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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Mercado para Robôs militares deve ultrapassar 8 bilhões em 2016

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Entre 50 e 80 países ou já utilizam sistemas de defesa robóticos, ou estão em processo de construção ou aquisição de tecnologia para incorporá-las em seus programas militares. Estes robôs podem assumir a forma de veículos aéreos não tripulados (UAVs), veículos terrestres não tripulados (UGVs), e até mesmo veículos subaquáticos não tripulados (UUVs), mas todos eles têm em comum o objetivo de tomar o lugar ou completar os seres humanos no campo de batalha.

Segundo um novo estudo da ABI Research, Defesa Robots: UAV, UGVs, UUVs e Robots para aplicações militares, tem a perspectiva crescer de US $ 5,8 bilhões em 2010 para mais de US $ 8 bilhões em 2016 no mercado mundial de robótica.

Diz Larry Fisher, diretor de pesquisa da NextGen, incubadora da ABI Research, para pesquisa de tecnologias emergentes, "Embora o uso de robôs semi-autônomos ou autônomos possam melhorar a eficiência militar, precisão e desempenho operacional, o fator determinante para estes sistemas é a capacidade de reduzir o risco de ferimentos ou morte. "

Os principais impulsos para o mercado da robótica militar inclui o forte desejo de reduzir ou evitar as baixas militares no campo de operações, alterações nas táticas de guerra que exigem novas tecnologias para reconhecimento e combate, a necessidade de reduzir os gastos militares e os desenvolvimentos nos domínios da ciência de materiais, programação de computadores e da tecnologia de sensoriamento ajuda a criar robôs mais avançados.

Entre as forças que trabalham contra o crescimento da robótica de defesa continuam as fracas condições econômicas que afetam negativamente impacto sobre os gastos com sistemas de defesa, uma escassez de ativos para a maioria dos conflitos militares do mundo, o que reduz a necessidade de novos sistemas de defesa e as questões éticas envolvendo o uso de robôs para as operações de combate.

Nos países desenvolvidos, os gastos militares são muitas vezes "à prova de recessão", as condições econômicas não são susceptíveis á causar impacto sobre o consumo robôs voltados á defesa, uma vez que mesmo os sistemas mais caros de robôs são muito mais baratos do que os equivalentes sistemas tripulados.

Como resultado, diz Fisher, "o mercado para os robôs militares vai permanecer saudável durante todo o período de previsão e além, com possibilidades de ainda maior abertura no final da década, impulsionado pelo avanço tecnológico e um crescimento mundial recorde na faixa de benefícios reais oferecidos por esses sistemas”.

Fonte: Defense & Professional
Tradução e Adaptação: Angelo D. Nicolaci - GeoPolítica Brasil
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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Com know-how russo, China já produz armas avançadas

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Um ano depois do colapso da União Soviética, o Kremlin, com os cofres vazios, começou a vender à China uma parte de seu vasto arsenal, incluindo o orgulho da Força Aérea Russa, o caça Sukhoi-27.

Nos 15 anos seguintes, a Rússia se tornou o maior fornecedor de armas para a China, vendendo entre US$ 20 bilhões e US$ 30 bilhões em caças, destróieres, submarinos, tanques e mísseis. O país vendeu a Pequim até a licença para fabricar o caça Su-27 - com peças importadas da Rússia, é claro.

Mas agora a festa de vendas militares russas acabou, e a da China está apenas começando.

Após décadas importando e fazendo engenharia reversa de equipamentos bélicos da Rússia, a China atingiu um estágio crucial: agora pode fabricar muitas armas avançadas, como caças de última geração ao estilo do Su-27, e está prestes a fazer um porta-aviões.

Não apenas os engenheiros chineses conseguiram clonar os valiosos sistemas eletrônicos e de radar do Su-27, como estão equipando o caça com a última peça desse quebra-cabeça tecnológico: uma turbina a jato de fabricação própria.

Nos últimos dois anos, Pequim não realizou grandes compras militares de Moscou. E agora a China começa a exportar boa parte desses armamentos, roubando mercado da Rússia no mundo em desenvolvimento e talvez até alterando o equilíbrio militar de vários locais de conflito pelo mundo.

Essa reviravolta histórica ficou palpável no pavilhão russo da feira de aviação Airshow China, realizada em novembro em Zhuhai, no sul do país. A Rússia costumava ser a estrela do evento, impressionando visitantes com seu time de acrobacias aéreas Cavaleiros Russos, exibindo caças, helicópteros e aviões de carga, e fechando vendas bilionárias nos bastidores.

Este ano, o país não exibiu um único avião de verdade, só um punhado de miniaturas plásticas, cercadas por meia dúzia de vendedores entediados. A China, por sua vez, fez sua maior exibição comercial de tecnologia militar, quase toda baseada no know-how russo.

As estrelas do evento foram os Sherdils, um time paquistanês de acrobacia aérea que usa caças de origem russa, mas que já são fabricados no Paquistão e na China.

"Antes, éramos os sócios maiores nesse relacionamento. Agora somos os menores", disse Ruslan Pukhov, integrante do Conselho de Consultas Públicas do Ministério da Defesa da Rússia, grupo civil que assessora os militares do país.

O problema enfrentado pela Rússia espelha o de muitas empresas estrangeiras no momento em que a China começa a concorrer nos mercados mundiais com trens avançados, equipamentos de geração elétrica e outros produtos para o mercado civil baseados em tecnologia obtida dos países ricos.

Mas neste caso há um problema adicional relacionado à segurança: a China está desenvolvendo sistemas avançados, como porta-aviões e caças navais, que podem ameaçar Taiwan e confrontar o domínio americano do Pacífico. As exportações chinesas de caças e outras armas avançadas ameaçam ainda alterar o equilíbrio militar no sul da Ásia, no Sudão e no Irã.

O poderio militar chinês ainda é bem menor que o dos EUA, de longe o maior fabricante e exportador bélico do mundo. A China obteve só 2% das vendas mundiais de armas entre 2005 e 2009, o que faz dela o nona maior exportador, diz o Instituto Internacional de Pesquisas sobre a Paz de Estocolmo.

Mas nenhum outro país asiático tentou projetar poderio militar - e conta com capacidade própria para isso - desde a derrota do Japão em 1945.

O rápido domínio chinês de tecnologias russas motiva questionamentos sobre a cooperação americana com a face civil dos fabricantes chineses de armamentos.

A Corporação da Indústria de Aviação, ou Avic, fabricante estatal de aviões da China, é que faz os caças do país, por exemplo. Mas ela também está desenvolvendo um jato de passageiros com ajuda da General Electric e de outros fabricantes americanos de produtos aeroespaciais. Um representante da GE disse que a empresa se associou há décadas a fabricantes estrangeiros de turbinas, "sempre com mecanismos elaborados de proteção" que preservaram suas patentes.

A evolução chinesa também tem reflexos nos programas americanos de armamento. O Pentágono cortou recursos para o F-22, atualmente o caça mais avançado em uso no mundo, em parte porque a China só deve ter aviões similares daqui a 15 anos, pelo menos. Mas o general He Weirong, vice-comandante da Força Aérea chinesa, anunciou que a versão local do jato estava prestes a passar pela fase de testes de voos e poderá entrar em uso em "oito ou dez anos".

A Agência de Inteligência de Defesa dos EUA estima agora que levará "cerca de dez anos" para a China mobilizar os chamados caças invisíveis em número substancial.

Para Moscou e Pequim, enquanto isso, disputas sobre patentes de caças como esses estão dificultando os esforços para superar uma rivalidade histórica e criar uma era de relações amigáveis. "Não prestamos atenção suficiente a nossas patentes no passado", disse uma autoridade russa da defesa. "Agora a China é que está concorrendo conosco no mercado internacional."

Poucas coisas ilustram com mais clareza essa questão como o J-11B, o caça chinês que as autoridades russas alegam ser uma cópia direta do Su-27, caça de um tripulante desenvolvido pelos soviéticos nos anos 70 e 80 para enfrentar os americanos F-15 e F-16.

Até o início dos anos 90, Moscou não fechava um acordo bélico de grande porte com Pequim desde o racha ideológico dos países em 1956, motivo de breves combates fronteiriços em 1969. Mas o colapso da URSS deixou o Kremlim desesperado para obter recursos. Em 1992, a China foi o primeiro país fora da antiga URSS a comprar o Su-27, pagando US$ 1 bilhão por 24 unidades.

O acordo foi uma jogada de mestre da China, que mudara o foco de seus militares de uma possível invasão soviética por terra e passara a buscar defender áreas que considera seu território, como Taiwan e partes do Mar do Sul da China e do Mar do Leste da China.

As tentativas chinesas de modernizar sua Marinha e Força Aérea foram atrapalhadas pelos embargos de armas impostos pelos EUA e pela União Europeia depois da repressão aos protestos na Praça da Paz Celestial, em 1989.

O programa de modernização militar da China ganhou urgência quando os líderes chineses ficaram chocados com a exibição de poderio americano durante a Guerra do Golfo, disseram militares de países ocidentais.

A grande virada de Pequim ocorreu em 1996, quando pagou US$ 2,5 bilhões à Rússia para licenciar e montar mais 200 caças Su-27 na Senyang Aircraft Company. O acordo estipulava que o avião - a ser chamado J-11 - contaria com sistemas eletrônicos, radar e turbinas da Rússia e não poderia ser exportado.

Mas, depois de construir 105 aeronaves, a China cancelou repentinamente o contrato em 2004, alegando que o avião não atendia mais às suas exigências, segundo autoridades russas e especialistas em defesa.

Três anos depois, os temores russos se confirmaram quando a TV estatal da China apresentou uma versão própria do caça, o J-11B. "Quando a licença foi vendida, todo mundo sabia que eles fariam isso. Era só um risco que foi aceito", disse Vassily Kashin, um especialista russo em questões militares da China. "Na época foi uma questão de sobrevivência."

O J-11B era praticamente idêntico ao Su-27, embora a China afirme que ele tem 90% de tecnologia local e recebeu sistemas de radar e eletrônicos chineses que são mais avançados que os originais. Só a turbina ainda é russa, diz a China.

Agora, a China também começou a instalar uma turbina própria, segundo Xhang Xinguo, vice-presidente da Avic, que controla a Shenyang Aircraft.

"Não dá para dizer que é só uma cópia", disse ele. "Todos os celulares são parecidos. Mas a tecnologia está evoluindo rapidamente. Mesmo que o aspecto seja o mesmo, nem tudo o que está dentro pode ser o mesmo."

O J-11B forçou a Rússia a tomar uma decisão difícil: continuar vendendo armas à China e se arriscar a também perdê-las para a imitação chinesa, ou ficar fora de um mercado ainda lucrativo.

A reação inicial da Rússia foi suspender as negociações para vender à China o Su-33, um caça com asas dobráveis que pode ser usado em porta-aviões. Mas, depois disso, o país reabriu as negociações com a China sobre o Su-33, embora tenha rejeitado a oferta chinesa para comprar apenas dois aviões, insistindo num pedido mais volumoso.

A posição oficial da Sukhoi Aviation Holding agora é que ela continua apostando em seus negócios na China. De fato, muitos especialistas em aviação acreditam que a Avic tem enfrentado problemas para desenvolver uma turbina nacional para o J-11B com o mesmo empuxo e durabilidade que o produto original da Rússia.

A Sukhoi está apostando que a China vai ter de comprar o Su-33 sob as condições russas, já que será difícil para Pequim desenvolver um caça naval próprio a tempo de equipar seus primeiros porta-aviões, previstos para entrar em operação em 2011 ou 2012.

A empresa também espera vender à China o Su-35 - uma versão mais avançada do Su-27 - se o J-11B não tiver um desempenho bom o bastante.

"Só esperamos que nosso avião seja melhor", disse Sergei Sergeev, vice-diretor geral da Sukhoi. "Uma coisa é fazer uma cópia de qualidade de uma colher, mas fazer uma de um avião é outra história."

Fonte: Valor Econômico
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