A Força Aérea Brasileira (FAB) enfrenta um cenário delicado com a iminente baixa das aeronaves AMX A-1 e o envelhecimento da frota veterana de F-5EM. Esses modelos, há muito no serviço ativo, estão se aproximando do fim de suas vidas operacionais, mas a substituição não está ocorrendo como planejado. O programa F-X2, que previa o recebimento inicial de 36 aeronaves Gripen E/F da sueca Saab até 2024, acumula atrasos significativos, com pelo menos três anos de defasagem em relação ao cronograma original. Com os AMX prestes a serem desativados e o F-5M próximo de seguir o mesmo caminho, a FAB enfrenta um desafio operacional que pode comprometer sua capacidade de defesa aérea.
O Programa Gripen, Desafios e Novas Ofertas Internacionais
O contrato com a Saab visava transformar o Gripen na espinha dorsal da FAB, com um total inicial de 36 unidades e expectativas de futuras aquisições para chegar a uma frota de até 108 aeronaves. No entanto, os cortes orçamentários e as limitações na produção comprometeram a cadência de entregas, deixando a FAB em uma situação crítica. Atualmente, o número de Gripens em operação ainda é insuficiente para cumprir sua missão inicial, quem dirá substituir os AMX e F-5M, ameaçando a capacidade de defesa do espaço aéreo brasileiro e a necessidade de manter uma força de interceptação e ataque moderna.
Com o atraso nas entregas dos Gripens, países como França, Estados Unidos e Itália apresentam propostas para suprir as lacunas da FAB, cada um com opções que buscam atender à urgência da situação.
Franceses colocam as Cartas na mesa com Rafale e um pacote atrativo
A França propôs ao Brasil a venda de 24 aeronaves Dassault Rafale F4, que incluem diversas melhorias em relação às versões anteriores. O Rafale é uma aeronave multifuncional com capacidades que abrangem superioridade aérea, ataque ao solo e missões de reconhecimento. Equipado com um radar AESA RBE2, que oferece uma detecção superior em comparação com radares anteriores, o Rafale é capaz de rastrear múltiplos alvos simultaneamente e operar em condições de guerra eletrônica.
Além disso, o Rafale possui um sistema de guerra eletrônica Spectra, que lhe confere uma capacidade avançada de proteção contra ameaças. Sua suíte de armamentos é versátil, permitindo o lançamento de mísseis MICA (ar-ar), Meteor (BVR) e mísseis de cruzeiro SCALP (ar-terra), tornando-o um sistema robusto para operações em diferentes cenários.
O pacote francês também inclui a oferta de helicópteros H145 para apoio em missões de busca e salvamento, além de obuseiros CAESAR e mais um submarino Scorpène, que podem fortalecer as capacidades de defesa do Brasil e suprir lacunas em suas Forças Armadas. A transferência de tecnologia é um componente crucial da proposta, permitindo que a FAB desenvolva capacidades locais em sistemas de armamento e manutenção.
O "Falcon" surge como opção
Há especulações de que o Brasil esteja em conversas com os Estados Unidos para a aquisição de um número hipotético de 34 aeronaves F-16C/D. O F-16 é um caça de combate altamente respeitado, conhecido por sua manobrabilidade e flexibilidade. A variante supostamente em questão, estaria equipada com radar AN/APG-68, que oferece uma excelente capacidade de detecção e rastreamento, além de uma vasta gama de armamentos, incluindo mísseis AIM-120 AMRAAM e armamento de ataque ao solo.
O F-16 é capaz de realizar uma variedade de missões, desde interceptação até ataques de precisão, com um alcance de combate que pode ultrapassar 2.600 km com o uso de tanques de combustível externos. Sua natureza modular permite atualizações contínuas, garantindo que o F-16 permaneça relevante no cenário militar moderno. A escolha do F-16 poderia servir como uma solução rápida e eficiente para a FAB, dado o tempo reduzido para treinamento e integração que essas aeronaves poderiam oferecer, tendo outro ponto relevante o curto prazo para transferência dessas aeronaves para FAB.
Itália coloca o M-346 como sua cartada
Durante a cúpula de líderes do G20, no Rio de Janeiro, espera-se que a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni discuta com o presidente Lula um acordo para fornecer 30 aeronaves M346FA, dos quais 24 exemplares seriam destinados para a FAB e pelo menos 6 para a Marinha do Brasil. O M-346 é uma aeronave originalmente desenvolvida para treinamento avançado, que posteriormente ganhou capacidade de ser configurado para missões de combate leve, culminando com uma variante mais completa e capaz de atuar como caça-bombardeiro.
Equipado com um sistema de aviônicos de última geração e uma capacidade de carga útil significativa, o M-346FA pode ser armado com mísseis ar-ar e bombas guiadas, tornando-o uma opção viável para suprir a lacuna entre as aeronave de treinamento e o F-39E/F Gripen. Segundo fontes do Planalto, “a FAB precisa urgentemente substituir os AMX, também desenvolvidos em cooperação com a Itália, e o M-346 é uma solução moderna e de custo acessível que será complementar aos caças suecos Gripen”.
Além de sua função como aeronave de ataque leve, o M-346 possui um custo operacional mais baixo em comparação com aeronaves de combate mais pesadas, permitindo que a FAB mantenha uma força de combate eficiente enquanto se prepara para a plena operacionalidade dos Gripen.
HAL Tejas MK.1A: O Azarão no Pário
Em meio às negociações com fornecedores e à busca por uma solução para a lacuna deixada pelos AMX e F-5M, o HAL Tejas MK.1A da Índia surge como um "azarão" na disputa. Embora não esteja entre os favoritos, essa aeronave leve e multifuncional pode ganhar destaque caso as conversações entre Brasil e Índia sobre a aquisição do cargueiro KC-390 avancem. O Tejas, com suas capacidades modernas e custo acessível, poderia se tornar um ativo estratégico neste acordo bilionário, equilibrando a balança das negociações e oferecendo uma solução viável para complementar a frota da Força Aérea Brasileira. Se bem-sucedido, esse movimento não só fortaleceria as relações entre os dois países, mas também ampliaria a diversidade de opções da FAB para atender às suas necessidades operacionais.
O Tejas MK.1A apresenta características que o tornam atraente para a FAB. Com uma velocidade máxima de Mach 1.6 e um alcance de combate de cerca de 1.800 km, ele é projetado para missões de combate e apoio aéreo próximo. Sua configuração leve, com um peso máximo de decolagem em torno de 10 toneladas, dos quais pouco mais de 5 toneladas de armamento, permite operações em pistas curtas e menos preparadas, uma vantagem significativa para o Brasil, dado seu vasto território. Equipado com um radar AESA, o Tejas oferece um bom nível de consciência situacional e capacidade de engajamento de alvos aéreos e terrestres. Além disso, sua estrutura incorpora materiais compostos avançados, que garantem não apenas leveza, mas também maior resistência, contribuindo para a durabilidade e a eficiência operacional da aeronave. Essas qualidades fazem do Tejas MK.1A uma opção viável que merece atenção nas atuais discussões sobre a modernização da frota da FAB.
A Crise de Modernização e a Necessidade de Decisões Rápidas
A proposta francesa, juntamente com as alternativas americanas e italianas, chega em um momento estratégico para o Brasil. Embora o Gripen continue sendo a principal aposta da FAB para o futuro, os atrasos no programa exigem uma resposta imediata para assegurar que a defesa aérea brasileira não sofra com as lacunas operacionais deixadas pelos AMX e F-5M. Além disso, as propostas trazem diferentes níveis de transferência de tecnologia e possibilidade de parcerias, o que deve ser cuidadosamente avaliado pelo governo brasileiro.
A situação atual coloca a FAB em um dilema: continuar aguardando as entregas do Gripen, com a possibilidade de soluções temporárias de curto prazo, ou buscar parcerias que ofereçam uma solução mais ampla e de longo prazo para o setor de defesa. Seja com o Rafale, o M-346, ou mesmo o Tejas, a FAB tem em mãos uma oportunidade para fortalecer sua capacidade de defesa aérea, ainda que soluções temporárias como o F-16C/D, garantindo que o Brasil mantenha sua capacidade operacional e soberania no espaço aéreo.
Com o avanço das negociações, será essencial que o governo brasileiro avalie não apenas os custos e a rapidez de entrega, mas também as vantagens tecnológicas e estratégicas de cada opção para assegurar que o país esteja preparado para as demandas de defesa do futuro.
Orçamento Diminuto e Cortes Sucessivos
A crise que a Força Aérea Brasileira enfrenta não pode ser dissociada do contexto orçamentário que tem comprometido o planejamento e a execução de programas estratégicos brasileiros. Nos últimos anos, o Brasil tem experimentado sucessivos cortes orçamentários em áreas fundamentais, onde a defesa é a principal atingida. O orçamento destinado à FAB e, em geral, às Forças Armadas, tem se mostrado insuficiente para atender às necessidades emergentes de modernização e manutenção da capacidade operacional dos seus meios.
Esses cortes têm efeitos diretos e cumulativos sobre os cronogramas de aquisição de novos sistemas de armas e a atualização de tecnologias existentes. O impacto é evidente: atrasos em programas como o F-X2, que deveria garantir a entrega dos Gripens, comprometem não apenas o investimento já realizado, mas também a segurança e a soberania do país. Com uma frota envelhecida e cada vez menos capaz, a FAB se vê diante de um desafio duplo: a urgência de substituir aeronaves obsoletas e a necessidade de manter uma presença robusta no espaço aéreo.
Além disso, a falta de recursos tem gerado incertezas sobre a continuidade dos programas de defesa, levando à desconfiança entre os fornecedores e dificultando a manutenção de parcerias estratégicas. Os investimentos em defesa não são apenas uma questão de aquisição de equipamentos; são fundamentais para a construção de uma infraestrutura de segurança nacional capaz de responder a ameaças contemporâneas e futuras. O contínuo descompasso entre as necessidades operacionais e a alocação orçamentária não só prejudica a defesa do Brasil, mas também afeta a imagem do país como um ator confiável em questões de segurança na esfera internacional, isso sem contra o impacto em nossa economia, pois o investimento em defesa vai muito além da simples aquisição de meios, ele gera um ecossistema econômico que resulta em milhares de empregos diretos e indiretos, além de fomentar o desenvolvimento em vários setores da indústria, não limitando seu impacto ao setor de defesa.
Assim, a crise atual da FAB é uma consequência direta de escolhas orçamentárias que, ao longo dos anos, relegaram a defesa a um segundo plano, colocando em risco a soberania brasileira e a capacidade de proteger seus interesses no cenário global. Para reverter esse quadro, é imperativo que o governo brasileiro reavalie suas prioridades orçamentárias e assegure que a defesa receba os recursos adequados para enfrentar os desafios do futuro.
por Angelo Nicolaci
GBN Defense - A informação começa aqui
O sonho era que os EUA invadissem o Brasil e terminasse com essa máfia política que nós assalta, só Asim para mudar nosso país entra presidente troca presidente continua mesma coisa
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