Os países árabes se mostram reticentes à ideia de uma intervenção militar do Ocidente na Líbia, traumatizados com as experiências recentes pouco alentadoras na região, segundo especialistas.
Os analistas do Golfo advertem para o risco de que uma intervenção estrangeira reavive em alguns círculos árabes o entusiasmo pela guerra contra o invasor estrangeiro - a Jihad -, um dos deveres do Islã.
"É muito cedo", explicou à AFP Mustafá Alani, analista do Dubai Research center. "Os países árabes pensam que é muito cedo para falar de uma intervenção militar".
"O regime de Muamar Kadhafi pode cair, começou a contagem regressiva. E uma intervenção não faria mais do que complicar as coisas", garante.
A Liga Árabe se pronunciou contra uma intervenção militar, e embora esta posição não seja equivalente a um veto, não deixa de ser uma afirmação de princípios bastante clara.
Neste sentido, nesta quinta-feira a Liga Árabe disse que "estuda" a proposta do presidente venezuelano, Hugo Chávez, de uma mediação internacional para encontrar uma solução pacífica para a crise do país norte-africano.
Para Jamil Mroué, jornalista e analista radicado em Abu Dhabi, esta desconfiança ante uma intervenção ocidental se expande igualmente aos responsáveis da oposição líbia que animam o movimento.
"Os revolucionários temem a incompetência do Ocidente", assegyra Mroué à AFP. "Estas pessoas (os ocidentais) fracassaram no Iraque e Afeganistão, e podem voltar a fracassar. E os líbios têm medo de que a revolução se transforme em uma guerra civil e a guerra de civil sirva de palco para os islamitas".
O certo é que "os revolucionários líbios estão enfrentando um dilema: 'Como podemos deter este louco?', se perguntam, mas não têm confiança alguma na possibilidade de detê-lo com a ajuda de uma intervenção internacional", acrescenta.
Alani, por sua vez, explica que "Kadhafi poderia sobreviver" e que uma intervenção militar como a que ocorreu no Iraque e Afeganistão mobilizaria os jihadistas, que consideram o Ocidente o inimigo a derrubar. "Queremos ver este cenário na Líbia?", se pergunta.
Na memória coletiva dos árabes e nas reflexões dos governos da região há gravados vários casos de recentes intervenções militares com resultados duvidosos.
A invasão dos Estados Unidos no Iraque em março de 2003, sem a aprovação da ONU, provocou um período de desordens civis que custou a vida de dezenas de milhares de iraquianos.
Antes da ação decisiva contra Saddam Hussein, três países ocidentais mantiveram durante anos uma zona de exclusão aérea sobre o Iraque, sem a autorização explícita do Conselho de Segurança da ONU.
"Tinham que enfrentar um desastre humanitário", explicou Alani para justificar a decisão dos Estados Unidos, Grã-Bretanha e França de mandar missões ao Kurdistão (norte) e ao sul xiita do Iraque.
O objetivo era proteger as populações que estavam na mira de Saddam Hussein após a guerra do Golfo em 1991. Mas estas missões permitiram a destruição sistemática das forças aéreas e de defesa antiaéreas iraquianas, já prejudicadas durante o conflito.
"A experiência iraquiana", insiste Ibrahim Sharqieh, diretor adjunto do instituto Brookings, em Doha, serve de advertência "porque foi mal realizada e provocou muitas vítimas".
Além disso, os árabes mostram-se desconfiados porque o mandato e os limites de uma eventual intervenção na Líbia estão mal definidos e "ninguém pode garantir as consequências". "Poderia ser totalmente contraproducente e reforçar Kadhafi", adverte este especialista em uma entrevista à AFP.
Neste contexto de incerteza, Sharqieh aconselha a implementação de uma diplomacia árabe mais ativa e pede paciência. "Teremos semanas de crise frente a nós. O status quo irá prevalecer".
Fonte: AFP
Os analistas do Golfo advertem para o risco de que uma intervenção estrangeira reavive em alguns círculos árabes o entusiasmo pela guerra contra o invasor estrangeiro - a Jihad -, um dos deveres do Islã.
"É muito cedo", explicou à AFP Mustafá Alani, analista do Dubai Research center. "Os países árabes pensam que é muito cedo para falar de uma intervenção militar".
"O regime de Muamar Kadhafi pode cair, começou a contagem regressiva. E uma intervenção não faria mais do que complicar as coisas", garante.
A Liga Árabe se pronunciou contra uma intervenção militar, e embora esta posição não seja equivalente a um veto, não deixa de ser uma afirmação de princípios bastante clara.
Neste sentido, nesta quinta-feira a Liga Árabe disse que "estuda" a proposta do presidente venezuelano, Hugo Chávez, de uma mediação internacional para encontrar uma solução pacífica para a crise do país norte-africano.
Para Jamil Mroué, jornalista e analista radicado em Abu Dhabi, esta desconfiança ante uma intervenção ocidental se expande igualmente aos responsáveis da oposição líbia que animam o movimento.
"Os revolucionários temem a incompetência do Ocidente", assegyra Mroué à AFP. "Estas pessoas (os ocidentais) fracassaram no Iraque e Afeganistão, e podem voltar a fracassar. E os líbios têm medo de que a revolução se transforme em uma guerra civil e a guerra de civil sirva de palco para os islamitas".
O certo é que "os revolucionários líbios estão enfrentando um dilema: 'Como podemos deter este louco?', se perguntam, mas não têm confiança alguma na possibilidade de detê-lo com a ajuda de uma intervenção internacional", acrescenta.
Alani, por sua vez, explica que "Kadhafi poderia sobreviver" e que uma intervenção militar como a que ocorreu no Iraque e Afeganistão mobilizaria os jihadistas, que consideram o Ocidente o inimigo a derrubar. "Queremos ver este cenário na Líbia?", se pergunta.
Na memória coletiva dos árabes e nas reflexões dos governos da região há gravados vários casos de recentes intervenções militares com resultados duvidosos.
A invasão dos Estados Unidos no Iraque em março de 2003, sem a aprovação da ONU, provocou um período de desordens civis que custou a vida de dezenas de milhares de iraquianos.
Antes da ação decisiva contra Saddam Hussein, três países ocidentais mantiveram durante anos uma zona de exclusão aérea sobre o Iraque, sem a autorização explícita do Conselho de Segurança da ONU.
"Tinham que enfrentar um desastre humanitário", explicou Alani para justificar a decisão dos Estados Unidos, Grã-Bretanha e França de mandar missões ao Kurdistão (norte) e ao sul xiita do Iraque.
O objetivo era proteger as populações que estavam na mira de Saddam Hussein após a guerra do Golfo em 1991. Mas estas missões permitiram a destruição sistemática das forças aéreas e de defesa antiaéreas iraquianas, já prejudicadas durante o conflito.
"A experiência iraquiana", insiste Ibrahim Sharqieh, diretor adjunto do instituto Brookings, em Doha, serve de advertência "porque foi mal realizada e provocou muitas vítimas".
Além disso, os árabes mostram-se desconfiados porque o mandato e os limites de uma eventual intervenção na Líbia estão mal definidos e "ninguém pode garantir as consequências". "Poderia ser totalmente contraproducente e reforçar Kadhafi", adverte este especialista em uma entrevista à AFP.
Neste contexto de incerteza, Sharqieh aconselha a implementação de uma diplomacia árabe mais ativa e pede paciência. "Teremos semanas de crise frente a nós. O status quo irá prevalecer".
Fonte: AFP
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