A Rússia é hoje um dos líderes mundiais no desenvolvimento e produção de sistema de defesa aérea. O S-300 e S-400, por exemplo, não possuem análogos no exterior. Mas até 70 anos atrás ninguém no país tinha a menor ideia de como produzir esse tipo de armamento.
Os combates da Segunda Guerra Mundial mostraram que a artilharia estava perdendo sua eficácia. A aviação, que se desenvolvia rapidamente, tinha um alcance e potência muito maior. O único problema era encontrar pilotos qualificados, que necessitavam de anos de preparação.
Os exércitos europeus começaram então a desenvolver projéteis aéreos não tripulados, chamados os sistemas de mísseis antiaéreos. A União Soviética, é claro, seguiu a tendência. O autor de um desses projetos foi o engenheiro Sergo Béria, filho de Lavrenti Beriado, comissário do povo para Assuntos Internos durante grade parte do governo Stálin.
Em 1951, ao fim de quatro anos de trabalho, a equipe de Béria, que operava em uma empresa secreta, criou um projétil voador que podia facilmente perfurar a blindagem de um cruzador.
Para combater bombardeiros convencionais não fazia sentido construir uma linha cerrada de defesa. Afinal, os danos da queda acidental de uma bomba eram incomparavelmente menores aos custos de organização e produção de um sistema desses.
Mas, no caso de carga nuclear, tudo mudava: um projétil desses poderia destruir uma cidade inteira. Um novo objetivo passou a fazer parte da agenda de trabalho – construir um sistema de protegesse as cidades soviéticas e não deixasse entrar nem mesmo um único avião inimigo. Foi justamente aí que os sistemas de defesa aérea voltaram à cena.
O governo decidiu cobrir Moscou com dois anéis de sistemas de defesa aérea ligados entre si por um caminho de concreto, pelo qual os mísseis eram transportados. Tratava-se então de um novo tipo de arma capaz de detectar o alvo por um radar e destruir seus mísseis com ogivas.
Primeiro de muitos
Cinco anos foi o tempo necessário para o desenvolvimento e teste do projeto. Em 1955 foi aprovado o primeiro sistema de defesa aéreo soviético, o S-25. Na época, não havia nada igual em nenhum Exército do mundo.
S-25 foi primeiro sistema de defesa aéreo da URSS Leonidl/wikipedia.org
Os mísseis conseguiam atingir um alvo voador se deslocando a velocidades supersônicas em altitudes de até 20 km. Para a concretização do projeto, a pequena equipe de Béria foi transformada em uma empresa de grandes dimensões, com milhares de funcionários.
O S-25 era bom, mas espalhar um sistema de defesa do gênero por todo o território da União Soviética exigia um sistema móvel que pudesse se deslocar livremente para poder ser colocado em segurança em caso de ataque de retaliação.
A solução veio com o S-75, cujo aparecimento causou uma verdadeira revolução no combate a aviões inimigos. Em 1960, um de seus mísseis atingiu pela primeira vez um avião espião norte-americano U-2 que sobrevoava Sverdlovsk.
Também foi devido a esse sistema que a Força Aérea dos Estados Unidos sofreu grandes perdas no Vietnã. Armados com mísseis soviéticos, os vietnamitas, que os levaram para a selva literalmente nas mãos, conseguiram abater mais de 2.000 aviões de combate norte-americanos.
Dois anos depois, o S-75 foi levado a Cuba para proteger os mísseis nucleares soviéticos instalados na ilha. Tentando escapar do radar do sistema de defesa aérea soviética, as aeronaves começaram a voar a altitudes extremamente baixas. Mas a resposta para combater essa tática foi implacável: o S-125.
Em Cuba, S-75 protegeu mísseis nucleares soviéticos instalados na ilha Foto: Reuters
Em 1967, os funcionários do departamento de projetos desenvolveram um novo sistema antimísseis de nova geração – o S-200. Ele conseguia atingir alvos a uma distância de mais de 200 km, tornando possível cobrir vastas áreas com um número reduzido de sistemas móveis corretamente posicionados.
Nova geração
Apesar da rápida evolução e dos diversos modelos, a verdadeira joia da empresa – que em 1977 passou a ser conhecida como o departamento de projetos Almaz – foi o S-300, adotado pelo Exército soviético em 1979 e mantido operacional durante 35 anos. O seu radar permitia detectar o alvo a uma distância de 300 km e disparar sobre 30 objetos ao mesmo tempo.
O seu sucessor, o S-400, apresentava parâmetros ainda mais atrativos: era possível combater os chamados aviões invisíveis, com tecnologia “stealth”.
S-400 não possui análogos estrangeiros Foto: TASS
Em 2008, por meio da fusão de todas as empresas do ramo envolvidas no desenvolvimento e produção de sistema de mísseis antiaeronaves, nasceu o consórcio Almaz-Antey. Em termos de volume de exportação, a empresa ocupa a liderança no complexo militar-industrial russo.
Hoje, os engenheiros do consórcio estão desenvolvendo um sistema antimíssil de quinta geração, que permitirá à Rússia dar uma resposta eficaz a ameaças aeroespaciais.
Fábrica do sonsórcio Almaz-Antey Foto: Aleksêi Nikolski/RIA Nôvosti
Fonte: Gazeta Russa
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