Vinte e oito dias após Mohamed Bouazizi ter ateado fogo ao próprio corpo, e com isso detonado a revolta na Tunísia, o presidente Zine al-Abidine Ben Ali fugiu para o exílio na Arábia Saudita.
Foram necessários apenas 18 dias de protestos nas ruas para forçar o presidente Hosni Mubarak a deixar o poder no Egito e fugir para o balneário de Sharm el-Sheikh, no Mar Vermelho.
Na Líbia, o coronel Muamar Khadafi prometeu "lutar até a última bala".
Os rebeldes, que agora sentiram o gosto da liberdade, estão igualmente determinados - ainda que drasticamente menos bem armados.
"Acho que vai ser uma batalha longa", diz o professo George Joffe, especialista em Líbia do Centro de Estudos Internacionais em Cambridge. "E não vai ser bonita", vaticina ele.
Até o momento, a Líbia é uma terra dividida. Uma rachadura corre através do país, entre a metade oeste da Líbia, controlada em grande parte por Khadafi, e a parte leste, que se revoltou em primeiro lugar contra ele, no mês passado.
A linha de frente da batalha no leste muda aqui e acolá ao longo da estrada costeira que corre pelo país - grande e rico em petróleo. Mas, em grande parte, a linha de frente se encaixa em uma divisão que tem raízes na História líbia.
Divisões históricas
A bandeira que agora tremula no leste - e em áreas do oeste sob controle da oposição - é a da monarquia. O rei Idris, que foi derrubado por Khadafi em 1969, vem da região leste da Cirenaica. Nos tempos romanos, a Líbia estava dividia entre a Cirenaica, no leste, Tripolitânia, no oeste, assim como por Fezzan, no Sul.
O povo originalmente nômade da Cirenaica tem uma história de rebeliões. E as políticas implementadas por Khadafi fomentaram seu ressentimento.
"Khadafi conseguiu antagonizar com o povo da Cirenaica ao negligenciar a região", diz Joffe.
Mas, a longo prazo, segundo o professor, a Líbia não deve permanecer dividida. "Todos agora se sentem líbios", diz ele. "Os líbios não querem um país dividido e Khadafi não vai tolerar isso. Acho que, no fim, vai haver um golpe interno contra ele".
Por enquanto, Khadafi luta com todas as forças contra os rebeldes. Mas Richard Dowden, autor e diretor da Royal African Society, não acredita que o conflito na Líbia se encaixe no padrão de outras guerras civis africanas.
"A idéia de uma guerra civil prolongada como a que existe no Congo parece improvável, por conta do território do país", diz ele. "A Líbia é (feita de) áreas urbanas e deserto, não há onde se esconder. Então é uma equação simples. Quanto poder de fogo você tem?"
Ou o quanto você está preparado para usar? Khadafi não mobilizou todo poder de suas forças armadas. Mas o ataque a Zawiya, a oeste de Trípoli, marca uma escalada significativa de seu contra-ataque. No leste, ele também vai querer garantir que a cidade portuária petrolífera de Ras Lanuf esteja firmemente sob controle do governo.
"O petróleo é chave, porque gera todas as divisas que a Líbia tem", diz Joffe.
"Ras Lanuf é um dos principais pontos de carregamento, então controla quem tem o dinheiro do petróleo. Mas acho que o regime tem recursos suficientes para se manter por alguns meses".
À medida que a comunidade internacional tenta resolver sobre como responder à crise, Joffe alerta que "não há boas opções" para uma intervenção.
Fonte: BBC Brasil
Foram necessários apenas 18 dias de protestos nas ruas para forçar o presidente Hosni Mubarak a deixar o poder no Egito e fugir para o balneário de Sharm el-Sheikh, no Mar Vermelho.
Na Líbia, o coronel Muamar Khadafi prometeu "lutar até a última bala".
Os rebeldes, que agora sentiram o gosto da liberdade, estão igualmente determinados - ainda que drasticamente menos bem armados.
"Acho que vai ser uma batalha longa", diz o professo George Joffe, especialista em Líbia do Centro de Estudos Internacionais em Cambridge. "E não vai ser bonita", vaticina ele.
Até o momento, a Líbia é uma terra dividida. Uma rachadura corre através do país, entre a metade oeste da Líbia, controlada em grande parte por Khadafi, e a parte leste, que se revoltou em primeiro lugar contra ele, no mês passado.
A linha de frente da batalha no leste muda aqui e acolá ao longo da estrada costeira que corre pelo país - grande e rico em petróleo. Mas, em grande parte, a linha de frente se encaixa em uma divisão que tem raízes na História líbia.
Divisões históricas
A bandeira que agora tremula no leste - e em áreas do oeste sob controle da oposição - é a da monarquia. O rei Idris, que foi derrubado por Khadafi em 1969, vem da região leste da Cirenaica. Nos tempos romanos, a Líbia estava dividia entre a Cirenaica, no leste, Tripolitânia, no oeste, assim como por Fezzan, no Sul.
O povo originalmente nômade da Cirenaica tem uma história de rebeliões. E as políticas implementadas por Khadafi fomentaram seu ressentimento.
"Khadafi conseguiu antagonizar com o povo da Cirenaica ao negligenciar a região", diz Joffe.
Mas, a longo prazo, segundo o professor, a Líbia não deve permanecer dividida. "Todos agora se sentem líbios", diz ele. "Os líbios não querem um país dividido e Khadafi não vai tolerar isso. Acho que, no fim, vai haver um golpe interno contra ele".
Por enquanto, Khadafi luta com todas as forças contra os rebeldes. Mas Richard Dowden, autor e diretor da Royal African Society, não acredita que o conflito na Líbia se encaixe no padrão de outras guerras civis africanas.
"A idéia de uma guerra civil prolongada como a que existe no Congo parece improvável, por conta do território do país", diz ele. "A Líbia é (feita de) áreas urbanas e deserto, não há onde se esconder. Então é uma equação simples. Quanto poder de fogo você tem?"
Ou o quanto você está preparado para usar? Khadafi não mobilizou todo poder de suas forças armadas. Mas o ataque a Zawiya, a oeste de Trípoli, marca uma escalada significativa de seu contra-ataque. No leste, ele também vai querer garantir que a cidade portuária petrolífera de Ras Lanuf esteja firmemente sob controle do governo.
"O petróleo é chave, porque gera todas as divisas que a Líbia tem", diz Joffe.
"Ras Lanuf é um dos principais pontos de carregamento, então controla quem tem o dinheiro do petróleo. Mas acho que o regime tem recursos suficientes para se manter por alguns meses".
À medida que a comunidade internacional tenta resolver sobre como responder à crise, Joffe alerta que "não há boas opções" para uma intervenção.
Fonte: BBC Brasil
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