O Exército Brasileiro (EB) recebeu uma boa notícia do Tribunal de Contas da União (TCU) no último dia 4 de dezembro: foi rejeitada a medida cautelar da empresa francesa KNDS, fabricante do obuseiro CAESAR, que solicitava a reavaliação da licitação para a aquisição de 36 Viaturas Blindadas de Combate Obuseiro Autopropulsado 155 mm Sobre Rodas (VBC OAP 155 mm SR). A decisão permitiu que o Exército desse continuidade ao processo de aquisição, com a empresa israelense Elbit Systems sendo declarada vencedora da licitação, com seu obuseiro ATMOS 155 mm, em 1º lugar.
Embora a decisão do TCU tenha sido favorável ao andamento do processo, ainda existem obstáculos que podem retardar a conclusão da aquisição. Um desses obstáculos é a interferência ideológica, que tem se mostrado um fator limitante no progresso de programas estratégicos de defesa, como a aquisição do ATMOS. Em outubro, o Ministro da Defesa, José Múcio, afirmou que o Programa de Aquisição do Obuseiro estava parado devido à influência do ex-Ministro da Defesa, Celso Amorim, assessor especial do presidente Lula, que tem sinalizado ao governo para não efetivar o negócio com a Elbit Systems, alegando, possivelmente, uma questão ideológica em relação à origem do fabricante.
É fundamental destacar que a Elbit Systems é uma empresa privada e não tem participação do Governo de Israel. Além disso, a empresa mantém duas subsidiárias no Brasil, a AEL Sistemas, em Porto Alegre, e a Ares Aeroespacial, no Rio de Janeiro, que fazem parte da Base Industrial de Defesa (BID) brasileira. A AEL Sistemas participa de diversos programas estratégicos das Forças Armadas, incluindo o Programa Gripen, que foi iniciado no governo de Dilma Rousseff, e também envolveu o apoio de Celso Amorim.
O obuseiro ATMOS foi selecionado por atender plenamente aos requisitos exigidos pelo Exército Brasileiro. O sistema, montado sobre um chassi Tatra T-815 6×6, é considerado um dos melhores do mundo em sua categoria, e sua aquisição tem como objetivo modernizar e ampliar a capacidade de apoio de fogo da Artilharia de Campanha da Força Terrestre. O ATMOS não é apenas uma escolha técnica, mas uma necessidade estratégica para garantir a modernização do Exército Brasileiro.
Entretanto, o que está em jogo é muito mais do que uma decisão sobre qual obuseiro comprar. A interferência ideológica no processo de aquisição de equipamentos militares e na modernização das Forças Armadas compromete a segurança nacional e enfraquece o potencial de defesa do Brasil. Programas estratégicos de defesa devem ser guiados pelo interesse do Estado brasileiro, e não por posicionamentos político-ideológicos momentâneos. A defesa nacional não pode ser comprometida por questões partidárias ou alinhamentos ideológicos que não condizem com os interesses maiores do Brasil.
É fundamental que o Brasil adote uma postura de continuidade em relação aos programas de defesa, entendendo-os como projetos de Estado e não de governo. As Forças Armadas brasileiras devem ser fortalecidas com investimentos e aquisições que assegurem sua capacidade de atuar de forma independente e eficaz em cenários de segurança nacional e internacional. A aquisição do ATMOS é um passo essencial nesse sentido, e o Brasil não pode se dar ao luxo de permitir que a política de momento interfira em sua capacidade de defesa. O futuro das nossas Forças Armadas deve ser guiado pela necessidade de garantir a soberania e a proteção do nosso território, e não por disputas ideológicas que não têm lugar em um projeto estratégico de defesa.
por Angelo Nicolaci
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