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sábado, 3 de abril de 2021

Mudanças no Comando da Defesa Brasileira

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Na última semana assistimos uma série de mudanças no núcleo de defesa brasileiro, com a demissão do Ministro Fernando Azevedo e Silva que esteve à frente do Ministério da Defesa desde 1 de janeiro de 2019, indicado ainda em 2018 pelo General Augusto Heleno. 

Ao longo de sua gestão, Fernando Azevedo ressaltou que as Forças Armadas devem agir apenas dentro do que estabelece a Constituição, inclusive em questões de segurança pública, mantendo as Forças Armadas longe das disputas políticas, se opondo ao emprego político das instituições militares, o que gerou grande desgaste com a presidência, resultando na saída de Fernando Azevedo e Silva do Ministério da Defesa no último dia 29 de março, na esteira de sua saída os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica cogitaram  colocar a disposição seus cargos de forma conjunta na sequência da saída do Ministro Fernando Azevedo, o que causou certo frisson na mídia brasileira, com várias especulações sobre os bastidores do Ministério da Defesa.

No dia seguinte (30 de março), assumiu o comando da pasta o Gen. Walter Souza Braga Netto, e com a presença do ex-ministro Fernando Azevedo e os comandantes das três Forças, o 13º Ministro da Defesa, Gen. Braga Netto anunciou a exoneração dos comandantes das três forças. Tal ato gerou muita reverberação mas mídias, além de críticas da oposição e determinados setores da sociedade pela "dança das cadeiras" em curso na Esplanada dos Ministérios, onde as mudanças no Ministério da Defesa são apenas parte da série de mudanças ministeriais que o governo passa nos últimos dias.

O novo comandante da pasta, Ministro Braga Netto, militar de carreira que possui um exemplar currículo, tendo ocupado importantes posições e comandos ao longo da vida militar. Abaixo elencamos alguns pontos importantes de sua carreira:

  • Como Tenente-Coronel ocupou o cargo de Assessor da Subsecretaria de Programas e Projetos da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. 
  • Nomeado em 2001 Oficial de Gabinete do então Comandante do Exército, Gleuber Vieira.
  • Assumiu em julho de 2001 o Comando do 1º Regimento de Carros de Combate (1º RCC), ainda sediado no Rio de Janeiro. Sendo promovido a Coronel em 18 de dezembro de 2001.
  • Entre 2005 e 2007 foi Adido de Defesa e do Exército junto à Embaixada do Brasil na Polônia.
  • Promovido a general de brigada em novembro de 2009, foi nomeado chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Oeste.
  • Adido militar do exército junto à Embaixada do Brasil nos Estados Unidos da América, também credenciado junto ao Canadá em 2011.
  • Em 2013 foi promovido a General de Divisão, nomeado em agosto daquele ano coordenador geral da assessoria especial dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio2016.
  • Em novembro de 2015 assumiu o comando da 1.ª Região Militar, cargo que exerceu entre 2015 e 2016.
  • Em julho de 2016, foi promovido a General de Exército e assumiu o Comando Militar do Leste, cargo que exerceu entre setembro de 2016 e abril de 2019.
  • Em fevereiro de 2018, foi nomeado pelo presidente Michel Temer como interventor federal na Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro, cargo que exerceu até o final daquele ano, e do qual foi exonerado em 28 de março de 2019.
  • Foi chefe do Estado-Maior do Exército entre 28 de abril de 2019 a 13 de fevereiro de 2020.
  • Em 29 de fevereiro de 2020, foi transferido para a reserva encerrado sua carreira ativa no Exército Brasileiro.
  • Ainda em fevereiro de 2020 foi nomeado ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República pelo Presidente Jair Bolsonaro, cargo que assumiu em 18 de fevereiro de 2020, permanecendo até 29 de março de 2021, quando assumiu o Ministério da Defesa sucedendo o Gen. Fernando Azevedo.
O Ministro Braga Netto é considerado por colegas um grande profissional e capaz de cumprir as mais complexas missões.

Durante a intervenção federal na Segurança Pública do Rio de Janeiro realizou uma gestão exemplar, garantindo não apenas a ordem pública, mas promovendo importantes mudanças no aparato policial, deixando um belo legado.

Na "caserna" comandantes e oficiais têm muito respeito pelo general Braga Netto. Um respeito que se assemelha ao que demonstram pelo ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas.

Diante do posicionamento dos Chefes da Forças Armadas, que colocaram a disposição seus cargos, seguindo a prerrogativa da Presidência da República, o Ministro Braga Netto exonerou os três comandantes das forças, substituindo-os de acordo com a escolha presidencial dos três novos Comandantes da Forças Armadas Brasileiras, tendo sido definidos os nomes dos seguintes oficiais superiores:

  • Marinha do Brasil: Almirante de Esquadra (AE) Almir Garnier Santos
  • Aeronáutica: Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Junior
  • Exército Brasileiro: General de Exército Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira



Abaixo replicamos o anúncio dos novos comandantes pelo Ministro da Defesa :


Conheça os novos Comandantes da Forças Armadas do Brasil


Comando do Exército Brasileiro:

General-de-Exército PAULO SÉRGIO NOGUEIRA DE OLIVEIRA 

Ao ser nomeado para o cargo de Comandante do Exército, o General-de-Exército PAULO SÉRGIO NOGUEIRA DE OLIVEIRA exercia o cargo de Chefe do Departamento-Geral do Pessoal, situado em Brasília-DF.

O General de Exército Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira ascendeu ao posto atual em 31 de março de 2018.

Nascido em 28 de agosto de 1958, na cidade de Iguatu-CE, é filho de José Adolfo de Oliveira e Lindalva Nogueira de Oliveira. Incorporou às fileiras do Exército em 4 de abril de 1974, na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, onde concluiu o curso em 1976. Ingressou na Academia Militar das Agulhas Negras em 1977, tendo sido declarado Aspirante a Oficial da Arma de Infantaria em 15 de dezembro de 1980.

Além dos Cursos de Formação, de Aperfeiçoamento, de Altos Estudos Militares, realizou o curso de Operações na Selva Categoria “A” e diversos estágios, entre eles o de Escalador Militar e Operações Psicológicas. Durante sua vida militar, serviu em unidades de infantaria como o 15º BI Mtz (João Pessoa-PB), 71º BI Mtz em Garanhuns-PE e 2º BIS (Belém-PA). Foi ainda instrutor da Academia Militar das Agulhas Negras (Resende-RJ). 

Como Tenente Coronel, comandou o 10º Batalhão de Infantaria, em Juiz de Fora-MG, no biênio 2003-2004. Como Coronel foi designado para o cargo de Adido de Defesa, Naval, do Exército e Aeronáutico junto a Embaixada do Brasil no México

Como Coronel ainda, foi classificado por término de missão no exterior na na Diretoria de Avaliação e Promoções (DAProm), em Brasília-DF, onde desempenhou a função de Chefe da 1ª Seção.

Como Oficial General, foi Chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Oeste; Comandante da 16ª Brigada de Infantaria de Selva, em Tefé-AM; Chefe do Estado-Maior do Comando Militar da Amazônia, em Manaus-AM; Comandante da 12ª Região Militar, em Manaus-AM; Subchefe de Operações do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, em Brasília-DF; Comandante Logístico do Hospital das Forças Armadas, em Brasília-DF; e Comandante Militar do Norte, em Belém-PA.

Dentre as condecorações com que foi agraciado, destacam-se:

  • Ordem do Mérito Naval Grande Oficial;
  • Ordem do Mérito Militar Cavalheiro;
  • Ordem do Mérito Militar Oficial;
  • Medalha Militar de Ouro com passador de Platina;
  • Medalha do Pacificador;
  • Medalha de Serviço Amazônico com passador de Prata;
  • Medalha do Mérito da Força Expedicionária Brasileira;
  • Medalha Marechal Mascarenhas de Moraes;
  • Medalha da Vitória;
  • Distintivo de Comando Dourado;
  • Medalha Marechal Osório
  • O Legendário;
  • Ordem do Mérito do Ministério Público Militar
  • Grau Grande Oficial;
  • Ordem do Mérito do Judiciário Militar;
  • Medalha do Mérito Eleitoral do Pará.



Comando da Marinha do Brasil:

Almirante de Esquadra ALMIR GARNIER SANTOS

O Almirante de Esquadra Almir Garnier Santos nasceu em 22 de setembro de 1960, em Cascadura, no Rio de Janeiro. Orgulha-se de sua longa relação com a Marinha do Brasil, tendo ingressado, aos dez anos de idade, como aluno do curso de formação de operários, na extinta Escola Industrial Comandante Zenethilde Magno de Carvalho.

Graduou-se Técnico em Estruturas Navais, na Escola Técnica do Arsenal de Marinha (AMRJ), em 1977, tendo estagiado nas Fragatas Independência e União, à época em construção na carreira do AMRJ. No mesmo ano iniciou o Curso de Formação de Oficiais da Reserva da Marinha.

Em 1978 ingressou na Escola Naval (Rio de Janeiro-RJ) formando-se em 1981, na primeira colocação no Corpo da Armada. No regresso da viagem de instrução, a bordo do Navio-Escola “Custódio de Mello”, em 1982, foi nomeado Segundo-Tenente, vindo a servir na Fragata “Independência”, como Ajudante da Divisão de Operações.

Foi promovido ao posto de Primeiro-Tenente, em 31 de agosto de 1984; e em seguida iniciou o Curso de Aperfeiçoamento em Eletrônica para Oficiais, no Centro de Instrução “Almirante Wandenkolk”, localizado no Rio de Janeiro-RJ, o qual concluiu, em 1985, com distinção, tendo obtido o primeiro lugar.

Entre os anos de 1981 e 1991, o então Tenente Garnier, desenvolveu suas habilidades operativas servindo a bordo dos navios mais modernos da Esquadra brasileira à época: a Fragata União, a Fragata Independência e o Navio-Escola Brasil, onde ocupou os cargos de Chefe do Departamento e de Encarregado da Divisão de Operações, de Encarregado da Manutenção do Material Eletrônico, de Oficial de Defesa Aérea e Guerra Eletrônica e de Instrutor de Operações de Guardas-Marinhas.

Em 1991, como Capitão-Tenente, foi designado para realizar o Curso de Mestrado em Pesquisa Operacional e Análise de Sistemas, em Monterey, CA-EUA. Após a conclusão do Mestrado, serviu em funções técnicas por cerca de dez anos, quando gerenciou equipes de elevado padrão técnico, desenvolvendo projetos de otimização de recursos, de emprego de Poder Naval, de jogos para treinamento de Guerra Naval e de implantação de sistemas de tecnologia da informação e comunicações.

O então Capitão de Corveta Garnier concluiu o Curso de Estado-Maior para Oficiais Superiores em 1998, obtendo a primeira colocação. Possui ainda o curso de Master of Business Administration (MBA) em Gestão Internacional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – COPPEAD (2008) e o Curso de Política e Estratégia Marítima da Escola de Guerra Naval, concluído com menção honrosa, em 2008.

Comandou o navio de apoio logístico “Almirante Gastão Motta”, o Centro de Apoio a Sistemas Operativos, o Centro de Análises de Sistemas Navais e a Escola de Guerra Naval.

Em 31 de março de 2010 foi promovido ao posto de Contra-Almirante, em 31 de março de 2014 ao posto de Vice-Almirante e em 25 de novembro de 2018 ao posto de Almirante de Esquadra.

No Ministério da Defesa, atuou por mais de dois anos e meio como Assessor Especial Militar do Ministro, tendo servido aos Ministros Celso Amorim, Jaques Wagner, Aldo Rebelo e Raul Jungmann.

Antes de assumir o desafiante cargo de Secretário-Geral do Ministério da Defesa em janeiro de 2019, comandou o 2º Distrito Naval por dois anos, sendo agraciado pela hospitaleira sociedade baiana com: a Comenda 2 de Julho (a maior honraria da Assembleia Legislativa da Bahia), a Medalha Thomé de Souza (Câmara Municipal de Salvador), a Medalha do Mérito Policial-Militar do Estado da Bahia, a Medalha do Mérito Policial Civil do Estado da Bahia, a Medalha Especial de Mérito da Magistratura da Bahia – TJBA 410 anos, a Medalha Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho da Bahia – Comenda Ministro Coqueijo Costa e a Medalha Devocional do Senhor Bom Jesus do Bonfim; além dos títulos de cidadão soteropolitano e cidadão baiano, que muito o lisonjeiam.

É coautor de dois livros na área de gestão de logística e da cadeia de suprimentos. Atuou como palestrante convidado de logística e gerenciamento de projetos, por mais de doze anos, nos programas de graduação e de pós-graduação da Fundação Getúlio Vargas.

O Almirante Garnier possui mais de 950 dias de mar, tendo sido condecorado com a Medalha Mérito Marinheiro (duas âncoras).

Cursos

Escola Naval (Distinção);

CBINC/OF (Distinção);

Assuntos Gerais para Oficiais de Quarto;

Tática Anti-Submarino;

Aperfeiçoamento de Eletrônica para Oficiais (Distinção);

Tática para Oficiais;

Sistema de Direção de Tiro de Armas Acima D´agua das Fragatas MK-10 (Distinção);

Manutenção do 1º Escalão do Sistema de Simulação Tática e Treinamento (Distinção);

Curso Básico da Escola de Guerra Naval;

Mestrado em “Operations Research Systems Analisys” na Naval Postgraduate School-USA (Distinção);

Estado-Maior para Oficiais Superiores da Escola de Guerra Naval (Distinção);

Curso Expedito de Atualização para Comandantes; e

Curso de Política e Estratégia Marítima da Escola de Guerra Naval (Menção “Muito Bom”).



Possui ainda vários prêmios e condecorações, incluindo:

  • Medalha Ordem do Mérito da Defesa (Grã-Cruz);
  • Medalha Ordem do Mérito Naval (Grã-Cruz);
  • Medalha Ordem do Mérito Militar (Grande-Oficial);
  • Medalha Ordem do Mérito Aeronáutico (Grande-Oficial); a Medalha Ordem de Rio Branco (Grã-Cruz);
  • Medalha Mérito Judiciário Militar;
  • Medalha Militar e Passador de Ouro;
  • Medalha Mérito Tamandaré;
  • Medalhas-Prêmio Conde de Anadia, Almirante Marques de Leão e Escola de Guerra Naval, por suas primeiras colocações na Escola Naval, no Curso de Aperfeiçoamento em Eletrônica e no Curso de Estado-Maior, entre outras Medalhas-Prêmios concedidas por Marinhas amigas.


Comando da Aeronáutica

Tenente-Brigadeiro do Ar CARLOS DE ALMEIDA BAPTISTA JÚNIOR

O Tenente-Brigadeiro Baptista Junior é natural do Rio de Janeiro (RJ),  ingressou na Força Aérea Brasileira em 03 de março de 1975 e foi promovido ao posto de Tenente-Brigadeiro em 31 de março 2018.

Durante a carreira de 46 anos dedicados à vida militar, assumiu o comando, a chefia e a direção de diferentes organizações da FAB, entre elas, foi o primeiro Comandante do 2º/6º Grupo de Aviação – Esquadrão Guardião; Comandante da Base Aérea de Fortaleza; Adjunto do Adido de Defesa e Aeronáutica nos Estados Unidos; Subchefe de Apoio do Comando-Geral de Apoio; Presidente da Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate e Chefe do Subdepartamento de Desenvolvimento e Programas; Comandante do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro; Diretor da Diretoria de Material Aeronáutico e Bélico; Vice-Chefe do Estado-Maior da Aeronáutica; Chefe de Operações Conjuntas do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas do Ministério da Defesa.

Atualmente, é o Comandante do Comando-Geral de Apoio.

O Oficial-General é oriundo das aviações de caça e reconhecimento. Possui 4 mil horas de voo, sendo 2.200 horas em aeronaves de caça.

Já voou nas seguintes aeronaves: T-23, T-25, AT-26, C-95, T-27, U-7,U-42, F-103, F-5, EMB 135/145/C-99, E/R-99, C-98B.

Principais condecorações:

  • Ordem do Mérito da Defesa (Grande-Oficial);
  • Ordem do Mérito Aeronáutico (Grande-Oficial);
  • Ordem do Mérito Naval (Grande-Oficial);
  • Ordem do Mérito Militar (Grande-Oficial);
  • Ordem do Mérito Judiciário Militar (Grau Alta Distinção);
  • Ordem do Mérito Ministério Público Militar (Grande-Oficial);
  • Medalha da Vitória;
  • Medalha Militar de Ouro com Passador de Platina;
  • Medalha do Mérito Santos-Dumont;
  • Medalha Mérito Tamandaré;
  • Medalha do Pacificador;
  • Medalha Mérito Operacional Brigadeiro Nero Moura;
  • Mérito do Corpo de Bombeiros do Estado do Ceará;
  • Mérito da Casa Militar do Estado do Ceará;
  • Medalha Bernardo Sayão – Cidade de Anápolis (GO);
  • Destaque Operacional Platina – COMGAR; e
  • Medalha do Mérito Ambiental.



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domingo, 31 de janeiro de 2021

Pantsir-S1: O que muda com a captura pelos EUA?

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Há alguns dias ganhou a manchete dos principais sites de defesa do mundo, a informação que um sistema de defesa aérea de curto alcance Pantsir-S1 de origem russa, havia sido capturado após ser abandonado por seus operadores na Líbia. Tal “troféu” foi secretamente entregue aos EUA, conforme relatou a matéria publicada pelo "The Times". A aquisição de um Pantsir, projetado para defesa contra aeronaves dos EUA e da OTAN, é uma sorte inesperada para a inteligência dos EUA.

A missão secreta foi realizada em junho de 2020, quando o Pantsir-S1 foi transportado para a Base Aérea de Rammstein na Alemanha a bordo de uma aeronave C-17 “Globemaster III”. Segundo ao que se relata, tal fato se deu rapidamente devido à preocupação de que o Pantsir-S1, fornecido pelos Emirados Árabes Unidos aos líbios, pudesse cair nas mãos de milícias ou traficantes de armas, após seu abandono, o qual pode facilmente derrubar aeronaves civis se cair nas mãos de terroristas

O Pantsir foi inicialmente apreendido por uma milícia, no entanto, as forças leais ao ministro do Interior Fathi Bashagha, forçaram a milícia de Bahroun a entregar o Pantsir e depois o transportaram para uma base que hospedava as forças turcas. Na sequência o sistema foi entregue no aeroporto de Zuwara, onde uma equipe dos EUA havia chegado a bordo de um C-17 “Globemaster III” com a missão de extrair o precioso “troféu”, decolando após o embarque do Pantsir-S1 rumo à Rammstein.

O sistema provavelmente pode acabar em Wright Patterson AFB, a casa do Centro Nacional de Inteligência Aérea e Espacial da USAF, onde é mantido um centro de estudos de material estrangeiro com o propósito de estudar sistemas estrangeiros capturados, roubados ou adquiridas de outra forma.

O Pantsir-S1 em questão, é uma variante de exportação, o qual foi inicialmente fornecido aos Emirados Árabes Unidos, que supostamente o enviaram como parte de seu apoio a ofensiva LNA em Trípoli, sendo destinado ao emprego por operadores da “Wagner” (Empresa Militar Privada russa, ou Private Military Contractor –PMC). Este seria um dos Pantsir operados pela PMC Wagner, sendo creditado ao sistema Pantsir-S1 o abate de um UAV MQ-9 Reaper. Segundo publicou o The Times, o líder do LNA Khalifa Haftar negou qualquer conhecimento sobre o destino dos destroços do "Reaper" quando solicitada sua entrega pelos EUA, o que contrariou os norte-americanos.

Apesar de muitos sites tratarem como uma conquista para os EUA obter um exemplar do Pantsir-S1 para realizar os mais diversos estudos, fontes russas alegam que a Rússia está ciente da extração do Pantsir pelos Estados Unidos, e informam que o sistema capturado não representa qualquer ameaça as capacidades do Pantsir operado pelas forças russas, uma vez que trata-se de uma variante de exportação, o que daria um ganho de inteligência muito limitado, pois a variante não possui em seu banco de dados os códigos de transponder IFF (Identificação amigo ou inimigo) utilizados ​​pelas forças russas, lembrando que os Estados Unidos já obtiveram acesso as informações sobre o sistema durante exercícios conjuntos realizados com os Emirados Árabes Unidos.

Porém, vale ressaltar que há de fato um grande ganho envolvido na obtenção do exemplar, o qual poderá ser minuciosamente desmontado e estudado pela equipe de inteligência dos EUA sem quaisquer restrições, o que irá conferir um amplo conhecimento sobre o funcionamento e capacidades do sistema, revelando suas fragilidades, tornando o mesmo futuramente mais vulnerável aos novos sistemas de contra medidas norte-americanos. 

Ainda como “bônus”, um manual em árabe para o Pantsir foi capturado, algo que dá um maior valor de inteligência a nova “aquisição” dos EUA. 

Muitos “especialistas” tentam justificar o baixo desempenho apresentado pelos Pantsir na Líbia, alegando baixa qualidade no treinamento recebido pelo operadores, afirmando ainda que os Pantsir em sua variante de exportação possuem deficiência em seu sistema de aquisição de alvos por radar, sendo guiados exclusivamente por sensores eletro-ópticos, ou ainda que os exemplares atingidos estariam desativados, argumentos facilmente derrubados, uma vez que os mesmos são operados por experientes profissionais da Wagner Group, muitos oriundos das forças russas, e com relação a suposta justificativa que os sistemas não estariam operando com seu sistema radar de busca, ou mesmo que os sistemas estariam desativados, há várias imagens capturadas por drones que mostram o radar de busca em operação quando atingidos.

A análise técnica dos EUA pode ajudar ainda no desenvolvimento de respostas às novas variantes do Pantsir, como o S1M ou SM. Enquanto KBP Tula, fabricante do Pantsir, afirma que os modelos mais novos são significativamente mais eficazes devido à incorporação das lições aprendidas durante as pífias atuações na Líbia e Síria, eles mantêm o design do sistema básico Pantsir e possivelmente retêm os mesmos pontos fracos exploráveis.

Outro ponto interessante que devemos atentar na divulgação sobre a captura do Pantsir-S1 cerca de seis meses após o ocorrido, é que o episódio pode ser de relevância para justificar a revisão de Washington em relação à venda de aeronaves F-35 aos EAU, vindo o anúncio da decisão de Biden sobre a revisão no mesmo dia em que o The Times revelou a secreta aquisição do Pantsir, relatando que o mesmo havia sido fornecido pelos EAU para ser operados pela PMC russa Wagner no teatro Líbio, o que levanta muitas dúvidas sobre o negócio, tal qual ocorreu em relação a venda do F-35 aos turcos, que tiveram as entregas de seus F-35 canceladas e a exclusão do programa JSF.

O Pantsir S-1 é um dos primeiros sistemas de defesa aérea de baixa altitude da Rússia após a queda da URSS, destinado a defesa aérea de bases e instalações sensíveis e estratégicas contra ameaças representadas por aeronaves, helicópteros, drones e mísseis de cruzeiro. O sistema consiste em lançador com capacidade para 12 mísseis de curto alcance, complementado por um par de canhões automáticos de 30 milímetros direcionados por radar. O Pantsir-S1 é montado sobre um chassi 8x8, possibilitando ao mesmo grande mobilidade.

O Pantsir chegou a ser oferecido ao Exército Brasileiro, inclusive com a possibilidade de produção local do sistema pelo braço de defesa do Grupo Odebrecht, porém, após quase cinco anos de negociações, a ideia foi abandonada, sendo um dos grandes pontos contrários à sua aquisição o alto custo envolvido, chegando a custar 1 bilhão de dólares, além de sua eficiência dúbia e limitações técnicas, se comparado a outras opções no mercado, estando fora dos requisitos emitidos pelo EB, que vê a necessidade de um sistema de maior alcance efetivo.


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Longa vida ao "Raptor": USAF conclui programa de modernização do F-22

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Após quase 24 anos de seu primeiro voo, a USAF (Força Aérea dos EUA) acaba de concluir o programa de modernização de sua frota de aproximadamente 187 caças F-22 Raptor, número qual não podemos precisar, devido ao alto nível de secretismo que envolve a aeronave stealth norte americana, onde algumas fontes dão conta de que existam de fato apenas 151 aeronaves operacionais de um total de 185 exemplares no inventário da USAF, sendo subtraídas duas perdas do número por nós apresentado, mas isso é tema para outro artigo

O programa de atualização do "Raptor" foi bem extenso e complexo, tendo sido realizado nas instalações da USAF na Hill AFB em Utah, o processo incluiu reparos estruturais para estender a vida útil das aeronaves, substituição e reparos no revestimento RAM (stealth) de cada aeronave, além de uma minuciosa inspeção em todos os sistemas de voo e modernização do sistema de controle de voo.

Os trabalho envolveram importantes modificações estruturais nas aeronaves, o que resulta no ganho no total de horas de voo de cada célula na casa das 8mil horas, praticamente dobrando a vida útil original de cada uma das células, as quais foram projetadas inicialmente para 8mil horas/voo. 

Todo esse esforço envolveu uma complexa infraestrutura montada em Hill AFB para que fosse possível realizar todo trabalho de inspeção, modificações e modernização do F-22, dentre estes meios, foram alocadas seis maquinários exclusivos para realização dos reparos estruturais, modificação e tratamento dos revestimentos stealth da aeronave.

Ao que tudo indica, veremos o primeiro caça realmente stealth de 5ª geração do mundo voar por muitas décadas. Segundo algumas estimativas da USAF, o Raptor deverá se manter na ativa até 2060, considerando que o primeiro exemplar operacional foi entregue em 2005, estima-se que o F-22 "Raptor" supere os 45 anos de atividade, sendo uma aeronave exclusiva da USAF, se apresentando como um importante vetor na balança de poder aéreo norte americano, mesmo com a chegada do F-35, se mostra um ativo indispensável.


Hill AFB (Base da Força Aérea de Hill)

A Força Aérea dos Estados Unidos anunciou em maio de 2013 sua decisão de consolidar toda manutenção e suprimentos do F-22 em Hill AFB. Essa consolidação teve como objetivo reduzir custos e melhorar a eficiência nos processos de manutenção e modificações que fossem necessárias ao "Raptor". A decisão foi tomada após uma análise abrangente liderada pelo "F-22 System Program Office"Após a decisão, o F-22 System Program Office, Ogden ALC e Lockheed Martin Corporation implementaram em conjunto um plano de transição incremental de 21 meses. Isso incluiu a modificação das instalações e infraestrutura existentes, a movimentação de equipamentos de suporte específicos e a contratação de pessoal adicional, tornando Hill AFB o núcleo do programa F-22.


Por Angelo Nicolaci - Jornalista, editor do GBN Defense, graduando em Relações Internacionais pela UCAM, especialista em geopolítica do oriente médio, leste europeu e América Latina, especialista em assuntos de defesa e segurança.


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quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

"Desert Knight-21" - Indianos concluem exercícios com franceses e falam em desenvolvimento de seu caça Stealth com características de 6ªG

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No último sábado (23), o Comandante da Força Aérea Indiana (IAF), M
arechal do Ar Rakesh Kumar Singh Bhadauria, deu uma coletiva após a conclusão do exercício binacional "Desert Knight-21"realizado em Jodhpur envolvendo a IAF juntamente com a Armée de l'Air et de l'Espace (Força Aérea Francesa), onde os pilotos de Rafale de ambos países puderam interagir e trocar experiênciasDurante esta ocasião, o Comandante da IAF informou que Oito aeronaves Rafale já chegaram à Índia e mais três são esperadas até o final deste mês.

Um ponto que chamou atenção durante a coletiva, diz respeito ao programa indiano de desenvolvimento do seu caça de quinta geração, processo que já foi iniciado pela IAF com a Defence Research Development Organization (DRDO) (Organização de Desenvolvimento e Pesquisa de Defesa), no qual se planeja incorporar algumas capacidades de sexta geração.

"Nossa visão atual é incorporar todas as tecnologias e sensores mais recentes em nossas aeronaves de quinta geração", disse Bhadauria, “Começamos a trabalhar em aeronaves de quinta geração um pouco tarde. Portanto, tecnologias e sensores contemporâneos a esse período de desenvolvimento seriam adicionados aos caças de quinta geração”, acrescentou.

Bhadauria disse que quando a IAF recebeu suas primeiras aeronaves Rafale, a prioridade era operacionalizá-la e integrá-la à frota de combate existente, o que foi feito com sucesso, e o atual exercício "Desert Knight-21" foi o resultado desse esforço.


"Temos alguns pilotos indianos treinando na França e alguns na própria Índia. Temos pilotos suficientes para ter uma proporção certa entre piloto e aeronaves", disse o marechal do ar, acrescentando que toda a indução seria concluída no próximo ano.

Anteriormente, Bhadauria parabenizou ambas as forças aéreas por concluírem com sucesso o exercício em apenas quatro dias, enquanto o "Desert Knight-21" estava programado originalmente para durar cinco dias.

“Não é em termos de interoperabilidade o que foi aprendido neste exercício, mas no emprego das melhores práticas, filosofias operacionais e interação mútua e profissional”, disse ele.

Posteriormente, em conversa com a mídia, o embaixador francês na Índia, Emmanuel Lenain, disse que a cooperação bilateral entre os dois países vem ocorrendo desde que o primeiro avião francês pousou na Índia em 1953.

"Agora Rafale é o reflexo dessa cooperação e parceria fortalecidas", disse Lenain, "Quando a Índia enfrentou dificuldades durante seu teste atômico em Pokran em 1998, estivemos ao seu lado enquanto outros países se opuseram. E também estivemos ao seu lado em forma de cooperação quando houve dificuldades com um de seus vizinhos", continuou o embaixador .

Ele disse que este exercício ajudaria ainda mais na construção de confiança mútua e pavimentaria o caminho para ampliar o nível de cooperação entre os dois países.


A Índia havia participado no desenvolvimento do programa PAK-FA, que deu origem ao caça russo Su-57, programa que na Índia foi denominado "Fifth Generation Fighter Aircraft" (FGFA), porém, a mesma abandonou o programa após algumas divergências com Moscou. Após a saída do programa, os indianos passaram a desenvolver seu próprio programa de 5ªG, porém, o mesmo enfrentou inúmeros desafios e dificuldades até de fato ser iniciado. Agora os indianos planejam tirar o "atraso" com a inserção de tecnologias de 6ªG no seu projeto.


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segunda-feira, 27 de julho de 2020

Índia e China concordam com retirada antecipada e completa do leste de Ladakh em meio a relatos de impasse

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Índia e China concordaram na última sexta-feira (24) com o desengajamento "precoce e completo" das tropas dos pontos de atrito no leste de Ladakh, sustentando que a restauração completa da paz e tranquilidade nas zonas de fronteira era essencial para o desenvolvimento geral das relações bilaterais.

Os dois países analisaram a situação na região durante uma nova rodada de negociações no âmbito do Working Mechanism for Consultation and Coordination (WMCC- traduzindo Mecanismo de Trabalho para Consulta e Coordenação) sobre assuntos de fronteira.

As negociações ocorreram sob contexto de relatos de que as negociações de nível militar entre Índia e China estão diante de um impasse sobre a questão em Ladakh, mesmo quando um consenso foi alcançado durante a quarta reunião no nível de comandante em 14 de julho.

O Ministério das Relações Exteriores (MEA) disse que os dois lados concordaram nas negociações de sexta-feira (24) que outra reunião com seus comandantes do exército poderá ser realizada em breve para definir outras medidas para garantir o desengajamento completo "rapidamente".

“Eles concordaram que o desengajamento precoce e completo das tropas ao longo da Linha de Controle Real (ALC) e a retirada das zonas de fronteira Índia-China de acordo com acordos e protocolos bilaterais e a restauração completa da paz e tranquilidade eram essenciais para o desenvolvimento geral das relações bilaterais ”, afirmou em comunicado.

O MEA disse que os dois lados observaram que isso esta de acordo com o acordo alcançado entre os dois Representantes Especiais durante sua conversa telefônica em 5 de julho. Nas negociações de sexta-feira, o MEA disse que ambos os lados concordaram que era necessário "sinceramente" implementar os entendimentos alcançados entre os comandantes em suas reuniões até a data.

“Os dois lados concordaram que outra reunião dos Comandantes poderá ser realizada em breve, a fim de elaborar outras medidas para garantir o desengajamento e fim da escalada, com a restauração da paz e tranquilidade nas zonas de fronteira com rapidez”, acrescentou o MEA.


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domingo, 14 de junho de 2020

Como funcionam os processos de compras de equipamentos militares?

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Um comentário muito comum quando há um processo de compra de equipamentos militares é "por que escolheram o sistema x, se o sistema y é melhor em abc?"

Essa pergunta realmente não é fácil de responder. Neste artigo, vamos explicar, de maneira simplificada, alguns aspectos de ordem técnica dos processos de compras de equipamentos militares. Alertamos que cada etapa envolve a geração de várias centenas de documentos técnicos e pode levar meses ou anos.




Vamos deixar de fora aspectos eminentemente políticos, pois muitas vezes são até contrários aos quesitos militares. Tais aspectos, muitas vezes, acabam forçando as FFAA (Forças Armadas) a comprarem equipamentos que não são o que prefeririam.

Os termos são os utilizados principalmente nos EUA, mas os detalhes gerais são mais ou menos os mesmos em outros países. Digamos, por exemplo, que a USAF precisa resolver uma determinada necessidade, e um estudo inicial conclua que não há no seu inventário que atenda a esta necessidade.


MSA (ANÁLISE DE SOLUÇÕES MATERIAIS)

O primeiro ciclo é a MSA (análise de soluções materiais), em que as 'alternativas' - sistemas já em uso, preferencialmente no próprio país ou 'de prateleira' (já disponíveis no mercado, ou seja, plenamente desenvolvidos). Uma das principais fases da MSA é a AOA (análise de alternativas)

Caso o processo de MSA encontre uma solução 'boa o bastante', ou seja, cujo custo-benefício seja considerado adequado, o novo sistema é adquirido e o processo é concluído.

Exemplo prático: quando a USAF estava desenvolvendo uma variante armada do 'drone' (ARP / aeronave remotamente pilotada / VANT / UAV / RPA) General Atomics RQ-1 Predator, concluiu que não dispunha de PGM (munições guiadas de precisão, 'armas inteligentes') pequenas e leves o bastante para a missão.

Uma AOA encontrou a solução no míssil Lockheed Martin AGM-114 Hellfire, que já estava em serviço no US Army (Exército dos EUA) e no USMC (Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA).

Mísseis Helfire (verdes) sob as asas de um drone MQ-1 Predator

Caso o ciclo MSA não encontre soluções satisfatórias, inicia-se a etapa MDD (decisão de desenvolvimento de material), em que se decide pela aquisição ou desenvolvimento de um sistema inexistente nas FFAA (Forças Armadas). Caso a MDD realmente confirme a necessidade de desenvolvimento de material, parte-se para o próximo ciclo.


TMRR (processo de redução de riscos tecnológicos)

O próximo ciclo é um conjunto de estudos técnicos detalhados, o TMRR (maturação e redução de riscos tecnológicos). Um de seus estágios principais é o RFI (estudo de requisição de informações), em que se pede informações a instituições e indústrias de Defesa. Tais informações geralmente incluem o 'estado da arte' atual e estudos avançados das tecnologias disponíveis ou em desenvolvimento, e geralmente serve como ponto de partida para o próximo estágio, o RFP (pedido de propostas).

O RFP é o que a mídia não especializada geralmente se chama de 'competição'. No RFP, pedidos formais, que incluem os KPP (parâmetros essenciais de performance), critérios específicos de performance - requisitos de alcance, velocidade, carga de armas, etc - são definidos com valores objective (desejável) e treshold (mínimo aceitável).

Cópias do RFP são enviadas para indústrias da Defesa, as empresas interessadas devem emitir propostas preliminares, com cálculos técnicos e contábeis muito detalhados, dentro do prazo detalhado.

No caso de alguns países, como os EUA, empresas estrangeiras precisam formalizar parcerias com empresas nacionais. Objetivos de ToT (transferência de tecnologia), quando existentes, também são especificadas nessa etapa.

Após uma análise das propostas, é feita uma shortlist, uma lista com as propostas consideradas mais adequadas, e os proponentes da shortlist devem então fazer propostas mais detalhadas, que podem incluir a construção de protótipos, e que geralmente incluem demonstrações do uso dos sistemas, com flyoffs, voos dos sistemas para comprovar que atendem às especificações do RFP.

Dependendo da competição, os concorrentes podem ou não ser autorizados a modificar suas propostas, mas geralmente chega o momento da BAFO (proposta melhor e final), que não pode ser modificada.

Finalmente, as BAFO dos concorrentes são analisadas, e aquela que atende melhor aos KPP é escolhida.

Lembramos que, com grande frequência, critérios 'não técnicos' são considerados, como apoiar um concorrente cuja situação financeira esteja difícil, ou incluir outros fabricantes para atender a critérios políticos, mas tais critérios não serão analisados neste artigo.

Um exemplo recente foi o Programa T-X, em que várias empresas ofereceram treinadores para a USAF, com o objetivo de substituir o Northrop T-38 Talon, 'parente' do nosso querido Northrop F-5. O vencedor foi o projeto da Saab com a Boeing, que sequer existia quando o RFP foi feito. Foi batizado T-7 Red Hawk, uma homenagem aos Tuskegee Airmen, o famoso 'Esquadrão Caudas Vermelhas' da Segunda Guerra Mundial

O Saab Boeing T-7 Red Hawk (esquerda) substituirá o Northrop T-38 Talon (direita) na USAF


EMD (DESENVOLVIMENTO DE ENGENHARIA E MANUFATURA)

Que o vencedor do ciclo TMRR é escolhido, o próximo ciclo é o EMD (desenvolvimento de engenharia e manufatura), em que o sistema da BAFO passa por análises bem mais detalhadas, que podem incluir até mesmo usos limitados em combate.

Via de regra, o EMD acaba por revelar problemas não detectados durante os testes iniciais, o que leva a alterações no design. Este processo pode se repetir várias vezes, até que se chegue a um design considerado satisfatório.

Esse design passa por um processo detalhado de revisão, a CDR (revisão crítica do design), em que o design é 'congelado', ou seja, não deve passar por alterações significativas.

O Boeing KC-46 passou pela CDR em 2013: USAF conclui revisão de projeto do KC-46 Tanker

Há situações em que é necessário mudar o design após a CDR, mas isso geralmente causa atrasos significativos no processo.

Uma vez que o ciclo EMD é concluído, parte-se para o próximo ciclo.


PD (PRODUÇÃO & DESENVOLVIMENTO)

O objetivo principal do ciclo EMD é preparar o sistema para a fase PD (produção e desenvolvimento), em que o sistema entra na fase LRIP (produção inicial em baixa escala). Neste ciclo, os sistemas já são entregues para uso pela USAF.

Durante a LRIP, a produção da aeronave ocorre num ritmo relativamente baixo, e os testes operacionais se tornam ainda mais detalhados. Testes em combate são geralmente realizados nesta etapa.

Os testes realizados nesta fase tornam-se ainda mais aprofundados quando a aeronave atinge a etapa IOC (condição operacional inicial), em que há aeronaves suficientes para testes operacionais em pequena escala.

Caso os testes ocorram bem na etapa LRIP / IOC, toma-se a decisão de elevar o sistema a FRP (produção em larga escala), em que  taxa de produção segue o ritmo definitivo estipulado nos ciclos anteriores.

O nosso Embraer KC-390 Millennium encontra-se nesta fase do ciclo.

Embraer KC-390 Millennium


FOC (CAPACIDADE OPERACIONAL PLENA)

O Lockheed Martin F-22 Raptor atingiu a FOC em dezembro de 2007












Uma aeronave atinge FOC (capacidade operacional plena) quando a FRP consegue produzir aeronaves suficientes para equipar um determinado número de esquadrões.

A partir deste momento, o sistema é declarado operacional, e segue as atividades normais da USAF.



CONCLUSÃO

Essas etapas podem demorar bastante tempo - por exemplo, o Su-57 teve a MDD em 1979, ainda na época da URSS, mas eventos 'cataclísmicos' como a própria dissolução da URSS atrasaram bastante o processo.

O Su-57 ainda não atingiu a etapa LRIP. Pelo planejamento russo, a LRIP deveria começar ainda em 2020, mas com a pandemia de coronavírus é provável que haja novos atrasos.

Apontamos esse fato não como demérito à Rússia, mas para ilustrar que não é um processo tão simples como ir numa loja e comprar um smartphone - é um processo bastante demorado, caro, complexo e que envolve vários aspectos de ordem técnica e não-técnica, o que pode fazer com que demorem vários anos.

Houve diversos projetos cancelados em cada uma das etapas indicadas acima, um lembrete de que nada é garantido, mesmo quando o sistema já atingiu etapas como FRP e FOC - o próprio F-22 teve sua produção cortada de 750 para 187.


Por Renato Marçal


REFERÊNCIAS:

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