O presidente interino da Venezuela, Nicolás Maduro, acusou neste
domingo o governo dos EUA de conspirar para assassinar o opositor
Henrique Capriles com o objetivo de desestabilizar o país antes das
eleições presidenciais de 14 de abril, na qual ambos concorrem à vaga de
sucessor de Hugo Chávez.
Em uma entrevista transmitida pela televisão, Maduro pediu ao presidente
norte-americano, Barack Obama, que suspenda o complô do Pentágono e da
CIA (Agência Central de Inteligência).
Segundo ele, o plano seria assassinar seu rival e colocar a culpa no
governo da Venezuela, "enchendo os venezuelanos de ódio" enquanto eles
se preparam para escolher o sucessor de Chávez, morto no dia 5 depois de
travar uma batalha de dois anos contra o câncer.
Há uma semana, Maduro acusou os ex-funcionários do governo de George W.
Bush Roger Noriega e Otto Reich de terem um plano para desestabilizar o
país, mas sem dar mais detalhes.
"Eu digo ao presidente Obama: Roger Noriega, Otto Reich, funcionários do
Pentágono e da CIA, estão por trás de um plano para assassinar o
candidato presidencial de direita [Capriles] e criar o caos", afirmou
Maduro, sem revelar como ficou sabendo da suposta conspiração. Ele
apenas disse que a informação veio de uma fonte confiável.
As acusações foram negadas pelos EUA. "Nós rejeitamos categoricamente as
alegações de envolvimento do governo norte-americano em qualquer tipo
de complô para fazer mal a alguém na Venezuela", afirmou o Departamento
de Estado dos EUA.
Durante comícios de campanha no fim de semana, Capriles disse que, se algo acontecer com ele, Maduro será o culpado.
No começo da semana passada, a coalizão dos partidos de oposição da
Venezuela informou que Capriles recebeu ameaças de agressão antes de
formalizar sua candidatura à Presidência do país.
Em razão disso, Capriles enviou um representante em seu lugar ao
Conselho Nacional Eleitoral (CNE) para realizar sua inscrição na
eleição.
"Nicolás, sei que você está me observando... Escute, vou destruir você
com votos", disse Capriles. "Você não tem o povo porque eles eram
partidários do presidente."
Maduro, no entanto, lidera com mais de dez pontos de vantagem duas
pesquisas recentes de intenção de voto que foram feitas antes da morte
de Chávez.
ESTRATÉGIA DIGITAL
Também no domingo, Maduro inaugurou uma conta no Twitter, seguindo
passos de Chávez, que fez da rede social um de seus principais canais de
comunicação --o perfil do líder morto tinha mais de 4 milhões de
seguidores e só perdia em termos de popularidade para a conta de Barack
Obama.
Fonte: Folha