quinta-feira, 8 de julho de 2010

Avião Solar Impulse, um avanço da energia verde, realiza um voo histórico


A energia solar está ainda longe de substituir o combustível comum para propulsar aviões, mas as inovações do Solar Impulse poderão encontrar aplicações em setores como o automobilístico e o espacial, segundo os especialistas.

O Solar Impulse partiu da pista em Payerne, região oeste da Suíça, alcançando 35 km/h antes do piloto Andre Borschberg executar a operação de decolagem às 6H51 (1H51 de Brasília) para um voo que deve durar 25 horas.

O avião tem como única fonte de energia 12.000 células fotovoltaicas que cobrem suas asas e alimentam os quatro motores elétricos, com potência de 10 CV cada. Também permitem recarregar as baterias de lítio polímero de 400 kg.

"No que diz respeito à aviação comercial, ainda se está relativamente longe de mover um avião com a força da energia solar", reconheceu Pascal Vuilliomenet, da Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL).

Para este chefe da coordenação de projetos de pesquisa entre o EPFL e a equipe do Solar Impulse, o avião não proporcionará de imediato aplicações comerciais, mas vários de seus subelementos poderão ser utilizados no futuro.

Segundo Vuilliomenet, as pesquisas com os paineis solares levam muito tempo, mas os avanços no terreno dos materiais compostos (resinas e plásticos) utilizados no avião parecem muito promissores.

A optimização dos motores elétricos, utilizados para mover as quatro hélices do Solar Impulse, poderá também encontrar aplicações no setor automobilístico.

Apesar de o protótipo ser muito avançado para ser adaptado para um voo comercial, suas novidades tecnológicas poderão servir para o desenvolvimento de energias verdes , afirmou o autor do projeto, Bertrand Piccard.

"Estamos convencidos que de se um avião pode voar dia e noite sem nenhum combustível, ninguém poderá depois dizer que é impossível utilizar as mesmas tecnologias para os carros, o ar condicionado, a calefação, os computadores ou os eletrodomésticos", insistiu.

Anil Sethi, diretor-geral da empresa Flisom, especializada em paineis solares ultrafinos e flexíveis, prevê que a energia solar terá, sim, um futuro na aviação, e que projetos como o Solar Impulse podem também ter aplicações em terra, com veículos alimentados pelas elegantes lâminas solares.

De imediato, os combustíveis chamados verdes menos poluentes poderão ser utilizados na aviação, segundo Robert McIlveen, do grupo de pesquisas britânico Policy Exchange.

Segundo um relatório publicado pelo grupo de pesquisas, a introdução em grande escala desses combustíveis ecológicos permitirá reduzir em 15% , até 2020, e 60%, até 2050, as emissões de gás de efeito estufa da aviação na União Europeia.

A aeronave movida a energia solar Solar Impulse HB-SIA completou com sucesso seu primeiro voo durante a noite utilizando apenas a energia acumulada em suas baterias no dia anterior.

O CEO e piloto da Solar Impulse André Borschberg pousou esta manhã, às 9:00 (5:00 horário de Brasília), em Payerne, na Suíça, após um voo de 26 horas. A aeronave voou apenas com energia solar, carregando suas baterias durante o dia, para então voar durante a escuridão noturna durante 7 horas. Este foi o mais longo e mais alto voo tripulado da história da aviação solar.

Depois do pouso Borschberg disse: “Eu sou piloto a 40 anos, mas este voo foi o mais incrível de toda minha carreira. Apenas sentando na aeronave e vendo o nível das baterias se elevando e elevando graças ao sol… e então o suspense, não sabendo como eu poderia gerenciar a energia para permanecer no ar durante toda noite. E finalmente a alegria de ver o sol nascer e sentir que a energia começava a circular nos paineis solares novamente! E somente voei mais que 26 horas sem utilizar uma gota de combustível e sem causar poluição!”

Bertrand Piccard, criador e Presidente do projeto disse: “Este é um crucial passo rumo ao futuro, e ele dá total credibilidade para energias renováveis e nos permite chegar próximo ao voo perpétuo sem utilizar uma gota de combustível!”

Fonte: Correio Braziliense / AFP
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