quarta-feira, 6 de julho de 2011

RAFALE - A opção certa para o FX-2?


Muitos anos têm decorrido desde o inicio do projeto de aquisição de um novo vetor para a Força Aérea Brasileira, muito tem sido debatido e discutido nos mais variados meios da sociedade brasileira e até mesmo na internacional. Nesses longos anos de processo licitatório, já que se arrasta já pelo terceiro presidente, especificamente passando por quatro mandatos, sendo iniciado no segundo governo de Fernando Henrique Cardoso, cruzando dois mandatos de Lula e agora chegando ao primeiro ano do mandato de Dilma Rousseff. Muito se especula pela mídia e os especialistas de “super trunfo”. Porém o que temos de concreto hoje é somente a definição dos três finalistas, algo que exaustivamente já foi explorado e abordado pelos mais diversos meios de comunicação, gerando uma infinidade de artigos e matérias sobre as três aeronaves e seus fabricantes.

Nós do GeoPolítica Brasil e nossas mídias parceiras temos apresentado a vocês leitores muitas matérias especiais, abordando facetas muitas vezes ignoradas no âmbito do FX-2, bem como uma analise impar e imparcial sobre os finalistas afim de apontar o potencial vencedor desta importante concorrência. Ao longo de nossa existência, que vale ressaltar é mais recente que o programa FX-2, apresentamos prós e contras de cada aeronave, sempre acompanhado de um embasamento técnico e político a respeito da disposição, com isso nos tornando um “Farol” no meio deste mar de especulações e tendencionismo tão comuns as mídias em geral. Como exemplo, posso citar um site conhecido que constantemente apresenta matérias tendenciosas e muitas vezes sem fundamento, às vezes tidas através de “achismos” pessoal. Mas vamos nos ater aos fatos relevantes de nosso trabalho, afinal credibilidade e seriedade são os maiores diferenciais de nosso espaço.

Neste artigo em especial, quero falar sobre o caça francês ofertado pela Dassault no Consórcio Rafale ao Brasil. Longe de querer inquirir a vocês uma posição pró-Rafale, meu objetivo aqui é analisarmos de maneira técnica e coerente este concorrente, que dentro do que foi proposto é visto como a melhor oferta, sendo ainda em minha opinião a melhor opção para nossa nação, tanto do ponto de vista tecnológico, como do ponto de vista operacional, político e principalmente comercial.

Vamos aqui dissertar os prós e contras deste que é um dos mais modernos caças em serviço na atualidade.

Aproximadamente existem cerca de 100 exemplares do Rafale voando na França, todos entregues dentro do prazo estipulado, e principalmente, dentro do orçamento previsto. De acordo com as previsões da Dassault, a linha de produção do Rafale se perpetuará ainda por mais de 15 anos, isso na França. Com isso temos uma aeronave que estará operacional por um longo período, ressaltando o fato que, uma aeronave em produção tende a possuir o custo do seu ciclo de vida baixo se comparado a outras que estejam fora de produção.



Hoje o Rafale chega a sua versão “definitiva” F3, exibindo-se uma aeronave qualificada como um autêntico caça multifunção, além de incorporar o conceito Omnirole, como é apresentado hoje este caça, o Rafale adentra uma nova categoria. Essa designação se deve á sua capacidade de total sinergia no processamento de dados, oferecendo uma capacidade ímpar no acompanhamento dos distintos teatros operacionais que se desenvolvem ao seu redor, tornando assim o Rafale superior á muitos de seus adversários.

Graças a sua avançada suíte de aviônicos, que congrega avançados sistemas capazes de processar simultaneamente diversas informações colhidas do campo de batalha e acompanha alvos aéreos e terrestres simultaneamente, sendo capaz ainda de prover auto-proteção, sendo as medidas defensivas acionadas muitas vezes sem a intervenção do piloto, com isso permitindo que o mesmo se atenha ao seu objetivo principal durante a missão. No desenvolver de nosso trabalho iremos abordar mais detalhadamente sobre seus sistemas.

Apesar de ter contra ele o fato de até então não ter conquistado nenhum operador além da França, e dentre os três finalistas apresentar o maior valor de aquisição, o Rafale já comprovou seu valor em rigorosas avaliações e principalmente em combate real, onde cumpriu missões de apoio aproximado no Afeganistão e na Líbia recentemente cumpre missões de interdição e superioridade aérea. Ressaltando neste último caso a sua capacidade de desdobramento imediato em direção ao teatro de operações, exigindo uma logística simples, assim permitindo sua entrada em operações em um curto espaço de tempo. Outro ponto de destaque é sua capacidade de operar em conjunto com diversos tipos de aeronaves, como se dá com as operações da OTAN na Líbia.





Vamos explorar mais um pouco de suas características, apesar destas terem sido bem exploradas em centenas de artigos por revistas e sites especializados, porém, é preciso relembrar um pouco mais sobre esta aeronave, sendo uma de nossas ferramentas de estudo o conhecimento pleno do que se trata para sabermos sobre o que estamos falando e ter uma base sólida para conclusões fundamentadas em dados reais, para só então entrar nas questões principais, pois como se pode falar de algo que não conhecemos sem criar dúvidas, preconceitos ou pior, falsas impressões?

Todos já conhecemos a história do Rafale, inclusive há pouco tempo uma matéria primorosa sobre esta aeronave foi escrita pelo nosso grande amigo Wellington Mendes, editor do Defesas Aéreas. Então vamos nos ater à versão “final” e sua variante “T4” (Tranche 4). Como supracitado, o Rafale F3 chega como a versão definitiva deste vetor, sendo uma aeronave multirole, ou melhor, omnirole. Diferente de muitas aeronaves em operação hoje, o Rafale encontra-se em constante aperfeiçoamento, apesar da Dassault anunciar a série F3 como a versão definitiva, a mesma continua refinando a cada dia os sistemas e capacidades do Rafale, bem como ampliando seu leque de opções táticas em diversos cenários operacionais, tornando a cada dia esta aeronave mais capacitada ao emprego em múltiplas missões.

Como o seu concorrente sueco, o Rafale visa ser uma plataforma completa de combate na arena aérea moderna, sendo ambas as aeronaves expoentes do estado da arte em termos técnicos e de emprego tático dentro de suas respectivas categorias, tendo ao favor do Rafale o fato de ser uma aeronave já em operação e comprovada em combate, além é claro de ser um caça médio, algo que coloca ele em uma categoria distinta se formos compará-lo ao mono reator Gripen NG, o qual também exibe magníficas capacidades, sendo excelente dentro do seu conceito de emprego e em uma concepção estratégica de emprego do poder aéreo faria uma excelente dupla com o vetor francês dentro do conceito Hi-Lo.

O Rafale F3

Sendo fruto de um desenvolvimento contínuo, se tornou um extremamente eficaz exemplar da nova geração de caças de combate tático multifunção, ainda passando por uma fase de
desenvolvimento contínuo em ritmo acelerado para explorar mais e mais suas
capacidades e para adicionar novos sistemas e capacidades. Como resultado, o Rafale F3 parece destinado a tornar-se ainda melhor em um futuro próximo.

Em 2008, a DGA francesa qualificou a versão multirole do Rafale, chamada "Padrão F3" no dia 1 de julho. A partir desta data começou a fabricação da nova versão F3 e as aeronaves já entregues do padrão F2 e os Rafale M F1 da marinha francesa serão atualizados para o padrão F3.

Como sabemos o Rafale F2 já exibia algumas capacidades multirole, porém o F3 adiciona novos recursos (Missões de defesa aérea com mísseis MICA IR / RF, missões de ar-solo com o
SCALP, AASM, ataque de precisão com LGB GBU-12 "Paveway II"). Estas novas capacidades somam-se principalmente a capacidade de dissuasão nuclear, com a capacidade de reconhecimento em tempo real com o novo pod RECO-NG e ataque anti-navio com o míssil Exocet.

Em julho de 2010, o Rafale entrou em serviço operacional na Força Aérea Francesa como aeronave de dissuasão nuclear, uma missão que exige muito das capacidades de uma aeronave tática, principalmente no que diz respeito á sua capacidade de sobrevivência em ambiente hostil e penetração em profundidade em território inimigo como requer este tipo de missão.

Em novembro de 2010, conforme divulgamos aqui o pod de reconhecimento Aeros RECO-NG atingiu status operacional, aliando mais uma importante capacidade estratégica ao caça francês. Com a entrada em serviço deste equipamento no leque do Rafale, a França passou a dispor de uma capacidade de reconhecimento em tempo real, o que significa estrategicamente possuir em tempo real informações táticas em qualquer tempo e de longo alcance, uma necessidade real dentro no novo cenário de operações do século XXI.


A suíte de aviônica do Rafale F3 exibe uma característica ímpar, onde todos os sistemas eletrônicos da aeronave estão harmoniosamente integrados á sua estrutura, muito diferente de outros vetores onde é preciso instalar estes sensores externamente em Pods, o que acaba resultando em maior arrasto aerodinâmico, redução da capacidade de armas e maior assinatura radar.

O sistema mais atraente no Rafale, que a meu ver é indispensável quando se fala na compra deste vetor para a FAB, é a sua suíte SPECTRA de guerra eletrônica. Um sistema revolucionário, que dá ao Rafale a capacidade de fazer frente a qualquer ameaça hoje. O SPECTRA possui uma arquitetura interna na aeronave, o que permite o uso de todas as estações externas para o uso de armas ou ainda tanques suplementares, estando totalmente integrado ao sistema de missão, proporcionando geolocalização e identificação de ameaças para o processo de fusão de dados e proporcionando resposta ás ameaças, dispondo para autodefesa de sistemas chaffs e flares, inclui sensores capazes de acusar emissões de laser e de radiação eletromagnética, realiza interferência eletrônica capaz de jamear radares e sistemas inimigos, sistema de designação laser e guiagem de mísseis, e detectores de lançamento de mísseis guiados por infravermelhos, utilizando os mais recentes dados de inteligência eletrônica disponíveis no planejamento de missão adquiridos pelos múltiplos sensores.





Outro sistema que esta sendo incorporado ao Rafale é o radar RBE2 (Radar à Balayage Electronique 2 plans - radar de dois eixos de varredura eletrônica) AESA, único radar realmente AESA a entrar efetivamente em operação na Europa. Sistema capaz de monitorar 40 alvos simultaneamente á uma distância de 100km, voando alto ou baixo, em qualquer tempo e com presença de interferência intensa. Prioriza os alvos para serem atacados com mísseis MICA ou Meteor. O radar continua acompanhando os outros alvos e atualiza a orientação dos mísseis em curso por datalink. O radar RBE2 tem capacidade 'track here while scan there': o radar varre o solo para acompanhamento e evitar o terreno ao mesmo tempo em que procura alvos no ar. Com as antenas AESA, esse fabuloso radar se torna mais furtivo e resistente a interferência, incluindo aqui a resistência até mesmo a interferência do sistema SPECTRA que possa ser usado pelo inimigo.

Em resumo, temos o Rafale como o potencial vencedor do programa FX-2, porém a lógica nem sempre acompanha as decisões do governo, principalmente o nosso, que historicamente consegue conceber escolhas míopes para nossa nação. O Rafale é dentre os três de longe o mais adequado vetor a proteger os céus brasileiros, basta uma analise técnica e política. Salientando aqui que, junto ao GRIPEN NG, esta opção nos oferece a liberdade de desenvolvimento do projeto e a absorção da tecnologia a fim de capacitar nossa indústria de defesa. Politicamente é também a melhor opção, pois estamos presenciando a ascensão de nosso país como um novo player, o que faz a necessidade de possuir meios tecnológicos e alianças com grandes players para podermos sustentar nossa posição frente aos cenários futuros que possam se desenhar.

Em uma matéria posterior nós iremos abordar novos conceitos de emprego deste vetor francês, como por exemplo, a concepção de atuação em rede com o novo projeto NEURON.

Aguardem em breve aqui no GeoPolítica Brasil.

Angelo D. Nicolaci
Editor GeoPolítica Brasil
Share this article :

1 comentários:

  1. O Lockheed Martin F-35 Lightning II, caça de 5ª geração, é considerado a melhor plataforma de combate da atualidade principalmente por ascender verticalmente, sem a necessidade de muito espaço para o seu lançamento. Além de possuir um radar AESA de ultima geração, possui assinatura stelth para os radares inimigos, o que o torna um excepcional vetor para brilhar em qualquer força aérea mundial. Hoje faz parte da USAF e também da força aérea japonesa, estando presente nas forças aéreas da Holanda, Bulgária, Eslováquia, Canadá, etc...É um caça já testado em combates, extremamente versátil, de ótima manobrabilidade e possuindo características incomuns em relação aos vetores que se encontram em atividade. Seu custo de manutenção é menor em relação ao F-22 Raptor e se abstém de erros de engenharia em seu projeto, um ponto favorável perante tantos outros. É a tecnologia do futuro, uma conquista do século XXI que deu certo e ficará em nosso meio por um bom tempo. Uma saída menos dispendiosa seria o Boeing F/A F18 G Growler, uma versão high tech do velho Super Hornet, de 3ª geração. Como o Brasil anda na contramão com esse FX-2/3, já eliminou de cara o F-35 do programa de reaparelhamento da FAB e ficaram os três vetores de 2ª e 3ª gerações, o F/A F-18 Super Hornet, o JAS Gripen NG e o Rafale F-3, tecnologicamente muito inferiores. Não tenho a mínima noção dos parâmetros utilizados nessas escolhas, mas, certamente não partiram de um relatório sério de engenharia aeroespacial. A EADS italiana, juntamente com um consórcio europeu, fornece o Eurofighter Thyphoon 2020 que foi a sensação na guerra do Golfo e bastante utilizado pela Inglaterra como o guardião de seu território e, perto de um SAAB JAS Gripen NG, é como se comparássemos um BMW com um Fusca. Há um seríssimo risco do sucateamento da FAB perdurar, embora todos já saibamos que a mesma se encontra alijada de suas atribuições como guardiã de nossa soberania nacional há quase um século.

    ResponderExcluir

 

GBN Defense - A informação começa aqui Copyright © 2012 Template Designed by BTDesigner · Powered by Blogger