quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Acre realiza primeiro voo com o HARPIA e anuncia segunda aquisição

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O Estado do Acre alcançou um marco inédito na modernização de suas operações de segurança e monitoramento ambiental. Na última semana, pilotos e operadores acreanos realizaram o primeiro voo do Sistema Aéreo Remotamente Pilotado (SARP) HARPIA, após concluírem a etapa inicial de capacitação ministrada pela Advanced Technologies Security e Defense (ADTech).

O treinamento, iniciado em 21 de julho na sede da ADTech, em São José dos Campos (SP), tem duração de oito semanas e combina aulas teóricas e práticas. A formação abrange regulamentação do uso de drones, montagem e manutenção da aeronave, operação de sensores embarcados e utilização dos softwares que compõem a solução. Segundo a empresa, essa etapa é fundamental para assegurar a eficácia do sistema e preparar agentes altamente qualificados para operar tecnologia de ponta em benefício da população acreana.


Com o êxito do primeiro voo, os operadores estão oficialmente aptos a pilotar o HARPIA. Agora, avançam para missões mais complexas, que incluem a operação da carga útil, o emprego de sensores e sistemas embarcados e a realização de voos noturnos. Além disso, irão acumular horas de voo para ampliar experiência e segurança operacional.

Expansão da frota

No dia 8 de agosto, o Governo do Acre formalizou a aquisição de uma segunda aeronave HARPIA, reforçando a parceria estratégica com a ADTech. O novo drone se integrará ao sistema já em implantação, fortalecendo as operações de segurança pública, monitoramento de fronteiras e preservação ambiental.

O contrato complementa a primeira compra, realizada em maio deste ano, que incluiu um drone HARPIA, três antenas e três estações de controle, garantindo cobertura aérea de todo o território acreano. Nesta nova fase, a segunda aeronave ficará baseada no Centro Integrado de Operações Aéreas (CIOPAER), enquanto a primeira permanecerá em operação em Rio Branco, sob gestão da Secretaria de Justiça e Segurança Pública. A entrega do novo drone está prevista para ocorrer entre o final de 2025 e o início de 2026, após a conclusão do treinamento de novos operadores.

Tecnologia nacional de ponta

O Acre é o primeiro estado brasileiro a adotar o HARPIA como solução para Segurança Pública. Desenvolvido pela ADTech, o drone tático possui autonomia de até 12 horas, velocidade de 100 km/h e alcance operacional homologado de 218 km pela ANAC, podendo cobrir distâncias de até 1.200 km e operar a altitudes de até 5.000 metros. Equipado com câmeras de alta resolução e transmissão em tempo real, o sistema pode ainda receber sensores adicionais, como radar SAR, inteligência de sinais e fotogrametria, ampliando significativamente sua capacidade de vigilância aérea.

Com esse avanço, o Acre consolida seu protagonismo na adoção de tecnologias inovadoras em defesa e segurança, dando um passo decisivo para ampliar a eficiência e a capacidade de resposta em benefício da população e da proteção da Amazônia.

Sobre a ADTECH

Com sede em São José dos Campos (SP), a ADTECH SD é uma empresa brasileira certificada como “Empresa de Defesa” pelo Ministério da Defesa. Especializada no desenvolvimento de soluções tecnológicas para Defesa territorial, segurança pública e privada, agronegócio e monitoramento estratégico, a empresa integra um portfólio diversificado que inclui sistemas aéreos remotamente pilotados, como o HARPIA, além de radares terrestres, sistemas anti-drones, sistemas de monitoramento de sinais de rádio e Satélites.

Com foco na inovação e na eficiência operacional, a ADTECH SD se destaca como parceira estratégica de forças de segurança e defesa, oferecendo soluções robustas, de alto desempenho e com excelente relação custo-benefício, voltadas ao combate as mais adversas ameaças e à proteção de fronteiras e áreas sensíveis.


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segunda-feira, 18 de agosto de 2025

Operação Atlas 2025 - Exército Brasileiro mobiliza tropas e tecnologia em grande operação na Amazônia

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O Exército Brasileiro deu início à Operação Atlas 2025, uma ação coordenada pelo Ministério da Defesa que visa testar a integração e a capacidade de resposta das Forças Armadas em cenários complexos, com foco no ambiente amazônico. As atividades serão realizadas nas regiões de Roraima e da foz do Rio Amazonas, estruturadas em fases que englobam desde o planejamento conjunto e o deslocamento estratégico de meios e militares até a execução das operações propriamente dita.

O Comando de Operações Terrestres desempenha papel central na operação, coordenando o deslocamento estratégico de tropas e equipamentos de todas as regiões do país, além do emprego tático das Forças de Emprego Estratégico, Módulos de Apoio e Forças de Emprego Geral. A operação inclui ainda certificação de prontidão operacional, operações simuladas em múltiplos domínios, adestramento avançado de Grandes Unidades e experimentações doutrinárias, garantindo que o Exército esteja preparado para qualquer desafio na Amazônia.

Os deslocamentos estratégicos tiveram início em junho com o transporte do Sistema ASTROS de Formosa (GO) até Boa Vista (RR), percorrendo cerca de 4.500 km por modal rodoviário e fluvial, sob coordenação do Comando de Artilharia do Exército. Paralelamente, uma Viatura Blindada de Combate Lançadora Múltipla Universal Leve Sobre Rodas (AV-LMU) foi transportada por via aérea em um KC-390 da Força Aérea Brasileira (FAB) para Roraima. Os blindados M109 A5+ BR, do 29º Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado, começaram seu deslocamento de Cruz Alta (RS) rumo a Boa Vista (RR) em 1º de agosto, com apoio logístico do 3º Batalhão de Suprimento (3º B Sup).

Além da movimentação de equipamentos, o adestramento das tropas tem sido contínuo. As unidades blindadas da 5ª Brigada de Cavalaria Blindada, incluindo o 3º Regimento de Carros de Combate (3º RCC) com veículos Leopard 1 A5 BR, realizaram exercícios preparatórios em Ponta Grossa (PR) visando à certificação tática para a operação. Na Amazônia, o 54º Batalhão de Infantaria de Selva (54º BIS) conduziu treinamentos com simulação viva e tiro real, certificando a prontidão da subunidade para integrar a Operação Atlas 2025.

A fase de concentração final, que antecede a operação, contará com novos deslocamentos de meios e militares provenientes das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, culminando no Apronto Operacional. Ao todo, a operação mobilizará mais de 400 viaturas leves e pesadas, 40 blindados, helicópteros e cerca de 10 mil militares de diversas especialidades, incluindo Paraquedistas, Operações Especiais, Guerra Eletrônica, Defesa Cibernética, Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear, Aviação, Engenharia e Defesa Antiaérea.

A Operação Atlas 2025 reforça o compromisso do Exército Brasileiro em proteger a soberania nacional e garantir a segurança e integridade do território amazônico, combinando tecnologia de ponta, treinamento avançado e coordenação estratégica de tropas em uma das regiões mais desafiadoras do país.


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com Exército Brasileiro


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Fragata “Tamandaré” realiza primeiro teste em mar aberto e avança rumo à entrega à Marinha do Brasil

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A Fragata “Tamandaré” (F200), primeira embarcação do Programa Fragatas Classe “Tamandaré” (PFCT), registrou seu primeiro contato com o mar, marco fundamental na fase de testes do navio desenvolvido para fortalecer a capacidade operacional da Marinha do Brasil. A bordo, cerca de 130 militares e civis participaram da navegação pela costa catarinense, durante a qual foram avaliados sistemas de propulsão, geração de energia e automação, além de quadros elétricos e equipamentos de segurança.

Lançada em agosto de 2024, a “Tamandaré” entra agora em uma etapa de aceitação no mar, cujo objetivo é comprovar seu desempenho em condições reais. Ao final dessa fase, o navio retornará ao cronograma de capacitação da tripulação, formada por 112 militares, preparando-se para a entrega oficial, prevista para dezembro deste ano.

Para o Diretor de Gestão de Programas da Marinha, Vice-Almirante Marcelo da Silva Gomes, esta fase é essencial para garantir que todos os sistemas operem dentro dos parâmetros previstos. “Esse processo possibilita ajustes em equipamentos e sistemas, correções de falhas e medição dos resultados. A conclusão será marcada pela emissão de certificados e documentos oficiais, que atestam a aptidão do navio para operar conforme normas técnicas e legais, possibilitando sua entrega ao setor operativo e à sociedade brasileira”, afirmou.

O Programa Fragatas Classe “Tamandaré” é considerado um dos maiores projetos de construção naval do País, com elevado índice de conteúdo nacional e ampla transferência de tecnologia. Inserido no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), o PFCT integra o eixo de inovação da indústria de defesa, respondendo à necessidade de modernização da Esquadra Brasileira.

As embarcações da classe “Tamandaré” possuem alta complexidade tecnológica e capacidade de combate em múltiplos cenários, incluindo guerra de superfície, aérea e submarina, com missão de proteger os 5,7 milhões de quilômetros quadrados da Amazônia Azul. A construção do navio também gerou significativo impacto econômico, mobilizando cerca de 2 mil profissionais diretamente, 6 mil empregos indiretos e 15 mil postos de trabalho induzidos, totalizando 23 mil oportunidades geradas.

A conclusão bem-sucedida desta etapa de testes no mar representa um passo decisivo para que a Marinha do Brasil receba uma embarcação moderna, segura e plenamente apta a integrar a defesa nacional.


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com Marinha do Brasil


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4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada conclui Operação Águia Pantaneira e reforça capacidade de emprego imediato do Exército

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A 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada (4ª Bda C Mec) encerrou, nesta sexta-feira, a Operação Águia Pantaneira, que marcou a fase final do ciclo de certificação da Força de Prontidão (FORPRON). Com cerca de 1.000 militares e 200 viaturas, a atividade consolidou a Brigada como uma unidade de elevada capacidade de resposta e pronta para atuar em qualquer ponto do território nacional.

A operação foi estruturada em dois momentos distintos, ambos conduzidos sob a supervisão do Comando Militar do Oeste. Entre os dias 2 e 7 de agosto, realizou-se o Exercício de Campanha (Exc Cmp), seguido, de 11 a 15, pelo Exercício Tático com Tiro Real (ETTR). A preparação envolveu seis meses de planejamento e a participação de 11 Organizações Militares subordinadas à Brigada, garantindo alto nível de coordenação e integração entre as frações.

O ponto alto da Águia Pantaneira foi o Exercício Tático com Tiro Real, inédito em território nacional para uma subunidade de Brigada de Cavalaria Mecanizada. Durante o treinamento, as tropas enfrentaram cenários de problemas militares simulados, exigindo planejamento tático, execução coordenada e o uso real de munição. Foram empregados diversos meios operacionais, incluindo viaturas blindadas de múltiplos tipos, metralhadoras MAG 7,62 mm, lançadores de foguetes AT4, morteiros pesados de 120 mm e obuses do 9º Grupo de Artilharia de Campanha.

Como integrante da Força de Emprego Estratégico do Exército Brasileiro, a 4ª Bda C Mec é projetada para manter alto grau de prontidão, mobilidade e resposta imediata. A Operação Águia Pantaneira representou o ápice do ciclo de preparação da FORPRON, validando a capacidade de ação coordenada, a robustez logística e a eficiência tática da Brigada.

A conclusão bem-sucedida da operação reforça o compromisso da 4ª Bda C Mec com os elevados padrões de operacionalidade exigidos pelo Exército, alinhando-se aos objetivos estratégicos de manter a Força Terrestre apta a enfrentar ameaças, contribuir com a segurança nacional e garantir a estabilidade em qualquer cenário de contingência.


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com Exército Brasileiro



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KAAN projeta a Türkiye como potência global e atrai Espanha, Egito e Emirados Árabes Unidos

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O caça furtivo de quinta geração KAAN, desenvolvido pela Turkish Aerospace Industries (TAI), vem se consolidando como um marco na ascensão da indústria aeroespacial de defesa da Türkiye. O programa não apenas evidencia a capacidade tecnológica do país, mas também atrai a atenção de nações como Espanha, Egito e Emirados Árabes Unidos, interessadas em integrar-se ao projeto e fortalecer suas próprias capacidades de defesa.

A Espanha, por exemplo, decidiu suspender indefinidamente a aquisição do norte-americano F-35 Lightning II, abrindo espaço para alternativas europeias e internacionais. Com a política de investir 85% do orçamento de defesa em sistemas produzidos na Europa, Madri encontrou no KAAN uma opção viável para complementar sua frota de Eurofighters, além de considerar o desenvolvimento de uma versão naval para seus futuros porta-aviões. Para especialistas, o caça turco representa mais do que uma aeronave, é a expressão da estratégia turca voltada à autonomia tecnológica e à consolidação da indústria aeroespacial da Türkiye como potencia global.

No Oriente Médio, o Egito prepara-se para formalizar sua entrada no programa KAAN, marcando uma reaproximação estratégica com Ancara. Autoridades egípcias visitaram a linha de produção em Ancara, onde o caça recebeu avaliações altamente positivas. O presidente egípcio manifestou interesse pessoal no projeto, vendo-o como crucial para modernizar a Força Aérea Egípcia diante da crescente influência militar de Israel e das restrições impostas pelos Estados Unidos à aquisição de armamentos avançados. Analistas apontam que a participação egípcia no programa pode alterar o equilíbrio de poder aéreo na região, reforçando a autonomia militar local.

Os Emirados Árabes Unidos também demonstram interesse em se integrar ao projeto, reforçando o caráter multilateral do KAAN. A participação de Espanha, Egito e EAU não apenas fortalece o programa do ponto de vista financeiro, mas também acelera a pesquisa, o desenvolvimento e a produção em escala, consolidando a Türkiye como um player global competitivo na indústria de defesa.

O KAAN é projetado para competir com os principais caças de quinta geração do mundo, incluindo o F-35 norte americano e o russo Su-57, incorporando características técnicas avançadas, como design furtivo com compartimentos internos de armas, radar AESA desenvolvido pela Aselsan, fusão de sensores para operações em ambiente de guerra centrada em rede, integração com drones de combate como o Bayraktar Kizilelma, e o desenvolvimento do motor turco pela TRMotor, substituindo os motores atuais GE F110.

O KAAN simboliza um divisor de águas para a indústria de defesa da Türkiye, que já vinha se destacando mundialmente com drones como Bayraktar TB2 e Akinci. Agora, com um caça de quinta geração, Ancara projeta-se como uma potência emergente no cenário global, redefinindo o equilíbrio geopolítico tanto na Europa, que busca reduzir a dependência dos EUA, quanto no Oriente Médio, onde países regionais se preparam para enfrentar um futuro incerto de tensões militares.


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MV-22B Osprey estreia em operações antissubmarino no Indo-Pacífico

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O Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (USMC) iniciou o uso de suas aeronaves tiltrotor MV-22B Osprey em operações de guerra antissubmarino (ASW) no Indo-Pacífico. A missão incluiu o lançamento de sonobóias AN/SSQ-62F DICASS, marcando um passo inédito na ampliação das capacidades do Osprey em cenários marítimos estratégicos.

Segundo informações, a adoção do MV-22B nesse tipo de operação reflete o esforço do USMC em expandir a cobertura contra ameaças submarinas, especialmente em áreas onde plataformas de projeção de força, como os navios-aeródromo de assalto anfíbio (LHA) e os navios de transporte anfíbio (LPD), operam.

Velocidade e alcance como diferencial

O grande trunfo do MV-22B em relação ao tradicional MH-60R Seahawk, helicóptero especializado em missões ASW, está em sua alta velocidade, longo alcance e maior capacidade de carga. O tiltrotor pode lançar sonobóias em áreas mais distantes e com maior rapidez, ampliando a vigilância e a detecção de submarinos inimigos em zonas críticas.

Além disso, a rampa traseira e o espaço interno do Osprey permitem o transporte e o lançamento de sonobóias maiores e em maior quantidade, algo que amplia a flexibilidade operacional em comparação ao Seahawk.

Apesar dos avanços, especialistas destacam que o MV-22B não substitui os helicópteros dedicados, mas atua como recurso de apoio. Isso porque a aeronave possui menor eficiência em voo pairado e não dispõe de sistemas embarcados específicos de guerra antissubmarino, como sonares de imersão ou armamentos especializados.

Assim, enquanto o MH-60R Seahawk continua sendo o protagonista das operações ASW, com papel direto na detecção e ataque a submarinos, o Osprey surge como um multiplicador de capacidades, estendendo o alcance e reforçando a cobertura da frota americana.

Estratégia no Indo-Pacífico

A introdução do MV-22B em missões antissubmarino ocorre em um momento de crescente rivalidade estratégica no Indo-Pacífico, região marcada pelo aumento da atividade naval da China e pela importância vital das rotas marítimas para a segurança dos Estados Unidos e aliados.

Ao ampliar o espectro de uso do Osprey, o USMC demonstra a busca por versatilidade operacional e maior resiliência logística, adaptando meios já consolidados a novas funções para enfrentar ameaças emergentes no cenário marítimo global.


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Terras raras: o recurso estratégico que molda a geopolítica e a defesa global no século XXI e o Brasil

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No século XXI, a geopolítica não é mais definida apenas por território, recursos energéticos ou alianças militares tradicionais. Um elemento químico, presente em minérios raros, emergiu como fator central na liderança tecnológica e na segurança global: as terras raras. Esse grupo de 17 elementos químicos, que inclui lantânio, neodímio, cério e ítrio, possui propriedades únicas que permitem avanços em sistemas magnéticos, ópticos e eletrônicos. Seu valor estratégico é imenso: ímãs de alto desempenho, ligas metálicas, baterias de alta densidade e componentes críticos de computadores e radares dependem dessas substâncias, tornando-as insubstituíveis em muitas aplicações militares.

A importância das terras raras é ainda mais evidente quando se observa sua presença em tecnologias de ponta da defesa moderna. Caças stealth, como o F-35, utilizam ímãs de neodímio em seus motores, sistemas de controle de voo e sensores, garantindo desempenho, precisão e furtividade. Submarinos nucleares dependem de ligas magnéticas contendo terras raras em sensores e sistemas de navegação, essenciais para operações estratégicas silenciosas e seguras. Satélites militares, radares avançados, mísseis guiados e sistemas ópticos também utilizam esses elementos, o que significa que o domínio sobre as terras raras está diretamente ligado à capacidade operacional de forças armadas modernas.

No mercado global, a geopolítica das terras raras é dominada pela China, responsável por cerca de 60% da produção mundial, incluindo o fornecimento de países tradicionalmente líderes em tecnologia militar, como os Estados Unidos. Essa concentração confere a Pequim uma alavanca estratégica decisiva, capaz de impactar diretamente o desenvolvimento tecnológico, a autonomia militar e a capacidade de resposta rápida de nações ocidentais. Um eventual embargo, restrição ou modulação do fornecimento poderia atrasar projetos críticos, desde caças de última geração até sistemas de satélites estratégicos, tornando a dependência ocidental uma vulnerabilidade estrutural.

Além da produção, a complexidade do processamento das terras raras adiciona outra camada de dependência. Embora alguns países possuam reservas minerais significativas, poucos têm capacidade tecnológica e ambiental para extrair e processar os minerais em escala industrial. Isso significa que mesmo nações ricas em reservas ainda podem depender de terceiros, no caso, majoritariamente da China, para transformar esses recursos em produtos utilizáveis em tecnologia militar. A dependência é, portanto, dual: tanto na extração quanto no processamento.

Geopoliticamente, o domínio chinês sobre as terras raras funciona como uma ferramenta de influência indireta, silenciosa, mas poderosa. Em momentos de tensão internacional ou crise militar, Pequim poderia usar o fornecimento como instrumento de pressão diplomática, afetando decisões estratégicas de aliados e parceiros. Países dependentes podem ser compelidos a adotar políticas mais conciliatórias ou ajustes em suas alianças, tudo para garantir continuidade do fornecimento de materiais críticos. Esse cenário transforma as terras raras em ponto de vulnerabilidade estratégica do Ocidente, capaz de interferir em negociações diplomáticas, corridas tecnológicas e até resultados militares.

Diante desse contexto, o Ocidente tem buscado alternativas: investimentos em reciclagem de materiais, exploração de novos depósitos na Austrália, Índia e Estados Unidos, desenvolvimento de substitutos tecnológicos e diversificação de fornecedores. No entanto, essas iniciativas ainda não atingiram a escala necessária para competir com a produção chinesa. A curva de aprendizado e o tempo exigido para criar uma cadeia produtiva eficiente mantêm o Ocidente em posição de dependência estrutural, especialmente em setores críticos de defesa.

As implicações estratégicas são claras: o domínio sobre as terras raras não se limita ao campo econômico. Ele influencia corridas tecnológicas, inovação militar e equilíbrio geopolítico global. Países que detêm controle sobre esses recursos têm uma vantagem significativa na guerra tecnológica, podendo moldar o ritmo de desenvolvimento de sistemas de defesa avançados em todo o mundo. Para o Ocidente, a vulnerabilidade não é apenas hipotética: ela representa riscos reais de atraso tecnológico, fragilidade em conflitos e menor autonomia em decisões estratégicas, tornando o acesso seguro e contínuo a esses minerais uma questão de segurança nacional.

O potencial estratégico do Brasil nas terras raras

O Brasil surge no cenário global como um ator de enorme potencial estratégico, ainda pouco explorado. O país detém cerca de 21 milhões de toneladas de terras raras, equivalentes a aproximadamente 23% das reservas mundiais, o que o posiciona como o segundo maior detentor de reservas do planeta, atrás apenas da China. Essa posição privilegiada confere ao Brasil a oportunidade de se tornar um fornecedor estratégico global, capaz de influenciar a geopolítica mineral e tecnológica do século XXI.

Apesar desse potencial expressivo, a produção nacional ainda é incipiente. Em 2024, o Brasil produziu apenas 20 toneladas, menos de 1% da produção global, estimada em cerca de 390 mil toneladas. Essa limitação não se deve à escassez de recursos, mas à ausência de infraestrutura industrial e tecnológica de grande escala, necessária para transformar o minério em insumos de alto valor agregado, essenciais para tecnologias avançadas e sistemas de defesa.

As reservas brasileiras estão concentradas em Minas Gerais, Goiás, Bahia e São Paulo, com destaque para depósitos de argila iônica, como o de Pela Ema, em Goiás, considerado um dos maiores do mundo. Esse tipo de depósito é particularmente valioso, pois contém elementos leves e pesados de terras raras, fundamentais para aplicações em imãs de alto desempenho, baterias avançadas, sistemas ópticos e eletrônicos críticos. Projetos estratégicos em desenvolvimento, como o da Serra Verde, buscam expandir a produção, construir capacidade de processamento e posicionar o Brasil como fornecedor alternativo confiável, reduzindo a dependência global da China.

Por que o investimento em terras raras é essencial

Investir na indústria de terras raras significa para o Brasil mais do que extrair minerais. Trata-se de uma estratégia de segurança, desenvolvimento e protagonismo internacional, com impactos diretos em tecnologia, economia e geopolítica:

  1. Fortalecer a autonomia tecnológica nacional: o Brasil poderia produzir insumos críticos para sistemas de defesa, telecomunicações, energias renováveis e outras tecnologias de ponta, participando de cadeias de valor globais altamente sofisticadas.

  2. Transformar reservas minerais em poder geopolítico: ao se tornar fornecedor estratégico, o país aumenta sua influência internacional e capacidade de negociar em fóruns globais.

  3. Reduzir vulnerabilidades do Ocidente: a diversificação de fornecedores diminui a dependência em relação à China, oferecendo alternativas seguras e confiáveis para países tecnologicamente avançados.

  4. Impulsionar inovação e crescimento econômico: o desenvolvimento da cadeia produtiva cria empregos qualificados, fortalece indústrias de alta tecnologia e atrai investimentos estratégicos.

A exploração plena das reservas, aliada à industrialização e capacidade de processamento de ponta, permitirá que o Brasil se torne um player global relevante, fornecendo insumos essenciais para tecnologias militares avançadas, satélites, radares e sistemas estratégicos, enquanto fortalece a segurança internacional e aumenta sua influência geopolítica.

As terras raras deixaram de ser apenas recursos minerais, são instrumentos de poder, tecnologia e segurança nacional. O domínio da China sobre a produção mundial representa uma vulnerabilidade significativa para o Ocidente, que depende desses minerais para manter sua capacidade tecnológica e militar. Para o Brasil, a situação é oposta, investir na exploração e industrialização de suas reservas é uma oportunidade histórica de transformação estratégica, posicionando o país como protagonista global, capaz de converter riqueza mineral em autonomia tecnológica, influência geopolítica e desenvolvimento sustentável.

Em síntese, as terras raras são muito mais do que commodities industriais, são instrumentos de poder global. O controle chinês sobre a produção mundial fornece à Pequim influência direta sobre a inovação tecnológica, a capacidade militar e o equilíbrio estratégico global. Para o Ocidente, essa dependência constitui uma fragilidade crítica, capaz de impactar guerras tecnológicas, alianças internacionais e decisões diplomáticas estratégicas. Em um mundo cada vez mais dependente de tecnologia de ponta para segurança e defesa, o controle de minerais estratégicos como as terras raras pode ser tão decisivo quanto o controle de territórios ou arsenais convencionais, moldando a geopolítica e a segurança global no século XXI, e o Brasil precisa despertar, começar a investir de forma série e estratégica em sua capacidade de extração de terras raras.


por Angelo Nicolaci


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Análise - Do Pós-Guerra à Guerra Moderna: Lições de Yalta na Cúpula do Alasca

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Em fevereiro de 1945, a Conferência de Yalta reuniu Franklin D. Roosevelt, Winston Churchill e Josef Stalin para definir o futuro da Europa após a iminente derrota da Alemanha nazista. Naquele momento, os líderes buscavam organizar uma paz duradoura, estabelecendo zonas de influência e lançando as bases da ordem mundial do pós-guerra, incluindo a criação das Nações Unidas. Yalta consolidou uma bipolaridade que moldaria décadas, com o bloco ocidental e a União Soviética assumindo posições estratégicas e ideológicas contrastantes, mostrando que acordos temporários podem gerar consequências duradouras quando interesses divergentes emergem em meio a consensos iniciais.

Oito décadas depois, em 2025, Anchorage, no Alasca, tornou-se palco de um novo encontro de grandes potências. O presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente russo, Vladimir Putin, se reuniram em um território historicamente neutro, comprado da Rússia em 1867 e estrategicamente próximo do Ártico e das rotas asiáticas. Diferentemente de Yalta, não havia um inimigo comum forçando a cooperação: havia rivalidade aberta, marcada por demonstrações de força militar e negociações diretas de alto nível, interrompidas desde o início da guerra na Ucrânia em 2022.

A chegada de Putin foi saudada com um espetáculo militar: bombardeiros B‑2 Spirit e caças F‑35 sobrevoaram a base, enquanto exemplares do F‑22 foram posicionados para sinalizar capacidade tecnológica e superioridade militar dos EUA. Mais que um show de poder, era um recado claro: Washington se afirmava como centro de autoridade global. No plano diplomático, Trump atuou de forma assertiva, buscando acordos que reforçassem a centralidade dos EUA e colocassem Europa e Rússia em posição estratégica desfavorável, enquanto a narrativa transmitida sugeria que a guerra na Ucrânia não seria vantajosa para nenhum dos lados, mas que os EUA controlavam a agenda e o ritmo das negociações.

Putin, porém, não aceitou termos impostos unilateralmente. Apresentou propostas de reconhecimento da Crimeia e da soberania russa sobre Donetsk e Luhansk, exigiu neutralidade da Ucrânia em relação à OTAN e garantias para a língua russa, além de propor um novo encontro em território russo, reforçando que a negociação é contínua e que a Rússia mantém agência estratégica no processo.

O encontro gerou alertas globais. Representantes da sociedade civil internacional, refugiados políticos e defensores da paz compararam o Alasca 2025 a Munique 1938 e Yalta 1945, alertando para o risco de acordos táticos de curto prazo que poderiam legitimar ocupações ilegais, flexibilizar sanções e impor decisões injustas à Ucrânia sem sua participação direta ou da Europa. A mensagem foi clara: qualquer concessão apressada poderia reproduzir erros históricos, fragilizando a ordem internacional e legitimando regimes autoritários.

O tabuleiro geopolítico desenhado pela cúpula evidencia dilemas complexos: a Europa precisa equilibrar apoio à Ucrânia e pressões de Washington para evitar escalada; a Rússia busca consolidar ganhos territoriais sem abrir mão de autonomia; a Ucrânia enfrenta a difícil tarefa de preservar sua integridade territorial sob intensa pressão; e os EUA reafirmam seu papel central, mantendo influência sobre aliados e limitando movimentos estratégicos de Moscou.

Em síntese, a Cúpula do Alasca 2025 marcou a retomada da diplomacia de alto nível após anos de impasse, com Trump consolidando a posição central dos EUA, Putin mantendo firmeza estratégica, e Europa e Ucrânia recalibrando suas estratégias diante de uma nova configuração de poder. Se Yalta definiu o mundo pós-Segunda Guerra, o Alasca sinaliza que, 80 anos depois, o século XXI continua sendo moldado por jogos de poder entre grandes potências, com impacto direto na segurança regional, na economia global e na ordem internacional. O alerta da sociedade civil global reforça que, mesmo em 2025, decisões de grandes potências têm consequências concretas para vidas humanas e para a estabilidade mundial.


Por Angelo Nicolaci


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domingo, 17 de agosto de 2025

Análise: Cúpula do Alasca 2025 - "Entre ecos da História e a geopolítica do presente"

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Na última sexta-feira, 15 de agosto, a base militar em Anchorage, no Alasca, tornou-se palco de um encontro de alto nível entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin. O objetivo formal da reunião era discutir a guerra em curso na Ucrânia e explorar caminhos para um cessar-fogo, mas o evento revelou-se um palco de tensão simbólica e estratégica, refletindo as complexidades de um mundo multipolar marcado por disputas de influência, pressões econômicas e desafios militares. A presença de Trump, com postura nacionalista e pragmática, combinada com o perfil assertivo e calculista de Putin, criou um cenário de negociações diretas permeadas por pressões assimétricas, em que o poderio militar e a exibição de força foram instrumentos de simbolismo político mais do que meios de imposição de decisões concretas.

A chegada da comitiva russa foi marcada por uma demonstração de força cuidadosamente orquestrada pelos Estados Unidos, incluindo tapete vermelho, caças stealth F-22 e bombardeiros estratégicos B-2 Spirit sobrevoando a região, em uma exibição destinada a reafirmar superioridade tecnológica e prontidão militar norte americana. Apesar do impacto visual e midiático, a demonstração não garantiu resultados imediatos, evidenciando que o poderio bélico é apenas uma variável na equação diplomática, que depende de consenso, alinhamento estratégico e coordenação multilateral. Para Moscou, essa exibição acabou reforçando a narrativa de resistência e resiliência da Rússia, transmitindo que o país não se intimida frente ao poderio americano e fortalecendo a percepção internacional de que Putin permanece um ator indispensável nas negociações globais.

Durante a cúpula, Putin apresentou sua proposta central, o congelamento das linhas de frente ucranianas em troca de concessões territoriais, incluindo Donetsk, Luhansk e partes das regiões de Kherson e Zaporizhzhia, com retirada das forças ucranianas dessas áreas. Trump, pragmático e calculista, mostrou abertura inicial, mas enfatizou que “não há acordo até que haja um acordo”, mantendo a situação em impasse. Essa postura reflete a diplomacia controversa de Trump, que combina negociação direta com pressão sobre aliados, exigindo da Europa maior responsabilidade no financiamento e no suporte militar à Ucrânia. A estratégia americana, coerente com a política “América Primeiro”, evidencia a tensão entre a maximização de interesses nacionais e a necessidade de manter a coesão da OTAN, expondo fragilidades estruturais e divergências de prioridades dentro da aliança.

O encontro permite traçar paralelos históricos significativos. A tentativa de negociar concessões territoriais remete aos Acordos de Munique de 1938, quando França e Reino Unido cederam aos pedidos de Hitler pelos Sudetos, na tentativa de evitar uma guerra imediata. As concessões, porém, incentivaram novas agressões, mostrando que apaziguamento prematuro pode gerar consequências estratégicas graves. De maneira semelhante, pressões externas sobre a Ucrânia para aceitar concessões territoriais podem normalizar avanços russos e criar precedentes perigosos para futuras ações de expansão russa sobre seus vizinhos europeus. A situação também evoca a Guerra do Iraque em 2003, quando decisões unilaterais dos Estados Unidos e a subestimação da complexidade local geraram consequências prolongadas para a estabilidade regional, evidenciando que imposições externas sem coordenação multilateral podem produzir descoordenação, prolongamento de conflitos e desafios diplomáticos duradouros. A crise dos mísseis de Cuba em 1962 demonstra, por sua vez, que demonstração de força e diplomacia nuclear exigem equilíbrio delicado; o Alasca evidenciou que exibições de poder militar, por mais impressionantes que sejam, não substituem negociações estratégicas bem estruturadas, reforçando que coerção simbólica e real precisam caminhar juntas para evitar impasses perigosos.

O episódio da cúpula reforça a percepção de que a combinação de exibição de força e negociação direta tem limites claros. Apesar do aparato militar e do simbolismo político, a diplomacia moderna exige consenso estratégico, visão histórica e capacidade de alinhar múltiplos atores com interesses divergentes. A análise histórica confirma que decisões precipitadas ou concessões sem garantias podem ter efeitos desestabilizadores duradouros, servindo de alerta para líderes e analistas sobre os caminhos incertos da geopolítica contemporânea. A memória de Munique 1938, quando o apaziguamento diante do expansionismo nazista se revelou um erro estratégico devastador, ecoa nesse contexto, lembrando que gestos simbólicos, por mais bem-intencionados, podem ser insuficientes frente a rivais determinados. A diferença é que, nesta conjuntura, não se trata de concessões territoriais europeias, mas da dificuldade dos Estados Unidos em sustentar a hegemonia absoluta num mundo que se multipolariza rapidamente, enquanto aliados europeus enfrentam dilemas de coesão e responsabilidades estratégicas.

O perfil do presidente Trump adiciona complexidade à análise. Devolta ao poder com discurso nacionalista e pragmático, ele combina retórica dura com acenos calculados, alternando pressão direta sobre adversários com exigência de maior comprometimento de aliados. Essa imprevisibilidade política confunde tanto aliados quanto rivais, mas reflete uma estratégia de negociação baseada em interesses concretos e avaliação de custos-benefícios. Embora crítico de alianças multilaterais, Trump reconhece os limites da projeção militar norte-americana após anos de envolvimentos em conflitos que desgastaram imagem e recursos, usando a combinação de exibição de poder e negociações de bastidores para projetar influência de maneira seletiva.

A postura adotada por Trump impacta a Europa e o conflito na Ucrânia de forma ambivalente. Ao exigir que os aliados assumam maior responsabilidade financeira e militar, ele desafia a coesão da OTAN e gera tensão política interna, ao mesmo tempo em que cria incentivo para o desenvolvimento de autonomia estratégica europeia. Países europeus são compelidos a acelerar investimentos em defesa, diversificação de fornecimento de armas e fortalecimento de capacidade logística, mas enfrentam riscos de desgaste político interno e pressões sociais. No plano ucraniano, essa abordagem gera incerteza sobre apoio contínuo, pressão para aceitar termos de negociação e necessidade de equilibrar resistência militar com sobrevivência econômica e política, criando uma estagnação estratégica que lembra a crise dos mísseis de Cuba, em que demonstração de força e negociação evitaram escalada, mas mantiveram a tensão.

Putin, por sua vez, extrai ganhos estratégicos claros da cúpula. Ao participar de um encontro altamente mediático, ele reforça a imagem de ator indispensável capaz de ditar agenda mesmo frente a uma potência militar como os Estados Unidos. A exibição militar americana, embora projetada para intimidação, acabou por sublinhar a resiliência da Rússia, enfatizando que Moscou não se intimida frente ao poderio ocidental. A proposta de congelamento das linhas de frente, ainda que não aceita formalmente, legitima ganhos territoriais, testa disposição ocidental e coloca Kiev sob pressão complexa, reforçando uma estratégia de coerção combinada histórica, lembrando líderes expansionistas do passado.

A postura de Trump beneficia indiretamente Putin, pois a pressão sobre aliados europeus cria fissuras na OTAN e torna mais lenta a coordenação de apoio à Ucrânia. A Rússia ganha tempo para consolidar defesas, reposicionar forças, fortalecer linhas logísticas e explorar vulnerabilidades políticas e econômicas de seus adversários, incluindo potencial manipulação de preços de energia e influência sobre países dependentes de gás e petróleo russos. Historicamente, tais estratégias ecoam a abordagem soviética durante a Guerra Fria e outras crises estratégicas, em que exploração de fissuras aliadas permitia ganhos táticos e políticos prolongados.

O cenário europeu e ucraniano após a cúpula sugere três caminhos potenciais. Um endurecimento da posição ucraniana com reforço de capacidades militares e apoio externo coordenado manteria resistência territorial, mas aumentaria riscos de confrontos prolongados. Uma aceitação parcial de concessões territoriais poderia estabilizar temporariamente a frente de batalha, mas criaria precedentes perigosos de normalização de ocupações e expansão de pretensões russas, evocando Munique 1938. Um prolongamento do impasse com negociações indiretas manteria a Europa sob tensão constante e a Ucrânia em vulnerabilidade estratégica prolongada, sem ganhos claros para nenhuma das partes.

A cúpula reforça o estudo do equilíbrio entre poder militar, diplomacia direta e coordenação multilateral no século XXI. Para Trump, representa negociação assertiva e pressão sobre aliados; para Putin, capitalização de impasses e fortalecimento estratégico; para a Europa, alerta sobre coesão e autonomia; e para a Ucrânia, reforço da importância de alianças e estratégias multifacetadas. O encontro evidencia que a projeção de poder exige mais do que tecnologia militar, incluindo visão estratégica, alianças sólidas e políticas integradas que considerem repercussões econômicas, energéticas e sociais de longo prazo. A Cúpula do Alasca funciona, portanto, como estudo de caso contemporâneo, oferecendo lições sobre a complexidade do equilíbrio de forças, a relevância histórica de decisões estratégicas e a interdependência entre poder, diplomacia e cooperação multilateral em um mundo multipolar e instável.


Por Angelo Nicolaci


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sábado, 16 de agosto de 2025

OTAN - Portugal e Hungria reforçam laços estratégicos em exercício com KC-390 Millennium na Base Aérea de Beja

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Entre os dias 6 e 23 de julho, a Base Aérea Nº 11, em Beja, foi palco de um exercício multinacional que reuniu a Força Aérea Portuguesa e a Força Aérea da Hungria em torno do KC-390 Millennium, aeronave multimissão da brasileira Embraer que vem se consolidando como peça-chave nas operações conjuntas da OTAN. Realizado em parceria com a Brigada de Reação Rápida do Exército Português, o treino teve como foco ampliar a interoperabilidade entre os aliados e reforçar a capacidade de atuação integrada em missões de alta complexidade.

Ao longo das atividades, o destacamento húngaro contou com o apoio direto da Esquadra 506, conhecida como “Rinocerontes”, e da Esquadra de Manutenção do KC-390, responsáveis por garantir todo o suporte técnico e operacional necessário. O intercâmbio entre militares portugueses e húngaros resultou em um amplo compartilhamento de experiências, explorando as potencialidades do Millennium em diferentes cenários táticos, desde o transporte logístico até operações aeroterrestres conjuntas. O uso de uma plataforma comum fortalece não apenas os laços estratégicos entre Portugal e Hungria, mas também traz ganhos de eficiência para a OTAN, que passa a contar com maior padronização de procedimentos e integração operacional.

A Hungria foi o segundo país europeu a encomendar o KC-390, após Portugal, juntando-se à Força Aérea Brasileira no grupo de operadores do cargueiro. Desde então, tem recebido apoio direto da Base Aérea de Beja para acelerar a incorporação da aeronave em suas missões. Essa proximidade reforça o papel de Portugal como centro de referência do KC-390 na Europa, não apenas pelo emprego operacional, mas também pela estrutura de instrução que vem sendo construída. Em 2025, a BA11 recebeu os últimos componentes do simulador de voo do KC-390, réplica fiel do cockpit que será inaugurada ainda este ano, e já confirmou a aquisição de um segundo simulador. Com isso, Beja caminha para se transformar em um centro europeu de formação de tripulações, atraindo inclusive militares de países que já operam ou avaliam a aeronave.

O fortalecimento dessa infraestrutura soma-se ao crescimento da frota portuguesa. Em julho, a Força Aérea recebeu seu terceiro KC-390 Millennium, ampliando sua capacidade de resposta em missões nacionais e internacionais e reforçando sua relevância nas operações conjuntas da OTAN. Para Portugal, o investimento no Millennium representa a consolidação de uma posição de destaque dentro da aliança, assumindo a liderança em treinamento e integração de procedimentos. Para a Hungria, a cooperação é essencial para acelerar o domínio de uma plataforma moderna e robusta, capaz de ampliar sua projeção de poder aéreo.

O exercício em Beja também tem reflexos mais amplos. Para a OTAN, a integração entre Portugal e Hungria em torno do KC-390 fortalece a prontidão e a mobilidade estratégica em cenários de rápida resposta. Para a Embraer, a iniciativa representa mais um passo na consolidação do Millennium no mercado europeu, com Portugal funcionando como vitrine tecnológica e polo de capacitação regional. Ao unir interoperabilidade, modernização e expansão de capacidades, o treino realizado em Beja confirma o KC-390 como vetor estratégico de destaque, capaz de atender às exigências de forças aéreas modernas e de se firmar como um dos mais importantes aviões de transporte militar em operação no mundo.


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FAB realiza primeiro reabastecimento em solo (FARP) entre KC-390 Millennium e caça F-39 Gripen

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A Força Aérea Brasileira (FAB) realizou, no dia 11 de agosto, um marco inédito em sua história operacional: pela primeira vez, um KC-390 Millennium, do 1º Grupo de Transporte de Tropa (1º GTT) "Esquadrão Zeus", executou um procedimento de Forward Arming and Refueling Point (FARP) em solo para reabastecer um F-39 Gripen, do 1º Grupo de Defesa Aérea (1º GDA).

O FARP é uma técnica que permite o reabastecimento rápido e seguro de aeronaves em locais avançados, muitas vezes em regiões sem infraestrutura adequada. A manobra reduz o tempo de indisponibilidade e aumenta a permanência das aeronaves em operações, ampliando o alcance e a flexibilidade de resposta em cenários de combate.

Segundo o comandante do 1º GTT, Major Aviador Daniel Elias Souza, a realização da atividade reforça o caráter multimissão do KC-390: “Esta atividade reforça o caráter multimissão do KC-390 e entrega à FAB uma nova capacidade para apoiar, mesmo em ambientes com poucos recursos de solo, outra aeronave estratégica: o F-39 Gripen.”

O piloto do Millennium, Capitão Aviador Israel Amorim Barbosa Leal, também destacou a importância do feito: Este marco inédito demonstra a versatilidade e a robustez da aeronave, consolidando sua capacidade de apoiar diversas plataformas da FAB em cenários reais de combate. A missão foi bem-sucedida em todos os aspectos.”

A validação desse procedimento amplia ainda mais o papel do KC-390 Millennium como vetor estratégico da FAB. Projetado para cumprir múltiplas funções, a aeronave já atua em transporte logístico, evacuação aeromédica, lançamentos de tropas e cargas, além de missões humanitárias. Agora, com a incorporação do FARP, passa a oferecer suporte direto em operações de caça, aumentando a autonomia do F-39 Gripen, considerado um dos mais avançados caças em operação no mundo.

Com esse marco, a Força Aérea se aproxima das melhores práticas adotadas por forças aéreas de referência internacional, ampliando sua capacidade de resposta em cenários complexos, de alta demanda e com necessidade de rápida mobilidade. O avanço demonstra não apenas a modernização dos meios aéreos brasileiros, mas também a consolidação de uma doutrina de emprego cada vez mais integrada e eficiente.


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com FAB

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sexta-feira, 15 de agosto de 2025

ABIMDE celebra 40 anos com solenidade em Brasília e homenageia a IMBEL

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A Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (ABIMDE) comemorou, na noite desta terça-feira, seus 40 anos de atuação em um evento solene realizado no Porto Real Beira Lago, em Brasília. A cerimônia reuniu autoridades civis e militares, representantes de nações amigas, empresários e convidados para uma noite de homenagens, discursos e o lançamento do livro comemorativo da entidade.

Criada em 9 de agosto de 1985, a ABIMDE nasceu da união de empresários que reconheceram a necessidade de fortalecer a indústria nacional de defesa e segurança. Desde então, tornou-se uma voz ativa na promoção da Base Industrial de Defesa e Segurança (BIDS), articulando empresas, governo e academia para o desenvolvimento de tecnologias estratégicas para o país.

A solenidade foi conduzida pelo Diretor de Projetos da ABIMDE, Coronel Antonio Ribeiro, que destacou a trajetória da associação antes da execução do Hino Nacional. Em seguida, o Presidente do Conselho de Administração, Luiz Carlos Paiva Teixeira, afirmou que celebrar quatro décadas é “mais do que rever o passado, é reafirmar a importância de uma BIDS forte, inovadora e comprometida com os interesses do Brasil”. Ele ressaltou ainda que o futuro do setor não depende apenas de tecnologia e orçamento, mas também de valores como ética, transparência e patriotismo.

Um dos momentos mais simbólicos da noite foi a homenagem à Indústria de Material Bélico do Brasil (IMBEL), primeira associada da ABIMDE. Representando todas as empresas que contribuíram para o desenvolvimento da BIDS, a IMBEL recebeu a primeira cópia da moeda comemorativa dos 40 anos. O Presidente-Executivo da empresa, General de Divisão R1 Ricardo Rodrigues Canhaci, destacou que a indústria de defesa brasileira “transcende a esfera militar” e é um motor para o desenvolvimento tecnológico e a geração de empregos qualificados.

O Secretário de Produtos de Defesa, Tenente-Brigadeiro Heraldo, também elogiou o papel da ABIMDE, reforçando a parceria estratégica com o Ministério da Defesa e reconhecendo a entidade como “fundamental na construção de um futuro com autonomia tecnológica e prosperidade para o país”.

Durante o evento, foi lançado oficialmente o livro comemorativo “ABIMDE – 40 anos”, acompanhado por um vídeo que apresentou a trajetória da entidade. Entre os marcos históricos estão a participação na Assembleia Constituinte de 1988, a estreia internacional na feira Eurosatory em 1992, a contribuição para a criação do Ministério da Defesa em 1999 e a formulação da Política Nacional da Indústria de Defesa em 2005. Mais recentemente, a Visão 2035 estabeleceu metas como fomentar inovação aberta, ampliar a diversidade nas carreiras técnicas, implementar práticas ESG e intensificar a internacionalização da indústria.

A ABIMDE também é responsável pela organização da Mostra BID Brasil, principal feira do setor no país, realizada desde 2011 em Brasília, reunindo delegações internacionais, autoridades e empresas para apresentar inovações tecnológicas e fortalecer parcerias comerciais.

Atualmente, a ABIMDE congrega mais de 240 empresas associadas, distribuídas por todas as regiões do Brasil, que atuam no desenvolvimento de tecnologia e na geração de empregos qualificados, consolidando-se como um elo vital para a soberania e o desenvolvimento nacional.


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com Rossi Comunicação


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Ministério da Defesa realiza 3º Brazilian Defense Day e projeta recorde de exportações

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O Ministério da Defesa (MD) reforçou, nesta quinta-feira, seu papel como articulador estratégico entre a Base Industrial de Defesa (BID) e o mercado internacional, ao promover a 3ª edição do Brazilian Defense Day Embaixadas. O evento reuniu 47 empresas do setor e 60 representantes diplomáticos de 47 países, com o objetivo de criar um ambiente propício para a geração de negócios e ampliar as exportações brasileiras de produtos e serviços de defesa.

Organizado pela Secretaria de Produtos de Defesa (Seprod-MD), o encontro contou com apresentações das principais soluções da BID em um painel dedicado, seguido por interações diretas entre empresários e membros do corpo diplomático. Para o Secretário de Produtos de Defesa, Tenente-Brigadeiro do Ar Heraldo Luiz Rodrigues, a iniciativa é uma vitrine estratégica: A importância do evento é que temos a oportunidade de demonstrar, de maneira rápida e precisa, a gama de produtos que a BID fabrica”, afirmou.


Exportações em alta histórica

Os números apresentados pelo MD confirmam o bom momento do setor. No primeiro semestre de 2025, as autorizações de exportações de produtos e serviços de defesa ultrapassaram a marca de US$ 2 bilhões — cerca de 113% de todo o volume obtido em 2024 (US$ 1,78 bilhão).

Esperamos que o valor até o final do ano seja muito superior ao de 2024. A Seprod trabalha para ser uma ponte entre o setor de defesa e o mundo”, destacou o Secretário, lembrando que a indústria brasileira oferece desde aeronaves e drones até bombas, munições de pequeno calibre, nitrocelulose e materiais para construção de equipamentos militares.

Segundo ele, a exportação desses produtos é mais do que uma transação comercial: “É um atestado de confiança na nossa tecnologia e engenharia.”

Apoio institucional e inovação no comércio exterior

O evento, realizado na Escola Superior de Defesa (ESD), contou com apoio da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde) e do Sindicato Nacional das Indústrias de Materiais de Defesa (Simde).

Paralelamente ao Brazilian Defense Day Embaixadas, empresas participantes acompanharam uma apresentação sobre o Novo Processo de Importação (NPI), conduzida pelo coordenador da Divisão de Controle de Importação e Exportação do MD, Coronel Marlison José do Nascimento Gonçalves.

O NPI, que entra em vigor neste ano, moderniza e simplifica a logística de importações ao substituir múltiplos sistemas e documentos — como a Declaração de Importação (DI) e a Declaração Simplificada de Importação (DSI) — pela Declaração Única de Importação (Duimp).

Agora será um único sistema e uma licença única para todos os órgãos envolvidos, garantindo mais celeridade e facilitando o trabalho das empresas”, explicou o Coronel.

Com iniciativas como essa, o MD reafirma sua estratégia de fortalecer a competitividade da indústria de defesa nacional, ampliar sua presença global e criar pontes duradouras entre empresas brasileiras e mercados internacionais.


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CSD intensifica agenda internacional no segundo semestre e confirma presença na DSEI em Londres

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A CSD  Defense Components & Systems terá um segundo semestre marcado por intensa participação em eventos estratégicos no Brasil e no exterior, reforçando sua presença no mercado global de defesa. A empresa brasileira, referência no desenvolvimento e produção de bombas aéreas, munições, foguetes e componentes para o setor, estará na Defense and Security Equipment International (DSEI), um dos mais importantes encontros mundiais da área, que acontece de 9 a 15 de setembro, em Londres.

Na capital britânica, a CSD integrará o Pavilhão Brasil, coordenado pela Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (ABIMDE). No estande, serão apresentados sistemas e componentes de defesa como as bombas da série MK80, munições de morteiro de 60mm, 81mm e 120mm, munições para obuseiro 155mm, foguetes de 70mm (modelos MK66 e MK40), sistemas de espoletamento e soluções para VANTs armados.

“Estamos entusiasmados em participar de mais uma feira internacional. A DSEI será uma grande oportunidade para apresentar nossos produtos e fortalecer a marca no exterior, contando com o apoio de instituições como a ABIMDE, que contribuem para a promoção da Base Industrial de Defesa brasileira”, destacou Paulo Kleinke, diretor de Vendas da CSD.

Presença marcante no Paris Air Show

No primeiro semestre, a CSD participou com sucesso da 55ª edição do Paris Air Show, um dos maiores eventos aeronáuticos do mundo, realizado entre 16 e 22 de junho na capital francesa. Integrando o Pavilhão Brasil, organizado pelo Parque de Inovação Tecnológica (PIT) de São José dos Campos (SP), a empresa esteve ao lado de mais de 2.500 expositores de 48 países e recebeu a visita de mais de 300 mil pessoas.

O estande da CSD foi ponto de encontro de autoridades brasileiras, incluindo o ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, o secretário de Produtos de Defesa (SEPROD), Tenente-Brigadeiro do Ar Heraldo Luiz Rodrigues, e o comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno. Delegações de diversos países também conheceram o portfólio da empresa.

“Foi uma grande oportunidade de apresentar nossos produtos de alta tecnologia para o segmento de defesa no mercado internacional. Somos uma empresa brasileira com forte presença global, onde nossa expertise é reconhecida”, afirmou Kleinke, ressaltando o apoio do Parque Tecnológico e do Cluster Aeroespacial para viabilizar a participação.

Sobre a CSD

A CSD – Defense Components & Systems é uma empresa brasileira especializada na fabricação de bombas aéreas, foguetes, espoletas, munições e outros componentes de defesa. Opera quatro unidades fabris no país, dedicadas a processos de fundição, usinagem e montagem.

Integrante da Base Industrial de Defesa e Segurança (BIDS) e classificada como Empresa Estratégica de Defesa (EED), a CSD tem diversos produtos certificados como Produtos Estratégicos de Defesa (PED) pelo Ministério da Defesa. Com ampla expertise técnica, a companhia aplica tecnologia nacional e ocupa posição de destaque no mercado internacional.


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com Rossi Comunicação

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