quarta-feira, 11 de maio de 2011

A marinha do Brasil parece querer criar o maior Museu Aeronaval operacional do mundo



A marinha do Brasil parece querer criar o maior Museu Aeronaval operacional do mundo.
Veio em dezembro do ano passado a partir de notícias que o Brasil está procurando aeronaves S-2 Tracker desativadas. A noticia inicialmente causou alguma surpresa. Pois a US Navy colocou o S-2 em operação nos idos de 1954 e utilizando estes até 1976. Porque hoje, na segunda década do século XXI, o Brasil procura se equipar com estas relíquias?

Os esforços do Ministério da Defesa para localizar e adquirir estas aeronaves, devido à necessidade do grupo de aviação embarcado no NAe São Paulo. Por si só, este ofício também não é uma novidade. A Marinha Francesa operou até 2000 o porta-aviões Foch. O Foch e o seu navio-irmão o principal que deu nome a classe Clemenceau, deu entrada em serviço no início dos anos 60 até o final do século XX. O Clemenceau foi desmantelada em 1997 e o Foch em 2000 foi adquirido pelo Brasil.

O desejo do estado brasileiro, reivindicando o papel de líder regional, tendo seu próprio porta-aviões é claro. Mas, seja na falta de fundos, quando o dinheiro para um porta-aviões no estado da arte dá lugar aos planos para modernizar um que já serviu além de seus limites e dotá-lo com aviões obsoletos? Isso é discutível, mas no Brasil, a escolha parece ter um efeito mágico.

No início de dezembro de 2010, um acordo foi alcançado com o Uruguai sobre a revisão dos helicópteros AS355 em troca de células do S-2. Originalmente negociado com a Austrália, a aquisição de cinco S-2 aposentados, depois segundo fontes brasileiras, ficou na compra de quatro S-2 uruguaios. Em 1965, o Uruguai recebeu três aviões dos EUA e no início dos anos 80 mais três. Atualmente, um deles foi transformado em um monumento na entrada da base aérea de Capitan Carlos Curbelo, mais quatro encontram-se estocados. Além deste fato curioso, em agosto de 2010, a Marinha do Brasil comprou nos EUA oito aeronaves de transporte C-1A Trader desativadas, cujo custo foi de $ 335, 000. O C-1 foi baseado no S-2 e operado pela Marinha até 1988, tendo sido construídos no total 83 C-1 Trader. Devo lembrar que o S-2, projetado por Grumman, foi um avião de bastante sucesso, que junto com modelos como o Douglas DC-3 ou IL-18 se “eternizou”, dispersos por todo o mundo.



Além os EUA, o S-2 foi operado nas Forças Armadas de 14 países, na maioria deles como um avião anti-submarino. Em particular, a máquina esteve em serviço na Austrália, Itália, Japão, Coréia do Sul, Turquia, Holanda, Taiwan, Tailândia. A produção desta aeronaves foi realizada também no Canadá. Note-se que um terço dos operadores de S-2 foram países da América Latina. Nesta região, eram seus operadores Argentina, Venezuela, Peru, Uruguai e Brasil.

A Argentina ainda mantém aeronaves deste tipo, tendo a sua marinha recebido sete S-2 A em 1962, seis S-2 E em 1978 e três S-2 G na década de 90. Em 1982 a Argentina empregou os seus S-2 Tracker ocasionalmente durante a Guerra das Malvinas. Na década de 90 os seis S-2 remanescentes foram atualizados pela IAI, uma empresa israelense que fornece pacotes de atualização para diversas aeronaves. Nesta modernização os antigos motores radiais foram substituídos por motores turboélice Garrett / Honeywell TPE331-15AW. Estas modificações redesignaram a aeronave como S-2T. Os “Tracker” Argentinos, no entanto em 1997 deixaram de operar embarcados devido o descomissionamento e posterior desmantelamento do 25 de Mayo, único porta-aviões desta marinha, lembrando que o mesmo pertenceu á marinha britânica, tendo sido construído em 1943! Hoje os S-2T são operados a partir da costa, e ocasionalmente operam á bordo do NAe São Paulo e porta-aviões dos EUA durante exercícios conjuntos.

Outro país que ainda contínua operando aeronaves S-2 Tracker é Taiwan. Onde temos informações que restam 27 aeronaves ainda em uso, tendo sido modernizados na década de 90, sofrendo modificações similares as que sofreram as unidades Argentinas, sendo marcante a substituição dos motores radiais pelos motores turboélice Garrett / Honeywell TPE-331-15AW. No entanto, seus dias estão contados, pois Taiwan irá substituir seus S-2 Tracker pelos mais modernos e capazes P-3C Orion que foram comprados em 2008 dos estoques da marinha americana, atualmente passam por um processo de modernização e deverá ter a primeira unidade modernizada entregue ainda em 2011.
Assim, a idéia brasileira de comprar sistema desatualizados e no cenário de guerra moderno obsoletos embora aparentemente não seja o ideal é viável. Pois essa opção dotará o NAE São Paulo de aeronaves de luta anti-submarina, AWACS e de Transporte com base nos S-2, C-1 e E-1, que serão usados ainda como aeronaves de reabastecimento (REVO).

A modernização destas células deverá ficar sob incumbência da Embraer, como tem sido feito com as aeronaves da FAB. Os S-2 e C-1 provavelmente receberão a motorização Garrett / Honeywell TPE-331-14gr. A versão AWACS baseado no C-1, será equipado com radar Eliradar HEW-784 e Thales Searchwater 2000 AEW.



Outro fato que configura o porta aviões brasileiro como um verdadeiro tributo aos anos 70, é que a principal aeronave embarcada, tendo função de ataque e proteção da esquadra é composta com nada menos que 12 caças A-4KU comprados em 1997 dos estoques do Kuwait, estes se encontram em modernização pela EMBRAER, onde estão recebendo uma nova suíte de aviônicos, incluindo um novo radar, onde posteriormente a essa fase, os mesmos serão dotados com mísseis ar-ar Python 4 e Derby de origem israelense, sendo no Brasil esta aeronaves designadas como AF-1.

É uma situação um tanto quanto inusitada vermos uma nação grandiosa como o Brasil, que busca um assento permanente no conselho de segurança da ONU, não destinar os devidos recursos as suas forças armadas, e pior que isso, o fato de investirem seus poucos recursos em equipamentos obsoletos, verdadeiras relíquias da história militar.

Angelo D. Nicolaci com Rustam ( Correspondente na Rússia)

Nota: Este artigo não busca desmerecer a Marinha Brasileira, mas criticar algumas decisões e compras que são controversos, assim estimulando a reflexão sobre os programas de aquisição e modernização da esquadra e seus diversos meios.

Fonte: GeoPolítica Brasil
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1 comentários:

  1. Não sei como uma pessoa tão mal informada sobre as forças armadas escreve uma reportagem desta! Vá se informar primeiro!!!

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