sábado, 2 de abril de 2011

Gaddafi rejeita condições de rebeldes para cessar-fogo

O governo líbio rejeitou nesta sexta-feira as condições impostas pelos rebeldes para um cessar-fogo, alegando que as tropas líbias não deixarão as cidades ocupadas, como exigido pela oposição.

"Estão nos pedindo para sair das nossas próprias cidades... Se isso não é loucura, não sei o que é. Não vamos deixar as nossas cidades", disse o porta-voz do governo Mussa Ibrahim.

Mais cedo, o líder opositor líbio Mustafa Abdul-Jalil havia dito que a oposição do país aceitaria um cessar-fogo pela ONU se Kadafi retirar todas suas forças de todas as cidades e permitir protestos pacíficos.

A declaração foi feita por Abdul-Jalil ao lado enviado da ONU Abdelilah Al-Khatib, que visita o reduto rebelde de Benghazi (epicentro dos protestos iniciados em 15 de fevereiro) na esperança de alcançar um cessar-fogo e uma solução política para a crise do país norte-africano.

Abdul-Jalil havia dito que a condição dos rebeldes para um cessar-fogo é "as brigadas e as forças de Kadafi se retirarem de dentro e fora das cidades líbias para dar liberdade à população de escolher, e o mundo verá que escolheram a liberdade".

Combates

Na madrugada desta sexta-feira, tiros de armas pesadas e automáticas foram ouvidos no centro de Trípoli, capital da Líbia, segundo testemunhas. Não ficou claro o que causou o tiroteio, que durou cerca de 20 minutos e parou antes de amanhecer. Carros aceleravam pelas ruas centrais de Trípoli. A capital é o principal reduto do líder líbio e seu complexo fortificado Bab al-Aziziyah fica no centro da cidade litorânea.

Também nesta sexta-feira, os combates entre as tropas de Kadafi e os milicianos continuaram nas imediações de Brega, 225 quilômetros a oeste de Benghazi, disse o porta-voz militar dos rebeldes, coronel Ahmad Omar Bany. "Os confrontos continuam ao redor de Brega. As tropas de Kadafi se encontram no oeste da cidade, a cerca de 30 quilômetros", afirmou.

Forças de Kadafi atacaram a posição dos rebeldes na cidade de Misrata, no oeste da Líbia, com tanques e artilharia, disse um porta-voz dos rebeldes. Rebeldes de Misrata, último enclave dos insurgentes no oeste, afirmaram que as forças de Kadafi levaram para a área seu maior poder de fogo pra tentar retirá-los por meio de intenso bombardeio.

Nos últimos dois dias, os rebeldes mudaram de estratégia para enfrentar as forças leais ao dirigente líbio ao posicionar os membros do Exército na primeira linha de batalha e, na segunda, as milícias de voluntários.

Durante a quinta-feira, as tropas de Kadafi bombardearam as posições rebeldes com mísseis Grad e foguetes Katyusha. Enquanto isso, a maior parte dos habitantes da vizinha Ajdabiya, a 65 quilômetros a leste de Brega, fugiram da cidade por temer novos ataques das tropas de Kadafi.

Autoridades do Pentágono disseram nesta sexta-feira que o Exército americano está a ponto de retirar seus aviões de combate e seus mísseis Tomahawks utilizados na ofensiva aérea contra as forças líbias, no momento em que a Otan assume o comando das operações. O Exército americano passará a fornecer aviões destinados a efetuar abastecimentos em voo e realizará missões de monitoramento. "Vamos nos concentrar em missões de apoio e não mais de ataques", explicou uma autoridade do Pentágono à agência France Presse.

Caso Lockerbie

Parentes das vítimas do atentado de Lockerbie contra um avião da companhia americana Pan Am exigiram que seja levado à Justiça o ex-ministro das Relações Exteriores líbio Moussa Koussa, que na quarta-feira anunciou em Londres seu abandono voluntário do regime líbio.

A imprensa britânica informou nesta sexta-feira que pouco após a divulgação do desligamento de Koussa a promotoria escocesa comunicou o governo central de sua intenção de interrogar o chanceler, que também foi durante muito tempo chefe da espionagem exterior líbia, por trás do atentado lançado em 1988 no espaço aéreo escocês, que deixou 270 mortos.

Jim Swire, que perdeu uma filha em Lockerbie, declarou que, se a Líbia esteve envolvida no atentado, Koussa poderá explicar como aconteceu a ação e por quê. Já Mahmoud Shamam, ministro da Informação do conselho rebelde, disse ao diário The Times que Kussa deve responder na Justiça por ter estado à frente dos serviços de inteligência entre 1994 e 2009.

Segundo o porta-voz dos rebeldes Mustafa Gheriani, Koussa está envolvido nos assassinatos de figuras da oposição a Kadafi que viviam fora do país e na brutal repressão interna. O ex-chanceler teve um papel muito importante na negociação do pagamento por parte da Líbia de uma compensação multimilionária aos familiares das vítimas de Lockerbie e do fim do programa de "armas de destruição em massa" do país africano.

Também foi peça-chave na libertação do líbio Abdelbaset al-Megrahi, condenado à prisão perpétua pelo atentado de Lockerbie e posto em liberdade pela Justiça escocesa por razões humanitárias depois de ter sido diagnosticado com um câncer de próstata em fase terminal.

A estada de Koussa em Londres causa desconforto ao governo do primeiro-ministro David Cameron, que afirmou na quinta-feira que não concedera imunidade diplomática a ele em troca de sua deserção.

O conservador diário "Daily Mail" questiona nesta sexta-feira em sua primeira página: "Por que oferecemos um santuário a esse assassino?". O tabloide o acusa de ser o cérebro por trás do atentado de Lockerbie e afirma que muitos deputados estão furiosos por seu apoio aos terroristas do IRA, aos quais os serviços líbios forneceram o explosivo Semtex nas décadas de 70 e 80.

O chanceler líbio, que chegou ao Reino Unido desde a Tunísia em um avião privado, encontra-se, segundo a imprensa, em um local seguro nos arredores de Londres, onde está sendo interrogado por funcionários do governo britânico.

Fonte: Último Segundo
Share this article :

0 comentários:

Postar um comentário

 

GBN Defense - A informação começa aqui Copyright © 2012 Template Designed by BTDesigner · Powered by Blogger