O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) autorizou na quinta-feira uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia e "todas as medidas necessárias" --código para ação militar-- para proteger os civis contra as forças do líder Muammar Gaddafi.
Dez dos 15 membros do Conselho votaram a favor da resolução. Brasil, China, Rússia, Índia e Alemanha se abstiveram. Não houve votos contra a medida, que foi elaborada por França, Grã-Bretanha, Líbano e Estados Unidos.
A adoção da resolução após dias de negociações a portas fechadas poderá aumentar drasticamente o envolvimento internacional no conflito que eclodiu no mês passado entre as forças leais a Gaddafi e os rebeldes que tentam derrubá-lo.
Uma fonte da diplomacia francesa disse a repórteres em Paris antes da votação na ONU que qualquer ação militar incluirá França e Grã-Bretanha, possivelmente os Estados Unidos e um ou mais países árabes.
"Uma vez votada a resolução, uma operação poderá começar dentro de horas", disse a fonte. Manifestantes contrários a Gaddafi na cidade de Benghazi comemoraram o resultado da votação com fogos de artifício, mostrou o canal Al Jazeera.
A França, que redigiu a versão final da resolução, pressionou o Conselho a agir rápido, alegando que, caso contrário, poderia ser tarde demais para impedir Gaddafi de acabar com seus opositores.
O chanceler francês, Alain Juppe, que foi para Nova York para estar presente na votação da ONU, disse a repórteres que "a França está pronta, com outros, para cumprir a resolução do Conselho de Segurança", sugerindo que isso poderia incluir ataques aéreos.
Além das medidas militares, a resolução também estende as sanções contra Gaddafi e seu círculo de autoridades impostas em 26 de fevereiro também por uma resolução do Conselho.
Entre as empresas líbias cujos bens devem ser congelados estão a Empresa Nacional de Petróleo e o Banco Central que, segundo a resolução, estariam "sob controle de (Gaddafi) e sua família" e seria "uma fonte potencial de financiamento de seu regime".
"TODAS AS MEDIDAS NECESSÁRIAS"
A resolução suspende todos os voos sobre a Líbia, exceto os voos de missões humanitárias.
O documento permite que países membros da ONU notifiquem a entidade e a Liga Árabe "para defender civis e áreas ocupadas por civis sob ameaça de ataque (na Líbia), assim como excluir as forças de ocupação estrangeiras de qualquer forma e de qualquer parte do território líbio".
A corrida liderada pelos franceses para conseguir a autorização na ONU da zona de exclusão aérea aconteceu no momento em que tropas líbias avançavam em direção ao reduto rebelde de Benghazi e lançavam ataques aéreos nos arredores da cidade.
O Conselho impôs uma área de restrição aérea na Bósnia nos anos 1990, embora alguns analistas digam que a medida não impediu o massacre de mais de 8 mil homens muçulmanos em Srebrenica, em 1995.
O ministro da Defesa líbio advertiu que qualquer ataque em seu país colocaria em risco o tráfego aéreo no mar Mediterrâneo. Gaddafi disse aos moradores de Benghazi em declaração no rádio que "estamos chegando nesta noite... não haverá qualquer misericórdia".
Um porta-voz do governo líbio, Mussa Ibrahim, afirmou que qualquer ação aprovada pela ONU "seria ilegal e imoral. É uma rebelião armada. Qualquer país teria lutado contra isso. Estão baseando sua decisão nos relatos da mídia".
Os Estados Unidos, numa mudança radical de posição, recentemente começou a pedir que a ONU autorizasse não apenas uma zona de exclusão aérea para ajudar os rebeldes líbios, mas também ataques aéreos contra tanques líbios e artilharia pesada, afirmaram autoridades norte-americanas.
Diplomatas disseram que entenderam que entre os membros da Liga Árabe, os Emirados Árabes Unidos e o Catar estavam preparados para participar do cumprimento da restrição aérea, juntamente à Arábia Saudita e à Jordânia.
Brasil diz que resolução da ONU pode aumentar tensão na Líbia
O Brasil se absteve na votação da resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre a situação na Líbia na quinta-feira e explicou que teme que as tensões se intensifiquem na região.
Dez dos 15 membros do Conselho da Organização das Nações Unidas votaram a favor da resolução, que autoriza uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia e "todas as medidas necessárias" --código para ação militar-- para proteger os civis contra as forças do líder Muammar Gaddafi.
Brasil, China, Rússia, Índia e Alemanha se abstiveram. Não houve votos contra a medida.
"Nosso voto de hoje não deve de maneira alguma ser interpretado como endosso do comportamento das autoridades líbias ou como negligência para com a necessidade de proteger a população civil e respeitarem-se os seus direitos", disse a representante permanente do Brasil junto à ONU, embaixadora Maria Luisa Viotti, segundo comunicado enviado pelo Itamaraty.
"Não estamos convencidos de que o uso da força como dispõe o parágrafo operativo 4 (OP4) da presente resolução levará à realização do nosso objetivo comum -- o fim imediato da violência e a proteção de civis."
A resolução suspende todos os voos sobre a Líbia, exceto os voos de missões humanitárias.
O documento permite que países membros da ONU notifiquem a entidade e a Liga Árabe "para defender civis e áreas ocupadas por civis sob ameaça de ataque (na Líbia), assim como excluir as forças de ocupação estrangeiras de qualquer forma e de qualquer parte do território líbio".
"Estamos também preocupados com a possibilidade de que tais medidas tenham os efeitos involuntários de exacerbar tensões no terreno e de fazer mais mal do que bem aos próprios civis com cuja proteção estamos comprometidos", disse a embaixadora brasileira.
"A proteção de civis, a garantia de uma solução duradoura e o atendimento das legítimas demandas do povo líbio exigem diplomacia e diálogo."
Desde o mês passado, a Líbia está envolvida numa crise política. Tropas do Exército líbio estão em confronto com opositores, que exigem o fim do regime de 41 anos de Gaddafi.
O Conselho de Segurança é composto por 15 membros, sendo 5 deles permanentes: Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Rússia e China. Neste ano, África do Sul, Alemanha, Bósnia, Brasil, Colômbia, Gabão, Índia, Líbano, Nigéria e Portugal também compõem a entidade.
Fonte: Reuters
Dez dos 15 membros do Conselho votaram a favor da resolução. Brasil, China, Rússia, Índia e Alemanha se abstiveram. Não houve votos contra a medida, que foi elaborada por França, Grã-Bretanha, Líbano e Estados Unidos.
A adoção da resolução após dias de negociações a portas fechadas poderá aumentar drasticamente o envolvimento internacional no conflito que eclodiu no mês passado entre as forças leais a Gaddafi e os rebeldes que tentam derrubá-lo.
Uma fonte da diplomacia francesa disse a repórteres em Paris antes da votação na ONU que qualquer ação militar incluirá França e Grã-Bretanha, possivelmente os Estados Unidos e um ou mais países árabes.
"Uma vez votada a resolução, uma operação poderá começar dentro de horas", disse a fonte. Manifestantes contrários a Gaddafi na cidade de Benghazi comemoraram o resultado da votação com fogos de artifício, mostrou o canal Al Jazeera.
A França, que redigiu a versão final da resolução, pressionou o Conselho a agir rápido, alegando que, caso contrário, poderia ser tarde demais para impedir Gaddafi de acabar com seus opositores.
O chanceler francês, Alain Juppe, que foi para Nova York para estar presente na votação da ONU, disse a repórteres que "a França está pronta, com outros, para cumprir a resolução do Conselho de Segurança", sugerindo que isso poderia incluir ataques aéreos.
Além das medidas militares, a resolução também estende as sanções contra Gaddafi e seu círculo de autoridades impostas em 26 de fevereiro também por uma resolução do Conselho.
Entre as empresas líbias cujos bens devem ser congelados estão a Empresa Nacional de Petróleo e o Banco Central que, segundo a resolução, estariam "sob controle de (Gaddafi) e sua família" e seria "uma fonte potencial de financiamento de seu regime".
"TODAS AS MEDIDAS NECESSÁRIAS"
A resolução suspende todos os voos sobre a Líbia, exceto os voos de missões humanitárias.
O documento permite que países membros da ONU notifiquem a entidade e a Liga Árabe "para defender civis e áreas ocupadas por civis sob ameaça de ataque (na Líbia), assim como excluir as forças de ocupação estrangeiras de qualquer forma e de qualquer parte do território líbio".
A corrida liderada pelos franceses para conseguir a autorização na ONU da zona de exclusão aérea aconteceu no momento em que tropas líbias avançavam em direção ao reduto rebelde de Benghazi e lançavam ataques aéreos nos arredores da cidade.
O Conselho impôs uma área de restrição aérea na Bósnia nos anos 1990, embora alguns analistas digam que a medida não impediu o massacre de mais de 8 mil homens muçulmanos em Srebrenica, em 1995.
O ministro da Defesa líbio advertiu que qualquer ataque em seu país colocaria em risco o tráfego aéreo no mar Mediterrâneo. Gaddafi disse aos moradores de Benghazi em declaração no rádio que "estamos chegando nesta noite... não haverá qualquer misericórdia".
Um porta-voz do governo líbio, Mussa Ibrahim, afirmou que qualquer ação aprovada pela ONU "seria ilegal e imoral. É uma rebelião armada. Qualquer país teria lutado contra isso. Estão baseando sua decisão nos relatos da mídia".
Os Estados Unidos, numa mudança radical de posição, recentemente começou a pedir que a ONU autorizasse não apenas uma zona de exclusão aérea para ajudar os rebeldes líbios, mas também ataques aéreos contra tanques líbios e artilharia pesada, afirmaram autoridades norte-americanas.
Diplomatas disseram que entenderam que entre os membros da Liga Árabe, os Emirados Árabes Unidos e o Catar estavam preparados para participar do cumprimento da restrição aérea, juntamente à Arábia Saudita e à Jordânia.
Brasil diz que resolução da ONU pode aumentar tensão na Líbia
O Brasil se absteve na votação da resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre a situação na Líbia na quinta-feira e explicou que teme que as tensões se intensifiquem na região.
Dez dos 15 membros do Conselho da Organização das Nações Unidas votaram a favor da resolução, que autoriza uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia e "todas as medidas necessárias" --código para ação militar-- para proteger os civis contra as forças do líder Muammar Gaddafi.
Brasil, China, Rússia, Índia e Alemanha se abstiveram. Não houve votos contra a medida.
"Nosso voto de hoje não deve de maneira alguma ser interpretado como endosso do comportamento das autoridades líbias ou como negligência para com a necessidade de proteger a população civil e respeitarem-se os seus direitos", disse a representante permanente do Brasil junto à ONU, embaixadora Maria Luisa Viotti, segundo comunicado enviado pelo Itamaraty.
"Não estamos convencidos de que o uso da força como dispõe o parágrafo operativo 4 (OP4) da presente resolução levará à realização do nosso objetivo comum -- o fim imediato da violência e a proteção de civis."
A resolução suspende todos os voos sobre a Líbia, exceto os voos de missões humanitárias.
O documento permite que países membros da ONU notifiquem a entidade e a Liga Árabe "para defender civis e áreas ocupadas por civis sob ameaça de ataque (na Líbia), assim como excluir as forças de ocupação estrangeiras de qualquer forma e de qualquer parte do território líbio".
"Estamos também preocupados com a possibilidade de que tais medidas tenham os efeitos involuntários de exacerbar tensões no terreno e de fazer mais mal do que bem aos próprios civis com cuja proteção estamos comprometidos", disse a embaixadora brasileira.
"A proteção de civis, a garantia de uma solução duradoura e o atendimento das legítimas demandas do povo líbio exigem diplomacia e diálogo."
Desde o mês passado, a Líbia está envolvida numa crise política. Tropas do Exército líbio estão em confronto com opositores, que exigem o fim do regime de 41 anos de Gaddafi.
O Conselho de Segurança é composto por 15 membros, sendo 5 deles permanentes: Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Rússia e China. Neste ano, África do Sul, Alemanha, Bósnia, Brasil, Colômbia, Gabão, Índia, Líbano, Nigéria e Portugal também compõem a entidade.
Fonte: Reuters
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