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terça-feira, 8 de janeiro de 2019

36 horas? Uma análise sobre o processo de remoção do motor do F-35

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Recentemente uma polêmica relacionado ao F-35 ganhou as mídias brasileiras, onde um renomado site publicou em seu artigo que o referido caça de 5ª Geração norte americano levaria 36 horas para que fosse realizada a faina de remoção do motor. O GBN News mantendo nosso compromisso com a precisão de nossas informações e conteúdo, resolvemos apresentar uma análise sobre a questão. Como sempre pautados em dados, longe do sensacionalismo e teorias de google.

Para iniciar nossa análise, fomos atrás da raiz do problema, e encontramos a notícia publicada pelo site "Air Force Magazine", o qual aborda uma solução criativa encontrada para substituição dos componentes da linha de combustível do F-35, aquela mesma que há alguns meses levou a aterrar toda frota de aeronaves F-35 após um acidente envolvendo uma aeronave do tipo pertencente ao USMC. Tal solução faria com que o processo necessário para correção do problema fosse realizado em 24 horas, ao invés do procedimento até então adotado com a retirada do motor, onde o processo completo de remoção, reparo e reinstalação do motor levava 36 horas no total, tendo por base o release emitido no site "US Air Force"

A remoção do motor é um processo demorado, mas não chega à 36 horas
Então vamos aos fatos descritos pela mídia responsável pela informação raiz: 

"Os F-35 que foram evacuados Base Aérea de Eglin AFB, durante o furacão Michael em outubro, foram submetidos à inspeção de aterramento e combustível em sua base temporária em Louisiana, forçando os mantenedores a trabalhar rapidamente e encontrar novas maneiras de realizar a inspeção.
O Departamento de Defesa em 11 de outubro aterrou todos os F-35 para inspecionar os tubos de combustível após o acidente de 28 de setembro envolvendo um F-35B do USMC na Carolina do Sul. Essas inspeções incluíram os F-35A da 33ª Fighter Wing de Eglin, que foram evacuados para Base Aérea de Barksdale AFB, Em 9 de outubro, antes da tempestade.
O trabalho exigiu que os mantenedores removessem o motor do F-35 para realização do reparo, um processo que exigiria 36 horas por jato. Reboques de motor e ferramentas também precisavam ser transportados para Barksdale, e peças dentro de um número de lote específico tinham que ser substituídas, de acordo com um release de 3 de janeiro.
A manutenção de um caça de 5ªG exige mais atenção que as gerações anteriores
"Foi particularmente preocupante para nós, porque tínhamos jatos fora da estação sem acesso a todas as nossas ferramentas e pessoal", disse o 1º tenente Patrick Michael, 58º oficial adjunto da Unidade de Manutenção de Aeronaves, no comunicado. “Nós não tínhamos a orientação para mudar a parte ainda. A orientação preliminar dizia que precisaríamos remover o motor para acessar e remover a linha. ”
Depois que a tempestade passou, os mantenedores que trabalhavam com os jatos em Barksdale determinaram que oito jatos precisavam ter a peça substituída. O resto da aeronave retornou a Eglin enquanto mantenedores e funcionários da base da Flórida tentavam encontrar uma maneira de fazer isso de forma diferente.
Apesar de envolto em muitas polêmicas, o F-35 exibe um grande potencial
Os chefes de equipe de Eglin descobriram que podiam acessar a área problemática através de um buraco que poderia caber a mão, em vez de remover o motor inteiro. A descoberta reduziu em pelo menos 12 horas o tempo previsto para reparar cada aeronave e limitou o impacto no treinamento do F-35. Eglin inicialmente esperava um atraso de dois meses nas formaturas, mas o processo acelerado permitiu que o programa de treinamento retornasse a uma programação completa em duas semanas e que nove pilotos do F-35 pudessem se formar a tempo, o tenente-coronel David Cochran. Diretor de operações do esquadrão, disse no lançamento.
O aterramento impactou todas os operadores do F-35, incluindo aeronaves do USMC baseadas no Oriente Médio. A Pratt & Whitney disse que estava "adquirindo rapidamente" mais peças durante o aterramento para minimizar o cronograma de reparo. A Força Aérea não disse especificamente quantas aeronaves foram impactadas, mas que a "maioria" das aeronave retornou ao voo logo após o aterramento ser anunciado."...
Apesar da avançada tecnologia, o Gripen é mais simples de manutenir
Acredito que a seguinte sentença, tenha causado todo o problema de interpretação e levado a errônea informação de 36 horas para remoção do motor: ..."O trabalho exigiu que os mantenedores removessem o motor do F-35 para realização do reparo, um processo que demanda 36 horas por jato"..., pois a mesma induz a crer que apenas a remoção seja realizada em 36 horas, quando na verdade todo o processo de remoção, reparo e reinstalação do motor na aeronave demande as 36 horas. 
A remoção do motor do Gripen é mais rápida por não possuir isolamento RAM
Outra informação pertinente a nossa atenção, é o fato que o reparo quando realizado sem a remoção do motor, demanda 24 horas de serviço, algo que nos deixa a crer que o processo de remoção e instalação do motor dure em torno de 12 horas, mas não podemos ser tão simplistas, pois como técnico em motores e conhecedor de logística e um pouco de manutenção, embora não no campo da aviação, cabe ressaltar que o trabalho de substituição de componentes com o motor fora demanda teoricamente menos tempo, devido a facilidade de acesso aos componentes, algo que não podemos precisar devido ao desconhecimento das dimensões do acesso aos componentes identificado pela equipe técnica em Barksdale, bem como a posição do conjunto a ser substituído e a facilidade de trabalho nestas condições. O certo a se ter em mente e concluir, é que a remoção do motor do F-35 não demanda 36 horas como supõe erroneamente a matéria veiculada pela mídia brasileira e tem causado enorme discussão entre os membros de fóruns e grupos de discussão especializado em defesa.
Assim como o Gripen, o Rafale francês apresenta ausência de material RAM
Outro ponto que quero salientar neste artigo, é derrubar uma comparação simplista e sem real fundamento técnico, em que alguns indivíduos comparam que o processo de remoção do motor de uma aeronave stealth de 5ª Geração de alta complexidade técnica como é o caso do F-35, a uma aeronave de 4ª Geração ++ como é o caso por exemplo do SAAB Gripen E/F ou outro caça desta geração, o que leva a uma clara disparidade, uma vez que um demanda muito mais técnica e cuidados no processo que o outro, principalmente se levar em consideração o tipo de motorização e a cobertura RAM (Radiation Absorbent Material) que faz parte do revestimento desta seção da fuselagem.
A tecnologia Stealth cobra seu preço na complexidade da manutenção
É preciso ter perspicácia e atenção ao realizar traduções e interpretações de comunicados e informações inerentes a determinados meios e sistemas, cabendo ao analista de defesa buscar o cruzamento de dados e fontes afim de não cometer erros simples e que podem comprometer de maneira séria a qualidade da informação por este prestada, um cuidado que tem sido a voga do trabalho do GBN News e o Canal Arte da Guerra.
Espero ter conseguido sanar a dúvida de grande parte de nosso público, o qual nos questionou através de inúmeros e-mails e mensagens em nossos canais através do Facebook e Whatsapp. 

Por Angelo Nicolaci - Jornalista, editor do GBN News, graduando em Relações Internacionais pela UCAM, especialista em geopolítica do oriente médio e leste europeu, especialista em assuntos de defesa e segurança.


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terça-feira, 7 de maio de 2013

"Quem poupa os lobos sacrifica o rebanho"

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Realmente é preocupante a posição da mídia que vem promovendo uma propaganda negativa contra a ação policial que resultou no abate do traficante "matemático" em maio de 2012. A operação foi um sucesso, onde as forças de segurança do Rio de Janeiro agiram com base em dados concretos de inteligência, onde uma ação precisa resultou na morte de um dos mais procurados traficantes do Rio de Janeiro. A ação ocorreu sem que houvessem danos colaterais, onde nenhum civil inocente sido posto em risco.
 
O caso já havia sido arquivado, até que uma grande emissora resolveu apresentar as imagens e criticar o trabalho de nossos policiais. Diante desse alarde da mídia irresponsável e inconsequente, a qual não consigo compreender seus reais interesses na questão, levou com que o Deputado Marcelo Freixo do Direitos Humanos levasse o inquerito novamente a pauta.
 
O que mais preocupa é a negativação da imagem das instituições policiais envolvidas na ação, onde tentam promover uma imagem de excesso e falta de responsabilidade, inclusive alegando que o armamento adotado na ação era inapropriado, ai pergunto aos amigos leitores: Onde os jornalistas da Globo conhecem algo sobre armamento e emprego tático? Vale lembrar que a policia americana usou os mesmos recursos na caçada aos terrorista que atacaram a maratona em Boston.
 
Ao meu ver estamos lidando com uma falsa visão de direitos humanos, há uma grave miopia na comissão de direitos humanos, onde tem se precupado em resguarda os lobos e expor as ovelhas. Pois o modo como tem atuado na defesa de criminosos é preocupante, afinal quem são realmente as vitimas? A lógica aponta que o cidadão de bem, trabalhador que arca com pesados impostos para sustentar o sistema, não os ditos "produtos do meio", onde estes criminosos são vítimas?
 
É um grande absurdo o afastamento do piloto Adonis Lopes de Oliveira, que pilotava o helicóptero usado na ação. Onde esqueceram que este mesmo eximio piloto atuou no resgate das vítimas na região serrana, conduzindo a aeronave com presteza em áreas de dificil acesso e mesmo com restrições para pouso, onde nosso correspondente pode acompanhar as ações de resgate, comprovando o imenso profissionalismo da equipe. O mesmo piloto também executou um pouso na praia para que a equipe que estava abordo retornando de um treinamento realizasse a prisão de meliantes que haviam acabado de assaltar turistas no Leme. Agora penalizar um profissional que tem demonstrado uma excelente folha de serviço á nossa sociedade devido á um movimento com intenções duvidosas de defesa dos direitos humanos?
 
Quem tem direitos humanos?
 
Há poucos dias assistimos um crime bárbaro, onde uma dentista morreu queimada após um assalto, esta semana um criminoso assaltou um ônibus e estuprou uma passageira, estes são alguns exemplos dentre centenas que ocorrem todos os dias, mas quem deve ser resguardado pelos direitos humanos? As vitimas ou estes cruéis animais que a imprensa insiste em defender e usar a desculpa que são resultado da desigualdade social.
 
Se desigualdade social fosse justificativa para criminalidade, teriamos um imenso problema, pois boa parte de nossa sociedade vive nesta condição, milhares de pessoas vivem em comunidades carentes, são assediadas pelo trafico e criminalidade mas se mantém corretos, o nome disso é caráter e vem de berço, devemos caçar os Lobos e penalizá-los, levá-los a justiça, mas se os mesmos resistirem abate-se mesmo. Antes um traficante morto que um inocente, antes um bandido morto que seus filhos sendo assaltados e mortos de maneira covarde.
 
O que você prefere: Poupar o lobo ou defender o rebanho?
 
Acorda Brasil!!!!!!!
 
Por: Angelo Nicolaci - GBN GeoPolítica Brasil



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sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Israel é seu pior inimigo?

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Durante décadas, os líderes palestinos às vezes pareciam ser os piores inimigos de seu próprio povo. Radicais palestinos antagonizavam o Ocidente, e, quando líderes militantes passaram a recorrer a sequestros e lançamentos de foguetes, enfraqueceram a causa palestina em todo o mundo. Eles empoderaram os colonos e os "falcões" israelenses e evisceraram os "pombos" de Israel.

Hoje em dia o mundo está virado de ponta-cabeça. Agora é Israel que corre perigo devido a seus líderes e sua postura maximalista. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu está isolando seu país, e, para falarmos francamente, sua linha dura em relação aos assentamentos mais parece uma política de suicídio nacional.

Nada é mais corrosivo que a construção por Israel de mais casas nos assentamentos, porque isso joga por terra a esperança de um acordo de paz no futuro. O erro mais recente de Netanyahu se deu depois de a administração Obama se ter humilhado, fazendo pressão diplomática plena para bloquear a aceitação pelas Nações Unidas do Estado palestino. Em um momento em que o presidente Barack Obama já tinha várias outras coisas em sua pauta --por exemplo, evitar um derretimento econômico global--, os Estados Unidos desperdiçaram a boa vontade internacional ao ameaçarem vetar o reconhecimento do Estado palestino, algo de que todos afirmam estar a favor.

Na semana passada, com essa briga diplomática nas Nações Unidas já encaminhada, Israel anunciou planos para a construção de 1.100 novas unidades habitacionais em uma parte de Jerusalém que fica fora de suas fronteiras anteriores a 1967. Em lugar de mostrar apreciação pelo que Obama fizera, Netanyahu lhe deu um soco no olho.

Prevejo uma enxurrada de respostas iradas. Tenho consciência de que muitos insistem que Jerusalém precisará ser inteira de Israel de qualquer maneira em qualquer acordo de paz, de modo que novos assentamentos não têm importância. Se essa é sua posição, então você pode dizer adeus a qualquer acordo de paz. Todo negociador conhece os pontos básicos de um acordo de paz , fronteiras de 1967 sem trocas de terra, Jerusalém como capital dos Estados palestino e israelense, direito de retorno apenas simbólico, e insistir sobre uma Jerusalém inteiramente israelense significa que não haverá acordo de paz, nunca.

O ex-presidente Bill Clinton disse diretamente em setembro que Netanyahu é o culpado pelo fracasso do processo de paz no Oriente Médio. Um fator de pano de fundo, observou Clinton corretamente, é a transformação demográfica e política na sociedade israelense, que vem fazendo o país ser mais conservador em relação a questões de fronteiras e territórios.
É claro que Netanyahu está longe de ser o único obstáculo à paz. Os palestinos estão divididos, com o Hamas controlando a Faixa de Gaza. E o Hamas não apenas reprime seu próprio povo, mas também conseguiu devastar o movimento de paz em Israel. Essa é a coisa mais triste no Oriente Médio: setores de linha dura como o Hamas empoderam representantes da linha dura como Netanyahu.

Estamos diante de um período perigoso no Oriente Médio. A maioria dos palestinos parece sentir que o processo de paz de Oslo não deu em nada, e os israelenses parecem concordar: em uma sondagem recente publicada pelo jornal "Yediot Aharonot", dois terços dos entrevistados opinaram que não existe chance de um acordo de paz com os palestinos, nunca.

A melhor esperança dos palestinos estaria em um grande movimento de base de resistência pacífica não violenta contra os assentamentos ilegais na Cisjordânia, liderado por mulheres e inspirado no trabalho de Mahatma Gandhi e do reverendo Martin Luther King Jr. Um número crescente de palestinos está aderindo a variações sobre esse modelo, embora às vezes o estrague ao definir a não violência como algo que inclui atirar pedras e ao conferir o papel de liderança a homens jovens e de cabeça quente.

As Forças de Defesa de Israel podem lidar com homens-bomba e foguetes disparados pelo Hezbollah. Não tenho igual certeza de que poderiam derrotar mulheres palestinas que bloqueassem as estradas que levam aos assentamentos ilegais, dispondo-se a suportar gás lacrimogêneo e cassetadas com vídeos de tudo sendo prontamente postados no YouTube.
Netanyahu também prejudicou a segurança de Israel ao queimar as relações com o aliado mais importante de Israel na região, a Turquia. Agora há também o risco de enfrentamentos no Mediterrâneo entre embarcações navais israelenses e turcas. Essa foi uma razão pela qual o secretário da Defesa dos EUA, Leon Panetta, repreendeu o governo israelense alguns dias atrás, por isolar-se diplomaticamente.

Então, partindo daqui, para onde vamos? Se um acordo de paz não surgir logo, e se Israel continuar com sua ocupação, então Israel deveria dar a todos os palestinos das áreas que controla o direito de votar nas eleições israelenses. Se os judeus na Cisjordânia podem votar, então os palestinos que vivem ali deveriam poder fazer o mesmo.

É isso o que significa a democracia: as pessoas têm o direito de votar no governo que controla suas vidas. Alguns de meus amigos israelenses pensarão que sou injusto e áspero, aplicando dois pesos e duas medidas por focar as falhas israelenses e prestar menos atenção às de outros países da região. É justo: me confesso culpado disso. Eu aplico padrões mais altos a um aliado estreito dos EUA como é Israel, que é receptor de assistência americana enorme.

Amigos não deixam seus amigos dirigir embriagados nem conduzir em um rumo diplomático que leva seu país a afastar-se de qualquer perspectiva de paz. Hoje os líderes de Israel às vezes parecem ser os piores inimigos de seu país, e chamar a atenção a isso é um ato de amizade.

Fonte: New York Times
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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Imprensa israelense vê “novo país” após protestos

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O protesto social em Israel, que mobilizou no sábado mais de 300.000 manifestantes, não tem precedentes no país e representa um grande desafio para o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, afirma a imprensa israelense.

“Um novo país”, “Israel está nas ruas”, destaca na primeira página o Yediot Aharonot, principal jornal do país.

“Netanyahu e seus ministros não poderão ignorar este grito, porque expressa uma força que ameaça sua permanência no poder”, afirma o colunista Nahoum Barnea.

“Me parece que esta é a maior manifestação de desconfiança já organizada nas ruas de Tel Aviv”, escreveu Sima Kadmon, analista político da publicação.

“O povo levantou”, afirma o jornal Maariv, que tem na primeira página uma foto das ruas lotadas.

“Nem esquerda, nem direita, nem centro, nem marginais. É o povo de Israel que está descontente com a vida aqui, com o sistema injusto que permite a uma minoria seguir na farra às custas das massas esmagadas”, criticou Ben Caspit em um editorial.

O jornal de esquerda Haaretz também exibe na primeira página fotos das ruas de Tel Aviv lotadas.

Gideon Levy escreveu que um “regime que permanece impávido ante uma manifestação gigantesca está destinado a cair”.

O protesto de sábado exigiu “justiça social” no país.

Fonte: AFP
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sexta-feira, 22 de julho de 2011

Precisamos com urgência de política externa

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Os brasileiros aprovam investimentos em segurança nacional. Somos o que Charles Glaser chama de "security seekers" (motivados pela segurança). Não somos gananciosos do ponto de vista de uma expansão territorial. Queremos dissuasão. Daí os submarinos e caças voltados para defesa.

Mais difícil é convencer a opinião pública de que isso deve ocorrer enquanto mantemos desguarnecida a fronteira terrestre. Drogas, armas e carros roubados entram e saem do país pelos vizinhos sem que haja uma efetiva política de combate ao crime transnacional.

Nem mesmo a discussão sobre as negociações envolvendo o controle da tecnologia nuclear é socializada.

O governo se recusa a assinar o Protocolo Adicional do Tratado de Não Proliferação sem debate interno.

Pode, sim, ter razão, mas a palavra final deve ser da sociedade brasileira, que já expressou constitucionalmente sua preferência.

Dilma fez bem ao interromper uma espiral negativa custosa ao Brasil. Em particular nos EUA, a voluptuosidade do governo anterior gerou incertezas sobre as motivações benignas brasileiras em episódios como os do Irã e de Honduras, país com o qual, aliás, já reatamos relações, felizmente.

A política externa brasileira está voltada para os objetivos de Estado, e não diretamente para os da sociedade. Há uma inversão de valores que já deveria ter sido superada pela democracia. Se os brasileiros estiverem bem, o Estado brasileiro também estará. Simples, mas ainda não compreendido por Brasília.

Diplomatas consideram um rebaixamento ver a política externa como uma política pública. Não temos uma política de combate efetivo ao crime organizado na região. Mas não é só isso. Falta-nos também uma estratégia para reconquistar mercados industriais. Cento e noventa milhões não cabem em uma economia sem indústria.
Não há nada de criativo na dependência comercial com a China. Estamos apenas seguindo fluxos, passivamente. Aos seus 20 anos, o Mercosul despista.

O apoio brasileiro à França no FMI contra um candidato mexicano escancara uma verdade inconveniente: a América Latina está no discurso do governo, mas, na prática, as relações são cada vez mais preenchidas pelas grandes potências, antigas e emergentes.

As núpcias com os franceses não significam, contudo, iniciativas consistentes para a Europa.

Ao abrigar um terrorista, arruinamos afinidades com a Itália.
Em Haia, podemos passar um vexame, cuja causa faria Ruy Barbosa ruborescer. Desrespeitamos o direito internacional.

Já a vitória apertada na FAO (por 92 votos a 88), após uma era de fracassos na ONU, é reveladora das dificuldades enfrentadas pela nossa diplomacia. Foi como se, depois de sucessivas derrotas, quase empatássemos contra um time debilitado em jogo difícil.
O Brasil é potência mundial na produção de alimentos.

Caminhamos do nosso jeito para desempenhar um papel significativo no mundo, como uma nação de grandes qualidades. Com destaque para a agenda ambiental, cuja centralidade pouco a pouco o Itamaraty aceita. Conviria dar mais atenção à sociedade. O Estado tem hoje uma política externa à deriva. E os brasileiros, quando terão alguma?

Fonte: Folha

Nota do Blog: Achei interessante este artigo que li na Folha, discordo em muitos pontos com o disposto pelo seu autor, porém gostaria de dicutir tal abordagem com você amigo leitor. Qual sua opinião em relação ao dito pelo autor deste artigo da Folha?

Deixe sua opinião, participe, faça aqui sua voz ter presença e compartilhe seu conhecimento e visão sobre este tema tão importante que é a política externa brasileira.
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quarta-feira, 6 de julho de 2011

Confiar na OTAN?

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Os boatos dizem que OTAN ofereceu um negócio debaixo da mesa para o coronel Gaddafy, para que ele se demita ao receber uma declaração de imunidade em troca. Isto levanta duas questões: primeiro, a palavra da OTAN tem a credibilidade de um viciado em heroína a precisar da próxima dose? Em segundo lugar, será que aqueles por trás dessa cruzada mal concebida, finalmente, viram a loucura das suas ações?

Quando você receber uma oferta da OTAN, há duas coisas que você deve fazer: lembre-se do cara vestindo um gabardine sujo que sai por trás de algumas pilhas de sacos na estação ferroviária e diz entre dentes aos transeuntes: "Ei cara, você quer comprar um relógio de pulso romeno de segunda mão, bem barato?" e em segundo lugar, você diz Não!

Por quê? Porque a OTAN tem mentido repetidamente. A OTAN mentiu para a Rússia, afirmando que não iria avançar para o leste, instalando-se nos países do antigo Pacto de Varsóvia. Olhem só onde a OTAN está agora - a cercar a Rússia no norte nos Estados Bálticos, passando da Polónia para a Bulgária a oeste, ao sul na Turquia e, como se isso não bastasse, está fazendo propostas para a Geórgia, um espinho no lado da Rússia, como foi tão admiravelmente demonstrado pelo ato assassino de Tblissi no verão de 2008.

O destino da Geórgia, é verdade, seria o destino da OTAN se tentasse alguma coisa contra a Rússia, ou seja, uma chuva de mísseis tão espessa que eles iriam apagar o sol antes de fazer uma cratera de 20 quilômetros de cada lado de uma formação militar nas fronteiras da Rússia. Sem qualquer problema, para não falar da capacidade de destruir todas as cidades dos países membros desta organização. Como as tropas georgianas e os seus conselheiros militares "voltar para dentro" (sotaque sulista dos EUA) descobriram, antes de serem degolados, a Spetsnaz é uma força bem valente, assim como os soldados das divisões chechenas, os queridinhos do Ocidente, como os mercenários ocidentais entre os georgianos se sentiram muito bem antes de serem enviados para casa nos "sacos-corpo".

As mesmas nações inventaram a descarada mentira para criar um casus belli contra o Iraque, onde não existia nenhuma, inventando a história que o governo de Saddam Hussein havia tentado obter urânio yellowcake do Níger, em seguida, falsificando documentos para realçar a afirmação, e depois, obtendo relatórios da mídia ignorante para reivindicar que Bagdá estava tentando obtê-lo (país errado) da Nigéria; depois, em seguida, houve uma tese de doutorado copiada e colada da Net fornecendo "maravilhosa inteligência" para Colin Powell apresentar à ONU. Tivemos fábricas de produtos químicos que forneciam leite para os bebês e tivemos "provas" de armas de destruição maciça e os locais apontados onde estavam, exceto pelo fato que comprovaram que não existiam. Como disse o próprio Saddam Hussein.

Nós viamos os meios de comunicação demonizando o presidente iraquiano e ligando-o a Al-Qaeda, apesar dele e bin Laden se odiarem. Enquanto isso, nós ouvíamos os países da OTAN reclamando sobre hacking enquanto ainda faziam a mesma coisa contra o Iraque, contra o Irã e agora contra a Líbia.

E agora temos a OTAN mentindo como sempre sobre o casus belli neste estado norte-africano, alegando que os pobres inocentes civis desarmados estavam sendo atacados, quando o que realmente aconteceu todo o mundo sabe - milhares de terroristas armados, lançados pela própria OTAN, correndo nas ruas como loucos, incendiando edifícios governamentais, estuprando meninas e matando as pessoas na rua, degolando negros. A OTAN nunca mencionou o Relatório da ONU fornecendo a base para um prémio humanitário a ser concedido ao coronel Gaddafi em março deste ano, nunca mencionou qualquer de suas muitas ações na União Africana, prestando serviços gratuitamente ao passo que de antemão, os africanos tiveram que pagar fortunas para os fornecedores ocidentais.

A OTAN, o mesmo grupo que organizou o seqüestro de Slobodan Milosevic e de sua detenção ilegal em Haia, tribunal canguru que ainda não lançou qualquer caso contra um único membro da OTAN por crimes de guerra, apesar da enorme evidência nesse sentido, agora faz aberturas a Muammar al-Qathafi, sugerindo-lhe que se demita e aceite a imunidade.

Muammar, acredite nisso, e dê um milhão de dólares para o relógio de pulso romeno de segunda mão.

A questão é que agora finalmente a OTAN vê o que está acontecendo no oeste da Líbia, vê que Gaddafy é genuinamente popular no seio da maioria das tribos de todo o país e sabe que em termos militares, sua cruzada falhou rotundamente. Eles nunca esperavam gastar ainda 50 a 100 mil dólares por aeronave/dia, voando 100 saídas por dia, em julho de 2011, eles nunca esperavam que as Forças Armadas da Líbia iriam resistir à tempestade e lançar a ofensiva contra os terroristas que a OTAN apoia.

Mais uma vez, o caminho a seguir é que a OTAN desengate, alegando que a zona de exclusão aérea foi imposta e permitindo que a União Africana lidere as negociações entre os dois lados. Ninguém deve acreditar nunca na OTAN, porque, dada a história recente desta organização, a OTAN tem tanta credibilidade como um viciado em heroína desesperado pela próxima dose.

Fonte: Pravda
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terça-feira, 28 de junho de 2011

Projeto de defesa chinês será um "alvo grande e gordo" para a Marinha dos EUA

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Fazem mais de vinte anos desde que a Marinha dos EUA obteve uma expressiva arma em caso de guerra. Na década de 1970 e 1980 a Marinha Soviética produziu uma série de grandes navios de superfície para contrapôr a Marinha dos EUA. Havia um grande número de classes de destroyers e até mesmo cruzadores da classe Kirov de propulsão nuclear. Em seguida, houve vários porta-helicópteros da classe Moskva, porta-aviões Kiev e Tbilisi / Admiral Kuznetsov. No seu auge, a Marinha soviética possuía mais de sessenta grandes navios de superfície. Hoje esse número foi reduzido para cerca de 28 e sem porta-aviões.

Agora a China está oferecendo a Marinha dos EUA a oportunidade de praticar suas estratégias de observação e combate. Segundo relatos de Westpac, a China enviará seu primeiro porta-aviões para realizar testes no mar na próxima semana. É também um velho navio, o Varyag, um porta-aviões da era soviética que estava em construção quando o "Império do Mal" entrou em colapso há vinte anos. Sua construção estava parcialmente concluída no cais por anos antes de a Marinha da China fazer uma proposta por ele. Lá ele permaneceu ainda por alguns anos, enquanto Pequim e Moscou discutiam os planos de construção, o preço e quem faria o trabalho restante para concluir o navio. Finalmente, em 2000, foi rebocado para o porto chinês de Dalian, onde foi submetido a reconstrução e armamento desde então.

Aparentemente, o ex-Varyag, agora teria sido nomeado Shi Lang, está pronto para sua festa de debutante. O porta-aviões chinês é um grande navio, mais de 900 pés. Que vai incorporar aeronaves de decolagem e aterrissagem convencional. O principal candidato para este papel é o J-15, inspirado no caça Sukhoi Su-33 naval russo. O J-15 também pode incluir aviônicos e equipamentos do J-11B, que é baseado no russo Su-27. Além disso, há relatos de que a China está desenvolvendo o J-18 Red Eagle, uma aeronave de decolagem e aterrissagem curta/vertical (VSTOL). O que ainda é obscuro são os planos de desenvolvimento de aeronaves de apoio que são necessários para a condução de operações aéreas.

Parece que a China não apenas comprou um ex-porta-aviões soviético, mas significativamente, ela comprou a visão de uma potência mundial crescente exigindo para tanto uma Marinha de água azul. No processo, a União Soviética perdeu enormes recursos criando forças navais que foram praticamente irrelevantes política e militarmente. Já a China, como a União Soviética / Rússia é uma potência continental. Mesmo com uma economia em crescimento, Pequim não terá os recursos para construir a curto prazo uma força aérea eficaz e uma marinha de água azul.

Além disso, a implantação de um porta-aviões, mesmo com um complemento de aeronaves de ataque não é a mesma coisa que ter um grupo de ataque operacionalmente eficaz. A Marinha chinesa terá que desenvolver a capacidade de fornecer defesa aérea contra mísseis de 360º, uma frota de ASW, um sistema de coordenação ar / mar e uma frota de submarinos SSN. Onde seria equivalente a marinha chinesa ao sistema Aegis de defesa aérea, ou ao E-2D de vigilância aérea e C2 ou aos SSN da Classe Los Angeles?

A realidade é que a Marinha dos EUA deve saudar o esforço chinês para criar a sua própria marinha de águas azuis. A Marinha dos EUA tem uma história de setenta anos de capacidade de engajar e destruir frotas de superfície hostil. O nome Shi Lang também pode ser traduzido como "alvo grande e gordo".

Fonte: Defense & Professional
tradução e Adaptação: Angelo D. Nicolaci

Nota do Blog: Este artigo de origem americana demonstra o quanto os americanos ainda subestimam as capacidades e o vertiginoso desenvolvimento chinês, como bom observador e atento analista, acredito que dentro de poucos anos veremos uma China muito bem equipada e superando em larga escala as projeções dos ditos especialistas americanos. Claro que não vejo a China como uma super potência militar nos moldes americanos, mas com potencial suficiente para impôr sua posição no mundo.
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Gaddafi, o TPI e o Brasil

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A ordem de detenção de Muammar Gaddafi, emitida pelo Tribunal Penal Internacional, pode servir como truque jurídico para que a OTAN extrapole os limites do mandato do Conselho de Segurança e saia à caça do ditador líbio.

A lógica seria a seguinte: o Conselho de Segurança, numa primeira resolução sobre a Líbia, decidiu impor sanções ao governo Gaddafi e encaminhar o caso dele ao TPI. Se o Tribunal, agora, emite ordem de captura, executá-la seria uma consequência lógica e até inescapável da resolução original, mesmo que a segunda resolução tenha autorizado apenas a introdução da zona de exclusão aérea sobre a Líbia --o que, em tese, não inclui a detenção.

Os ataques que se seguiram podem não seguir literalmente a letra da resolução, mas o espírito dela era claramente impedir que prosseguisse o massacre dos opositores. A única forma de fazê-lo era atacar o atacante.

O problema é que os ataques, além de não terem resultado, até agora, na defenestração do ditador, ainda provocaram mortes de civis. Consequência: países que apoiaram a zona de exclusão aérea, caso da Itália, por exemplo, agora pedem o fim das operações.

A decisão do TPI pode ser interpretada como um passo na contramão desses segundos pensamentos. O Brasil, sem ruído, também está incomodado com os ataques. O Itamaraty acha até que os resultados justificam a posteriori a abstenção brasileira na votação da segunda resolução. Acontece que o Brasil votou a favor da primeira resolução, a que remetia Gaddafi ao TPI.

Se aprovou a iniciativa, agora que o resultado dela é a ordem de captura do ditador, como reagirá o Itamaraty? Opor-se-á ao cumprimento pela OTAN da ordem de captura, que é, convém repetir, decorrência de proposta aprovada pela diplomacia brasileira?

Ou ficará em cima do muro, preferindo que a captura se dê apenas se e quando Gaddafi deixar a Líbia, o que não parece estar a vista sem mais ataques, os ataques que o Brasil não quer?

Por Clóvis Rossi - repórter especial e membro do Conselho Editorial da Folha, ganhador dos prêmios Maria Moors Cabot (EUA) e da Fundación por un Nuevo Periodismo Iberoamericano. Assina coluna às quintas e domingos na página 2 da Folha e, aos sábados, no caderno Mundo. É autor, entre outras obras, de "Enviado Especial: 25 Anos ao Redor do Mundo e "O Que é Jornalismo".
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sexta-feira, 4 de março de 2011

Um ano mais de espera não pode agravar o negócio, mas poderá servir para a conveniente higienização

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Mais do que confuso, ou deliberadamente mal explicado, o tal corte de R$ 50 bilhões nos gastos governamentais previstos para este ano juntou-se ao folhetim dos caças para formar a percepção de atos incorretos do governo anterior e do atual.

Para decolar com os caças, Guido Mantega: "Neste ano não há dinheiro para os caças". Ótimo. Por numerosos motivos. Um dos quais, entre os importantes, é que esse negócio está submetido a tratamentos inaceitáveis desde sua fase inicial, há 12 anos, ainda no governo de Fernando Henrique. Um ano mais de espera não pode agravá-lo, mas poderá servir para a conveniente higienização.

Na mesma segunda-feira em que a sentença de Mantega fazia mais uma desautorização a Nelson Jobim -um ministro que já está pequenino de tantas vezes que sua autoridade foi cortada na história dos caças-, um discreto texto na "Gazeta Russa" trazia duas novidades sobre o negócio. Estava na "Gazeta Russa", incluída na Folha em par com "The New York Times". O jornalista Viktor Litóvkin informava que Brasil e Índia receberam da Rússia a oferta de participação no projeto de um caça de quinta geração, já em testes, com possibilidade de venda para terceiros. O Brasil ainda não deu a "resposta definitiva". Aqui, o Ministério da Defesa não deu tal notícia.

A exclusão anterior dos russos, porém, ao que explicou Litóvkin, deu-se porque o Brasil exigiu a compensação de compra, pela Rússia, de jatos comerciais da Embraer equivalentes ao seu Superjet-100. Pode-se tomar a exigência como pretexto, porque os Estados Unidos tinham reagido à preferência dos testes técnicos da FAB pelos Sukhoi russos. A Rússia tinha restrições à plena transferência de tecnologia do seu jato então mais moderno, mas essa dificuldade não altera o fato de que o governo brasileiro montou uma concorrência desleal. Aos franceses, por certo, não foi exigida a mesma compensação, nem consta que o fosse aos americanos, cujo caça é também aprovado pela FAB, embora, em princípio, a ele preferisse o projeto conjunto com os suecos. Concorrência à brasileira, pois.

Em referência ao que seriam cortes propriamente, os ministros Guido Mantega e Míriam Belchior (Planejamento) limitaram-se a uma encenação de explicações e de entrevista coletiva. O corte mais gritante, por exemplo, que teria reduzido em R$ 5,1 bilhões a verba do programa Minha Casa, Minha Vida, serviu muito para notícias, mas não para cortar gasto. Os próprios ministros informaram que o corte refere-se à verba de uma medida provisória que nem está aprovada pelo Congresso: refere-se a uma nova etapa do programa que não seria desenvolvida necessariamente, neste ano, e só o seria, se o fosse, em parte. Ou seja, o gasto cortado não era gasto.

Com o aumento do funcionalismo dá-se o mesmo. Nem figurava no Orçamento, logo, a referência a sua exclusão neste ano é apenas retórica. O corte em investimentos já contratados do Ministério da Defesa também não é corte de gasto. É adiamento a ser negociado, o gasto continuará.

O corte dos R$ 18 bilhões acrescentados ao Orçamento por emendas de parlamentares, por sua vez, é mais nominal do que efetivo, porque as emendas de deputados e senadores dependem de liberações que, por tradição, ocorrem o mínimo possível. Mas tem, no caso, o aspecto positivo de confrontar os parlamentares e seus modos de manipulação do Orçamento dos três Poderes.

Belchior e Mantega ficaram devendo uma explicação ainda mais interessante. Incluíram R$ 3,1 bilhões de um corte a resultar de auditorias a serem feitas para identificação de fraudes nas folhas de aposentadorias, pensões e outras. Como sabem que o montante das irregularidades é aquele? E, se sabem, sabem também onde estão as fraudes, sem precisar de contrato com auditorias externas. Se não sabem e precisam das auditorias, agem incorretamente com a opinião pública e com o próprio governo.

Fonte: Folha
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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Uma revolução puramente egípcia

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O presidente Hosni Mubarak renunciou. O líder de um dos mais autoritários regimes do Oriente Médio não sobreviveu aos 18 dias de protestos nas ruas do Egito, que atraíram milhões de pessoas. O movimento não contou com líderes claros ou tendências políticas definidas. Reuniu muçulmanos, cristãos e diferentes ideologias. A banida Irmandade Muçulmana reforçou o coro da população insatisfeita, e o ex-chefe da agência da ONU para energia atômica Mohamed Elbaradei chegou a apresentar-se como um possívél líder das massas. Mas o movimento não queria bandeiras ou representantes específicos. Seu objetivo era simples: derrubar o regime, pôr um fim no modelo político baseado na repressão de vozes populares. Sua reivindicação principal era a saída do líder da ditadura, e o que parecia impossível foi obtido diante dos olhares do mundo todo.

Hosni Mubarak, um ex-comandante da Força Aérea do Egito que acabou chefiando o país por três décadas, não escolheu exatamente a carreira de ditador. Quando, em uma de suas falas recentes, lembrou que nunca quis o cargo que ocupava, Mubarak não estava exatamente mentindo. O que o levou ao posto foi o assassinato de Anwar Sadat por radicais islâmicos, fato que deixou a Presidência no colo de Mubarak. Sua obrigação, em um momento extremamente delicado para o país, era preservar um regime que já existia desde os anos 50. Ao longo de 30 anos, entretanto, a figura de Mubarak ganhou força, e seu plano de passar o poder para seu filho indicava uma característica mais personalista da ditadura. Mubarak, que se utilizou de uma brutal polícia repressora e, segundo denúncias, possui uma fortuna bilionária no exterior, foi assumindo com o passar do tempo todas as credenciais de um típico déspota.

Em seus últimos pronunciamentos, Mubarak apresentou-se como um patriota. Lembrando seu passado de militar, defensor da integridade política e territorial do Egito, inclusive durante a ocupação israelense da Península do Sinai, ele disse ser um servo da pátria. O que os milhões de manifestantes nas ruas do país lhe respondiam, entretanto, era que a pátria não precisava mais de seus serviços. O tempo havia mudado, as necessidades eram outras, e o Egito entrara numa nova fase da sua história. O próprio Exército, enviado inicialmente para conter os protestos, foi forçado a admitir a legitimidade de suas reivindicações. A população disse continuar admirando seus militares, que tanto fizeram pelo país no passado, mas deixou claro que um novo regime deveria nascer das manifestações de rua.

O futuro do Egito ainda está para ser definido, e entre os espectadores mais atentos estão três governos com passados e agendas políticas muito diferentes. Estados Unidos, Israel e Irã gozavam de um certo conforto com o regime de Mubarak. Com ele Israel estabeleceu uma paz essencial para a segurança de grande parte do seu território. Washington tinha em Mubarak o maior aliado no mundo árabe, que ao mesmo tempo controlava o avanço fundamentalista e garantia estabilidade a Israel. Já o Irã, adversário de nações sunistas como o Egito, compartilhava com Mubarak a crença de que a democracia plena não era uma alternativa viável para a região. Agora os três países precisam, por motivos diferentes, adaptar-se à nova realidade.

O regime islâmico do Irã, apesar de ver com bons olhos o possível avanço no Egito de ideologias contrárias ao Ocidente, vai combater a ideia de que a voz do povo merece ser sempre ouvida. Por isso mesmo, promoveu a interrupção dos sinais do canal persa da BBC, que vinha fazendo cobertura extensiva dos acontecimentos no Cairo. Os Estados Unidos tentarão manter a aliança com os militares egípcios, que são o alicerce do poder no país, enquanto Israel torce para que o possível estabelecimento da democracia não permita avançar no vizinho um sentimento hostil ao Estado judeu. O que os recentes acontecimentos no Cairo mostram, no entanto, é que as potências estrangeiras terão de acatar a vontade dos egípcios e de suas instituições. Apesar de instigado pelos acontecimentos da Tunísia, que semanas antes derrubou o seu próprio ditador, o movimento iniciado em 25 de janeiro, com a ajuda da internet e suas redes sociais, foi uma revolução puramente egípcia. Uma nova geração de cidadãos foi às ruas pela derrubada de um regime que deixara de atender às suas aspirações, sem copiar ninguém ou atender ao chamado de algum líder. Qualquer que seja o caminho a ser tomado pelo Egito, ele parece estar sendo traçado de forma espontânea e independente.

Fonte: BBC Brasil
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sábado, 11 de dezembro de 2010

As compras da Defesa

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Lendo os posts no blog do LN, reparei uma certa dose de paranóia referente as aquisições militares do Brasil, as vezes parece que eu estou lendo colocações da época da guerra fria, tipo compraremos dos franceses por que eles não são o Império (USA), ou vamos adquirir da Rússia (a URSS acabou há 20 anos, é um pais capitalista hoje, tanto ou mais que os USA), chega a ser estranho, coisas sem pé nem cabeça, tipo estadão ou folha de são paulo.

A area de defesa é técnica e politica, com sérias intercorrencias economicas, não é ideologica, é doutrinária.

O mais engraçado é que as pessoas falam dos americanos, franceses (europeus) e russos, e não sabem que a atual estrutura de defesa do Brasil está mais ligada a Israel do que a qualquer outro país. Portanto coloco ao debate os seguintes fatos, não viagens pseudo-ideológicas ou Catanhedices:


Programa da FAB, referente a VANTs (veiculos aereos não tripulados), em conjunto com a Policia Federal – escolhido e em testes pela PF e pela FAB na Base Aerea de Santa Maria – Hermes 450 da Elbit (israelense).

Programa A1 (AMX) – revitalização de 53 vetores da aviação de ataque da FAB:

- RWR, Softwares,ESM,- Elisra (Israel)

- Glass cockpit, plataformas,computadores de missão e integração – Elbit

- Sistema de designação de alvos – Litening III – Elbit/Rafael (Israel)

- Sistema de Guerra Eletronica (interferidor ativo) Skyshield da Rafael

- Sistema de reconhecimento all-weather – Reccelite da Rafael

Todos os sistemas são compativeis com a modernização dos F-5E para M, e para os A-29B Super Tucano, pois a arquitetura montada pela Aeroeletronica, de Porto Alegre, subsidiaria da Elbit é modular e comum a todos os vetores.

Programa C-95 – o idoso “Bandeirante”, esteio da FAB em transporte de pequenas cargas: toda a avionica será da Elbit (desenvolvida em POA)

Misseis utilizados pela FAB:

Para o F-5M – Derby (AAM/BVR) missil ar-ar ativo para combate alem do campo visual- fabricante: Israel ; Python 3 missil infravermelho para combate próximo (WVR) fabricado por, advinhem, Israel.

Amanhã, caso haja interesse, descreverei a continuação: temos outros misseis, bombas,radares,sistemas de software – na Marinha, no Exército.

Se preocupem menos com a “stars and stripes”, olhem um pouco para a estrela de Davi.

FONTE: Blog Luiz Nassif via Plano Brasil
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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Aquisição de um novo avião presidencial? É necessário?

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O Brasil estuda a compra de um novo avião presidencial com maior autonomia. A intenção do governo de adquirir a aeronave foi revelada na última segunda-feira pela mídia.

A nova aeronave representa um investimento em torno de 500 milhões, quase cinco vezes o valor do A-319 presidêncial.

A imprensa como sempre desinformada critíca a nova aquisição, alegando como uma compra desnecessária ou ainda dizendo que a compra do A-319 foi equivocada. Como poucos sabem a FAB dispõe do Boeing-707 apelidado como sucatão, devido a sua avançada idade e obsolescência, que servia à Presidência e atuava como aeronave reabastecedora de longo alcance, na função de trasporte presidencial foi substituído pelo Airbus A-319 executivo, o que em parte preencheu uma necessidade do Governo Federal, apesar de não ser uma aeronave própria para longos voos, como no caso das visitas a outros continentes, o que o obriga a realizar diversas escalas técnicas. Aliando a este fator haverá uma lacuna na capacidade reabastecedora da FAB com a desativação completa do "Sucatão", logo a compra de uma nova aeronave com tais capacidades de faz necessária. A FAB dispunha dos B-707 na tarefa de transporte presidêncial e REVO e ainda possuia aeronaves menores B-737 no transporte de autoridades. Com isso não podemos dizer que a compra do A-319 foi disperdício de dinheiro, pois em muitos pontos do Brasil não seria possivel operar com uma aeronave maior devido a precária infraestrutura em algumas regiões do País. Agora a compra de uma nova aeronave, que ao meu ver deveria ser feita a aquisição não de uma, mas duas aeronaves de grande porte para assumir a função de transporte presidêncial e REVO, assim manutenindo a capacidade da FAB, o que não significa jogar dinheiro fora para dar luxo ao presidente e sua comitiva. Aliás tal aquisição reduziria os custos das viagens de longo curso com a redução das escalas, e o A-319 ficaria com a função de proporcionar deslocamento regional a presidência.

Assim que o assunto veio a público, o presidente Lula fez questão de sair em defesa da troca, sem cerimônia ou preocupação com valores: "Não tem por que não comprar. Acabou aquela bobagem do aerolula. Acho que o Brasil precisa de um avião com mais autonomia para o presidente".

O que o presidente não soube foi apresentar de forma clara todas as justificativas para tal aquisição, o que leva ao leigo ver como um luxo presidencial

A autonomia do avião presidencial é de aproximadamente 8.500 km, o que não garante uma viagem em condições seguras entre Brasília e Londres, por exemplo. Já o Airbus-330MRTT, cuja aquisição está em estudo, pode voar 12.500 km sem necessidade de reabastecer. Cotado como alternativa, o Airbus-A340 executivo, alcança 17 mil km. Por fora ainda corre a Boeing com o 767, mas devido a comunalidade de peças e sistemas é quase certo que a escolha recaia sobre a familia Airbus.

Agora é preciso de um pouco mais de profissionalismo da mídia que adora sair por ai dizendo asneiras sem antes buscar os fundamentos necessários para se ter um julgamento real dos fatos. Não sou defensor deste ou aquele governo, defendo a soberania de nosso país e nossa capacidade estratégica manutenida, algo irrelevante para os cabeças de pinico da grande midia que só sabem falar besteiras e tecer criticas burras, cala-te boca se não sabes do que falas amigos. Brasil acima de Tudo


Angelo D. Nicolaci
GeoPolítica Brasil
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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Se Lula optar pelo Rafale, terá que justificar muito bem a escolha

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O suspense sobre a compra dos 36 caças para renovar a Força Aérea Brasileira marcou este ano eleitoral no Brasil. Três empresas estão na concorrência: a francesa Dassault com o Rafale, a sueca Saab com o Gripen e a americana Boeing com o F-18. Depois de muito adiar, o presidente Lula promete anunciar o vencedor da licitação logo após as eleições. Isso prova o temor de que a escolha pudesse interferir na campanha.

Há um ano, Lula chegou a declarar sua preferência pelos Rafale da França, país com quem o Brasil tem uma parceria estratégica no setor de defesa desde dezembro de 2008. Mas um relatório técnico da FAB, que vazou para a imprensa, aponta o sueco Gripen, muito mais barato, moderno e com melhor oferta de transferência de tecnologia, como a melhor alternativa.

“O relatório da Força Aérea Brasileira tem uma preocupação muito grande com os custos de manutenção dos aviões. Os Gripens tem um custo muito mais baixo de manutenção e de horas de voo. Isso significa, do ponto de vista da FAB, que ela terá condições de treinar um número muito maior de pilotos, por muito mais tempo”, avalia o professor Antônio Jorge Ramalho, especialista em defesa do Instituto de Relações Internacionais da UNB, Universidade de Brasília.

Parceria França-Brasil

O presidente Lula vai escolher, mas a conta do negócio de mais de 10 bilhões de reais será paga pelo seu sucessor. Se o presidente tomar uma decisão política, ele terá que justificar muito bem a escolha. “Não se sabe exatamente o que a França daria ao Brasil em troca desta escolha”, afirma o professor da UNB, acrescentando que o presidente Lula pode tomar esta decisão “desde que ele explique satisfatoriamente à sociedade o que se está recebendo em troca dessa concessão que parece, do ponto de vista técnico, tão absurda”.

A parceria estratégica entre a França e o Brasil já existe. Helicópteros e submarinos estão sendo construídos conjuntamente pelos dois países. Para o professor, não convém acentuar a dependência brasileira em relação à França no setor de defesa.

“O fato de ter deixado a decisão para depois das eleições evidencia que é um tema que se tornou sensível politicamente e que na visão do presidente, poderia dar munição à oposição”, estima Antônio Jorge Ramalho.

Fonte: RFI via Notimp
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sábado, 28 de agosto de 2010

Venceram???

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Os soldados estadunidenses que passaram pelo Iraque trouxeram aos iraquianos uma doença vinda do Afeganistão: a infecção da Al Qaeda. O desastre dos EUA no Iraque também infectou a Jordânia com a Al Qaeda e, mais uma vez, o Líbano. De maneira que não deveríamos nos deixar enganar com as palhaçadas das últimas horas da partida na fronteira com o Kuwait, das últimas tropas de “combate” duas semanas antes do previsto. Deixam para trás 50 mil homens e mulheres – um terço do total da força de ocupação – que serão atacados e terão de lutar contra a insurgência.

Quando se invade um país há que se ter um primeiro soldado – da mesma maneira que um último. O primeiro homem à frente da primeira coluna do exército estadunidense de invasão que chegou à praça Fardous, no centro de Bagdá em 2003 foi o cabo David Breeze do Terceiro Batalhão, Quarto Regimento de Fuzileiros. Por esse motivo, claro que se destacou que não se tratava de um soldado. Os fuzileiros não são soldados. São fuzileiros. Mas ele não falava com sua mãe há dois meses e por isso – igualmente inevitável – lhe ofereci meu telefone de satélite para que ligasse para sua casa no Michigan. Todo jornalista sabe que se consegue uma boa história se empresta o telefone a um soldado na guerra.

“Oi, pessoal”, gritou o cabo Breeze. “Estou em Bagdá. Estou ligando para dizer oi, os amo, estou bem. Eu amo vocês, pessoal. A guerra terminará em poucos dias. Vamos nos ver daqui a pouco”. Sim, todos diziam que a guerra terminaria logo. Não consultaram os iraquianos sobre esse passo agradável. Os primeiros terroristas suicidas – um policial em seu automóvel e depois duas mulheres num automóvel – já tinham atacado os estadunidenses numa grande rodovia que leva a Bagdá. Haveria ainda uma centena de ataques. Haverá mais centenas no Iraque no futuro.

De maneira que não deveríamos nos deixar enganar com as palhaçadas das últimas horas da partida na fronteira com o Kuwait, das últimas tropas de “combate” duas semanas antes do previsto. Tampouco pelo grito infantil “Vencemos!” dos soldados adolescentes, alguns dos quais deviam ter 12 anos quando George W. Bush enviou seu exército para esta catastrófica aventura iraquiana. Deixam atrás 50 mil homens e mulheres – um terço do total da força de ocupação estadunidense – que serão atacados e terão, além disso, de lutar contra a insurgência.

Sim, oficialmente eles tem de treinar homens armados e as milícias, e os mais pobres dos pobres que se uniram ao novo exército iraquiano, cujo próprio comandante não acredita que estejam prontos para defender seu país até 2020. Porém seguramente estarão ocupados – porque seguramente um dos “interesses estadunidenses” deve ser defender sua própria presença – junto aos milhares de mercenários indisciplinados e armados, ocidentais e orientais, que abrem caminho ao redor do Iraque, a tiros, para salvaguardar nossos preciosos diplomatas e empresários ocidentais, de modo que, dizendo com força, não estamos partindo!

Em troca, os milhões de soldados estadunidenses que passaram pelo Iraque trouxeram aos iraquianos uma doença. Do Afeganistão – pelo qual mostraram tanto interesse depois de 2001 como o mostrarão quando começarem a “deixar” o país, no ano que vem – trouxeram a infecção da Al Qaeda.

Trouxeram a enfermidade da guerra civil. Injetaram corrupção em grande escala no Iraque. Estamparam o selo de tortura em Abu Graib - um sucessor válido da mesma prisão sob o vil governo de Saddam -, depois de estampar o selo da tortura em Bagram e em prisões no Afeganistão. Tornaram sectário um país que, apesar da brutalidade e da corrupção de Sadam, até então conseguia manter juntos sunitas e xiitas.

E porque os xiitas invariavelmente governariam essa nova “democracia”, os soldados estadunidenses deram ao Irã a vitória que tanto buscou em vão na terrível guerra de 1980-1988 contra Saddam. Por certo os homens que atacaram a embaixada dos Estados Unidos no Kuwait nos velhos tempos maus – homens que eram aliados dos terroristas suicidas que explodiram a base da Marinha em Beirut, em 1983 -, agora ajudam a governar o Iraque. Os Dawa eram “terroristas”, naqueles tempos. Agora são “democratas”.

É engraçado como nos esquecemos dos 241 homens do serviço estadunidense que morreram na aventura do Líbano. O cabo David Breeze provavelmente tinha dois ou três anos naquele período. Mas a enfermidade continua. O desastre dos Estados Unidos no Iraque infectou a Jordânia com a AlQeda - as bombas no hotel de Amã – e depois novamente o Líbano. A chegada dos homens armados do Fatah al Islam no campo de refugiados palestinos de Nahra-Bared, no norte do Líbano – seus 34 dias com o exército libanês -. e a quantidade de mortes civis foram um resultado direto do levante sunita no Iraque. A AlQeda tinha chegado ao Líbano. Depois do Iraque, sob a ocupação estadunidense, reinfectou o Afeganistão com o terrorismo suicida, o autoimolador que transformou os soldados estadunidenses de homens que lutam em homens que se escondem.

De todas as maneiras, agora estão ocupados reescrevendo a narrativa. Um milhão de iraquianos estão mortos. A Blair eles não importam em nada – não figuram entre os beneficiários de direitos. Tampouco importa a maioria dos soldados estadunidenses. Vieram, viram, perderam. E agora dizem que ganharam. Os árabes, sobrevivendo a seis horas de eletricidade por dia em seu inóspito país, devem esperar que não haja mais vitórias como esta.

Fonte: Carta Maior
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terça-feira, 15 de junho de 2010

O poder oculto: De onde nasce a impunidade de Israel

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A grande cumplicidade internacional com os massacres periódicos israelenses não se gesta por medo de Israel, senão por medo do que representa o Estado judeu. Israel é o símbolo mais emblemático, a pátria territorial do sionismo capitalista que controla o mundo sem fronteiras desde os diretórios dos bancos e corporações transnacionais. Israel, basicamente, é a representação nacional de um poder mundial sionista que é o dono do Estado de Israel tanto como do Estado norte-americano, e do resto dos Estados com seus recursos naturais e sistemas econômico-produtivos. O que controla o planeta desde os bancos centrais, as grandes cadeias midiáticas e os arsenais nucleares militares.

O poder oculto

Israel é a mais clara referência geográfica do sistema capitalista transnacionalizado que controle desde governos até sistemas econômicos produtivos e grandes meios de comunicação, tanto nos países centrais como no mundo subdesenvolvido e periférico.

O Estado judeu, mais além de sua incidência como Nação, é o símbolo mais representativo de um poder mundial controlado em seus resortes decisivos por grupos minoritários de origem judia e conformado por uma estrutura de estrategistas e tecnocratas que operam as redes industriais, tecnológicas, militares, financeiras e midiáticas do capitalismo transnacional estendido pelos quatro pontos cardeais do planeta.

Com uma população ao redor de 7,35 milhões de habitantes, Israel é o único estado judeu do mundo.

Porém, quando falamos de Israel, falamos (por extensão) da referência mais significante de um sistema capitalista globalizado que controla governos, países, sistemas econômicos produtivos, bancos centrais, centros financeiros, arsenais nucleares e complexos militares industriais.

Quando falamos de Israel, falamos antes de mais nada de um desenho estratégico de poder mundial que o protege, interativo e totalizado, que se concretiza mediante uma rede infinita de associações e vasos comunicantes entre o capital financeiro, industrial e de serviços que converte aos países e governos em gerências de enclave.

O lobby sionista que sustenta e legitima a existência de Israel, não é um Estado no distante Oriente Médio, senão um sistema de poder econômico planetário (o sistema capitalista) de bancos e corporações transnacionais com judeus dominando a maioria dos pacotes acionários ou hegemonizando as decisões gerenciais desde postos diretivos e executivos.

Quem se der ao trabalho de investigar o nome dos integrantes dos diretórios ou dos acionistas das grandes corporações e bancos transnacionais estadunidenses e europeus que controlam desde o comércio exterior e interior até os sistemas econômicos produtivos dos países, tanto centrais como "subdesenvolvidos" ou "emergentes", poderá facilmente comprovar que (em uma importante maioria) são de origem judia.

As direções e acionistas das primeiras trinta megaempresas transnacionais e bancos (as maiores do mundo) que cotizam o índice Dow Jones de Wall Street, são em sua maioria de origem judia.

Megacorporações do capitalismo sem fronteiras como: Wal-Mart Stores, Walt Disney, Microsoft, Pfizer Inc, General Motors, Hewlett Packard, Home Depot, Honeywell, IBM, Intel Corporation, Johnson & Johnson, JP Morgan Chase, American International Group, American Express, AT & T, Boeing Co (armamentista), Caterpillar, Citigroup, Coca Cola, Dupont, Exxon Mobil (petroleira), General Electric, McDonalds, Merck & Co, Procter & Gamble, United Technologies, Verizon, são controladas e/ou gerenciadas por capitais e pessoas de origem judia.

Fonte: PRAVDA
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segunda-feira, 7 de junho de 2010

Lenda do jornalismo aposenta-se após declarações polêmicas sobre Israel

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A veterana jornalista americana Helen Thomas, 89 anos, repórter da Casa Branca que cobriu todos os presidentes dos Estados Unidos desde John Kennedy a Barack Obama, aposentou-se nesta segunda-feira em meio a uma polêmica envolvendo suas declarações sobre Israel.

Helen, filha de imigrantes libaneses, uma das primeiras mulheres a cobrir política nos Estados Unidos, finalizou sua carreira depois de pedir desculpas por ter dito no mês passado que Israel deveria "dar o fora da Palestina".

Seu lugar na primeira fileira do salão onde ocorrem as coletivas de imprensa promovidas pelo porta-voz da Casa Branca estava vazio nesta segunda-feira, enquanto ela própria se tornou uma lenda depois de meio século cobrindo presidentes e porta-vozes do governo americano.

A aposentadoria de Helen, a repórter mais velha na cobertura da Casa Branca, foi anunciada pela Hearst Corp., onde ela trabalhava como colunista de um jornal depois de passar a maior parte de sua carreira na United Press International (UPI).

"Helen Thomas anunciou nesta segunda-feira que está se aposentando imediatamente", informou a Hearst News Service.

Helen passou o fim de semana no olho de um furacão político, por conta das afirmações sobre Israel feitas em 27 de maio, durante uma celebração judaica realizada na Casa Branca, que foram divulgadas posteriormente em um vídeo no YouTube.

Questionada pelo site RabbiLive.com se tinha algum "comentário sobre Israel", Helen respondeu: "diga a eles para darem o fora da Palestina".

"Eles podem ir para casa, para a Polônia, Alemanha e Estados Unidos, qualquer outro lugar", disse.

O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, descreveu as afirmações como "ofensivas" e Helen divulgou um pedido de desculpas em seu site, HelenThomas.org.

"Me arrependo profundamente de ter feito tais comentários na semana passada em relação aos israelenses e os palestinos", disse.

"Eles não refletem minhas crenças de que a paz só virá para o Oriente Médio quando todas as partes reconhecerem a necessidade de respeito mútuo e tolerância."

Fonte: AFP

Nota do Blog: Onde está a tão defendida liberdade de expressão nos EUA??? É muito interesssante notar que houve uma repreenssão das palavras de Helen Thomas, que talvez deva até ter sofrido algum tipo de pressão, o que acho que obviamente ocorreu para que a mesma fizesse um pedido de desculpas e se aposentado.

Eu concordo que o Estado de Israel deva deixar a palestina para os palestinos, não que eles devam deixar seu Estado, mas devolver as terras que se apropriou ao longo de diversos conflitos, dando assim um passo real em caminho a paz naquela região.
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domingo, 6 de junho de 2010

A marcha da insensatez

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Quanto mais o governo de Israel e seus apoiadores tentam explicar o ato de pirataria cometido nas embarcações de ajuda humanitária, mais se explicita uma tentativa desesperadora de afirmar uma realidade que escapa a todo o momento e que se torna cada vez mais insustentável. A porta-voz das forças armadas israelenses justificou o ataque fora do mar territorial como uma ação preventiva e imputou a responsabilidade pelo confronto e pelas mortes aos ativistas. Para arrematar forneceu uma informação extremamente relevante para justificar o direito à defesa, os ativistas tinham a intenção de linchar os soldados e estavam portando “barras de ferro, bolas de gude, e estilingues” e alguns integrantes dos comandos israelenses estavam com armas do paintball !

Se isso não bastasse, duas semanas antes a BBC (15 de Maio de 2010) teve acesso a documentos apresentados num tribunal israelense, por solicitação de uma organização israelense de direitos humanos (Gisha), que contém detalhes sobre o bloqueio da Gaza. Israel descreve as severas restrições como "um conjunto meios de que dispõe o Estado de Israel no conflito armado com o Hamás" e lá constam estimações sobre a quantidade mínima de calorias que necessitam consumir os habitantes de Gaza. Os produtos que Israel permite introduzir em Gaza têm mudado com o tempo, obrigado as organizações humanitárias adivinhar o que é permitido ou não. Entre a ampla gama de produtos que atualmente estão proibidos se incluem marmelada, chocolate, madeira para moveis, sucos de frutas e produtos têxteis!!

Entretanto esses relatos bizarros revelam algo trágico. De acordo com o relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), 61% da população de Gaza tem acesso precário aos alimentos. Desde a imposição do bloqueio econômico triplicou o número de refugiados palestinos que não tem meios para comprar itens básicos (alimentos, água potável e material escolar). Entre 2008 e 2009, a pesca, em Gaza, diminuiu 47%, como conseqüência da restrição imposta por Israel aos barcos a apenas três milhas da costa. As sanções econômicas impostas por Israel e o Quarteto (grupo formado pela ONU, União Européia, Rússia e EUA) tiveram início após as eleições legislativas de janeiro de 2006 que levaram o Hamas democraticamente ao poder e foram suspensas em junho de 2007 após a invasão militar de Gaza, mas o bloqueio de Israel se intensificou desde então.

A operação militar de Israel (2008-2009) danificou 15 dos 27 hospitais de Gaza e danificou ou destruiu 43 das 110 instalações de cuidados primários de saúde, nenhuma das quais foram reparadas ou reconstruídas por causa da proibição de materiais de construção. Cerca de 20% por cento dos medicamentos essenciais são comumente fora de estoque e há falta de muitos itens de equipamentos médicos de acordo com o relatório da OMS. (os dados podem ser encontrados em http://www.irinnews.org/Report.aspx?ReportId=89302)

A precária situação de Gaza se deteriorou significativamente desde 2005. Naquele momento uma série de fatores no Oriente Médio proporcionou uma onda de otimismo nos EUA fazendo com que muitos avaliassem que se tratava da “primavera árabe”: o falecimento de Arafat em 2004, seguido da eleição de Abbas à presidência da Autoridade Palestina e a participação do eleitorado iraquiano nas eleições após a queda de Sadam Hussein. O impacto foi tão forte que até mesmo vários críticos do governo Bush reconheciam que a política dos EUA finalmente começava a produzir bons resultados, a prova cabal de que os EUA estavam realmente determinados a apoiarem a democracia no Oriente Médio. No entanto, o que houve foi a manifestação de um grande descontentamento e um profundo desejo de mudança na “rua árabe”. Podendo competir livremente nas eleições Hezbollah e Hamas emergiram triunfantes nas eleições no Líbano e Palestina (2005-2006). A reação pode ser avaliada nas palavras do articulista do Times: a democracia está sendo “seqüestrada”, os terroristas estão usando as eleições para perseguir islamizar o mundo árabe (Friedman, 2006).

Na verdade tratou-se de uma clara demonstração que esses chamados “terroristas” não rejeitam reformas democráticas, pelo contrário, lutam contra o despotismo e corrupção e os abusos praticados por aqueles que estão no poder, e buscam realizar reformas políticas que correspondam aos seus valores e que possam ser implementadas em um ritmo consistente com a composição social e as condições políticas de suas respectivas comunidades. “Podemos realmente nos dar ao luxo de acreditar que de alguma forma extremistas cruéis podem ser apaziguados?", questionou o então secretário de Defesa Rumsfeld.

Em dezembro de 2005, um mês antes da eleição palestina, o Congresso dos EUA aprovou uma resolução por uma maioria esmagadora 397-17 (com votos de Hillary Clinton e Obama) anunciando sanções por ter, a Autoridade Palestina, permitido a participação do Hamas nas eleições que foram acompanhadas por observadores internacionais e reconhecidas como livres e justas. O Hamas obteve a maioria do Parlamento e do direito de escolher o primeiro-ministro, mas devido à pressão dos EUA Abbas recusou o convite do Hamas para formar um governo de unidade nacional.

Ainda que de forma reticente e dividido Hamas agiu pragmaticamente aceitando três grandes condições que a ONU, a UE e os EUA lhe haviam exigido para por fim ao boicote econômico e diplomático: aceitava trégua unilateral, ‘honraria’ os acordos prévios feitos pela OLP e, consequentemente, um reconhecimento de fato de Israel. Em maio de 2006 o The Guardian divulgou relatório de autoria de Álvaro de Soto ( alto representante da ONU no Oriente Médio) com duras críticas à postura dos EUA, de Israel, e da própria ONU na condução das negociações que deveriam encerrar o conflito na região. Afirmava que Israel impôs "precondições inalcançáveis" para o diálogo após a eleição do grupo Hamas com o intuito de levar à queda precoce do governo e acusou os EUA de ter estimulado o confronto entre o Hamas e o Fatah.

Será que a simples destruição dos movimentos populares como o Hamas ou o Hezbollah traria suas respectivas comunidades mais próximas do ocidente? As sucessivas invasões militares e o bloqueio econômico criminoso serviram para fortalecer ainda mais o Hamas, e as guerras no Afeganistão e Iraque geraram insurgências e ações terroristas ampliando seu alcance e seu apelo em todo o Oriente Médio. Será que o que está em jogo não é a democracia ocidental, mas o direito de ser tratado no mesmo nível de igualdade em todos os aspectos, incluindo o de escolher viver em seu território?

O relatório do jurista Goldstone sobre o conflito na faixa de Gaza culpa o governo de Israel de crimes de guerra. Israel forjou passaportes britânicos e australianos usado pelos assassinos para matar um comandante do Hamas em Dubai. Israel anuncia planos para construir 1.600 casas para judeus em uma área da Cisjordânia anexada. Os signatários do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (NPT) aprovaram por unanimidade declaração instando Israel a assinar o TNP, e colocar as suas instalações nucleares sob salvaguardas da ONU. Por que o direito de Israel em "se defender" o exime de ter responsabilidades morais?

Como disse o historiador judeu Avi Shlaim vivemos uma situação surreal onde uma parte significativa da comunidade internacional não impôs sanções econômicas contra o ocupante, mas contra a ocupação, não contra o opressor, mas contra o oprimido. Chegou a hora da chamada comunidade internacional ser um pouco mais sensata.


Fonte: Carta Maior
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quinta-feira, 3 de junho de 2010

Israel e a Frota da Liberdade

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A acusação mais frequente que tem sido feita à acção militar israelita contra os seis navios da chamada “Frota da Liberdade”, o largo de Gaza, na noite de 30 para 31 de Maio, é a de violação do princípio da proporcionalidade no uso da força, entendido aqui como o seu uso excessivo e não justificado, à luz do conceito de “necessidade militar” para atingir um objetivo.

Também me referi, inicialmente, à intervenção sob essa perspectiva mas os detalhes que entretanto vieram a público, e que já são muitos, não confirmam o acerto do uso do termo “desproporcionalidade de ação” como o adequado para a caracterizar. Os erros cometidos situaram-se sobretudo no planeamento técnico e tático da ação, isto é, na concepção em que se baseou a sua execução.

A realização de uma operação de abordagem a um navio mercante nunca é uma ação isenta de riscos porque a inserção das equipes, principalmente a primeira, é sempre um momento de extrema vulnerabilidade. Se é feita por helicóptero o risco é muito alto também para este (tem que se colocar muito próximo do alvo e com movimentos restritos). A alternativa de emprego de uma embarcação para transportar a equipe de abordagem dá uma margem de manobra mais segura para o meio mas representa para o pessoal uma situação de dificuldade máxima: demora mais tempo, exige mais esforço físico para subir a escada de abordagem, não lhes permite ter à mão uma arma para uso imediato. Só não levanta problemas se é uma abordagem com a cooperação do navio alvo.

Prevendo-se falta de cooperação ou oposição do navio a abordar, este tipo de operação é apenas uma opção de último recurso, para ser usada quando todas as outras tiverem sido esgotadas; a probabilidade de haver problemas sérios é sempre elevada. As forças armadas israelitas não podem ignorar estes ensinamentos; estranha-se que não os tenham tido em conta. Já vi referida a alegação de que foram surpreendidas por uma oposição que não esperavam. Isto ainda faz menos sentido. O navio em causa tinha a bordo mais de 600 activistas pró palestinianos ligados a uma organização que Israel sabe estar ligada ao financiamento do terrorismo e tem ligações com o Hamas.

Mas se a previsão era a de uma abordagem sem oposição então também não se compreende como se optou por empregar 13 “comandos da Shayetet”, especialistas em ações que exigem postura de grande agressividade, estando treinados para atuar sem contemplações, para resolver o problema rapidamente e de forma definitiva. Talvez tivesse sido mais apropriado usar pessoal preparado para lidar com situações de insurreição, no que aliás os israelitas são peritos com larga experiência. Poderá a seleção de comandos especializados em operações especiais ter contribuído para alguma desproporção no uso de força? Só se poderá fazer uma avaliação final quando forem conhecidos todos os detalhes, o que não é ainda o caso presente. Em qualquer caso, fosse qual fosse o tipo de tropa empregue, a situação criada pelos activistas no momento de maior vulnerabilidade, quando os primeiros homens foram inseridos no navio, incluindo agressões violentas (lançamento pela borda para um pavimento metros abaixo, etc.) e tentativas de lhes retirar as armas, não deixaram aos militares outra opção senão usar a força. Poderá faltar saber ao certo se tudo ficou pela legítima defesa ou se houve algum erro grosseiro na resposta armada.

Mal grado o pretexto invocado de que os navios apenas tinham em vista a entrega de ajuda humanitária, estranha-se que os israelitas não tivessem tido em conta os diversos indícios de elementos de provocação, em que caíram de forma algo ingénua. Pior do que isso; o comando da operação não esgotou todas as possibilidades de tentar parar os navios, prolongando a pressão por mais tempo e recorrendo às tácticas habituais para estas circunstâncias, ou seja, deixando uma eventual abordagem, se indispensável, para quando os navios já estivessem perto das águas territoriais e continuassem a não obedecer. Poderiam ter usado os procedimentos de tiros de aviso para a proa, reduzindo progressivamente a distância; poderiam ter usado manobras intimidatórias colocando os navios sob risco de colisão, para os levar a alterar a rota; poderiam, ainda, ter tentado a sua imobilização com o lançamento de redes para a zonas dos hélices, etc. Em vez disso, limitaram-se a dar ordem por fonia para os navios pararem e não sendo obedecidos partiram daí para a medida radical de tomar o controle do navio, prescindindo dos vários passos intermédios que atrás referi.

Em termos de Direito Internacional Marítimo, o caso exige uma leitura separada. Farei alguns comentários, sob a reserva de não ser especialista no assunto. Se algum perito ler este texto e quiser comentá-lo, por certo que os leitores ficarão a ganhar com isso, principalmente se houver discordância sobre o que digo aqui. Deixo o convite e desafio.

Na minha interpretação, se, por absurdo, fosse possível olhar para o incidente isoladamente, portanto fora de qualquer enquadramento, não teria qualquer dúvida de classificar a ação israelita como uma grosseira violação do Direito Internacional. Não é, no entanto, possível encarar o ocorrido de forma desligada do conflito entre Israel e a Palestina e, em especial, da existência de um bloqueio decretado por Israel contra a entrada de armamento e terroristas na Faixa de Gaza, que existe desde 2007.

Poderíamos discutir a legitimidade do bloqueio, em especial, a forma arbitrária como tem sido executado e, ainda, o gravíssimo impacto negativo que tem tido sobre as condições extremamente penosas em que vive a população da Faixa de Gaza. Não é esse, no entanto, o propósito deste artigo. Se fosse então teríamos que discutir a essência do próprio conflito entre israelitas e palestinos. Parto da realidade de que o bloqueio existe e que, como é normal, inclui, para além da vertente terrestre, uma vertente marítima, situação reconhecida pelo Governo turco. O ministro dos Negócios Estrangeiros, ao que referiu a imprensa, pediu o seu levantamento para a entrada dos seis navios da Frota de Liberdade; não foi atendido mas também não fez abortar a operação.

Parece óbvio que a Turquia estava interessada em algo politicamente mais substantivo do que o simples gesto humanitário de entregar ajuda. Presume-se que tenha tido o propósito de reforçar a sua imagem junto dos países árabes, demarcando-se do relacionamento estreito que tradicionalmente mantinha com Israel, percurso que iniciou em 2008, na sequência da invasão israelita da Faixa da Gaza, que Tayyip Erdogan, o primeiro ministro turco, designou por genocídio.

Dentro deste enquadramento, uma intervenção militar para impedir que o bloqueio fosse quebrado, parece-me justificada à luz do Direito Internacional, havendo, ao que me tem sido referido, precedentes de situações semelhantes que fizeram jurisprudência. Isto, porém, não isenta Israel de ser responsabilizado pelos vários erros e omissões cometidos na intervenção militar, como acima referido, nem pela falta de notificação prévia que deveria ter feito junto dos países de Bandeira dos navios em causa sobre as suas intenções de os abordar.


Fonte: Jornal Defesa e Relações Internacionais
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