A crescente presença de Türkiye na África tem sido observada com preocupação por várias potências globais, incluindo a França. Em setembro de 2024, o General Thierry Burkhard, Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas Francesas (CEMA), classificou a Türkiye como um "concorrente estratégico", posicionando-a ao lado de outras potências como a Rússia, China e Irã. Este movimento reflete a crescente rivalidade entre os interesses franceses e turcos no continente africano, que se intensificou nas últimas décadas, especialmente no contexto do Sahel.
A relação entre França e Türkiye tem sido historicamente tensa, mas a crescente atuação de Türkiye na África sublinha uma mudança estratégica. Ancara tem firmado parcerias militares e econômicas com diversos países africanos, destacando-se em áreas como segurança, infraestrutura e ajuda humanitária. A sua abordagem pragmática e não interventiva, que contrasta com a postura colonial como a da França, tem atraído um número crescente de países africanos, especialmente aqueles que buscam uma alternativa à influência ocidental.
A Türkiye estabeleceu acordos com países africanos como Djibouti |
O maior impulso para a presença turca no continente africano vem do seu investimento em setores chave como infraestrutura, energia e comércio. Türkiye tem se posicionado como um parceiro alternativo à China, Rússia e França, fornecendo aos países africanos opções de cooperação que não envolvem os compromissos políticos tradicionais. Além disso, o país tem desenvolvido uma diplomacia ativa e voltada para a construção de laços militares com nações africanas, o que se reflete em sua crescente presença nas operações de paz e nas vendas de armas.
Essa expansão turca é vista com receio por Paris, que tem uma longa história de influência no continente africano, especialmente no Sahel, onde mantém uma presença militar significativa para combater o terrorismo e o extremismo. A crescente concorrência com a Türkiye, aliada a outros atores como a Rússia, coloca pressão sobre os interesses franceses na região. A França, que tradicionalmente tem utilizado sua força militar para consolidar sua posição, agora se vê desafiada a adaptar sua estratégia de segurança e diminuir sua presença física no continente, como observado na recente reorganização das suas Forças Armadas.
A França tem se concentrado em ajustar sua presença militar no continente africano, com foco em reduzir sua "pegada" e "visibilidade" para evitar que suas operações sejam usadas como ferramentas de guerra de informações por seus "concorrentes estratégicos". No entanto, os desafios permanecem, pois a presença da Türkiye, com seu foco em um modelo mais discreto e pragmático, tem sido eficaz em conquistar a confiança de muitas nações africanas. A concorrência em termos de influência no Sahel e em outras regiões africanas está se tornando mais acirrada, com a Türkiye emergindo como uma peça-chave nesse tabuleiro geopolítico.
Além disso, a Türkiye tem se mantido uma relativa proximidade com potências emergentes no cenário geopolítico da África, como a Rússia, com a qual compartilha interesses comuns na África, e, recentemente, até solicitou sua adesão ao BRICS+, destacando seu papel crescente nas questões globais. Essa decisão é vista como um movimento estratégico para aumentar sua influência não só na África, mas também em outros continentes, o que certamente coloca a França em uma posição delicada. A União Europeia, com a França à frente, vê esse movimento como uma tentativa da Türkiye de desestabilizar a ordem internacional tradicionalmente dominada por potências ocidentais.
A França cada vez mais vê sua presença reduzida na África |
No entanto, as tensões entre França e Türkiye são mais complexas do que simples disputas geopolíticas. Ambos os países pertencem à OTAN, mas suas diferenças de visão sobre a ordem mundial e suas respectivas políticas no continente africano criam um espaço fértil para o confronto indireto. A França busca proteger sua influência histórica, enquanto a Türkiye, ao expandir sua presença militar e econômica, desafia o modelo tradicional e busca reforçar uma presença independente na África.
À medida que as dinâmicas africanas continuam a evoluir, é evidente que a Türkiye será uma presença crescente no continente. A França, por sua vez, terá que reavaliar sua estratégia no continente africano e equilibrar sua abordagem militar e diplomática para não perder sua relevância em uma região onde o jogo de poder está em constante mudança.
GBN Defense - A informação começa aqui
0 comentários:
Postar um comentário