE o filme tropa de elite e sua continuação?

Cap. Blaz - O filme “Tropa de elite” nos popularizou muito, popularizou muito o símbolo de nossa unidade. A unidade ficou extremamente popular e famosa.

Contudo nós temos vários óbices em relação ao filme. O filme é extremamente generalista e preconceituoso, no que diz respeito a Policia Militar, ele se resume a tratar a policia militar como sendo a tropa convencional composta por homens corruptos, e a tropa do BOPE composta por assassinos. Quando na verdade nós estamos unidos, aquela segregação que passa no filme entre os policiais do BOPE e da tropa convencional não há.

Todos nós operamos juntos, a policia militar é composta por 38 mil homens e mulheres de bem, que estão ai dia e noite dando seu suor e seu sangue por um Rio de Janeiro melhor. Muitos estão tombando ai no terreno por uma sociedade melhor e mais segura, isso não é só o pessoal do BOPE, é o pessoal do Batalhão de Rocha Miranda, do Batalhão de campos, Resende, Cabo Frio e etc... São diversas unidades que estão ai acompanhando esse dia a dia, eles estão no combate por um rio de janeiro melhor.

Então não achamos justo que venha ai roteiristas covardes e venham a colocar de forma genérica a vida do policial militar como sendo de um homem corrupto. Não podemos generalizar por um ou dois casos ocorridos, pois nós punimos severamente toda forma de transgressão que venha a ocorrer dentro de nossa corporação.



GPB - Como é a integração entre o BOPE e o CORE nas operações combinadas?

Cap. Blaz - Muita gente acredita que haja rivalidade entre as policias civil e militar, mas os homens da coordenadoria (CORE) são nossos amigos. Já fizemos treinamento lá e eles aqui conosco. Há um bom intercâmbio, são unidades com objetivos distintos, mas que possuem meios e mecanismos muito semelhantes. Já operamos em conjunto diversas vezes e é importante para o Estado que haja uma gama ainda maior de unidades especializadas, é importante que haja um enriquecimento cultural do policial em termos de treinamento tático e obtenção de material.
Porque isso é melhor para o policial e principalmente para o cidadão que é nosso cliente, pois somos servidores públicos, quanto maior o número de tropas especializadas, melhor será este serviço ao cidadão, que é a segurança pública.


GPB - Com relação ao treinamento, qual a importância hoje de se investir em novas tecnologias?

Cap. Blaz - É fundamental para nós. Hoje só o homem no terreno não é capaz de fazer a diferença.

Nós passamos 197 dias no complexo do alemão, naquela operação conseguimos dominar no momento aquela comunidade. Porém a gente notou que necessitávamos de muita coisa: Explosivos, viaturas, corpo de mecânicos, novas armas, coletes balísticos e novas técnicas de resgate. A partir dali tivemos uma evolução muito grande no que diz a obtenção de material.


GPB - Qual a perspectiva para o batalhão para aquisição de novos armamentos?

Cap. Blaz - Nós temos um escritório de gestão de projetos que funciona aqui no batalhão, com objetivo de conseguir a aquisição de novos materiais e meios para cumprirmos nossas missões.

Nós temos buscado materiais não só no Brasil, mas também no exterior. Seja tecnologia para resgate de reféns, proteção individual, viaturas ou armamentos, tudo isso para um melhor serviço.


GPB - Dentro destes a serem avaliados, se cogita avaliar o SCAR e o Imbel IA-2?

Cap. Blaz - Olha nós temos planos para aquisição de novas armas e já temos algumas armas sendo avaliadas, mas mantemos isso em sigilo devido ao fato de envolver toda uma verdadeira guerra comercial entre os fornecedores deste tipo de material.


GPB - Como esta sendo a avaliação do veículo russo Tigre e quais as necessidades de melhorias identificadas?

Cap. Blaz - O veiculo vai ter que passar por muitas adaptações, ele ainda não esta pronto para ser lançado no terreno, por isso ele ainda não foi testado em uma comunidade. Ainda faltam alguns detalhes ali que para nós são fundamentais.

Nós recebemos o veiculo da forma que foi concebido na Rússia, porém já informamos diversas modificações que o veiculo tem que sofrer para atender a nossas necessidades.



GPB - O BOPE influenciou na criação da nova versão, o Tigre-M?

Cap. Blaz - É uma versão concebida para ser empregada em terrenos muito semelhantes com o que objetivamos empregá-lo aqui, área urbana com terreno acidentado. Ele esta recebendo algumas adaptações que nós identificamos como necessárias.


GPB - Quais as perspectivas para operações aerotransportadas?
Cap. Blaz - Nós já possuímos uma grande parceria com o Grupamento Aero Marítimo (GAM), e futuramente todos nós vamos estar em uma mesma sede, vamos compartilhar o mesmo quartel. Isso vai ser muito bom do ponto de vista tático e operacional, pois irão proporcionar mais celeridade as operações.

A policia militar esta montando uma frota de aeronaves, o que vai permitir termos o BOPE atuando em terra, mar e ar de maneira ágil e efetiva.




GPB - Eu agradeço pela hospitalidade e pela entrevista dada ao GeoPolítica Brasil, não só em meu nome, como também em nome de nossos milhares de leitores em todo o mundo Capitão, desejo ao senhor e a toda tropa muito sucesso e força para continuar a lutar pela segurança de nossa sociedade.


Cap. Blaz – Eu que agradeço a você e a todos os expectadores do blog e espero contar mais com sua participação aqui, estamos sempre prontos para recebê-los.



Reportagem exclusiva do GeoPolítica Brasil


Angelo D. Nicolaci
Editor Chefe

Dominique Nicolaci
Fotografa do Blog

Agradecimento aos amigos Wellington Mendes e Rustam Bogaudinov pelo fardamento.

Aos amigos e parceiros do Plano Brasil ( Edilson e Lucas) que ajudaram na concepção das questões abordadas.

E principalmente agradeço a Deus por abençoar a cada dia mais este trabalho que venho desenvolvendo a longo deste primeiro ano do Blog no ar.
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