sexta-feira, 14 de junho de 2024

Evidências de Drones do Irã e dos Emirados Árabes Unidos Usados na Guerra do Sudão Violam Embargo

O Irã e os Emirados Árabes Unidos (EAU) foram recentemente acusados de violar um embargo de armas da ONU ao fornecer drones aos lados em conflito no Sudão, exacerbando a devastação de uma guerra civil que já dura 14 meses. Analisamos as evidências que sustentam essa alegação.

Em 12 de março de 2024, soldados do governo sudanês comemoraram um avanço significativo ao recapturarem a sede da emissora estatal na capital, Cartum. O edifício estava sob controle das Forças Paramilitares de Apoio Rápido (RSF) desde o início da guerra civil, 11 meses antes. O destaque desta vitória foi o uso de drones fabricados no Irã, conforme mostrado em vídeos.

Suliman Baldo, diretor do Observatório de Transparência e Política do Sudão, explica que nas fases iniciais do conflito, o exército sudanês dependia fortemente da força aérea devido à falta de forças terrestres. Enquanto o exército mantinha superioridade aérea, a RSF controlava vastas áreas de Cartum e Darfur.

Evidências de Drones Iranianos

Em janeiro de 2024, um vídeo de um drone abatido pela RSF foi compartilhado no Twitter. Wim Zwijnenburg, especialista em drones da organização de paz holandesa PAX, identificou o drone como um Mohajer-6 iraniano, confirmando seu uso pelo exército sudanês. Este drone, com capacidade de voo de até 2.000 km e equipado com munições guiadas, foi avistado novamente em imagens de satélite da base militar de Wadi Seidna.

Três semanas após o abate do Mohajer-6, outro drone abatido pela RSF foi identificado como um Zajil-3, uma versão local do drone iraniano Ababil-3. Em março, mais imagens de satélite confirmaram a presença do Zajil-3 em Wadi Seidna. Segundo Zwijnenburg, o uso destes drones, equipados com munições teleguiadas, indica apoio ativo do Irã ao exército sudanês, apesar de negações oficiais.

Em dezembro, um Boeing 747 da Qeshm Fars Air, transportadora iraniana sancionada pelos EUA, realizou voos suspeitos que desapareceram do radar, mas foram capturados por satélites no aeroporto de Port Sudan. Acredita-se que esses voos transportaram armas, incluindo drones, para o Sudão. Apesar das negações, essas atividades reforçam a ligação entre o Irã e o fornecimento de armamentos ao exército sudanês.

Drones dos Emirados Árabes Unidos

A RSF também utilizou drones quadricópteros comerciais modificados para lançar morteiros. Brian Castner, da Amnistia Internacional, sugere que os EAU forneceram esses drones, similarmente usados em conflitos na Etiópia e no Iémen. Um relatório da ONU indicou uma ponte aérea suspeita de armas dos EAU para a RSF, que os EAU negam, afirmando que entregam apenas ajuda humanitária.

Impacto no Conflito

Desde a introdução dos drones, a dinâmica da guerra mudou. O exército sudanês quebrou cercos e a RSF recuou de áreas estratégicas, parcialmente devido ao uso eficaz dos drones iranianos. No entanto, o custo humano é devastador: pelo menos 16.650 civis mortos e cerca de nove milhões de deslocados, segundo a ONU.

Abdullah Makkawi, refugiado no Egito, descreve a fuga de um ataque de drone da RSF. "Corremos para dentro de casa e nos refugiamos em um quarto com telhado de concreto... Se estivéssemos na outra sala, todos teríamos morrido", conta.

A guerra civil no Sudão continua a ser alimentada por intervenções estrangeiras, com drones desempenhando um papel crucial na estratégia militar de ambos os lados. A ONU e outras organizações internacionais enfrentam o desafio de impor um embargo de armas efetivo, enquanto os civis sudaneses clamem pelo fim da guerra e pela paz duradoura.



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com BBC

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