Se a visita do presidente Barack Obama ao Brasil interessa economicamente aos Estados Unidos, Dilma Rousseff ganha destaque como líder da América Latina.
Sob o verniz de um show midiático que Barack Obama protagoniza durante sua passagem pelo Brasil, está um presidente sedutor aos olhos do mundo, mas acuado em seu próprio governo. Ele sustentará a reaproximação bilateral mais pela oratória do que por acordos concretos.
"De ganhos reais e imediatos, a visita de Obama não nos traz nada", avalia Vírgílio Arraes, professor da Universidade de Brasília.
Diante do descompasso nos objetivos de cada país, a viagem alça Dilma a um protagonismo que ela pouco tem se dedicado a exercer: o de principal chefe de Estado da América Latina. Embora tenha determinado um redirecionamento na política externa, Dilma fez uma única viagem internacional em quase três meses de governo. O destino foi a Argentina, país que ficou de fora do roteiro de Obama por conta da retórica antiamericana da presidente Cristina Kirchner.
As divergências políticas com o Brasil por conta da deposição do ex-presidente Manuel Zelaia em Honduras e do flerte de Lula com o Irã afastaram a Casa Branca do Planalto. A relação que se iniciara com Obama chamando Lula de “o cara” durante uma reunião do G-20 na Europa esfriou. No mesmo período, a perda do status de principal parceiro econômico do Brasil distanciou ainda mais os dois presidentes.
Para o jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva, membro do grupo de análise de conjuntura internacional da USP, o giro pelo Brasil demonstra a satisfação da Casa Branca com a posição firme de Dilma em condenar o tratamento aos direitos humanos no Irã e sinaliza o otimismo com o qual os EUA veem o Brasil após a troca de comando no Planalto. Além de intensificar as relações diplomáticas, há uma necessidade de Obama de garantir acesso às reservas brasileiras de pré-sal.
Na visão brasileira, a possibilidade de venda de petróleo representa uma janela para o equilíbrio da relação comercial com os EUA, desde 2009 deficitária. O Planalto sabe que Obama deseja mesmo é ampliar as exportações. Há um interesse especial na venda dos caças F-18 para a Aeronáutica e nos bilhões de dólares reservados para a infraestrutura da Copa e das Olimpíadas.
"O pré-sal pode ser moeda de troca para ganhar espaço em setores industriais e tecnológicos", diz Daniela Prates, professora da Unicamp.
"O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil."
JURACY MAGALHÃES, ao assumir o cargo de embaixador do Brasil em Washington, em 1964. A frase entrou para a história como símbolo de uma época em que não era usual contestar as relações e intenções dos norte-americanos com os brasileiros.
O cenário hoje é bem diferente. A grande potência mundial já não é tão soberana assim, o Brasil respira ares democráticos e, junto com outras nações emergentes, ganha o respeito dos EUA e de outros “ricos”. Agora já é possível debater se o protecionismo agrícola americano é bom para o Brasil, se o Brasil deve comprar os caças dos Estados Unidos e qual deve ser a contrapartida para o país de Obama se valer de riquezas brasileiras como o pré-sal.
"Podemos usar o pré-sal como moeda de troca para ganhar espaço em setores industriais e tecnológicos. O problema é que a maioria republicana no Congresso defende interesses de setores nos quais o Brasil é competitivo."
Fonte: Diário Catarinense via Notimp
Sob o verniz de um show midiático que Barack Obama protagoniza durante sua passagem pelo Brasil, está um presidente sedutor aos olhos do mundo, mas acuado em seu próprio governo. Ele sustentará a reaproximação bilateral mais pela oratória do que por acordos concretos.
"De ganhos reais e imediatos, a visita de Obama não nos traz nada", avalia Vírgílio Arraes, professor da Universidade de Brasília.
Diante do descompasso nos objetivos de cada país, a viagem alça Dilma a um protagonismo que ela pouco tem se dedicado a exercer: o de principal chefe de Estado da América Latina. Embora tenha determinado um redirecionamento na política externa, Dilma fez uma única viagem internacional em quase três meses de governo. O destino foi a Argentina, país que ficou de fora do roteiro de Obama por conta da retórica antiamericana da presidente Cristina Kirchner.
As divergências políticas com o Brasil por conta da deposição do ex-presidente Manuel Zelaia em Honduras e do flerte de Lula com o Irã afastaram a Casa Branca do Planalto. A relação que se iniciara com Obama chamando Lula de “o cara” durante uma reunião do G-20 na Europa esfriou. No mesmo período, a perda do status de principal parceiro econômico do Brasil distanciou ainda mais os dois presidentes.
Para o jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva, membro do grupo de análise de conjuntura internacional da USP, o giro pelo Brasil demonstra a satisfação da Casa Branca com a posição firme de Dilma em condenar o tratamento aos direitos humanos no Irã e sinaliza o otimismo com o qual os EUA veem o Brasil após a troca de comando no Planalto. Além de intensificar as relações diplomáticas, há uma necessidade de Obama de garantir acesso às reservas brasileiras de pré-sal.
Na visão brasileira, a possibilidade de venda de petróleo representa uma janela para o equilíbrio da relação comercial com os EUA, desde 2009 deficitária. O Planalto sabe que Obama deseja mesmo é ampliar as exportações. Há um interesse especial na venda dos caças F-18 para a Aeronáutica e nos bilhões de dólares reservados para a infraestrutura da Copa e das Olimpíadas.
"O pré-sal pode ser moeda de troca para ganhar espaço em setores industriais e tecnológicos", diz Daniela Prates, professora da Unicamp.
"O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil."
JURACY MAGALHÃES, ao assumir o cargo de embaixador do Brasil em Washington, em 1964. A frase entrou para a história como símbolo de uma época em que não era usual contestar as relações e intenções dos norte-americanos com os brasileiros.
O cenário hoje é bem diferente. A grande potência mundial já não é tão soberana assim, o Brasil respira ares democráticos e, junto com outras nações emergentes, ganha o respeito dos EUA e de outros “ricos”. Agora já é possível debater se o protecionismo agrícola americano é bom para o Brasil, se o Brasil deve comprar os caças dos Estados Unidos e qual deve ser a contrapartida para o país de Obama se valer de riquezas brasileiras como o pré-sal.
"Podemos usar o pré-sal como moeda de troca para ganhar espaço em setores industriais e tecnológicos. O problema é que a maioria republicana no Congresso defende interesses de setores nos quais o Brasil é competitivo."
Fonte: Diário Catarinense via Notimp
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