terça-feira, 2 de dezembro de 2025

IDV ampliará frota de caminhões de logística tática do Exército Italiano com novo contrato

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A Iveco Defence Vehicles (IDV) confirmou a ampliação do contrato firmado com o Ministério da Defesa da Itália para o fornecimento de caminhões de logística tática ao Exército Italiano. O novo aditivo acrescenta 658 viaturas ao acordo assinado em 2024, que passa a contemplar 1.453 veículos no total, elevando a frota planejada para 2.111 caminhões. As entregas estão previstas de forma escalonada até 2039.

Os veículos adicionais integrarão a nova família padronizada de caminhões militares da IDV, projetada para atender a um amplo espectro de missões logísticas. Estão previstas diversas variantes operacionais, incluindo transporte geral de cargas, caminhões-tanque para água e combustível, plataformas porta-contêineres, viaturas de recuperação e sistemas de reboque, ampliando a flexibilidade e a capacidade de resposta das unidades apoiadas.

Além do fornecimento das viaturas, a IDV será responsável pela manutenção e pela assistência técnica de toda a frota, assegurando altos índices de disponibilidade operacional ao longo do ciclo de vida dos veículos. Esse aspecto é considerado estratégico pelo Exército Italiano, pois impacta diretamente na prontidão das tropas e na sustentabilidade das operações em território nacional e em missões no exterior.

Segundo a empresa, a ampliação do contrato representa mais um marco em seu compromisso com o fortalecimento das capacidades terrestres da Itália. O acordo original, firmado com a Direzione Armamenti Terrestri, órgão do Ministério da Defesa, já previa entregas entre 2025 e 2038 e faz parte de um processo mais amplo de renovação e modernização da frota de viaturas logísticas, substituindo plataformas obsoletas por meios mais modernos, eficientes e adaptados às exigências do campo de batalha contemporâneo.

Com esse investimento de longo prazo, a Itália dá continuidade à sua estratégia de modernização das forças terrestres, priorizando a mobilidade, a padronização de meios, a redução de custos operacionais e o aumento da capacidade de sustentação logística em cenários de alta intensidade, apoio a operações multinacionais e missões de resposta a emergências e ajuda humanitária.


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Dom Pedro II, 200 anos: PARTE IV – E se o projeto de Dom Pedro II não tivesse sido interrompido? O Brasil que poderíamos ter sido

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A queda do Império, em 1889, não representou apenas uma mudança de regime. Ela significou a interrupção de uma linha de continuidade histórica e estratégica que vinha sendo construída havia quase sete décadas. Ao nos perguntarmos onde o Brasil estaria hoje caso o projeto de Dom Pedro II tivesse sido preservado, não entramos no campo da fantasia, mas da análise comparativa com países que, naquele mesmo período, seguiram caminhos semelhante, e que hoje figuram entre as maiores potências do planeta.

Enquanto o Brasil derrubava seu imperador, o Japão iniciava a Restauração Meiji. A Alemanha, sob Otto von Bismarck, consolidava sua unificação. Os Estados Unidos, recém-saídos da Guerra Civil, apostavam fortemente em indústria, ferrovias, ciência e educação. Em todos esses casos, o que existia era uma visão de Estado, continuidade administrativa, investimento pesado em formação técnica, indústria de base, infraestrutura e capacidade militar.

O Brasil, sob Dom Pedro II, estava na mesma rota.

Tínhamos território, recursos naturais incomparáveis, população em crescimento, estabilidade política, instituições funcionando e, sobretudo, um líder comprometido integralmente com educação, ciência, tecnologia e soberania. Caso essa linha tivesse sido mantida, é razoável projetar que o Brasil teria entrado no século XX não como país periférico ou dependente, mas como uma das principais potências industriais emergentes do mundo.

Do ponto de vista econômico, o país teria consolidado uma base industrial própria já nas primeiras décadas do século XX, com parques siderúrgicos, metalúrgicos e navais mais robustos, reduzindo drasticamente a dependência de capitais e tecnologias estrangeiras. A exploração de riquezas minerais, a produção energética e a industrialização teriam sido conduzidas sob um projeto nacional, e não entregues, em grande parte, a interesses externos ou ciclos de desmonte interno.

O Brasil poderia ter se tornado, ainda no início do século passado, uma referência tecnológica no hemisfério sul, com universidades de excelência consolidadas, centros avançados de pesquisa e desenvolvimento e produção científica contínua, sustentada pelo próprio Estado, como desejava o imperador. A fuga de cérebros que marcaria a história republicana talvez sequer existisse, e ao contrário, o país teria atraído mentes do mundo inteiro.

No campo militar, os efeitos seriam ainda mais evidentes. A Marinha Imperial já era uma das mais respeitadas do mundo no século XIX. Com continuidade de investimentos, doutrina própria e desenvolvimento tecnológico nacional, o Brasil teria ingressado no século XX como potência naval de primeira linha. Poderia ter desempenhado papel decisivo nas duas Guerras Mundiais, não apenas como aliado secundário, mas como potência relevante no equilíbrio estratégico global, sobretudo no Atlântico Sul.

Essa condição teria alterado profundamente nossa posição geopolítica. O Brasil não seria visto apenas como fornecedor de matérias-primas, mas como um dos pilares de estabilidade e poder no hemisfério ocidental, ao lado dos Estados Unidos, e não à sua sombra. Teríamos exercido maior influência sobre a América do Sul, a África e o mundo lusófono, construindo uma zona de cooperação sob liderança brasileira, sem submissão e sem isolamento.

Talvez fôssemos, desde meados do século XX, um país com protagonismo nas decisões multilaterais globais, com assento permanente em mecanismos centrais de governança internacional, capacidade própria de dissuasão estratégica, programa nuclear completo sob controle soberano, indústria aeronáutica muito mais avançada e um complexo militar-industrial comparável ao de nações como França, Reino Unido ou Alemanha.

Mais importante que isso: teríamos preservado uma cultura de Estado, e não de governo. Uma mentalidade de planejamento em décadas, e não em mandatos. Um compromisso contínuo com educação, ciência, indústria, defesa e identidade nacional. Teríamos desenvolvido uma sociedade mais instruída, mais disciplinada institucionalmente e mais consciente de seu papel no mundo.

Essa comparação não serve para alimentar nostalgia vazia, mas para resgatar uma pergunta fundamental: em que momento o Brasil deixou de pensar como projeto de civilização para se contentar em sobreviver a crises cíclicas?

A figura de Dom Pedro II cresce justamente neste contraste. Não como símbolo de saudosismo monárquico, mas como representação de uma mentalidade estratégica que segue em falta no Brasil contemporâneo. Em um mundo que volta a ser multipolar, competitivo, tecnológico e duro, sua visão de soberania pelo conhecimento, pela educação e pela força institucional se revela mais atual do que nunca.

O Brasil que ele imaginou ainda não existiu plenamente. Mas ele continua sendo, paradoxalmente, uma possibilidade histórica em aberto.

Resgatar o pensamento de Dom Pedro II não é retornar ao século XIX. É, talvez, a única forma de finalmente entrar no século XXI como nação protagonista.


por Angelo Nicolaci


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Dom Pedro II, 200 anos: PARTE III – O IMPÉRIO COMO PROJETO DE ESTADO: EDUCAÇÃO, CIÊNCIA, DEFESA E SOBERANIA

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Mais do que um monarca culto, Dom Pedro II foi o grande arquiteto de uma ideia de Estado. Seu governo não se limitou à administração do presente: ele operava com uma rara consciência do futuro. Em um século marcado por transições violentas entre absolutismos decadentes e repúblicas instáveis, o Brasil consolidava, sob sua liderança, uma notável continuidade institucional, jurídica, territorial e estratégica.

Foi esse senso de permanência e visão de longo prazo que diferenciou profundamente o Brasil imperial das demais nações da América Latina. Enquanto antigas colônias espanholas mergulhavam em ciclos quase permanentes de guerras civis, caudilhismo, fragmentação territorial e rupturas institucionais, o Brasil manteve-se uno, estável, funcional e progressivamente mais estruturado.

México, Argentina, Bolívia, Colômbia, Peru e Venezuela atravessaram sucessivas guerras internas, golpes de Estado, mudanças bruscas de regime e crises de legitimidade. O Brasil, ao contrário, preservou sua unidade física e política ao longo de quase meio século de Segundo Reinado. Isso não foi consequência do acaso ou de simples sorte histórica: foi o resultado direto de uma construção institucional cuidadosamente sustentada em quatro pilares fundamentais: ordem constitucional, profissionalização do Estado, educação como instrumento de poder e soberania territorial inegociável.

A Constituição de 1824, preservada durante todo o Segundo Reinado, foi uma das mais duradouras do século XIX. Diferentemente da instabilidade normativa que caracterizaria o período republicano, Dom Pedro II governou dentro dos limites constitucionais, respeitou o Parlamento e compreendeu o Poder Moderador como mecanismo de equilíbrio entre forças políticas — não como instrumento de tirania. Esse arranjo, frequentemente mal interpretado ao longo do tempo, garantiu estabilidade institucional, evitou rupturas e impediu que o país oscilasse entre autoritarismo e anarquia.

Paralelamente, o Estado imperial se profissionalizava. Foram criadas, fortalecidas e consolidadas instituições técnicas, científicas e culturais que projetaram o Brasil como referência regional: o Observatório Nacional, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, a Escola Politécnica, a Academia Imperial de Belas Artes, além do fortalecimento do ensino técnico-militar e das escolas de engenharia e medicina. Dom Pedro II compreendia algo que apenas no século XX se tornaria consenso entre as grandes potências: conhecimento não é luxo, é poder estratégico.

Ele financiava pesquisadores, mantinha contato direto com cientistas do mais alto nível, como Louis Pasteur, Charles Darwin, Victor Hugo, Graham Bell e outros grandes nomes do pensamento universal. Mais do que um mecenas, era um participante ativo do debate intelectual, acompanhava descobertas, estimulava pesquisas e ajudava a inserir o Brasil em uma rede internacional de ciência e inovação.

Sob seu comando, o Brasil foi uma das primeiras nações a adotar e expandir o telégrafo, a fotografia, a navegação a vapor em larga escala, a malha ferroviária e os primeiros experimentos com eletricidade. Essas iniciativas não eram decisões meramente técnicas ou administrativas: eram escolhas claramente geopolíticas. Dom Pedro II compreendia que quem domina a tecnologia, domina o próprio destino.

No campo militar, essa mentalidade se materializou em um dos processos mais consistentes de fortalecimento do poder nacional já vistos na história brasileira. A Marinha Imperial tornou-se a mais poderosa do hemisfério sul e uma das mais relevantes do mundo naquele contexto, especialmente em capacidade fluvial, logística e de projeção regional. O Arsenal de Marinha, os estaleiros, as fundições e estruturas de manutenção tornaram o Brasil progressivamente menos dependente do exterior.

Durante a Guerra do Paraguai, o Império demonstrou não apenas força militar, mas capacidade logística, industrial, organizacional e estratégica em uma escala incompatível com a condição de “país periférico” que tantas vezes tentaram atribuir-lhe. O conflito, apesar de trágico, revelou ao mundo a existência de uma potência regional sólida, coordenada e funcional.

Mais importante ainda: sob o Império, as Forças Armadas estavam subordinadas ao Estado, e não à política partidária ou a interesses individuais. A hierarquia, a disciplina e a noção de serviço à Nação eram princípios estruturantes. Esse vínculo institucional – e não ideológico – foi fundamental para a estabilidade do país e para a preservação de sua soberania. Foi exatamente esse equilíbrio que começou a ruir após a Proclamação da República.

Com a queda do Império em 1889, o Brasil não perdeu apenas seu imperador. Perdeu seu projeto de longo prazo.

A República nasceu de um golpe militar sem participação popular efetiva, rompeu a continuidade institucional e inaugurou um ciclo de improviso político, disputas personalistas, instabilidade jurídica e rupturas sucessivas da ordem constitucional. Em poucas décadas, o país conheceria revoltas, insurreições, estados de sítio, intervenções militares, ditaduras e uma crônica incapacidade de planejar o futuro de forma contínua.

O que antes era política de Estado transformou-se em política de governo: curta, volátil, condicionada a ciclos eleitorais e interesses imediatos. A máquina pública, que no Império buscava a meritocracia técnica e a estabilidade funcional, passou a ser dominada pelo clientelismo, pelo fisiologismo e pela lógica da troca de favores. Projetos estruturantes foram interrompidos, a indústria nacional perdeu impulso estratégico e a noção de soberania de longo prazo foi progressivamente diluída ao longo do século XX.

Ao analisar esse processo com frieza histórica, a conclusão é inevitável: o Brasil não perdeu o rumo por falta de território, recursos naturais ou população. Perdeu o rumo porque rompeu, de forma abrupta, com a própria linha de continuidade histórica e desarticulou o modelo de Estado concebido e construído durante o reinado de Dom Pedro II.

O imperador pensava em décadas. A República passou a pensar em mandatos.

Dom Pedro II governava com visão de civilização. Muitos de seus sucessores governaram sob pressões eleitorais, interesses conjunturais, influências externas e crises constantes.

É exatamente nesse contraste que sua figura cresce, em pleno século XXI, como referência estratégica. Em um mundo marcado pela multipolaridade, por disputas tecnológicas, guerra híbrida, soberania digital e corrida por recursos, a mentalidade de Estado de Dom Pedro II não soa como passado, mas como horizonte.

O Brasil que ele imaginou era educado, soberano, tecnológico, respeitado e capaz de influenciar o cenário global sem submissão e sem isolamento. Um país sustentado não apenas por riquezas naturais, mas por conhecimento, planejamento, indústria, ciência e visão estratégica.

Essa ideia de Brasil não morreu com ele. Apenas foi interrompida.

E talvez esteja, ainda hoje, à nossa frente.

Na próxima e última parte desta série, analisaremos a pergunta que inevitavelmente surge diante desses fatos:

E se o projeto de D. Pedro II não tivesse sido interrompido? Onde o Brasil estaria hoje econômica, tecnológica, militar e geopoliticamente?


por Angelo Nicolaci


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Dinamarca conclui incorporação do ATMOS e confirma poder de fogo de longo alcance do sistema

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A Dinamarca concluiu oficialmente a incorporação do sistema de artilharia ATMOS às suas forças terrestres com a chegada das últimas unidades adquiridas, completando um total de 19 veículos. O novo meio de apoio de fogo foi recentemente submetido a exercícios de tiro real conduzidos pelo 1º Batalhão de Artilharia na área de treinamento de Borris, em condições típicas do rigoroso inverno escandinavo, com baixa luminosidade, temperaturas reduzidas e visibilidade limitada.

Mesmo em um cenário de penumbra quase constante, em que se torna difícil distinguir se são três da manhã ou cinco da tarde, as equipes de artilharia testaram o alcance e a precisão dos obuseiros de 155 mm montados sobre a plataforma ATMOS. Capaz de atingir alvos a até 40 quilômetros de distância, aproximadamente o trajeto entre as cidades de Horsens e Aarhus, o sistema demonstrou elevada eficiência, precisão e rapidez na aquisição e engajamento de alvos, consolidando sua prontidão operacional.

O ATMOS é um sistema de artilharia autopropulsado sobre rodas que combina um caminhão de alta mobilidade com um obus de 155 mm montado em sua parte traseira. Cada viatura é operada por uma tripulação de cinco militares e foi projetado para oferecer uma combinação de poder de fogo, mobilidade estratégica e rapidez de emprego. Atualmente, os sistemas são operados diariamente a partir do Quartel de Oksbøl, sede do Regimento de Artilharia Dinamarquês. O 1º Batalhão de Artilharia integra a 1ª Brigada e tem como principal missão fornecer apoio de fogo pesado e de longo alcance às forças de manobra.

Segundo o tenente-coronel Kenneth Riishøj, comandante do batalhão, uma das principais vantagens do ATMOS em relação ao sistema CAESAR, anteriormente empregado pela Dinamarca e posteriormente doado à Ucrânia, é a flexibilidade operacional. De acordo com ele, o ATMOS conta com diversos modos de operação, inclusive manual, o que permite que o sistema continue em funcionamento mesmo em caso de falhas em componentes automatizados. Isso aumenta significativamente o tempo de disponibilidade em combate, reduzindo a necessidade de manutenção imediata e ampliando sua presença efetiva no campo de batalha.

Outro ponto de destaque é a mobilidade do sistema. Por estar montado sobre um chassi sobre rodas, o ATMOS deixa menos marcas no terreno quando comparado a viaturas sobre lagartas, o que reduz sua assinatura visual e facilita a dispersão após os disparos. Essa característica favorece a chamada tática “atirar e deslocar”, essencial no atual cenário de guerra altamente monitorado por sensores e drones. A capacidade de mudar rapidamente de posição após a execução de uma missão de fogo aumenta consideravelmente a sobrevivência do sistema frente à ameaça de contra-bateria e vigilância aérea inimiga.

Devido ao seu alcance estendido, a Dinamarca enfrenta limitações geográficas para a realização de alguns tipos de treinamento. Como alternativa, os disparos foram efetuados a partir de terrenos civis em direção à área militar de Borris, um método não convencional, mas que já é empregado há décadas por unidades de artilharia nas proximidades das regiões de Borris e Oksbøl. Esse tipo de adaptação demonstra a flexibilidade doutrinária dos dinamarqueses e a importância atribuída à manutenção de uma capacidade real de tiro, mesmo em um território relativamente pequeno.

A introdução do ATMOS no serviço dinamarquês ocorre em um contexto de mudanças profundas no ambiente de segurança europeu. Após a doação de seus sistemas CAESAR à Ucrânia, a Dinamarca acelerou a busca por uma solução capaz de recompor, e ao mesmo tempo modernizar, sua artilharia de campanha. A escolha do ATMOS reflete uma tendência crescente entre países da OTAN por sistemas mais ágeis, móveis e capazes de operar de forma distribuída, em harmonia com as novas doutrinas de combate de alta intensidade.

Antes de sua chegada definitiva ao país, o ATMOS já havia sido testado tanto pelo fabricante quanto por outros operadores internacionais. Além disso, a própria Defesa Dinamarquesa realizou uma série de testes adicionais, incluindo exercícios de tiro no ano passado. A experiência prévia das equipes de Oksbøl com outros sistemas de artilharia facilitou significativamente a transição. Conforme destacou o tenente-coronel Riishøj, o retraining se concentrou principalmente nas particularidades estruturais e operacionais do novo sistema, uma vez que os conceitos doutrinários de emprego da artilharia permaneceram basicamente os mesmos.

A partir do próximo ano, recrutas também passarão a operar o sistema ATMOS, o que indica sua plena integração ao ciclo regular de formação do Exército dinamarquês. Atualmente, os 19 sistemas ainda pertencem formalmente à Organização de Aquisição e Logística do Ministério da Defesa, mas a expectativa é que sejam transferidos ao controle direto do Exército na próxima primavera.

A consolidação do ATMOS como principal sistema de artilharia autopropulsada da Dinamarca representa não apenas um avanço tecnológico e operacional, mas também um sinal claro do empenho do país em fortalecer suas capacidades de disuasão e defesa em um contexto marcado por crescentes tensões na Europa. Mais do que uma simples substituição de equipamentos, trata-se de uma modernização estratégica, alinhada às exigências do campo de batalha contemporâneo.

O caso brasileiro e o custo da decisão sem critério técnico

Enquanto a Dinamarca avança na modernização de sua artilharia de campanha, incorporando o sistema ATMOS de 155 mm como vetor estratégico de apoio de fogo de artilharia de longo alcance, o Brasil seguiu na direção oposta ao cancelar sua intenção de aquisição do mesmo sistema para o Exército Brasileiro, sem apresentar até o momento uma justificativa técnica clara, transparente ou baseada em critérios operacionais.

A decisão brasileira causou perplexidade em círculos militares e estratégicos, especialmente porque o ATMOS havia sido selecionado após análises técnicas e avaliações operacionais conduzidas pelo próprio Exército. Trata-se de um sistema que atende plenamente às necessidades doutrinárias da Força Terrestre, oferecendo mobilidade, alcance, precisão, elevada cadência de tiro e capacidade de sobrevivência no campo de batalha moderno.

O cancelamento ocorreu em um cenário de tensões diplomáticas entre o governo brasileiro e Israel, país de origem do sistema, com a decisão motivada por alinhamentos ideológicos e posicionamentos políticos externos, e não por critérios técnicos, logísticos ou estratégicos. Essa decisão é especialmente sensível quando se considera que a defesa nacional deve ser uma política de Estado e não de governo, orientada por interesses permanentes, e não por conjunturas diplomáticas transitórias.

O impacto dessa escolha vai além de uma simples troca de fornecedores. A interrupção do processo afetou diretamente o planejamento de reaparelhamento da artilharia brasileira, atrasou a modernização de capacidades críticas e ampliou a defasagem tecnológica. Em um cenário internacional cada vez mais instável, marcado pela volta de conflitos de alta intensidade e pelo protagonismo da artilharia no campo de batalha, abrir mão de um sistema já selecionado tecnicamente representa um retrocesso significativo.

Também chama atenção o contraste com aliados e parceiros estratégicos. Além da Dinamarca, outros países optaram por fortalecer suas forças de artilharia com soluções modernas, reconhecendo o papel decisivo do fogo de longo alcance em conflitos contemporâneos, como visto na Ucrânia. O Brasil, por sua vez, segue adiando decisões estruturantes, mantendo sistemas envelhecidos e postergando investimentos que impactam diretamente sua capacidade de dissuasão.

Ao subordinar decisões estratégicas de defesa a disputas ideológicas ou a agendas de curto prazo, o país compromete não apenas a eficiência operacional de suas Forças Armadas, mas também a sua credibilidade como nação soberana. A história demonstra que nações que negligenciam suas capacidades de defesa acabam reduzindo seu próprio poder de negociação no cenário internacional.

Mais do que uma simples compra cancelada, o episódio do ATMOS simboliza um problema maior: a ausência de continuidade em programas estratégicos de defesa e a dificuldade do Brasil em tratar segurança nacional como prioridade de Estado. Em um mundo onde poder militar ainda é um dos pilares do poder nacional, decisões como essa cobram um preço alto, que não aparece no presente imediato, mas se manifesta inevitavelmente no futuro.


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FMV investe US$ 159 milhões em novos blindados Patria 300B para o Exército Sueco

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A Suécia amplia sua capacidade de combate e mobilidade protegida com um novo e significativo investimento em veículos blindados todo-terreno. A Administração de Material de Defesa (FMV) encomendou mais 94 unidades do Veículo Blindado Terrestre 300B (Pansarterrängbil 300B), produzido pela finlandesa Patria Land Oy, em um contrato adicional avaliado em aproximadamente 1,5 bilhão de coroas suecas, cerca de US$ 159 milhões.

Com esse novo pedido, o total de viaturas da família 300B destinadas às Forças Armadas Suecas chega a 415 unidades, que serão entregues gradualmente entre 2025 e 2030. As novas viaturas contemplam diferentes variantes, incluindo transporte de tropas, posto de comando e evacuação médica, reforçando a capacidade de resposta em múltiplos cenários operacionais, desde o combate convencional até missões de apoio e logística em ambientes extremos.

O reforço ocorre após um período de intensa avaliação operacional. Durante cerca de um ano e meio, militares suecos treinaram e testaram o sistema em diversas condições, incluindo exercícios em ambiente ártico, o que foi fundamental para a decisão de ampliar a encomenda. Segundo Håkan Larsson, gerente de projeto da FMV, o desempenho do sistema foi plenamente satisfatório, especialmente após a integração de componentes operacionais essenciais, como a estação de armas remotamente controlada e o sistema lançador de fumaça. Ele afirma que a frota está agora em processo de atingir sua capacidade total de emprego.

Até o momento, 14 viaturas de produção em série já foram entregues às Forças Armadas Suecas, além de uma pré-série de 20 veículos que vêm sendo utilizados operacionalmente há aproximadamente um ano e meio. Esses meios têm permitido às tropas se familiarizarem com a plataforma, ajustarem doutrinas de emprego e testarem sua eficácia em operações no terreno.

O 300B integra a iniciativa internacional Common Armoured Vehicle System (CAVS), uma colaboração multinacional da qual a Suécia participa ao lado de Finlândia, Letônia, Dinamarca, Noruega, Alemanha e Reino Unido. O programa tem como objetivo padronizar plataformas, aumentar a interoperabilidade entre forças aliadas e reduzir custos de aquisição, manutenção e suporte logístico ao longo do ciclo de vida dos veículos.

Desenvolvido para oferecer elevada mobilidade em terrenos difíceis, alto nível de proteção balística e contra minas, além de modularidade para diversas configurações, o modelo da Patria se consolida como uma das principais soluções blindadas de transporte de tropas da atualidade no ambiente europeu. Sua adoção crescente por países do norte e do leste da Europa também reflete a mudança no panorama de segurança regional e a necessidade de forças mais ágeis, protegidas e interoperáveis.

O novo pedido da Suécia sinaliza não apenas o fortalecimento de suas capacidades militares, mas também o aprofundamento de uma política de defesa baseada em cooperação internacional, prontidão operacional e investimentos contínuos em tecnologia de ponta para garantir a soberania e a segurança nacional em um contexto geopolítico cada vez mais complexo.


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Viking Flame: Suécia e Reino Unido testam novas capacidades de autoproteção aérea com o Gripen em ambiente de alta ameaça

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Entre os dias 10 e 14 de novembro, as forças armadas da Suécia e do Reino Unido realizaram uma série de testes conjuntos com foco em autoproteção de aeronaves de combate no Campo de Testes de Armas Aéreas de Donna Nook, em Lincolnshire, na Inglaterra. A atividade, batizada de Viking Flame, teve como objetivo reforçar a capacidade de sobrevivência das plataformas aéreas da OTAN diante de ameaças emergentes em cenários operacionais cada vez mais complexos.

Os ensaios integraram o projeto Easyrider, uma iniciativa voltada ao desenvolvimento e validação de soluções avançadas de proteção de plataformas aéreas, liderada pelo Centro de Guerra Aérea e Espacial da Força Aérea Real (RAF Air and Space Warfare Centre – ASWC) em parceria com o Laboratório de Ciência e Tecnologia de Defesa do Reino Unido (Dstl). A cooperação também contou com o apoio direto da FMV (Administração de Material de Defesa da Suécia), do Instituto Sueco de Pesquisa de Defesa e da Força Aérea Sueca.

No centro da operação estiveram duas aeronaves Saab JAS 39 Gripen, pertencentes à unidade de Teste e Avaliação da FMV. A partir da base aérea da RAF Coningsby, esses caças foram empregados como plataformas de teste para a integração e validação de contramedidas de última geração, desenvolvidas para enfrentar um espectro crescente de ameaças, incluindo mísseis guiados e sistemas de defesa aérea modernos.

A escolha do Gripen não foi casual. Sua arquitetura aberta e sua comprovada flexibilidade para integração de novos sensores, softwares e sistemas de autoproteção o tornaram a plataforma ideal para esse tipo de avaliação. Segundo Martin Palmér Bouvin, gestor de campanha da FMV T&E Luft, o Gripen é único em sua capacidade de incorporar rapidamente novas funções e sistemas, permitindo ciclos de testes mais ágeis e eficientes em comparação com outras plataformas de combate.

Mesmo diante de condições climáticas adversas, seis voos de teste foram concluídos durante a janela operacional. As missões geraram um volume significativo de dados de alta qualidade, que agora serão analisados para orientar futuras decisões sobre a integração de contramedidas avançadas nas plataformas de combate aéreo de próxima geração empregadas pela OTAN.

Mais do que uma atividade técnica isolada, o Viking Flame simboliza o aprofundamento da cooperação militar e tecnológica entre a Suécia e o Reino Unido em um momento em que a superioridade aérea depende cada vez mais da capacidade de sobrevivência em ambientes contestados. A interoperabilidade entre os aliados, aliada ao compartilhamento de conhecimentos, infraestrutura e expertise científica, aparece como um fator decisivo para acelerar o desenvolvimento de soluções eficazes de proteção aérea.

O êxito dos testes reforça a importância de programas colaborativos dentro da aliança, voltados não apenas à capacidade de ataque, mas sobretudo à sobrevivência e continuidade da missão. Em um cenário internacional marcado pelo avanço de sistemas antiaéreos, guerra eletrônica sofisticada e mísseis cada vez mais letais, a capacidade de detectar, enganar e neutralizar ameaças se torna tão estratégica quanto o poder de fogo.

Ao combinar tecnologia de ponta, doutrina integrada e cooperação bilateral de alto nível, Suécia e Reino Unido deram um passo relevante para fortalecer o escudo aéreo da OTAN, evidenciando que a dissuasão moderna não se constrói apenas com armas, mas com inteligência, integração e inovação contínua.


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Economia do crime organizado e o desmantelamento das facções criminosas foram temas debatidos no COP Internacional

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Durante o Congresso de Operações Policiais – "COP Internacional", que reuniu representantes da sociedade civil, forças de segurança, política e justiça do Brasil em São Paulo (SP), o debate sobre a economia do crime e o desmantelamento das facções criminosas foi um dos pontos fortes.

O debate reuniu personalidades como Ronaldo Sayeg, diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC), o juiz Alexandre Abraão, da 3ª Vara Especializada em Crime Organizado do TJRJ, Dr. Carlos Bruno Gaya da Costa, Promotor de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), Dr. Artur Dian, Delegado-Geral da Polícia Civil de São Paulo e do promotor de justiça Luciano Lara. 

O Dr Artur Dian abriu os trabalhos dizendo que minar a economia do crime é um tema contemporâneo e global e questionando o promotor Luciano Lara sobre como o atual sistema penal brasileiro alimenta a economia do crime organizado. O promotor afirmou que a forma como o sistema está hoje ele só garante que as lideranças criminosas continuem atuando e mantendo suas posições mesmo estando dentro do sistema prisional. “O enfrentamento do crime organizado precisa passar por mudanças no sistema prisional”, afirma Lara.

Segundo ele, não há vagas no sistema prisional brasileiro. O CNJ estabelece estarem presos hoje no Brasil mais de 490 mil pessoas, segundo o Banco Nacional de Mandados de Prisão do Conselho Nacional de Justiça, sendo que não há 500 mil vagas em presídios hoje. Além das superlotações e de tudo que ela resulta, isso também é motivo para que a lei penal tenha mecanismos de progressão, que acaba por devolver o criminoso à sociedade para reincidir. “Isso é custo para o estado, sem falar na sensação de imunidade para a sociedade”, afirma Luciano Lara.

Ainda segundo o promotor, nos Estado Unidos, 95% dos crimes são resolvidos em negociações e não vão à júri, o que reduz os gastos públicos. “No Brasil, estima-se que 4,2% do PIB anual seja perdido em torno das questões dos delitos no país”, disse.

Para contribuir com o debate, Ronaldo Sayeg, diretor do DEIC, apresentou o case do ouro em São Paulo, onde o grama vale R$ 714 e estabeleceu-se um forte esquema de roubo e modificação de joias. “O sucesso da operação se deu pela união das forças de inteligência em apoio às operações do DEIC, assim como pela contribuição da Agência Nacional de Mineração”, contou Sayeg.

O juiz Alexandre Abraão, da 3ª Vara Especializada em Crime Organizado do TJRJ, disse que 27% do território nacional hoje já é do crime organizado. “Essa situação aqui, como em todo o mundo, exige uma união. Veja como o advento do 11 de setembro uniu as forças e órgãos de segurança nos Estado Unidos. Essa união das inteligências e das forças é que vai nos dar caminhos esvaziar a economia do crime organizado e avançar no enfrentamento”, afirmou.

O Dr. Carlos Bruno Gaya da Costa, do GAECO, enalteceu exatamente o que chamou de “atuação interagências” no combate ao crime organizado. “A disponibilidade do cruzamento de dados da Fazenda, CADE, Receita Federal, Banco Central, entre outros, é que nos dá ferramentas para identificar os delitos e atuar no desmantelamento das organizações, cortando seus suprimentos e fiscalizando constantemente as movimentações”, afirmou. Ele também enalteceu a atuação do COAF, que vem se reorganizando depois de um sucateamento, para fortalecer a inteligência das operações.


Sobre o COP Internacional:

A 5ª edição do Congresso de Operações Policiais – COP Internacional se encerrou no dia 25 de outubro, já consolidada como a maior edição do evento. Foram oferecidas mais de 44 horas de programação com 88 palestrantes. Além disso, 84 marcas expositoras, nacionais e internacionais, apresentaram as soluções mais modernas voltadas para o mundo da segurança pública.

O evento reuniu, ainda, 15 delegações e participantes de mais de 10 diferentes países (Türkiye, Suécia, Israel, Áustria, Estônia, Estados Unidos, França, Alemanha, China e Brasil). Foram mais de 18 mil visitantes credenciados no evento.


Fonte: IZYCOM Comunicação 360º

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Otokar fecha novo contrato de US$ 83,6 milhões e consolida o COBRA II como referência global em veículos blindados 4x4

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A indústria de defesa da Türkiye amplia sua presença no mercado internacional com mais um avanço significativo. A Otokar, maior exportadora turca de plataformas terrestres, anunciou a assinatura de um contrato de exportação no valor de US$ 83,6 milhões para o fornecimento do veículo blindado tático sobre rodas COBRA II 4x4. As entregas estão previstas para ocorrer ao longo de 2025, reforçando a presença do modelo em forças armadas ao redor do mundo.

Reconhecida como fornecedora oficial de organizações como a OTAN e as Nações Unidas, a Otokar já contabiliza mais de 33 mil veículos militares em operação em mais de 40 países. Segundo Sedef Vehbi, responsável pelo Cluster Militar da empresa, essa presença global é resultado direto do alto desempenho e da confiabilidade dos seus sistemas em missões críticas, que vão desde operações de combate até ações de manutenção da paz em ambientes extremos.

De acordo com a executiva, a experiência acumulada em diferentes teatros de operação é constantemente incorporada ao desenvolvimento de novas soluções, em um processo contínuo de evolução tecnológica alinhado às demandas dos clientes. O COBRA II é um dos melhores veículos blindados de sua categoria em todo o mundo, atualmente em serviço na Türkiye e em diversos outros países, cumprindo uma ampla variedade de missões.

Plataforma consolidada em combate e adaptável a múltiplas missões

O COBRA II 4x4 é hoje operado por mais de 20 usuários em 13 países, atuando sob as mais variadas condições climáticas e geográficas. A plataforma se destacou por sua robustez em terrenos difíceis, desde desertos e regiões montanhosas até ambientes urbanos complexos, o que o tornou uma escolha recorrente em programas de modernização militar.

Desenvolvido com base em quase 40 anos de experiência da Otokar no setor de defesa, o COBRA II foi concebido desde sua origem como uma plataforma modular e escalável. Lançado em 2013, o veículo já conta com mais de 30 variantes, configuradas para atender a diferentes perfis operacionais, incluindo transporte de tropas, reconhecimento, comando e controle, suporte de fogo e evacuação médica, entre outras funções.

Além de sua elevada mobilidade, o COBRA II oferece proteção balística, antiminas e contra artefatos explosivos improvisados (IEDs), um requisito essencial nos cenários modernos de conflito e na condução de operações assimétricas. Seu alto índice de potência por peso garante desempenho superior, ao mesmo tempo em que a arquitetura do veículo permite a integração de uma ampla variedade de sistemas de armas e equipamentos de missão, conforme as necessidades do operador.

Mais do que exportação: projeção estratégica da indústria turca

O novo contrato reforça não apenas a competitividade do COBRA II, mas também a crescente projeção internacional da indústria de defesa da Türkiye, que nos últimos anos tem buscado reduzir dependências externas e ampliar sua autonomia tecnológica. Nesse contexto, a Otokar se consolida como uma vitrine do avanço turco em soluções terrestres, combinando capacidade industrial, flexibilidade de projeto e competitividade no mercado global.

Em um cenário internacional marcado por tensões regionais, conflitos híbridos e demanda por plataformas móveis, protegidas e altamente adaptáveis, o COBRA II se impõe como um ativo estratégico para países que buscam modernizar suas forças com soluções comprovadas em combate.

O novo pedido de US$ 83,6 milhões não representa apenas mais uma venda. Ele evidencia a consolidação de um modelo de sucesso e o fortalecimento de uma cadeia industrial que entende defesa não apenas como mercado, mas como instrumento de soberania, dissuasão e estabilidade.


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ABIMDE comanda Espaço Brasil na Expodefensa e impulsiona indústria nacional de defesa

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Entre os dias 1º e 3 de dezembro de 2025, o Brasil marcará presença de forma organizada e estratégica na Expodefensa, uma das principais feiras de defesa e segurança da América Latina, realizada no Centro de Exposições Corferias, em Bogotá, na Colômbia. A coordenação do Espaço Brasil ficará a cargo da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (ABIMDE), em parceria com a ApexBrasil e com o apoio institucional do Ministério da Defesa (MD) e do Ministério das Relações Exteriores (MRE).

Mais do que uma ação comercial, a iniciativa reflete um movimento consistente de política industrial e diplomacia de defesa, concentrado em ampliar a presença brasileira em um ambiente cada vez mais competitivo e marcado por desafios comuns entre os países latino-americanos.

A edição 2025 da Expodefensa terá como eixos centrais temas de alto impacto estratégico: cooperação regional, resposta integrada a crises, proteção de recursos naturais, combate a atividades ilícitas transnacionais e segurança de infraestruturas críticas. Também estarão em destaque avanços em defesa multidomínio, cibersegurança, tecnologias para controle de fronteiras e gestão de riscos — áreas diretamente relacionadas à soberania e à estabilidade dos países da região.

Segundo o Coronel Antonio Ribeiro, Diretor de Projetos da ABIMDE e responsável pela coordenação do estande brasileiro, os temas escolhidos refletem demandas concretas das Forças Armadas e das estruturas de segurança dos países latino-americanos. De acordo com ele, tratam-se de assuntos “de interesse direto para a região e que abrem espaço para diálogos técnicos capazes de gerar iniciativas concretas de cooperação”. Ribeiro destaca ainda que a participação brasileira atende à necessidade de fortalecer interlocuções internacionais e tornar mais visível a capacidade tecnológica e industrial do país em setores considerados sensíveis e de alta complexidade.

A comitiva oficial do Ministério da Defesa contará com representantes de áreas estratégicas ligadas à ciência, tecnologia, inovação e promoção internacional, além dos adidos de defesa no país anfitrião. Estão confirmadas as presenças da Secretária-Adjunta da Secretaria de Produtos de Defesa, Juliana Ribeiro Larenas; da Coordenadora-Geral do Departamento de Ciência, Tecnologia e Inovação, Fernanda das Graças Corrêa; do Adido de Defesa e do Exército do Brasil na Colômbia, Coronel Sérgio Henrique Lopes Rendeiro; do Adido Aeronáutico, Coronel Antônio Fernandes Filho; do Adido Naval, Capitão de Mar e Guerra Márcio Vitor Dias; e do Coordenador do Departamento de Promoção Comercial, Capitão de Fragata Victor Abel Rosa de Araújo.

No pavilhão brasileiro, treze empresas representarão diferentes segmentos da Base Industrial de Defesa e Segurança (BIDS). Estarão presentes companhias que atuam em áreas como sistemas aeronáuticos, munições, sensores, comunicações seguras, engenharia, serviços de aviação, armamentos, tecnologia têxtil e soluções embarcadas. Entre elas: Ares, Arrow/Dupont, A.S. Avionics, BCA Têxtil, CBC, Helisul, IACIT, IAS, IVG Brasil, M&K, Modirum/GESPI, Omnisys e Taurus.

Essa diversidade tecnológica reforça a maturidade do parque industrial brasileiro no setor de defesa, que hoje não se limita à produção de meios convencionais, mas incorpora soluções avançadas em eletrônica embarcada, integração de sistemas, softwares críticos e produtos de uso dual, capazes de atender tanto à área militar quanto a aplicações civis sensíveis.

A agenda do Espaço Brasil será composta por reuniões bilaterais, encontros técnicos, visitas institucionais e atividades voltadas ao alinhamento estratégico com autoridades governamentais e representantes das Forças Armadas de diferentes países. O objetivo é não apenas a prospecção de negócios, mas o fortalecimento de parcerias de médio e longo prazo, alinhadas às necessidades de modernização e autonomia tecnológica das nações latino-americanas.

A atuação integrada da ABIMDE na feira é vista como um diferencial relevante. Ao centralizar e organizar a participação das empresas, a Associação cria condições mais favoráveis para a geração de oportunidades concretas, além de conferir unidade, credibilidade e projeção internacional à indústria brasileira. Conforme ressaltado pelo Coronel Ribeiro, essa presença coordenada permite a construção de agendas consistentes e a valorização da produção nacional em um ambiente de alta relevância estratégica.

A força da Expodefensa pode ser percebida pelos números da edição anterior, que reuniu mais de dez mil participantes, 231 expositores de 29 países, 53 delegações internacionais e uma ampla cobertura da imprensa especializada. A programação incluiu demonstrações de sistemas, painéis técnicos, encontros governamentais e atividades que aproximaram governos, forças armadas e indústria.

Esse movimento também está diretamente conectado ao projeto Brazil Defense, conduzido em conjunto por ABIMDE e ApexBrasil. A iniciativa busca impulsionar as exportações brasileiras do setor por meio de monitoramento de mercados, apoio à participação em grandes feiras, rodadas de negócios e integração de empresas em ações de promoção internacional. Trata-se de um esforço estruturado para posicionar o Brasil como fornecedor confiável e competitivo no mercado global de defesa e segurança.

Ao associar diplomacia, indústria, tecnologia e planejamento estratégico, a presença brasileira na Expodefensa 2025 reforça uma mensagem clara: a Base Industrial de Defesa é um instrumento de soberania nacional, mas também uma ferramenta de cooperação regional, estabilidade e desenvolvimento tecnológico. Em um cenário global marcado por incertezas e reconfigurações geopolíticas, o Brasil avança não apenas para vender, mas para dialogar, cooperar e se posicionar de forma madura no tabuleiro internacional da defesa.


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com Rossi Comunicação

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segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

Embraer entrega os primeiros Centros de Comando e Controle Móvel do SISFRON ao Exército Brasileiro

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A Embraer entregou ao Exército Brasileiro as quatro primeiras unidades do Centro de Comando e Controle Móvel (CC2), marcando um novo avanço dentro da Fase 2 do Programa Estratégico SISFRON (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras). Ao todo, 15 viaturas serão repassadas nesta etapa, com foco direto na ampliação da capacidade de comando, controle, comunicações, inteligência, vigilância e reconhecimento ao longo da faixa de fronteira oeste do país.

Mais do que simples plataformas de apoio, os veículos CC2 são nós móveis de integração de dados e tomada de decisão. Eles operam como centros avançados capazes de reunir, em tempo real, informações provenientes de diferentes sensores, sistemas de vigilância, bases de dados e plataformas de monitoramento, transformando esses dados em consciência situacional aplicável ao terreno. Essa capacidade é decisiva em operações que exigem resposta rápida, coordenação interagências e domínio do ambiente operacional.

Além da integração de informações, os CC2 asseguram comunicações protegidas e resilientes, requisito essencial em cenários onde a segurança das transmissões é tão vital quanto a própria coleta de dados. Em regiões de difícil acesso ou com limitada infraestrutura de telecomunicações, a mobilidade desses centros torna-se um diferencial estratégico, permitindo ao Exército manter continuidade de comando mesmo em ambientes complexos e remotos.

A entrega dos primeiros CC2 dentro da Fase 2 do SISFRON reforça uma lógica já consolidada: a defesa das fronteiras não se limita à presença física, mas depende crescentemente da integração tecnológica, da interoperabilidade de sistemas e da capacidade de antecipação. Trata-se de um salto qualitativo na maneira como o Brasil protege seu território, combate ilícitos transfronteiriços e amplia sua soberania efetiva em áreas sensíveis.

O SISFRON é, por definição, um projeto de longo prazo e de Estado. Ele não se restringe ao monitoramento, mas estrutura uma nova arquitetura de defesa territorial, unindo sensores, plataformas aéreas e terrestres, centros de comando e sistemas de análise em uma rede única. Nesse contexto, os CC2 funcionam como peças-chave, traduzindo dados em decisão e decisão em ação no terreno.

Segundo a própria Embraer, a entrega dessas unidades representa mais um passo concreto no fortalecimento das ações de vigilância e monitoramento das fronteiras brasileiras, a partir de soluções desenvolvidas especificamente para atender às demandas da Defesa Nacional. O envolvimento da indústria brasileira nesse tipo de projeto também reforça um pilar fundamental da soberania: a capacidade do país de conceber, produzir, integrar e manter sistemas estratégicos com autonomia tecnológica.

Em um cenário internacional cada vez mais marcado por disputas assimétricas, redes criminosas transnacionais e pressões sobre recursos naturais e rotas estratégicas, investir em infraestrutura de comando e controle é tão importante quanto adquirir meios de combate. É a inteligência, a conectividade e a rapidez de decisão que definem a superioridade operacional moderna.

A chegada dos CC2 ao Exército Brasileiro revela, portanto, mais do que uma simples entrega de viaturas: evidencia a maturidade de um programa estruturante, a confiança em soluções nacionais e a compreensão de que a defesa das fronteiras é, hoje, uma combinação de presença, tecnologia e integração inteligente de capacidades.


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Dom Pedro II, 200 anos: Parte II - As instituições, a soberania e o Brasil que a República não soube preservar

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Se a primeira parte desta série ressaltou a visão quase profética de Dom Pedro II, sua erudição incomum e seu papel na consolidação de um Brasil unido, respeitado e em expansão, esta segunda análise avança para o campo das instituições e das rupturas. Aqui, não se trata apenas de comparar regimes, mas de entender por que o Brasil, que caminhava em direção à modernidade, entrou em um ciclo crônico de instabilidade após a queda do Império.

Durante o Segundo Reinado, o Brasil construiu algo raro na América Latina do século XIX: continuidade institucional. Enquanto países vizinhos mergulhavam em golpes, guerras civis e sucessivas reformas constitucionais, o Império brasileiro manteve uma estrutura jurídica estável, uma diplomacia respeitada e fronteiras praticamente consolidadas. A Constituição de 1824, embora monárquica, sustentava liberdades civis, e a separação de poderes por meio do Poder Moderador, uma engrenagem de equilíbrio que.na prática, evitava rupturas violentas entre Executivo e Legislativo.

Dom Pedro II compreendia que soberania não nasce apenas das armas, mas da credibilidade institucional. Foi sob seu comando que o Brasil estruturou um Estado funcional, uma burocracia eficiente para a época, um Judiciário organizado e uma política externa baseada em dissuasão, diplomacia e projeção de estabilidade. A própria Guerra do Paraguai, frequentemente analisada apenas pelo viés militar, foi, na realidade, um marco na afirmação regional do Brasil como potência capaz de mobilizar recursos, coordenar alianças e sustentar uma campanha prolongada sem colapsar internamente.

O que veio depois, com a Proclamação da República em 1889, não foi uma evolução natural, foi uma ruptura abrupta, liderada por setores militares e elites desconectadas do próprio povo. Não houve plebiscito. Não houve mandato popular. A queda de Dom Pedro II não representou o anseio do povo brasileiro, mas o arranjo de elites que manobraram os militares. O imperador, que poderia ter resistido, preferiu não derramar uma única gota de sangue brasileiro em nome do próprio trono. Esse gesto, por si só, já define o abismo moral entre o estadista e seus detratores.

A República prometia modernizar, mas o que se seguiu foi um período de fragmentação política, coronelismo, revoltas armadas, guerras internas e instabilidade crônica. A alternância entre governos autoritários e experiências democráticas frágeis tornou-se a regra. O país que, sob o Império, projetava-se internacionalmente como potência emergente, passou a ser caracterizado por ciclos de crise, dependência externa e descontinuidade estratégica.

Um dos maiores danos desse processo foi a erosão da visão de Estado. Dom Pedro II pensava em séculos. A República passou a pensar em mandatos. O Brasil imperial investiu em ciência, educação, cultura, infraestrutura e integração nacional de forma contínua. O Brasil republicano, com raras exceções, passou a agir por impulsos, interesses partidários e agendas de curto prazo.

Mesmo na área de defesa, que hoje volta ao centro do debate global, o Império demonstrava maior coerência estratégica. Havia um projeto de Marinha, uma doutrina de Exército, uma política de fronteiras e uma clara consciência de território. A República em muitos momentos, negligenciou a soberania em favor de alinhamentos externos ou improvisações internas.

Não se trata, aqui, de romantizar um passado nem de negar avanços pontuais da República. Mas é impossível ignorar uma evidência histórica: o Brasil que Dom Pedro II governou caminhava para ser potência. O Brasil que o depôs passou a buscar, de forma intermitente e insegura, recuperar um protagonismo que já estivera em suas mãos.

Esta segunda parte evidencia que a maior perda não foi a coroa, mas a lógica de Estado: o senso de continuidade, de projeto nacional e de responsabilidade histórica.

Na próxima parte desta série, a análise avançará sobre o papel de Dom Pedro II como indutor da ciência, da tecnologia e da educação, elementos essenciais para qualquer nação que aspire liderança no século XXI, e como o Brasil, ao abandoná-los de forma estrutural, afastou-se novamente de seu destino natural de potência.


por Angelo Nicolaci


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Lituânia amplia sua defesa antiaérea com terceiro pedido do sistema MSHORAD da Saab

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A Saab confirmou o recebimento de um terceiro pedido do sistema Mobile Short Range Air Defence (MSHORAD) da Agência de Material de Defesa da Lituânia, em um contrato avaliado em aproximadamente 1,4 bilhão de coroas suecas. As entregas estão previstas para ocorrer entre 2026 e 2030, consolidando o fortalecimento contínuo da defesa aérea de baixa altura do país báltico em um contexto de crescente instabilidade no flanco oriental da OTAN.

Com o novo acordo, a Saab fornecerá uma terceira bateria completa do MSHORAD às Forças Armadas da Lituânia. O sistema será integrado pela empresa sueca a veículos JLTV 4x4, fabricados pela norte-americana Oshkosh, combinando elevada mobilidade, proteção balística e capacidade de operar em ambientes complexos e contestados.

Em declaração oficial, Görgen Johansson, diretor da área de negócios Dynamics da Saab, destacou a robustez do sistema frente às ameaças modernas: “Temos orgulho de continuar contribuindo para manter os céus da Lituânia seguros. Nosso sistema de defesa antiaérea móvel é capaz de resistir até mesmo às contramedidas mais avançadas, oferecendo ao usuário a capacidade de se preparar para o esperado e reagir com sucesso ao inesperado”.

O MSHORAD da Saab é uma solução integrada de defesa antiaérea de curto alcance, projetada para acompanhar tropas em movimento e proteger unidades terrestres contra uma ampla gama de ameaças aéreas em baixa altitude, incluindo aeronaves tripuladas, helicópteros, mísseis de cruzeiro e drones.

A arquitetura do sistema combina:

  • Uma unidade de radar móvel baseada no Giraffe 1X, capaz de detectar, rastrear e classificar múltiplos alvos com elevada precisão e velocidade de resposta;

  • Uma unidade de tiro equipada com o sistema de mísseis RBS 70 NG, conhecido por sua alta letalidade, resistência a contramedidas eletrônicas e capacidade de engajamento em ambientes complexos;

  • A integração de todos os elementos por meio do sistema de comando e controle GBAD C2 (Ground-Based Air Defence Command and Control), que garante consciência situacional em tempo real, tomada de decisão rápida e coordenação eficiente entre sensores e atiradores;

  • Um datalink seguro que permite a troca de informações entre as unidades em movimento, ampliando o alcance operacional e a eficácia do sistema em operações distribuídas.

A escolha do MSHORAD reforça a tendência global de priorização de sistemas móveis, modulares e altamente integrados, capazes de responder às novas dinâmicas do campo de batalha moderno, marcado pelo uso intensivo de drones, munições guiadas de precisão e ataques de saturação.

Para a Lituânia, país que faz fronteira com a Rússia e Belarus, o investimento em camadas adicionais de defesa aérea representa não apenas uma necessidade militar, mas um instrumento estratégico de dissuasão e proteção da soberania nacional. Ao ampliar sua capacidade de negação de acesso e proteção de forças terrestres, o país eleva o custo de qualquer tentativa de violação de seu espaço aéreo e territorial.

O novo contrato também evidencia a crescente relevância da Saab no mercado europeu de defesa, especialmente em soluções de curto e médio alcance, que vêm ganhando protagonismo diante do cenário de guerra de alta intensidade observado nos últimos anos.

Mais do que uma simples aquisição de equipamentos, o terceiro pedido do MSHORAD por parte da Lituânia sinaliza uma mudança definitiva na forma como os países europeus encaram sua própria segurança: menos dependência reativa e mais investimento estruturado em capacidades defensivas, adaptadas às ameaças reais do século XXI.


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KIZILELMA entra para a história ao realizar o primeiro abate aéreo BVR por uma aeronave de combate não tripulada

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A aviação militar mundial acaba de testemunhar um marco sem precedentes. Pela primeira vez na história, uma aeronave de combate não tripulada conseguiu engajar e destruir com sucesso um alvo aéreo utilizando um míssil ar-ar de longo alcance, engajando o alvo além do alcance visual (BVR), em um cenário real de teste operacional. O feito foi alcançado em 29 de novembro, durante um disparo histórico realizado pelo Bayraktar KIZILELMA, plataforma de combate não tripulada desenvolvida pela Baykar, em uma operação sustentada integralmente por sistemas da ASELSAN e pela indústria de defesa da Türkiye.

O engajamento ocorreu sobre o Mar Negro e demonstrou uma cadeia completa de detecção, identificação, rastreamento e abate totalmente autônoma e soberana. O KIZILELMA detectou e acompanhou o alvo por meio do radar AESA MURAD, desenvolvido pela ASELSAN, uma das mais avançadas tecnologias de sensoriamento já integradas a uma plataforma aérea não tripulada. Em seguida, o míssil ar-ar BVR GÖKDOĞAN, desenvolvido pela TÜBİTAK SAGE, foi guiado com extrema precisão até o impacto direto, utilizando o radar de busca por radiofrequência da própria ASELSAN.

Além do radar AESA MURAD, participaram da operação um conjunto avançado de tecnologias turcas, incluindo o sistema de identificação amigo-inimigo (IFF), sistemas de comunicação seguras e soluções de controle de tiro de alta confiabilidade. Esses elementos trabalharam de forma integrada, demonstrando não apenas a eficiência individual de cada sistema, mas a maturidade de toda a arquitetura de combate em rede desenvolvida pela Türkiye para seus vetores aéreos não tripulados.

O teste foi acompanhado em voo por altas autoridades militares e industriais do país. Entre os presentes estavam o Comandante da Força Aérea da Türkiye, General Ziya Cemal Kadıoğlu, o Comandante da Força Aérea de Combate, General Rafet Dalkıran, o Presidente e CEO da ASELSAN, Ahmet Akyol, e o Presidente da Baykar, Selçuk Bayraktar. As autoridades acompanharam a missão a bordo de caças F-16 que decolaram da Base Aérea de Merzifon, evidenciando o caráter estratégico do evento e seu elevado grau de importância para a doutrina de emprego futuro da aviação de combate turca.

Mais do que um simples teste bem-sucedido, a missão simboliza uma ruptura conceitual nas operações aéreas modernas. A capacidade de uma aeronave não tripulada engajar alvos aéreos além do alcance visual, empregando mísseis de longo alcance e sensores avançados de forma autônoma, altera profundamente a lógica da superioridade aérea. Plataformas como o KIZILELMA passam a ocupar um espaço até então reservado exclusivamente a caças tripulados, abrindo caminho para novas doutrinas, redução de riscos humanos e maior flexibilidade tática em ambientes contestados.

A conquista reforça, ainda, o salto qualitativo da base industrial de defesa da Türkiye. O domínio completo do ciclo tecnológico, que vai do desenvolvimento de radares AESA à produção de mísseis ar-ar e sistemas criptografados de comunicação, posiciona o país em um seleto grupo de nações capazes de projetar e executar operações aéreas de nova geração com autonomia estratégica.

Ao demonstrar a viabilidade operacional de caças não tripulados armados com mísseis BVR e dotados de sensores avançados, a Türkiye não apenas consolida sua posição como potência emergente em tecnologia de defesa, mas também redefine parâmetros do combate aéreo do futuro. O episódio marca o início de uma nova era, em que a superioridade aérea poderá ser conquistada, em boa medida, por sistemas inteligentes, autônomos e produzidos integralmente dentro das fronteiras nacionais.


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domingo, 30 de novembro de 2025

Dom Pedro II – 200 anos do nascimento do Estadista que projetou o Brasil como potência

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Em 2 de dezembro, completam-se 200 anos do nascimento de Dom Pedro II, o segundo e mais longevo imperador do Brasil, uma figura que, mais do que um monarca, representou um projeto de Estado, uma visão estratégica de nação e uma concepção de soberania que moldou as bases do Brasil moderno. Sua trajetória, frequentemente reduzida a capítulos escolares ou romantizada em pinturas históricas, revela, quando analisada com rigor, um dos períodos de maior estabilidade política, crescimento territorial, avanço científico e projeção internacional da história brasileira.

Dom Pedro II assumiu o poder em 1840, aos 14 anos de idade, em um Brasil ainda em formação, fragmentado por revoltas regionais, com infraestrutura incipiente, instabilidade institucional e limitado reconhecimento internacional. Ao longo de quase cinco décadas de governo, o Império do Brasil consolidou fronteiras, construiu instituições sólidas, expandiu sua economia, desenvolveu ciência, educação, transportes e indústria, e passou a ser reconhecido como uma potência regional, respeitada por nações europeias e pelos Estados Unidos.

Sob seu comando, o Brasil alcançou uma rara combinação de estabilidade política, crescimento econômico e prestígio internacional na América Latina do século XIX. Enquanto vizinhos viviam ciclos constantes de golpes, guerras civis e fragmentação territorial, o Brasil manteve unidade nacional, coesão institucional e capacidade de projeção externa, elemento essencial de qualquer potência.

O Império estruturou as Forças Armadas como instrumentos de Estado, não de facções políticas, reorganizou a administração pública e promoveu a profissionalização do serviço civil e militar. A Marinha Imperial tornou-se uma das mais poderosas do mundo no período. O Exército foi modernizado e testado em conflitos reais, sobretudo na Guerra do Paraguai, quando o Brasil demonstrou capacidade logística, industrial, diplomática e militar compatível com grandes potências da época. O país produzia seus próprios navios, canhões e munições no Arsenal de Marinha e em fábricas nacionais, algo que hoje ainda figura como desafio estratégico.

Dom Pedro II exerceu liderança baseada em conhecimento, diplomacia e visão de futuro. Era fluente em diversos idiomas, correspondia-se com cientistas de renome internacional, como Charles Darwin, Louis Pasteur e Victor Hugo, financiava estudos científicos, apoiava a educação pública e privada e fomentava a criação de bibliotecas, museus, observatórios e escolas técnicas. Diferentemente de uma elite dirigente limitada ao curto prazo, ele compreendia que soberania verdadeira nasce do conhecimento, da tecnologia e da educação de seu povo.

Sob a monarquia, o Brasil investiu fortemente em ferrovias, telégrafos, portos, serviços postais, iluminação pública, ensino superior e pesquisa científica. Foi durante o Império que se estabeleceram bases reais para a industrialização nacional, com estímulos à siderurgia, à mecanização agrícola e à formação técnica, algo raro em economias coloniais recém-independentes.

No plano internacional, Dom Pedro II posicionou o Brasil como ator respeitado na diplomacia global. O país atuava com independência, sem submissão automática a nenhuma potência. A política externa do Império buscava equilíbrio, mediação e defesa dos interesses nacionais, seja na Bacia do Prata, seja nas relações com Europa e Estados Unidos. O Brasil não era satélite: era um ator soberano.

O contraste com os rumos assumidos após a Proclamação da República é incontornável do ponto de vista histórico. A transição não ocorreu por vontade popular ampla, tampouco foi fruto de uma revolução social estruturada. O que se seguiu foram décadas de instabilidade, golpes, fragmentação institucional, crises econômicas cíclicas e perda gradual de projeto nacional. O país, que havia atingido alto grau de previsibilidade institucional sob o Império, entrou em um ciclo recorrente de rupturas, centralismo inconsistente, conflitos civis e experiências políticas frequentemente desconectadas de uma visão estratégica de longo prazo.

Isso não significa que a República não tenha produzido avanços, mas é inegável que, em muitos momentos, o Brasil perdeu continuidade, planejamento e senso de Estado, três pilares que marcaram o período de Dom Pedro II. A substituição de um projeto de nação por projetos de poder, muitas vezes pessoais ou partidários, comprometeu a consolidação do Brasil como potência em diversos momentos do século XX e início do século XXI.

Revisitar Dom Pedro II no bicentenário de seu nascimento não é um exercício de nostalgia monarquista, mas uma reflexão estratégica sobre liderança, visão de Estado, planejamento de longo prazo e soberania. Num mundo marcado por competição entre grandes potências, guerras híbridas, disputas tecnológicas e crise de governança global, o exemplo do Imperador, um governante que pensava em décadas, não em mandatos, torna-se mais atual do que nunca.

Dom Pedro II não governava para si. Governava para o Brasil do futuro.

Talvez essa seja a maior lição de seus 200 anos: uma nação só se torna verdadeiramente grande quando é conduzida por líderes que amam seu povo, compreendem seu papel histórico e estão dispostos a trabalhar não para seu próprio tempo, mas para as próximas gerações.

Acompanhe essa série especial do GBN Defense em quatro partes.


por Angelo Nicolaci


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sábado, 29 de novembro de 2025

Exército Brasileiro aprofunda conhecimento em mobilidade militar com workshop sobre pneus e sistema CTIS

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Em 25 de novembro de 2025, a Diretoria de Fabricação do Exército Brasileiro realizou, em parceria com a Michelin e com o apoio do Arsenal de Guerra do Rio, um workshop técnico voltado ao aprofundamento dos conhecimentos sobre pneus para uso militar e sobre o funcionamento do Sistema Central de Enchimento de Pneus, conhecido pela sigla em inglês CTIS (Central Tire Inflation System). A atividade integrou esforços de capacitação e atualização tecnológica voltados à melhoria da mobilidade, da prontidão e do desempenho das viaturas blindadas da Força em diferentes ambientes operacionais.

O CTIS é um sistema que permite ao operador ajustar, em tempo real, a pressão dos pneus de acordo com o tipo de terreno enfrentado, como asfalto, lama, areia ou trilhas irregulares. A capacidade de adaptar a pressão dos pneus às condições do solo amplia significativamente a tração, reduz o desgaste excessivo, melhora a estabilidade e aumenta a sobrevivência da viatura em cenários operacionais complexos. Trata-se de uma tecnologia empregada nas principais plataformas blindadas sobre rodas do Exército, como a Viatura Blindada de Transporte de Pessoal Média sobre Rodas 6x6 Guarani e a Viatura Blindada Multitarefa Leve sobre Rodas 4x4 Guaicurus.

As instruções foram conduzidas por representantes da Michelin, empresa responsável pelo desenvolvimento e fornecimento de pneus para aplicações militares, e da Teleflow, companhia que fornece o CTIS que equipa as plataformas Guarani e Guaicurus. Ao longo do workshop, foram abordadas as características técnicas dos pneus militares, suas exigências específicas em termos de resistência, desempenho e durabilidade, bem como os aspectos operacionais, de manutenção e de diagnóstico do sistema de enchimento centralizado.

O evento reuniu militares de diversas organizações estratégicas do Exército Brasileiro, demonstrando o caráter integrado e multidisciplinar da iniciativa. Participaram profissionais da própria Diretoria de Fabricação, do Arsenal de Guerra do Rio, do Instituto Militar de Engenharia, do Centro Tecnológico do Exército, do Centro de Avaliações do Exército, da 9ª Brigada de Infantaria Motorizada, da Academia Militar das Agulhas Negras e do Batalhão Central de Manutenção e Suprimento, além de um representante da Iveco Defense Vehicles, fabricante das plataformas Guarani e Guaicurus.


Mais do que um treinamento técnico, o workshop se consolidou como um importante espaço de intercâmbio de experiências e conhecimentos entre militares, engenheiros, técnicos e parceiros da Base Industrial de Defesa. Foram discutidos desafios operacionais relacionados ao emprego do CTIS em diferentes tipos de missão, desde operações convencionais até contextos de apoio humanitário e atuação em áreas de difícil acesso, nas quais a mobilidade é fator decisivo para o sucesso da missão.

Ao aprofundar o conhecimento sobre sistemas essenciais às viaturas blindadas modernas, a atividade contribuiu diretamente para o fortalecimento da capacidade operacional do Exército Brasileiro, ampliando a autonomia técnica, a eficiência logística e a segurança das tropas em operação. A iniciativa também reforça a sinergia entre a Força Terrestre, o meio acadêmico e a indústria, elemento fundamental para a evolução contínua das capacidades militares nacionais.

O workshop realizado pela Diretoria de Fabricação se insere em um conjunto mais amplo de ações voltadas à modernização, ao domínio tecnológico e ao fortalecimento da soberania nacional. Ao investir na capacitação de seu efetivo e na integração com parceiros estratégicos, o Exército reafirma, na prática, o seu compromisso com o lema que orienta suas atividades: Produzir soberania.


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com Exército Brasileiro

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