O primeiro dia de operação do VLT com cobrança de tarifa foi marcado por problemas no funcionamento dos veículos. Uma falha no abastecimento de energia atrasou em uma hora o início da operação - que deveria ter começado às 7h, mas só começou às 8h desta terça-feira (26).
Por volta das 12h, a energia da estação do VLT Santos Dumont voltou a cair. Até as 13h20 a energia não tinha sido restabelecida.
A cobrança da tarifa de R$ 3,80 começou após quase dois meses de viagens gratuitas nos Veículos Leves sobre Trilhos (VLTs) do Rio. Durante a manhã, algumas máquinas de RioCard ficaram fora do ar e causaram transtorno para quem precisava validar a passagem.
Além dos problemas técnicos, uma manifestação de funcionários do Inca também parou a circulação entre as estações Santos Dumont e Parada dos Navios, por cerca de 15 minutos.
Na estação Santos Dumont, uma fila se formou na máquina que vendia o Bilhete Único Carioca. Até às 9h30, o cartão podia ser comprado apenas nas máquinas, mas depois os funcionários da concessionária criaram um esquema especial para diminuir a fila, que tinha diminuído por volta das 11h.
"Nessa estação não estamos cobrando o cartão, apenas a passagem de R$3,80", explicou o funcionário aos que estavam na fila. Uma das reclamações mais constantes era a de que a máquina não dava troco.
Para os passageiros que têm Bilhete Único Carioca ou o Bilhete Único Intermunicipal é necessário apenas ter o saldo suficiente para a passagem para utilizar o transporte.
A passageira Mônica Soares, que estava acompanhada de sua filha, foi orientada no aeroporto a usar o VLT, ao invés do táxi, para chegar a rodoviária.
"Só para complicar, olha o tamanho dessa fila", afirmou. Pela comodidade, ela estava arrependida da escolha. "Imagina se não tivesse troco? Deixaria uma nota de 100 reais na máquina", criticou Mônica, que também reclamou sobre a falta de informações.
Na estação da Candelária, as reclamações também eram parecidas. Fernanda Machado, do Mato Grosso, estava passeando com o filho pelo Centro do Rio de Janeiro. Sobre a cobrança de tarifa, ela falou: "Acho horrível. Não está certo. Deveriam proporcionar isso para o turista. Além de não aceitarem cartão (de débito), não tem troco. Vai ser um desperdício de dinheiro e material. Poderiam criar um sistema com um pagamento mais fácil".
Alguns cariocas aproveitaram a passagem pelo Centro para andar de VLT, como no caso de Marcelo Santana. Vindo do treinamento para participar da Olimpíada, ele decidiu usar o transporte para chegar a praça Mauá. "Tive que gastar 10 reais, mas não tem problema não porque vale a pena a título de curiosidade", falou.
A moradora de Bangu Marly Rodrigues também reclamou do valor gasto com o transporte. "Isso tudo é por causa da Olimpiada. Esse dinheiro deveria ser gasto para saúde e educação", declarou.
Secretário nega falha no VLT
O secretário-executivo de governo, Rafael Picciani, negou nesta terça que a paralisação do VLT em seu primeiro dia com cobrança de passagens tenha sido uma falha. Ele afirmou que o problema se deu justamente porque um dispositivo de segurança funcionou.
"Tivemos um atraso no início da operação (...). Ao identificar qualquer tipo de imprecisão no fornecimento (de energia), desliga o sistema para a segurança dos usuários, para não ter risco de eletrificação do trilho que possa atingir no pedestres, então é bom. Tivemos um atraso, é verdade, mas por um dispositivo de segurança que funcionou", disse o secretário, que já foi titular da pasta de transporte.
Picciani também afirmou que a multa para o "calote" deve começar em 15 dias, mas pode atrasar caso as máquinas não estejam em pleno funcionamento.
O secretário também comentou a segunda paralisação, causada por uma manifestação. Picciani sugeriu ainda que a sociedade discuta a questão, já que o direito de se manifestar pode acabar indo de encontro ao direito de ir e vir.
"Infelizmente nos últimos 45 dias, impactaram esse transporte de alta qualidade. A sociedade tem que discutir, o direito de se manifestar é garantido pela constituição, mas o direito de ir e vir também. Tem que encontrar um meio termo entre essas questões", afirmou.
Como é feita a cobrança
Os trens do VLT não têm catracas nem cobradores. O pagamento da passagem tem de ser feito, exclusivamente, por meio do cartão Bilhete Único ou do bilhete expresso, que pode ser adquirido em qualquer parada do VLT – todas equipadas com terminais de autoatendimento.
De acordo com a Secretaria Municipal de Transportes (SMTR), na primeira semana de cobrança haverá equipes de fiscalização em todos os trens para checar o pagamento da passagem em caráter educativo. Já a partir do dia 2 de agosto, quem for flagrado no VLT sem validar o pagamento da tarifa será multado em R$ 170. Em caso de reincidência, o valor aumenta para R$ 255.
Segundo a SMTR, com o Bilhete Único Carioca, o usuário terá direito a fazer até duas viagens de ônibus municipais e uma de VLT no intervalo de duas horas e meia. Quem não for titular de Bilhete Único tem a opção de adquirir o Bilhete Único Carioca Pré-Pago, nos terminais de autoatendimento. Será cobrado o valor de R$ 3 referente ao custo unitário do cartão recarregável. A carga inicial mínima é de R$ 3,80.
Os terminais de autoatendimento aceitarão cédulas e moedas. A previsão é que até o dia 5 de agosto as máquinas também passem a aceitar cartão de débito. Não haverá troco nos terminais, e todo o valor carregado será revertido em créditos. O cartão RioCard Jogos Olímpicos 2016 também poderá ser utilizado no modal.
Quem tem direito à gratuidade no transporte público também devem validar o cartão no VLT. A gratuidade é garantida, por meio de legislação específica, para alunos da rede pública de ensinos Fundamental e Médio do Rio de Janeiro uniformizados e portadores do cartão de gratuidade para estudante, estudantes de universidades portadores do Passe Livre Universitário, maiores de 65 anos, pessoas com deficiência e acompanhantes legalmente autorizados, doentes crônicos e acompanhantes legalmente autorizados e menores de 5 anos acompanhados de adulto portador de cartão com passagem validada.
O VLT foi inaugurado no dia 5 de junho e manteve as viagens gratuitas no começo de sua operação, que foi ampliada de forma gradativa. Atualmente, ele liga o Aeroporto Santos Dumont à Rodoviária Novo Rio e conta com 16 paradas para embarque e desembarque de passageiros.
Fonte: G1 Notícias
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