Depois de analisar explosões nucleares, climatologistas reunidos nos EUA concluíram que sentem saudades dos bons tempos da Guerra Fria, quando o mundo corria menos risco de sofrer milhões de mortes em função das consequências climáticas da guerra nuclear.
Não é piada. A questão é que desde 1983, quando o grande físico americano Carl Sagan e colegas publicaram um artigo na “Science”, sabe-se bem qual seria o efeito de uma guerra atômica entre grandes potências: um grave inverno nuclear.
Mas não havia, na época, capacidade computacional para modelar direito os efeitos de brigas nucleares menores, entre países com meia dúzia de bombas cada um.
Não havia nem muita preocupação em saber isso: a Índia já avançava com as suas bombas, mas o Paquistão e a Coreia do Norte, por exemplo, ainda estavam muito longe de fazer testes nucleares. Além disso, ninguém imaginava que a União Soviética fosse se desmantelar, perdendo o controle sobre parte de suas armas.
Alan Robock, da Universidade Rutgers, e Michael Mills, do Laboratório de Física Espacial e Atmosférica dos EUA, responderam agora a essa questão. Eles simularam guerras entre a Índia e o Paquistão e no Oriente Médio, onde Israel supostamente tem armas nucleares e o Irã tem pretensão de tê-las.
“Usariam apenas 0,03% do poder explosivo do arsenal nuclear global”, diz Robock. Seria algo equivalente a 50 bombas de Hiroshima (cujo poder destrutivo hoje é considerado pequeno).
Além dos milhões que morreriam instantaneamente, o cenário pós-guerra seria de caos, mesmo em lugares muito distantes do conflito. As bombas levantariam uns 5 milhões de toneladas de fumaça preta e densa.
A circulação global do ar espalharia essa fumaça toda. Em cinco dias, o Egito já estaria “eclipsado” por ela, e a massa escura invadiria a Europa. Em nove dias, a fumaça cobriria o Brasil.
A fumaça acabaria se acomodando em regiões elevadas da atmosfera, acima das nuvens de chuva. Ficaria lá por pelo menos uma década, até começar a desaparecer.
A temperatura média cairia 1,25°C. Pode parecer pouco, mas isso seria a menor temperatura nos últimos mil anos. Como o aquecimento global está mostrando, modificações de frações de grau podem ter grandes consequências, e esfriar é tão ruim quanto esquentar.
Com o planeta ficando mais frio, a evaporação da água diminuiria, e menos chuva e menos luz solar criariam problemas na agricultura e na economia –e fome.
Ou seja, em vez de o mundo depender da responsabilidade de dois ou três países para evitar uma desgraça, como era nos anos 1960, agora é necessário confiar na estabilidade de nove governos.
A coisa até melhorou em relação aos anos 1990, quando Belarus, Cazaquistão e Ucrânia devolveram à Rússia as armas que tinham herdado dos soviéticos. Por outro lado, há hoje 20 países enriquecendo urânio em larga escala, ainda que sem bombas.
O trabalho foi apresentado durante a reunião da AAAS (Associação Americana para o Avanço da Ciência).
Fonte: Folha
Não é piada. A questão é que desde 1983, quando o grande físico americano Carl Sagan e colegas publicaram um artigo na “Science”, sabe-se bem qual seria o efeito de uma guerra atômica entre grandes potências: um grave inverno nuclear.
Mas não havia, na época, capacidade computacional para modelar direito os efeitos de brigas nucleares menores, entre países com meia dúzia de bombas cada um.
Não havia nem muita preocupação em saber isso: a Índia já avançava com as suas bombas, mas o Paquistão e a Coreia do Norte, por exemplo, ainda estavam muito longe de fazer testes nucleares. Além disso, ninguém imaginava que a União Soviética fosse se desmantelar, perdendo o controle sobre parte de suas armas.
Alan Robock, da Universidade Rutgers, e Michael Mills, do Laboratório de Física Espacial e Atmosférica dos EUA, responderam agora a essa questão. Eles simularam guerras entre a Índia e o Paquistão e no Oriente Médio, onde Israel supostamente tem armas nucleares e o Irã tem pretensão de tê-las.
“Usariam apenas 0,03% do poder explosivo do arsenal nuclear global”, diz Robock. Seria algo equivalente a 50 bombas de Hiroshima (cujo poder destrutivo hoje é considerado pequeno).
Além dos milhões que morreriam instantaneamente, o cenário pós-guerra seria de caos, mesmo em lugares muito distantes do conflito. As bombas levantariam uns 5 milhões de toneladas de fumaça preta e densa.
A circulação global do ar espalharia essa fumaça toda. Em cinco dias, o Egito já estaria “eclipsado” por ela, e a massa escura invadiria a Europa. Em nove dias, a fumaça cobriria o Brasil.
A fumaça acabaria se acomodando em regiões elevadas da atmosfera, acima das nuvens de chuva. Ficaria lá por pelo menos uma década, até começar a desaparecer.
A temperatura média cairia 1,25°C. Pode parecer pouco, mas isso seria a menor temperatura nos últimos mil anos. Como o aquecimento global está mostrando, modificações de frações de grau podem ter grandes consequências, e esfriar é tão ruim quanto esquentar.
Com o planeta ficando mais frio, a evaporação da água diminuiria, e menos chuva e menos luz solar criariam problemas na agricultura e na economia –e fome.
Ou seja, em vez de o mundo depender da responsabilidade de dois ou três países para evitar uma desgraça, como era nos anos 1960, agora é necessário confiar na estabilidade de nove governos.
A coisa até melhorou em relação aos anos 1990, quando Belarus, Cazaquistão e Ucrânia devolveram à Rússia as armas que tinham herdado dos soviéticos. Por outro lado, há hoje 20 países enriquecendo urânio em larga escala, ainda que sem bombas.
O trabalho foi apresentado durante a reunião da AAAS (Associação Americana para o Avanço da Ciência).
Fonte: Folha
seria o fim dos seres vivos na terra.....
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