quinta-feira, 11 de novembro de 2010

"Vaga está ligada ao poderio militar do país", diz pesquisador


Para conseguir uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU, o Brasil tem que ser reconhecido como potência militar, diz o pesquisador da Unicamp e coronel da reserva do Exército Geraldo Cavagnari.

Folha - Por que a Índia recebeu apoio dos EUA para entrar no Conselho de Segurança e o Brasil não?

Geraldo Cavagnari - A capacidade militar da Índia já é significativa e a do Brasil, não. E ainda, para agravar, a Índia domina a tecnologia nuclear para fins militares. Não temos isso, não adianta, esse clube é muito fechado.

O Brasil tem chance de conseguir uma vaga permanente?

Tem, mas não agora. Para ser membro permanente do Conselho de Segurança, o país tem que ser reconhecido como potência militar, o que não é o caso.
Todos os membros permanentes são. Não basta ser uma potência econômica. O Conselho de Segurança da ONU não é um órgão com atribuições econômicas, ele tem atribuições políticas e por isso exige grande capacidade militar.

Então, para entrar no conselho, o Brasil tem que investir nas Forças armadas?

O Brasil tem que começar a investir nisso ou não vai ser reconhecido como grande potência. Mas não acho que isso deva ser uma prioridade hoje, primeiro o país tem que ser uma potência econômica para depois poder conquistar a outra posição.

A importância regional da Índia também pesa no apoio dos EUA?

Sim, pela proximidade com a China. Na região, o único país que faz um contraponto com a China em termos militares é a Índia. Ela está em uma teatro potencial de guerra, que é esta região, o sul da Ásia. Já o Brasil está em uma das regiões mais estáveis do mundo, que é a de América Latina, Atlântico e Pacífico Sul.

Fonte: Folha
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