quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Israel suspende diálogo estratégico com a Grã-Bretanha
Israel suspendeu o diálogo estratégico que mantinha com a Grã-Bretanha enquanto políticos e funcionários do governo israelense que visitam o Reino Unido enfrentarem o risco de detenção, por supostos crimes de guerra contra os palestinos, disseram hoje funcionários de Israel. O anúncio foi feito no momento em que o secretário do Exterior britânico, William Hague, se encontrava com funcionários israelenses, em Jerusalém. Funcionários dos dois países disseram que o tema deverá ser um dos principais nas discussões entre Reino Unido e Israel e o governo britânico disse que trabalha para resolver o problema.
Alguns funcionários e políticos israelenses têm sido ameaçados com a possível execução de ordens de prisão na Grã-Bretanha, sob a lei da "jurisdição universal", a qual afirma que crimes contra a humanidade são tão odiosos que eles podem ser julgados em qualquer lugar, mesmo que não tenham sido cometidos na Grã-Bretanha.
Os dois países anunciaram o "diálogo estratégico" há dois anos para impulsionar as relações e a cooperação em questões diplomáticas e de segurança, mas Israel ameaçou suspender o processo no começo deste ano, após a ex- ministra das Relações Exteriores, Tzipi Livni, e também líder do Partido Kadima, ter cancelado uma viagem a Londres, onde poderia ser presa.
Ativistas britânicos pró palestinos entraram com várias ações na Justiça do Reino Unido contra militares e funcionários públicos israelenses, por causa da participação dessas pessoas em ações militares contra os palestinos. Os tribunais britânicos então emitiram ordens de prisão contra os israelenses.
Diplomacia
O porta-voz da chancelaria israelense, Yigal Palmor, disse que embora as relações com a Grã-Bretanha sejam "muito boas", as leis britânicas atuais tornam "impossível conduzir um diálogo nos mais altos níveis" de governo. O vice-primeiro-ministro de Israel, Dan Meridor, foi o último funcionário a cancelar uma viagem a Londres temendo uma possível detenção.
Hague disse que é "importante" que os funcionários e autoridades de Israel possam visitar Londres e notou que o Parlamento britânico trabalha para mudar a lei, mas rechaçou a ligação que Israel fez entre a legislação e o diálogo estratégico. Hague também se encontrou hoje com ativistas palestinos que protestam semanalmente contra a barreira construída entre Israel e a Cisjordânia, a qual separa vilarejos palestinos das suas terras agrícolas.
Funcionários britânicos disseram, contudo, que Hague repetiria as críticas de Londres aos assentamentos israelenses na Cisjordânia. Eles disseram que Hague dirá aos líderes israelenses que "a janela para uma solução de dois Estados está se fechando" e que o processo de paz liderado pelos Estados Unidos é a melhor oportunidade para Israel e os palestinos se engajarem em negociações. Os funcionários britânicos falaram sob anonimato.
Negociações
A mais recente rodada de negociações entre Israel e os palestinos, relançada pelos EUA em setembro, chegou rapidamente a um impasse após Israel rejeitar os pedidos dos palestinos para que fossem interrompidas as construções dos colonos israelenses nos assentamentos judaicos na Cisjordânia. Israel afirma que a questão precisa ser discutida nas negociações.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse hoje ao Parlamento que terá uma reunião com a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, para discutir os esforços para retomar as negociações. Netanyahu estará nos EUA para um encontro com lideranças judaicas locais. Mais cedo, foi anunciado que ele teria um encontro com o vice-presidente americano, Joe Biden.
Netanyahu expressou aprovação ao papel dos EUA no processo de paz. "Eu sei que temos o desejo de mover o processo adiante e demos passos para isso. Tenho certeza de que os EUA têm esse desejo. Eu espero que a Autoridade Nacional Palestina também tenha esse desejo", afirmou hoje ao Knesset, Parlamento de Israel.
Fonte: Estadão
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