O crescente peso do Brasil no cenário internacional exige uma reestruturação de seus serviços de inteligência, inclusive no que diz respeito ao acompanhamento de fatos e tendências que ocorrem fora do país. O alerta foi feito nesta segunda-feira (2), na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), por especialistas que participaram do painel “A importância da atividade de inteligência para o Brasil, sua diplomacia e suas Forças Armadas: causas de seu fracasso em prever movimentos populares no mundo árabe”.
Para lembrar a importância dos serviços de inteligência, o presidente do Capítulo Brasil da Associação Internacional de Analistas de Inteligência de Segurança Pública, o professor Denílson Feitoza, lembrou que o Brasil possui uma das maiores reservas de água doce no mundo e que, até 2050, 45% da população mundial terá menos água do que o necessário para viver. Ele questionou até quando o mundo vai aceitar que o Brasil permita a contaminação de seus mananciais.
- Acabamos de ver uma operação encoberta dos Estados Unidos no Paquistão para matar Osama Bin Laden. Este é um recado profundo. No mundo realista, se chegar momento de se atuar no Brasil, isso será feito – advertiu Feitoza.
Se os serviços de inteligência brasileiros não foram capazes de antecipar as tendências políticas no Oriente Médio, advertiu o professor argentino José Manuel Ugarte, da Universidade de Buenos Aires, nenhum outro serviço de inteligência da América Latina poderia fazê-lo. Isto porque, como observou, esses serviços têm dado prioridade ao que ocorre dentro das fronteiras de cada país.
- Todo país latino-americano que decide ter presença internacional deverá desenvolver capacidades de inteligência no exterior. Praticamente não há país que ocupe um lugar importante que não desenvolva capacidade de inteligência no exterior – afirmou Ugarte.
Ao abordar a incapacidade dos serviços de inteligência em prever a crise política no Norte da África e no Oriente Médio, o professor Eugênio Diniz, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais, lembrou que a insatisfação social na região já havia sido detectada. Ele recordou, porém, que as mudanças, quando ocorrem, são muito aceleradas.
- Mesmo nos melhores casos, existe uma limitação. A informação obtida é, ela mesma, cheia de incertezas. É possível antecipar algumas possibilidades de resposta, mas antecipar quando algo vai ocorrer não é possível na imensa maioria dos casos.
Na opinião do consultor legislativo Joanisval Gonçalves, do Senado Federal, falta ao país uma cultura na área de inteligência. Ele defendeu o controle externo e uma nova regulamentação legal dos serviços de inteligência. O Brasil vem alcançando posições de destaque, lembrou, e pode ser alvo de serviços de outros Estados. Ele observou ainda que grandes eventos ocorrerão no país nos próximos anos, como a conferência Rio+20, a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos.
- Estamos preparados para isso? Ainda que não fôssemos alvo de possíveis atentados terroristas, receberemos delegações de vários países que o são – alertou.
Ao comentar a sua decisão de extinguir o então Serviço Nacional de Informações (SNI), quando era presidente da República, o senador Fernando Collor (PTB-AL), presidente da comissão, lembrou uma frase do ex-ministro Golbery do Couto e Silva, segundo a qual ele havia “criado um monstro”.
- Quando decidi extinguir o SNI, nada tinha contra os profissionais, mas sim contra a forma distorcida como o serviço era feito – afirmou.
O senador Luis Henrique (PMDB-SC) pediu que os serviços de inteligência brasileiros dediquem-se à defesa da atividade econômica do país. Ele citou o exemplo do setor têxtil, que emprega 18,5 milhões de pessoas no Brasil. E informou que o setor enfrenta uma “drástica redução de atividade” porque não se previu a redução de plantio de algodão em alguns países, que gerou uma redução da oferta e a elevação do preço do produto em 150% em apenas um ano.
Por sua vez, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse que o Brasil precisa superar o que chamou de “complexo do SNI”, em uma referência à ligação da imagem do antigo Sistema Nacional de Informações com o regime militar.
Fonte: Agência Senado
Para lembrar a importância dos serviços de inteligência, o presidente do Capítulo Brasil da Associação Internacional de Analistas de Inteligência de Segurança Pública, o professor Denílson Feitoza, lembrou que o Brasil possui uma das maiores reservas de água doce no mundo e que, até 2050, 45% da população mundial terá menos água do que o necessário para viver. Ele questionou até quando o mundo vai aceitar que o Brasil permita a contaminação de seus mananciais.
- Acabamos de ver uma operação encoberta dos Estados Unidos no Paquistão para matar Osama Bin Laden. Este é um recado profundo. No mundo realista, se chegar momento de se atuar no Brasil, isso será feito – advertiu Feitoza.
Se os serviços de inteligência brasileiros não foram capazes de antecipar as tendências políticas no Oriente Médio, advertiu o professor argentino José Manuel Ugarte, da Universidade de Buenos Aires, nenhum outro serviço de inteligência da América Latina poderia fazê-lo. Isto porque, como observou, esses serviços têm dado prioridade ao que ocorre dentro das fronteiras de cada país.
- Todo país latino-americano que decide ter presença internacional deverá desenvolver capacidades de inteligência no exterior. Praticamente não há país que ocupe um lugar importante que não desenvolva capacidade de inteligência no exterior – afirmou Ugarte.
Ao abordar a incapacidade dos serviços de inteligência em prever a crise política no Norte da África e no Oriente Médio, o professor Eugênio Diniz, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais, lembrou que a insatisfação social na região já havia sido detectada. Ele recordou, porém, que as mudanças, quando ocorrem, são muito aceleradas.
- Mesmo nos melhores casos, existe uma limitação. A informação obtida é, ela mesma, cheia de incertezas. É possível antecipar algumas possibilidades de resposta, mas antecipar quando algo vai ocorrer não é possível na imensa maioria dos casos.
Na opinião do consultor legislativo Joanisval Gonçalves, do Senado Federal, falta ao país uma cultura na área de inteligência. Ele defendeu o controle externo e uma nova regulamentação legal dos serviços de inteligência. O Brasil vem alcançando posições de destaque, lembrou, e pode ser alvo de serviços de outros Estados. Ele observou ainda que grandes eventos ocorrerão no país nos próximos anos, como a conferência Rio+20, a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos.
- Estamos preparados para isso? Ainda que não fôssemos alvo de possíveis atentados terroristas, receberemos delegações de vários países que o são – alertou.
Ao comentar a sua decisão de extinguir o então Serviço Nacional de Informações (SNI), quando era presidente da República, o senador Fernando Collor (PTB-AL), presidente da comissão, lembrou uma frase do ex-ministro Golbery do Couto e Silva, segundo a qual ele havia “criado um monstro”.
- Quando decidi extinguir o SNI, nada tinha contra os profissionais, mas sim contra a forma distorcida como o serviço era feito – afirmou.
O senador Luis Henrique (PMDB-SC) pediu que os serviços de inteligência brasileiros dediquem-se à defesa da atividade econômica do país. Ele citou o exemplo do setor têxtil, que emprega 18,5 milhões de pessoas no Brasil. E informou que o setor enfrenta uma “drástica redução de atividade” porque não se previu a redução de plantio de algodão em alguns países, que gerou uma redução da oferta e a elevação do preço do produto em 150% em apenas um ano.
Por sua vez, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse que o Brasil precisa superar o que chamou de “complexo do SNI”, em uma referência à ligação da imagem do antigo Sistema Nacional de Informações com o regime militar.
Fonte: Agência Senado
0 comentários:
Postar um comentário