A origem da Cavalaria do Exército Brasileiro remonta à história da própria delimitação territorial do País,
da sua Independência e da Proclamação da República. Desde o nascimento da Nação brasileira, o Exército
fez-se presente nos momentos históricos mais importantes, tendo o dorso do cavalo servido como trono aos
nobres heróis que guiaram as evoluções sociopolíticas do nosso País.
Proveniente da palavra “AKVA”, que na tradução livre do sânscrito significa “combater em vantagem
de posição”, a Cavalaria é, nas palavras do General francês Weygand, participante ativo das principais batalhas
das I e II Guerras Mundiais, “uma Arma mais rápida do que o conjunto do corpo de batalha, cuja missão será
reconhecer, manobrar, perseguir, e que, levada pelo cavalo ou pela máquina, encontrará sempre o sucesso na
audácia, na velocidade, na surpresa”.
Peça de manobra fundamental no que tange às operações de guerra regular e guerra irregular, bem
como em ações de não guerra por parte da Força, essa Arma é caracterizada pela sua alta mobilidade, pela
potência de fogo, pela proteção blindada, pela ação de choque, pelas comunicações amplas e flexíveis e, acima
de tudo, pelo espírito impetuoso e arrojado dos seus soldados.
A Cavalaria revela-se fator preponderante
para o sucesso das manobras militares, seja no reconhecimento do terreno e do inimigo antes de uma missão,
seja no estabelecimento da segurança perimetral das tropas empregadas e, ainda, nas Ações Cívico-Sociais.
O seu Patrono, o Marechal Manoel Luís Osorio, nascido na Fazenda Nossa Senhora da Conceição do
Arroio, atual município de Osório, Rio Grande do Sul, traz, em sua personalidade, todos os traços inerentes
ao soldado do Brasil: amor à Pátria, culto às tradições, nobreza nas suas atitudes, humildade e simplicidade
no trato com os irmãos de Arma, coragem e impetuosidade ante o inimigo. “Um toque singular anunciava
sua chegada e a soldadesca, acostumada com aquele General que ‘sabia bater-se, sofrer e gracejar como um
soldado raso’, exclamava, com alegria e familiaridade: ‘Aí vem Manoel Luís!’”
Com o passar do tempo, as constantes evoluções doutrinárias fizeram com que o cavalo fosse substituído
operacionalmente, dando lugar aos meios motomecanizados. Com a influência da Missão Francesa no
Brasil (1921) e, posteriormente, com o acordo militar Brasil-EUA (década de 1960), o Exército recebeu o que
existia de mais moderno à época em toda a América do Sul. Apesar disso, na Academia Militar das Agulhas
Negras e na Escola de Sargentos das Armas, principais berços dos líderes de pequenas frações, o nobre amigo
ainda é utilizado como forma de acentuar o espírito militar do cavalariano, desenvolvendo os aspectos atitudinais
relativos ao comando, à coragem, ao zelo e à iniciativa do instruendo.
As tropas de Cavalaria são de quatro tipos: Mecanizadas, Blindadas, de Carros de Combate e de Guarda.
O Pelotão de Cavalaria Mecanizado (Pel C Mec) é formado por um Grupo de Exploradores, dotados de
quatro viaturas táticas leves (Marruá), que é responsável pelo reconhecimento imediato do terreno e das vias
adjacentes ao movimento da tropa; por uma Seção de Viaturas Blindadas de Reconhecimento (VBR-Cascavel),
dotadas de um canhão 90 mm, principal armamento da fração; por um Grupo de Combate, responsável pela
segurança aproximada da Seção VBR e pela realização de pequenas patrulhas, constituindo assim uma pequena
Força-Tarefa (FT) dentro do próprio pelotão; e por uma Peça de Morteiro Médio 81 mm, responsável
por bater alvos com tiro indireto, auxiliando na segurança do pelotão. O Regimento de Cavalaria Blindado
(RCB) é formado por dois esquadrões de Fuzileiros Blindados, os quais utilizam a Viatura Blindada de Transporte
de Pessoal sobre lagartas M113, e por dois esquadrões de Carros de Combate, os quais operam sobre
a plataforma Leopard 1A1, excetuando-se o 20º RCB de Campo Grande, que utiliza a VBC M60 TTS, em que
cada pelotão é dotado de quatro viaturas. Os Pelotões de Carro de Combate utilizam a Viatura Blindada de
Combate Leopard 1A5BR e constituem a principal força de todo o Exército no quesito poder de fogo e mobilidade,
sendo essa fração preponderante constituinte do poder de decisão do Comando. Os Regimentos
de Cavalaria de Guarda encarregam-se dos cerimoniais militares, bem como das operações de Segurança da
Área de Retaguarda e do patrulhamento ostensivo em áreas urbanas. Paralelamente, a Cavalaria dispõe, como
elementos de apoio, dos Pelotões de Exploradores, possuindo a mesma missão dos Grupos de Exploradores
do Pel C Mec, podendo ser empregados à frente das FT Blindadas. Existem, ainda, os Pelotões de Morteiros
Pesados 120 mm, que atuam no apoio de fogo indireto às FT Blindadas. Além dessas frações, a Cavalaria no
Exército Brasileiro conta com alguns esquadrões, orgânicos das Brigadas a que pertencem, como os Esquadrões
Paraquedista, Leve e o de Selva.
A Cavalaria é uma Arma essencial nos campos de batalha. Suas características e seu ideal perduram
desde os primórdios e demonstram o valor da “Arma dos Heróis”. A vitória sempre é alcançada não só pelos
modernos e avançados meios, mas também por aqueles que possuem elevado grau de liderança e espírito
ofensivo, imortalizados por cada “Soldado de Cavalaria”.
Fonte: Exército Brasileiro
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