quarta-feira, 2 de março de 2011

Analistas criticam adiamento de compra de caças para a Força Aérea


A indicação do governo federal de que a compra de 36 caças para integrar a FAB (Força Aérea Brasileira) não será efetuada em 2011 representa um mau começo da atual administração na área da defesa. A avaliação é de Geraldo Cavagnari, doutor em ciências militares e pesquisador da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Para ele, o aceno do governo federal indica que a presidente Dilma Rousseff deve seguir a mesma linha de seus antecessores, com a falta de comprometimento com uma ampla política de defesa.

Começa mal no sentido de defesa, começa tendo o mesmo comportamento do governo anterior, falta de comprometimento com uma política de defesa. O Brasil tem um projeto de modernização que não tem sido levado adiante como seria desejado, dentro dos compromissos internacionais.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta segunda-feira (28) que não há previsão para a compra dos caças neste ano por conta da escassez de recursos. Nas últimas semanas, a presidente já vinha sinalizando que o assunto não deveria ser tratado tão cedo, pois, no seu entender, ainda pairam dúvidas técnicas sobre o projeto de compra dos caças.

Ainda que dado como certo o acordo com a empresa francesa Dassault, o governo federal tem estudado melhor as propostas da sueca Saab e da norte-americana Boeing. O projeto de compra da nova frota de caças é discutido desde o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, tendo sido adiado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, e retomado apenas em sua segunda gestão.

Riscos

O adiamento da compra, na avaliação do pesquisador, aponta o risco dos preços dos caças sofrerem alteração no mercado internacional.

O preço pode ser outro e o compromisso da empresa com aquele preço pode mudar. Os preços no mercado fluem bastante.

O diretor da Abed (Associação Brasileira de Estudos de Defesa) e docente do Departamento de Ciências Sociais da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), João Roberto Martins Filho, vê também no adiamento o risco de alteração da escolha do governo federal.

Para o favorito, não é uma boa notícia. Há mais tempo para o governo federal repensar.

De acordo com ele, o tempo extra dá margem para que o país analise melhor as propostas das concorrentes da empresa francesa.

O governo federal parece que não está dando como certa a opção pela empresa favorita e está analisando outras ofertas também, repensando o conjunto.

O diretor da Abed apontou que o adiamento da compra dos caças já era esperado, devido ao clima de cautela das contas públicas, mas alertou quanto ao fim do prazo de vida útil dos Mirage-2000, que caduca em 2016.

Não dá para adiar mais, porque os aviões já estão chegando muito próximo da vida útil e é uma decisão que precisa ser tomada.

Fonte: R7 via Plano Brasil
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