O regime do ditador líbio Muammar Gaddafi acusou nesta terça-feira a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) de ter matado 718 civis em recentes bombardeios. De acordo com o porta-voz Moussa Ibrahim os ataques já deixaram até o dia 26 de maio 4.067 civis feridos, incluindo 433 gravemente.
A Otan negou que seus ataques tenham matado um grande número de civis, e repórteres estrangeiros em Trípoli também não tinham evidências de que havia um grande número de vítimas civis.
As acusações do governo chegam um dia após 120 militares terem desertado, entre eles oito de alta patente, e em meio à visita do presidente sul-africano Jacob Zuma que tenta mediar um acordo de cessar-fogo entre Gaddafi e a Otan.
Embora o ditador tenha renovado seu pedido de trégua, ele não sinalizou até o momento a intenção de aceitar as exigências das potências --a principal sendo a sua renúncia ao poder.
Zuma disse após uma visita relâmpago na segunda-feira que Gaddafi deseja um cessar-fogo, incluindo o fim dos bombardeios da Otan --termos já rejeitados no mês passado após uma primeira tentativa de mediação do líder sul-africano.
"Discutimos a necessidade de dar ao povo líbio a oportunidade de resolver seus problemas por conta própria", disse Zuma.
Horas após sua partida, a TV líbia relatou que uma aeronave da Otan havia retomado os ataques, atingindo o que disse serem instalações civis e militares no assentamento de Al Jufrah, no deserto, 460 km a sudeste de Trípoli.
Aviões da coalizão também atingiram uma série de instalações civis e militares no distrito de Tajura, na capital, relatou o canal de TV. Não houve confirmação imediata destes relatos.
Os líderes ocidentais responsáveis pela campanha aérea de dois meses conduzida pela Otan contra as forças de Gaddafi dizem que não deterão os bombardeios até o líder líbio se retirar do poder.
DESERÇÕES
Em Roma, oito oficiais líbios, incluindo cinco generais, compareceram a uma coletiva de imprensa organizada pelo governo italiano, dizendo serem parte de um grupo de até 120 oficiais e soldados que desertaram Gaddafi nos últimos dias.
As deserções ocorrem dois meses após aquela do ministro das Relações Exteriores líbio e ex-chefe da espionagem, Moussa Koussa, e a renúncia do diplomata veterano Ali Abdussalm Treki.
Na capital italiana, um dos desertores, que se identificou como General Oun Ali Oun, disse aos repórteres: "O que está acontecendo com nosso povo nos assustou".
Há muita matança, genocídio... violência contra mulheres. Nenhuma pessoa sábia, racional, com um mínimo de dignidade pode fazer o que vimos com nossos olhos e o que ele nos pediu para fazer.'
O embaixador líbio na ONU (Organização das Nações Unidas), Abdurrahman Shalgam, que desertou Gaddafi, afirmou que todos os 120 militares estão fora da Líbia agora, mas não disse onde estão.
A transmissão televisiva de Gaddafi recebendo Zuma mostrou ao mundo exterior a primeira imagem do líder líbio desde 11 de maio, quando ele foi mostrado pela TV estatal se encontrando com o que afirmou serem líderes tribais.
A visita de Zuma foi sua segunda desde que o conflito teve início em fevereiro. Sua viagem anterior fez pouco progresso porque Gaddafi se recusou a encerrar seu governo de 41 anos, o que líderes rebeldes dizem ser uma pré-condição para qualquer trégua.
Fonte: Folha
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