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quinta-feira, 21 de maio de 2020

F-35B à parmegiana - Marina Militare disputa o direito de operar com F-35 embarcado

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Recentemente, no dia 6 de maio o navio aeródromo "Cavour", capitânia da Marina Militare (Marinha Italiana), deixou o Arsenale Militare Marittimo de Taranto depois de completar 16 meses nos quais passou por um extenso programa de manutenção e atualização, onde foram inseridas modificações no navio para que o mesmo possa operar com segurança o F-35B STOVL, dentre os diversos trabalhos realizados no período, um dos mais significativos foi a adequação do convoo, que recebeu novo revestimento térmico para operação do novo caça, dentre outras intervenções necessárias.

Mas, o principal foco dessa matéria, não trata especificamente do "Cavour", mas sim da disputa que se desenrola nos bastidores da defesa italiana, onde Marinha e Força Aérea disputam o direito de operar as 15 aeronaves F-35B adquiridas pela Itália, um número muito longe do quantitativo necessário tanto para Marina Militare como para Aeronautica Militare, e que pode resultar na negativa dessas aeronaves para aviação naval italiana, o que seria um grande revés e fator limitante as capacidades efetivas de emprego do "Cavour", tendo em vista que daqui alguns anos os vetustos AV-8B chegarão ao final de seu ciclo de vida.

Para entender a disputa, precisamos retroceder um pouco no tempo, quando no inicio do programa JSF, a Itália tinha pretensão de adquirir 121 aeronaves F-35, dos quais inicialmente seriam destinadas 22 células da variante F-35B para Marina Militare, porém, o programa sofreu uma redução na encomenda inicial, fixando a compra em 90 aeronaves, com 60 variantes F-35A para Aeronautica Militare, e 30 aeronaves F-35B, destas sendo 15 destinadas a Marina Militare e outras 15 a Aeronautica Militare.


O governo italiano esta revisando sua participação no programa, e o contrato referente ao segundo lote de aeronaves (F-35B) esta sob análise, onde ainda não há definição se será executado ou não. Com essa incerteza, as duas forças italianas reivindicam a operação do lote inicial de 15 aeronaves "Bravo" que estão sendo adquiridas. A força aérea italiana reivindica o recebimento das aeronaves como complemento as suas capacidades com a retirada de operação do "Tornado", enquanto a Marinha defende sua necessidade diante de retirada em breve dos seus 15 AV-8B de operação, o que abriria uma preocupante lacuna em suas capacidades operativas.

O F-35B possui um custo superior aos F-35A, além de ser a única aeronave de asa fixa capaz de atender as necessidades da Marina Militare para dotar o destacamento aéreo embarcado de seu NAe, lembrando que apenas 15 aeronaves não atendem completamente a demanda daquela marinha, uma vez que a mesma possui em seu inventário além do NAe "Cavour" que desloca 28.000 ton, comissionado em 2009, o veterano NAe "Giuseppe Garibaldi" que opera desde 1985, deslocando tímidas 13.850 ton, cumprindo hoje papel de LHA/LHD desde a chegada do "Cavour", e deverá ser descomissionado em 2022, sendo substituído pelo LHD Trieste, que deslocará 33.000 ton, projetado para operar com meios aéreos como o F-35B.

Um dos argumentos de defesa para que os F-35B sejam entregues a marinha, aponta as características específicas do F-35B, as quais não seriam plenamente exploradas pela força aérea, uma vez que a mesma não apresenta prioridade no emprego de uma aeronave STOVL, observando que a mesma não pode ser empregada sem a devida infraestrutura, o que pode comprometer a segurança operacional.

O fato inconteste é que a Marina Militare possui mais navios capazes de operar asa fixa do que aeronaves para dotar o DAE destes meios, o que leva a um questionamento sobre os objetivos e capacidades necessários para otimizar ao máximo as capacidades de emprego de seus meios, sem que a lacuna leve ao sub-emprego das capacidades daquela marinha, ou pior, a prive de possuir capacidade aérea de combate compatível com a sua necessidade estratégica de defesa.

Em meio as incertezas, o Cavour segue a programação prevista, onde realizará a viagem aos Estados Unidos, onde receberá a bordo os dois primeiros F-35B da Itália, afim de realizar o processo de treinamento e integração das novas aeronaves.



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terça-feira, 10 de março de 2020

Análise - Crise de Idlib: Última chance para ONU e UE

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O estabelecimento da Liga das Nações foi o primeiro passo dado para preservar a paz mundial após a Primeira Guerra Mundial. No entanto, sua relevância e existência cessaram devido a um fracasso bastante semelhante à ineficiência exibida hoje pela ONU no diz respeito a guerra civil síria.
Enquanto a invasão da Polônia pela Alemanha em 1939 foi o prego final em seu caixão, a longa cadeia de eventos que levou ao fim da Liga das Nações começou logo após o Tratado de Versalhes.
Nacionalistas italianos que invadiram o Porto de Flume na Iugoslávia em 1919 foram seguidos no mesmo ano pela disputa entre a Polônia e a Tchecoslováquia por Teschen e suas cobiçadas minas de carvão. Em 1920, a Polônia invadiu a cidade de Vilna, na Lituânia, e depois ocupou 80 quilômetros de terras reivindicadas pela Rússia. Seguiram-se as crises da Manchúria e da Abissínia em 1931 e 1935, respectivamente.

A Liga das Nações não tinha o poder ou a capacidade de sancionar os agressores em todos esses conflitos, uma incapacidade que anunciava sua eventual destruição. Os EUA, que lançaram as bases, mas nunca entraram na Liga, também a abandonaram e abriram as portas para a Segunda Guerra Mundial.
Depois de quase um século, a comunidade internacional está novamente testemunhando a ineficiência de organizações multilaterais como a ONU e a UE em meio a contínuas crises e conflitos humanitários em todo o mundo. O fim da Guerra Fria, simbolizado pela Queda do Muro de Berlim em 1989, desencadeou uma série de conflitos, em vez de ser o precursor da paz global que era esperada.

A primeira Guerra do Golfo, a guerra civil iugoslava, as guerras chechenas, a invasão do Alto Karabakh pela Armênia, a invasão norte-americana do Iraque e do Afeganistão e a instabilidade na Líbia, Egito e Síria após a Primavera Árabe, todas são crises internacionais das últimas três décadas.
O resultado mútuo de todos esses conflitos sempre foram os migrantes irregulares, que somam dezenas de milhões. O fato de muitos civis que escapam dessas zonas de conflito acabarem na Turquia, de um jeito ou de outro, é outro resultado indispensável do significado geopolítico da Anatólia.

Idlib: o último suspiro da ONU


A ONU, tendo fracassado em seu papel esperado de conter conflitos e preservar a paz, agora deu seu último suspiro em Idlib. Depois do chamado "Acordo do Século" dos EUA, que anula todas as decisões da ONU que defendem os direitos dos palestinos, a posição da ONU sobre a crise humanitária Idlib indica que, a partir de 2020, ele está próximo de seu destino e aguarda apenas um golpe final. A UE também está no mesmo barco metafórico.
A França apoiando a Sérvia e a Alemanha apoiando a Croácia na guerra civil iugoslava; A França bombardeou a Líbia na guerra civil da Líbia, sem um decreto da ONU, e se tornou uma parte do conflito; A Europa dá as costas às pessoas que querem a democracia após a Primavera Árabe e pretendem apoiar ditadores militares como Sisi no Egito e Haftar na Líbia.
Tudo isso mostra que o objetivo do mecanismo de tomada de decisão em Bruxelas não é alcançar a prosperidade global, mas criar uma sociedade de bem-estar restrita à Europa. Neste ponto, a questão do Idlib tornou-se um teste decisivo para a ONU e a UE. E os resultados desse teste até agora indicam que a UE continuará negando seu papel na crise de Idlib e não assumirá nenhuma responsabilidade.
A abordagem insensível da ONU e da UE diante da crise humanitária de Idlib não se restringe aos últimos nove anos. 
O regime de Assad entrou no Líbano sob o pretexto de por fim a guerra civil, mas se tornou parte do conflito e infligiu miséria monumental ao povo do Líbano.
O Vale Bekaa no Líbano, que gozava de imenso significado histórico e geopolítico, tornou-se o lar de organizações terroristas internacionais, incluindo o PKK, na década de 1980.
No entanto, os crimes do regime Sírio no Líbano foram calados depois que ele se juntou à coalizão formada pelos EUA após a invasão do Kuwait pelo Iraque. O fato da Síria ingressar na coalizão anti-Iraque rejuvenesceu as relações entre os EUA, a Síria e o Egito.
Com a morte de Hafez em 2000 e a ascensão de Bashar ao poder, as esperanças de democratização na Síria foram reduzidas. As forças sírias deixaram Beirute em 2001, mas no mesmo mês de setembro foram detidos legisladores que apoiavam reformas.
Em 2002, a dinastia de Assad foi incluída no "eixo do mal" pelo então presidente dos EUA, George W. Bush, e sua gama de ações no Oriente Médio foi reduzida ainda mais depois que surgiram alegações sobre o papel de Damasco no assassinato do líder libanês em 2005 Rafik Hariri.
A estação nuclear do regime de Assad, que foi construída em Deir ez-Zour com a ajuda da Coréia do Norte, foi atingida por Israel. Desta vez, porém, foi o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy que correu em socorro de Assad para salvar o regime do isolamento e castigo internacional. Hospedando Assad em Paris em 2008, Sarkozy reabriu os portões do Ocidente para a Síria, após o isolamento do país devido ao assassinato de Hariri. Sarkozy já havia adotado um favor semelhante antes de receber Muammar Gaddafi da Líbia em Paris, pouco depois de se tornar presidente da França em 2007. Mais tarde, para derrubar o líder líbio, enviou aviões de guerra franceses sem esperar por um decreto da ONU. Anos depois, foi revelado que Sarkozy recebeu 8 milhões de dólares em doações de Kadafi por sua campanha eleitoral em 2007.
Como Bashar Assad ainda está no poder, ainda não sabemos se ele teve um relacionamento semelhante com Sarkozy ou qualquer outro líder ocidental.
Essa é apenas uma fração das relações do regime sírio com o Ocidente, que estão entrelaçadas com padrões duplos.

Quando analisamos a capacidade do regime sírio justificar todos os seus crimes e erros através de acordos com o Ocidente, não é tão difícil entender por que a comunidade internacional permanece calada diante da crescente crise humanitária em Idlib.

Relatório de Segurança de Munique 2020: Nenhuma menção ao Idlib
Testemunhamos um exemplo retumbante da apatia e silêncio do mundo há apenas um mês. O Relatório de Segurança de Munique 2020 foi publicado na segunda semana de fevereiro, pouco antes da 56ª Conferência de Segurança de Munique. Ele contém uma lista de áreas de crise que estarão sob estreita observação em 2020.
Da perspectiva da Turquia, porém, havia um problema evidente no relatório; Síria ou Idlib não foram mencionados na lista. Nas avaliações da Conferência de Segurança de Munique e do Grupo Internacional de Crises, que prepararam o relatório, Síria e Idlib não estavam entre as regiões em crise.

O que isto significa?
Em minha análise publicada pela Agência Anadolu logo após a conferência, sugeri que a Síria poderia se tornar um tabu para a comunidade internacional, incluindo a Europa, devido a seus problemas muito complicados e à questão dos migrantes.
A falta de resposta da ONU e da UE diante da crise de Idlib indica que a questão da Síria agora está fora do radar da comunidade internacional e agora é uma questão entre os EUA e a Rússia.

UE em pânico com migrantes
Os ataques do regime, que visavam assumir o controle total da província de Idlib, e a situação dos migrantes desencadeados por esses ataques, prova que essa questão é muito complicada para ser resolvida apenas pelos EUA e pela Rússia.
Com a chegada de quase quatro milhões de sírios à fronteira com a Turquia, Ancara deixou de lado o acordo de refugiados assinado com a UE em março de 2016, porque a UE não havia cumprido suas responsabilidades no acordo, e abriu suas fronteiras para os migrantes.
A resposta da UE foi fornecer 1 milhão de euros em apoio financeiro prometido e sugerir a criação de uma zona segura no norte da Síria.
O trauma dos 856.723 migrantes irregulares que chegaram à Europa passando pela Turquia em 2015 foi ressuscitado nas capitais europeias. Dos migrantes que foram para a Europa, 56% eram sírios, 24% eram afegãos e 10% deles iraquianos. Nesses países, que hoje podem ser definidos como fonte de migrantes irregulares, a instabilidade aumentou exponencialmente nos últimos cinco anos.
Como os líderes da UE tiveram que admitir, o que realmente os preocupa não são os migrantes irregulares que atualmente alcançam a fronteira grega, mas os 4 milhões de sírios que agora se reúnem na fronteira turca devido a ataques do regime de Assad e da Rússia.

Ignorando o alerta precoce da Turquia
Já em 2012, enquanto a perda de vidas ainda era de cerca de 5.000 e a guerra civil síria havia acabado de terminar seu primeiro ano, Ancara instou a comunidade internacional a criar uma zona de exclusão aérea no norte da Síria.
Em 1º de setembro de 2012, o então primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan apontou a necessidade de uma zona de exclusão aérea onde os civis pudessem se refugiar.
No entanto, houve uma resposta negativa do Conselho de Segurança da ONU, um fórum que, em primeiro lugar, foi estabelecido pelos vencedores da Segunda Guerra Mundial com o objetivo de possuir armas nucleares.
Em julho de 2013, quando a guerra civil estava se intensificando, algo interessante aconteceu em Washington. O então secretário de defesa, Martin Dempsey, escreveu uma carta ao presidente Barack Obama sobre as possíveis opções de ação militar na Síria.
Embora tenha sido trazida à atenção da mídia internacional, esta carta não foi analisada adequadamente pela mídia e foi interpretada como "os EUA tomando medidas para derrubar o regime de Assad".
No entanto, a carta de Dempsey refletia a abordagem ocidental típica das questões no Oriente Médio.
Dempsey simplesmente preparou um cálculo de custos para Washington e propôs cinco opções para ações militares.
A primeira opção foi o treinamento militar e o apoio à oposição síria, que custaria 500 milhões de dólares por ano. No entanto, ele também apontou a possibilidade das armas americanas caírem em mãos erradas.
A segunda opção foi atacar as forças do regime para restringir sua capacidade, o que reduziria a durabilidade do regime de Assad. Para Dempsey, essa opção pode custar milhões de dólares.
A terceira opção foi anunciar uma zona de exclusão aérea. No entanto, ele disse que os riscos para os soldados americanos e o custo também seriam muito altos nessa opção.
A quarta opção foi a criação de zonas-tampão nas fronteiras da Turquia e da Jordânia, onde os civis sírios poderiam se refugiar. Isso implicaria os mesmos riscos militares e financeiros que a terceira opção.
A quinta e última opção proposta por Dempsey estava anunciando uma zona de exclusão aérea, atacando com mísseis e enviando milhares de soldados americanos para a Síria.
Ele enfatizou que essa opção também custaria mais de 1 bilhão.

Cálculos nos EUA causaram desastre no Idlib
Embora não tenha sido anunciada oficialmente, a resposta de Obama a essas sugestões foi que os EUA, já sentindo os efeitos da crise econômica global de 2009, não podem arcar com esse tipo de despesa.
Segundo Obama, os EUA ainda estavam pagando a dívida desde a primeira Guerra do Golfo e não podiam destinar tanto dinheiro para a Síria em tempos de crise econômica global.
Como resultado dessa resposta, as linhas vermelhas traçadas pela Casa Branca contra os ataques com armas químicas de Assad foram completamente violadas.
Essa abordagem de ganhos e perdas dos EUA, como se fosse uma empresa comercial, resultou no monumental desastre humanitário em Idlib hoje, cujo preço nunca pode ser medido em termos monetários.
Apesar dos truques baratos de Washington, a Turquia não deixou o assunto passar. Em 2015, para romper a influência do Daesh no Iraque e na Síria, foi sugerida a possibilidade de operações dos EUA a partir da base militar Incirlik na Turquia. A Turquia iniciou negociações sobre o assunto, além de exigir a criação de zonas seguras no norte da Síria.
No entanto, os esforços da Turquia foram inúteis, pois os EUA queriam usar a base de Incirlik para apoiar o grupo terrorista YPG / PKK e Obama não estava disposto a usar soldados americanos para criar uma zona segura na Síria.
A Turquia iniciou a missão de criar zonas seguras para proteger suas fronteiras de ameaças terroristas e preparar o caminho para os civis voltarem para casa.
A Operação Eufrates Shield foi o primeiro resultado das divergências da Turquia com seus aliados da OTAN e membros da UE.
Em 24 de agosto de 2016, no mesmo dia em que o vice-presidente dos EUA Joe Biden fez uma visita a Ancara, o presidente Erdogan explicou a operação ao público com as seguintes palavras: “Dissemos repetidamente a todos os líderes do mundo que era preciso haver uma zona segura na Síria para resolver o problema dos migrantes. ”
Esta missão de criar zonas seguras, continuada pela Turquia através das operações Olive Branch e Peace Spring, atingiu agora um novo nível com a Operação Spring Shield.
É simplesmente ingênuo esperar algo da ONU neste momento, que entregou sua eficiência às mãos dos cinco membros permanentes.
Ainda assim, para implementar o acordo que assinou em 2016 e para reparar os danos causados ​​pela proteção da dinastia de Assad nos últimos 50 anos, a UE agora tem uma última chance de compensar seus erros. Pode, no mínimo, liderar e executar com êxito uma iniciativa diplomática para criar uma zona segura na Síria.

Por Mehmet A. Kanci é jornalista de Ancara, com foco na política externa turca

GBN Defense - A informação começa aqui
publicado originalmente pela Agência Anadolu - Traduzido e Adaptado por GBN Defense
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terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

UE preparada para nova missão naval na Líbia

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A UE está lançando uma nova operação naval no Mediterrâneo para reprimir o contrabando de armas na Líbia, à medida se afasta ainda mais dos resgates de migrantes no mar.
Os detalhes ainda estão sendo definidos, mas os ministros das Relações Exteriores de Bruxelas chegaram nesta segunda-feira (17) a um acordo político para implantação de ativos aéreos, além do monitoramento por satélite, em conjunto com os meios marítimos no esforço para conter o contrabando de armas.
O chefe de política externa da UE, Josep Borrell, disse a repórteres quando perguntado se os navios envolvidos na operação teriam ordens para deter suspeitos de contrabando, que "Com certeza, eles não estão apenas a passeio".
A proposta segue uma declaração feita no mês passado em Berlim, quando líderes mundiais se comprometeram a pressionar por um cessar-fogo na Líbia e garantir um embargo às armas .
Mas questões como quantos navios integrarão a operação e as regras de engajamento, ainda permanecem sem resposta. A missão está marcada para ser lançada no final de março e terá sua área operacional na costa leste da Líbia.
A missão ainda terá que realizar resgates caso encontrem pessoas em perigo, mas os navios serão retirados se for determinado que a presença deles na área são um fator que incentiva a fuga de refugiados pelo mar.
"Caso esse fator de atração apareça, os ativos marítimos serão retirados das áreas relevantes", confirmou Borrel.
Borrel permaneceu vago sobre quantos migrantes determinariam esse fator, observando que a decisão provavelmente será baseada no conselho do comando militar.
Embora os estudos tenham demonstrado que a concentração de navios na área não cria um fator de atração, a Áustria, junto com alguns outros estados da UE continuam temendo essa possibilidade.
"Nossos amigos austríacos temiam que um acordo que existia antes, chamado Sophia, pudesse criar um efeito de atração para a migração. Era uma opinião", disse o ministro de Relações Exteriores do Luxemburgo, Jean Asselborn.
A missão também continuará a treinar a Guarda Costeira Líbia, financiada em parte pela UE. As pessoas resgatadas no mar pela guarda costeira são frequentemente devolvidas aos centros de detenção na Líbia, um dos quais foi atingido por ataques aéreos em julho passado.
A última missão, portanto, marca o fim da Operação Sophia, lançada em 2015 e nomeada em homenagem a um bebê que nasceu na fragata alemã Schleswig-Holstein.
A área teórica da Operação Sophia se estendeu por grande parte do Mediterrâneo, mas a missão teve seus ativos retirados em março do ano passado, depois das objeções italianas sobre que as pessoas resgatadas fossem trazidas para a Itália.
O foco da nova missão é restrito a impedir que as armas cheguem à Líbia, mas ainda não recebeu um nome formal, um documento divulgado pela primeira vez pela Associated Press o listou como "Operação de vigilância ativa da UE".
Pelo menos seis nações estrangeiras estão alimentando o conflito na Líbia, com alguns fornecedores de armas, mercenários e conselheiros militares no país destruído pela guerra.
Entre eles estão os Emirados Árabes Unidos, considerado um dos maiores violadores do embargo de armas. O país também é suspeito de bombardear um centro de detenção perto de Trípoli em julho passado, possivelmente com aviões Mirage, de fabricação francesa.
Os Emirados Árabes Unidos, juntamente com Egito, França, Jordânia e Rússia, apoiam o opositor do governo legítimo líbio, General Khalifa, que tenta derrubar o governo reconhecido pela ONU e UE, liderado por Fayez al-Sarraj, que agora está recebendo ajuda da Turquia.
GBN Defense - A informação começa aqui
com informações da EU-Observer
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sexta-feira, 11 de outubro de 2013

UE fornecerá dez veículos blindados para ajudar Opaq na Síria

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A União Europeia fornecerá dez veículos blindados para ajudar aos inspetores e técnicos da Organização para a Proibição das Armas Químicas (Opaq) em seu trabalho na Síria, informou nesta sexta-feira o porta-voz das Relações Exteriores do Executivo da comunidade, Michael Mann.
 
A entrega do material é fruto de um contrato assinado hoje, cujo valor beira os 2 milhões de euros, disse Mann.
 
Ele detalhou que oito dos veículos "chegarão na semana que vem a Beirute para serem levados de barco até a Síria". Os outros dois percorrerão o mesmo trajeto "pouco depois".
 
Além disso, lembrou que a UE já havia fornecido no último ano outros 25 veículos blindados, por isso a contribuição total chega a 35 veículos.
 
Do ponto de vista econômico, a contribuição sobe para cerca de 7 milhões de euros.
 
O porta-voz explicou que o material faz parte da assistência global que a comunidade promove para ajudar a eliminar as armas químicas na Síria.
 
Além de veículos, a ajuda inclui a entrega de "mapas detalhados" da missão, que a União enviou tanto à ONU como à Opaq, acrescentou Mann.
 
O porta-voz lembrou, nesse contexto, que a UE dispõe de um serviço de informação e ajuda encarregado de transmitir aos Estados-membros os pedidos da Opaq.
 
Essa ajuda se inscreve no objetivo de "fazer tudo que for o possível para encontrar uma solução na Síria", ressaltou, indicando que a UE seguirá insistindo na necessidade de realizar uma conferência internacional de paz em Genebra "o mais rápido possível para dar fim à luta".
 
Fonte: Folha
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terça-feira, 2 de abril de 2013

França enfrenta crise e emergentes disputam a operação de sua indústria

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É um fato que demonstra bem a crise que atinge toda a Europa, uma empresa panamenha e uma líbia foram as únicas a oferecer garantas para retomar a operação de uma refinaria de petróleo falida da França. Um sinal de que o velho continente passa por um momento de grandes mudanças econômicas e principalmente no campo indústrial, que enfrenta processos de falência e fechamento de muitas plantas indústriais por todos países do bloco do Euro.

Não se trata apenas da participação ativa dos emergentes na disputa por mercados, ou mesmo efeitos da globalização, mas sim a diluição do poder econômico num mundo que vem enfrentando grandes mudanças no período marcado com o fim da hegemonia da potência norte-americana do pôs-guerra fria, onde o mundo tem experimentado um novo sistema multipolar, deixando para trás a velha bipolaridade e o curto periodo transitório, onde observamos uma breve hegemonia dos EUA, tanto no campo político como economico, mas que não pode se sustentar diante de grandes erros de cunho político-econômico, arrastando o mundo "desenvolvido" para uma poça de incertezas com as especulações e o efeito dominó que incidiu sobre o velho continente. esse novo mundo ainda não tem relações econômicas recíprocas muito bem definidas, e acredita-se que jamais terá. Restando a certeza de um mundo pós-guerra fria um pouco caótico e de muitas incertezas e oportunidades para novos players.

As mudanças seguem em ritmo acelerado, onde quem diria os orgulhosos franceses iriam ter em sua terra pátria  novos patrões vindos de países emergentes.
 
Segue abaixo a reportagem publicada hoje pelo jornal francês "Le Monde":
 
Dois lances considerados admissíveis para a retomada de Petit-Couronne
 
Além da panamenha NetOil   e a líbia Murzuq petróleo, candidatos "surpresa"para retomadas da refinaria ameaçada de fechamento, apenas outras duas empresas apresentaram interesse.

De acordo com informações do sindicato no início da tarde, as ofertas da Líbia Murzuq e da Panamá NetOil para a operação da refinaria de Petit-Couronne (Seine-Maritime) foram consideradas admissíveis nesta  terca-feira (2) pelo tribunal.


Jean-Luc Brouté, secretário-geral da refinaria CGT, disse que os administradores providenciarão uma audiência antes de 16 de Abril no Tribunal de Comércio de Rouen.

Os cerca de 470 funcionários da refinaria Petroplus de Petit-Couronne, perto de Rouen, ameaçada de fechar, dependendo do veredicto do tribunal e do comissário da corte que tinha que decidir até meio-dia desta terça se um ou mais dos candidatos serão capazes de promover a  recuperação.

Além da NetOil panamenha e Murzuq Petróleo da Líbia, que já haviam manifestado-se como candidatos "surpresa", a Oceanmed Seasky System Limited, com sede em Hong Kong e GTSA uma empresa de Luxemburgo, se registraram na sexta-feira para disputar a refinaria que entrou em processo de liquidação em 16 de outubro.

A permanência concedida pelo tribunal para refinaria em janeiro, autorizou a suspensão de suas atividades após o dia 16 de abril, a última data legalmente possível para manter as operações na refinária, o que dá uma curta margem de tempo para que uma nova administração assuma a refinária e a recupere. A refinaria recebeu do tribunal a convocação para uma audiência para nomear um sucessor antes de 16 de abril.

"Carta de intenções, sem conteúdo real"

De acordo com informações, representantes da Oceanmed Seasky System Limited e da companhia petrolífera líbia de petróleo Murzuq estavam preparados financeiramente para as negociações, mas ainda faltavam algumas permissões administrativas. "Exigimos que ao governo para que os tramites sejam acelerados pelos ministérios," para que toda documentação esteja pronta para ser apresentada ao tribunal.

O sindicato também observou que, de acordo as informações, o registro foi finalizado e a NetOil realmente havia se limitado a uma simples "carta de intenções, sem conteúdo real." A reunião do Conselho será realizada na tarde desta terça-feira na refinaria, onde uma reunião da equipe geral será anunciada na quarta-feira (3).
 
Os juízes consulares esperam que os candidatos apresentem garantias não só sobre sua capacidade de fornecer petróleo, mas também modernizar a planta. Sua atualização é estimada entre 400 e 500 milhões de euros. Nenhuma das grandes petrolíferas como ExxonMobil, Total, BP e Shell, estavam interessadas na refinaria de meia idade com a sua capacidade de processamento em torne de 150 mil barris por dia. Eles acreditam que investir na compra de uma refinaria na Europa tem pouco significado, como margens reduzidas e a alta concorrência com os produtos importados.
 
Fonte: GeoPolítica Brasil com agência de notícias
Tradução e adaptação do texto do "Le Monde" - Angelo D. Nicolaci - GBN GeoPolítica Brasil
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sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Prêmio Nobel de que Paz?

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Nesta sexta-feira (12), me espantei ao me deparar com o anuncio do agraciado com o Nobel da Paz de 2012, a União Européia, que recentemente promoveu apoio a guerra Líbia, causando milhares de mortes e criando um vácuo no poder daquela nação, uma vez que a ação militar que gera a deposição de uma liderança, cria um vazio, já que não existe coesão interna entres os grupos que lutam pelo poder naquele país de forma que haja governança e controle real do Estado. 

Mas não para por ai, a mesma União Européia agraciada com o Nobel da Paz também fechou os olhos ao conflito no Iêmem e outras crises no Oriente Médio que resultaram no massacre de civis realmente inocentes, diferente dos rebeldes líbios que usavam um extenso arsenal. A mesma  União Européia hoje apoia a guerra civil síria com fins de depor Assad. 

Sinceramente, tinhamos no mundo muitas pessoas e instituições mais honrosas para receber esta premiação. Como por exemplo as forças de paz que atuam no Haiti dentre tantos exemplos. 

A decisão foi informada pelo Comitê do Nobel da Noruega, considerando os esforços pela reconciliação dos países da Europa nos últimos 60 anos. Para o grupo, a organização de 27 países conseguiu alcançar a paz e a promoção dos direitos humanos em duas ocasiões.

A primeira é a união obtida após o fim da 2ª Guerra Mundial (1939-1945), em que a Europa se dividiu entre aliados, comandados pelos Estados Unidos, e o eixo, liderado pela Alemanha governada por Adolf Hitler.

Outro momento considerado foi a reunificação depois da decadência do comunismo, com a queda do Muro de Berlim (1989) e o fim da União Soviética (1991).

"A União Europeia e as instituições que a precederam em sua formação contribuíram durante mais de seis décadas para a paz e a reconciliação, a democracia e os direitos humanos", disse o presidente do Comitê Nobel, Thorbjoern Jagland.  

A União Europeia recebe o Prêmio Nobel da Paz em meio à crise financeira pela que passa o continente desde 2010, atingindo especialmente Espanha, Grécia, Portugal, Irlanda e Itália.

A frágil situação financeira provocou protestos em diversos países devido às medidas de austeridade impostas pelas autoridades centrais da União Europeia. Isso ajudou a aumentar o sentimento anti-europeu e o risco de fragmentação da zona.

A crise também aumentou a pressão sobre os imigrantes e a população mais pobre. Além dos fatores econômicos, os europeus ainda passam pelo aumento de ideologias nacionalistas, como a volta do nazismo, principal estopim para a 2ª Guerra Mundial.

A situação é observada com mais força na Alemanha e Grécia, onde um partido de extrema direita, o Aurora Dourada, ganhou 6% das cadeiras do Parlamento na última eleição, em junho.

Nesses países, os estrangeiros, em especial islâmicos e judeus, sofrem com ataques de grupos locais e leis contrárias aos preceitos das religiões, como a proibição do véu muçulmano na França.

A pressão sobre as populações de imigrantes provocaram tensão, como os enfrentamentos contra a polícia nas periferias das cidades francesas e os ataques aos estrangeiros em Atenas, na Grécia.

A entrega do Prêmio Nobel às autoridades europeias acontecerá em 10 de dezembro, data que lembra a morte de Alfred Nobel, idealizador do prêmio, em Oslo, na Noruega.

No mesmo dia, serão entregues as premiações para os vencedores das outras categorias em Estocolmo, na Suécia.

Criada em 1957 por seis países que assinaram o Tratado de Roma --Alemanha Ocidental, Itália, França, Bélgica e Luxemburgo--, a comunidade europeia se ampliou e chegou aos 27 Estados que a compõem na atualidade.

O Reino Unido aderiu ao grupo em 1973. Após saírem de ditaduras, Grécia, Espanha e Portugal entraram no bloco na década de 1980, enquanto antigas repúblicas soviéticas foram incorporadas entre as décadas de 1990 e 2000, compondo os 27 países.

Fonte: GeoPolítica Brasil com agências de notícias
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quarta-feira, 30 de maio de 2012

Nenhum país à espera está pronto para se juntar ao euro

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Nenhum dos oito países na lista de espera para se juntar ao euro atende aos padrões exigidos no momento, de acordo com relatório do Banco Central Europeu (BCE) divulgado nesta quarta-feira.

Antes da crise de dívida, membros da União Europeia que ainda não faziam parte da união monetária fizeram fila para se juntar ao bloco, mas o interesse diminuiu desde então e no momento apenas Letônia está no caminho para se juntar à moeda única nos próximos dois anos.

"Em nenhum dos oito países avaliados as bases legais são totalmente compatíveis com todas as exigências da adoção do euro como determinado no Tratados e Estatuto do Sistema Europeu de Bancos Centrais e do BCE", disse o BCE.

"Continua havendo incompatibilidade em relação à independência do banco central", completou o banco, referindo-se aos países em avaliação - Bulgária, República Tcheca, Letônia, Lituânia, Hungria, Polônia, Romênia e Suécia.

Dinamarca e Reino Unido não fazem parte da avaliação já que negociaram uma exclusão da moeda única quando ela foi instituída.

Letônia e Lituânia são os únicos dois países em avaliação que fazem parte do mecanismo de câmbio II (ERM II) há mais de dois anos, um pré-requisito para se juntar ao euro.

Letônia espera adotar o euro em 2014, mas a Lituânia ainda não deu um prazo.

Fonte: Reuters
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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

A outra crise europeia

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A outra crise que afeta a Europa, e talvez a mais profunda, é a de identidade, que está na base de seus problemas econômicos e políticos. Intui-se que a Europa foi construída sem os europeus, já que estes não parecem comungar de uma identidade comum, ancorada em valores partilhados. A crise revelou que diversidade não significa tolerância, e que as diferenças nacionais constituem sérios obstáculos para a integração. Após décadas, preconceitos persistem e os partidos que pregam menos diversidade e mais intolerância ganham espaço.

O processo de edificação da União Européia (UE) iniciado após o final da Segunda Guerra Mundial, ao lado da construção de uma trama institucional ambiciosa, provocou em várias áreas do conhecimento um interesse eufórico pelos processos de integração. Diante da crise atual, todavia, a Europa deixa de ser protagonista da integração bem sucedida, e amarga o resultado de suas escolhas equivocadas. Fica demonstrado que uma verdadeira união não se sustenta com base em assimetrias e desequilíbrios econômicos mal resolvidos, nem tampouco em identidades artificialmente costuradas.

Ao contrário, as experiências integracionistas demonstraram que uma verdadeira integração exige a convergência de vários fatores, que não apenas econômicos, mas também políticos e culturais. Diante da UE afogada em uma complexa crise de múltiplas facetas que deverá perdurar por muito tempo, parece que o sonho europeu está se transformando em verdadeiro pesadelo.

A crise financeira é a mais grave desde os anos trinta, com altas taxas de desemprego, crescimento quase inexistente, falência de bancos e endividamento de vários governos. A crise econômica, por sua vez, é a mais profunda da história da UE, com seu projeto mais ambicioso, o da moeda única comum, gravemente ameaçado.

A outra crise que afeta a Europa, e talvez a mais profunda, é a de identidade, que está na base de seus problemas econômicos e políticos. Intui-se que a Europa foi construída sem os europeus, já que estes não parecem comungar de uma identidade comum, ancorada em valores partilhados. A crise revelou que diversidade não significa tolerância, e que as diferenças nacionais constituem sérios obstáculos para a integração. Após décadas, preconceitos persistem e os partidos políticos que pregam menos diversidade e mais intolerância ganham espaço.

Desde o início das turbulências, faz eco o descontentamento da população dos países europeus, uma vez que as medidas de austeridade fiscal adotadas afetam diretamente os cidadãos e suas condições de bem estar social, levando também a uma instabilidade política, decorrente da insatisfação coletiva. As minorias e os imigrantes pagam o preço mais alto. O princípio da livre circulação de pessoas, outra pedra angular da integração européia, está sucumbindo diante da reintrodução dos controles de fronteiras em diversos países.

No decorrer da chamada Primavera Árabe, muito se debateu na Europa acerca de suas conquistas em relação aos direitos humanos. Entretanto, desde o desencadear da turbulência econômica, parece que outra faceta da crise vem sendo menosprezada, mais silenciosa, mas tão violenta quanto aquela, qual seja, a crise dos direitos humanos. Em seu relatório anual, a ONG Human Rights Watch constatou uma Europa menos democrática em 2011 e um recuo da proteção dos direitos humanos, principalmente com as discriminações, a intolerância em relação às minorias, às migrações e aos asilos. A crise migratória suscitada pelo conflito na Líbia e o êxodo de tunisianos em 2011 revelou uma espécie de Europa-fortaleza quase impenetrável.

O euro, símbolo da verdadeira integração européia, ao invés de aproximar a UE de seus cidadãos, está condenando milhões de europeus a décadas de miséria, ao mesmo tempo em que o preconceito e a intolerância os estão afastando de um dos mais aclamados valores que deveriam partilhar, aquele da proteção dos direitos humanos.

Por: Larissa Ramina - Doutora em Direito Internacional pela USP. Professora do Programa de Mestrado em Direitos Fundamentais e Democracia da UniBrasil. Professora do UniCuritiba.

Fonte: Carta Maior
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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Alemanha promete pôr seu peso em favor de acordo UE-Mercosul

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O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Guido Westerwelle, afirmou nesta segunda-feira que o país irá "contribuir com todo seu peso" para o sucesso do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul.

"Não será fácil, mas é possível", afirmou em declaração a jornalistas no fim de uma reunião com o chanceler brasileiro, Antonio Patriota, em Brasília.

Mais cedo, em palestra na Confederação Nacional da Indústria (CNI), o ministro alemão disse que a zona do euro trabalha para fechar as bases de um acordo de livre comércio até 2013 com o Mercosul, integrado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

Desde 1999, os dois blocos discutem os moldes para um acordo de livre comércio. As negociações chegaram a ser suspensas em 2004 e foram retomadas em 2010.

Nesta segunda-feira, Westerwelle reconheceu que as dificuldades econômicas mundiais, em especial na Europa, estimulam práticas como o protecionismo, que dificulta o avanço das conversas. Ele atribuiu o sucesso econômico atual da Alemanha à opção, em décadas passadas, por acordos de livre comércio.

"Um motivo pelo enorme êxito econômico da Alemanha reside na nossa abertura, na nossa interconexão global e, por isso, nós, alemães, vamos promover, não só apoiar, essas negociações entre a UE e o Mercosul", afirmou ele.

O Brasil assume a Presidência do Mercosul no segundo semestre deste ano e, segundo Patriota, irá focar na conclusão de um acordo comum. Por isso, o chanceler brasileiro tem conversado sobre um acordo com outras lideranças europeias.

Na semana passada, Patriota se reuniu em Brasília com a alta representante para Relações Exteriores e Política de Segurança da União Europeia, Catherine Ashton. Ambos se mostraram otimistas em fechar um acordo ainda em 2012.

Grécia

Guido Westerwelle elogiou os ajustes econômicos na Grécia e disse que a Alemanha continuará a ser "solidária", mas que os países que recebem ajuda precisam fazer "o dever de casa".

Perguntado sobre a possibilidade de a Grécia deixar a zona do euro, Westerwelle disse que a Alemanha e a Europa têm uma "grande determinação" para manter a região unida. "Apostamos que todos que estão na União Europeia continuarão a bordo", disse.

O Parlamento da Grécia aprovou um impopular projeto de austeridade para garantir um segundo resgate da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional e evitar um calote catastrófico.

O ministro alemão também se mostrou positivo sobre o futuro da Alemanha e mandou um recado para os que apostam na piora da situação econômica do bloco europeu:

"Todos que pensam que a Europa não vai dar conta do recado estão enganados. A Europa é um continente exitoso, de confiança, e será um parceiro justo para a América Latina", disse.

Fonte: Reuters
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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

UE quer participação do Brasil na reconstrução da Líbia

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O recém-criado serviço diplomático da União Europeia quer negociar projetos de cooperação com o Brasil em temas tão distintos quanto políticas de crescimento contra a crise econômica e a reconstrução da Líbia, disse ao Valor o secretário-geral do novo "Ministério de Relações Exteriores" europeu, Pierre Vimont.

Ex-embaixador francês em Bruxelas e nos Estados Unidos, Vimont esteve com autoridades brasileiras esta semana, com quem defendeu ações com vistas a "novos modos de garantir o crescimento econômico". A vinda do diplomata faz parte de uma série de visitas programadas de autoridades europeias, que inclui a vinda, em fevereiro, da representante da União Europeia para política externa, Catherine Ashton.

Segundo Vimont, que recebeu a incumbência difícil de consolidar uma política externa comum para os países da União Europeia, os europeus têm interesse na cooperação com o Brasil para a reconstrução institucional da Líbia após a queda do ex-ditador Muamar Gadafi.

Os líbios pediram tempo aos demais países para estruturar o novo governo, mas já informaram que querem apoio internacional para aspectos como legislação, serviços administrativos, Justiça, polícia, controle de fronteiras, segurança. "Vamos ver se trabalhamos juntos, para levar expertise à Líbia", comentou.

Apesar das diferenças de opinião entre Europa e Brasil sobre sanções a países árabes e do Norte da África acusados de desrespeito aos direitos humanos, Vimont afirma que o curso das mudanças no Oriente Médio desejado pela "Europa como tal" não está muito distante do defendido pelo Brasil, de atuar em contato estreito com a Liga Árabe, a Confederação das Organizações Islâmicas e a União Africana.

Na própria União Europeia, há divergências, como o voto da Alemanha contrário à ação armada na Líbia. "Mas, muito rapidamente, todos os países europeus passaram a adotar o mesmo caminho; trabalhamos juntos apesar das diferenças", argumentou. Com o Brasil, os responsáveis pela diplomacia europeia comunitária pretendem explorar projetos conjuntos em terceiros países em temas como promoção de direitos humanos em nações como Guiné e Guiné Bissau, e programas de educação para crianças em situação de conflito, no Haiti.

Educação e inovação científica tendem a assumir um papel de destaque nas relações e projetos de cooperação entre Brasil e União Europeia, com ação conjunta em iniciativas como o programa Ciência sem Fronteiras, uma das predileções da presidente Dilma Rousseff. No campo econômico, as iniciativas não têm sido tão bem-sucedidas, apesar das declarações otimistas de lado a lado. Vimont e o ministro das Relações Exteriores Antônio Patriota chegaram a conversar sobre a necessidade de apoio no Congresso brasileiro para concretizar o acordo de céus abertos negociado entre a União Europeia e o Brasil em março, mas ainda não oficializado. Decidiram esperar pela discussão do acordo no Legislativo brasileiro.

Vimont minimizou, porém, as dificuldades na negociação do acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, hoje concentrada em aspectos menos polêmicos e paralisada nas questões de acesso a mercados. As recentes eleições na Argentina e as próximas eleições na França não asseguram clima político para uma discussão desse tipo, admitiu ele. "A ideia é seguir com o trabalho de preparação do acordo, para termos tudo pronto quando houver possibilidade de avançar", argumentou. Com o debate sobre os riscos de aprofundamento da recessão mundial, a liberalização comercial entre os dois blocos pode surgir como opção para ultrapassar a crise, defende.

Fonte: Valor Econômico
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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

O que acontece se a Eslováquia rejeitar o Fundo de Resgate Europeu?

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A Eurozona não ficará sem munições se a Eslováquia rejeitar definitivamente o fundo de resgate europeu, mas será privada de uma de suas principais armas para combater e evitar um contágio da crise da dívida.

Estes seriam os possíveis cenários caso a Eslováquia torne-se o único dos 17 países da Eurozona a dizer não ao reforço do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) decidido em uma cúpula do bloco no dia 21 de julho.

- A capacidade efetiva dos empréstimos do FEEF não aumentaria para 440 bilhões de euros, e permaneceria em torno dos 250 bilhões atuais, muito insuficientes caso a Eurozona tenha que resgatar países como Itália e Espanha, terceira e quarta economias europeias.

- Aumentariam os riscos de contágio da crise, já que o Fundo não poderia comprar dívida dos países em problemas nos mercados secundários, onde circulam os títulos já emitidos. Também não poderia oferecer créditos aos países que precisassem de ajuda para recapitalizar seus bancos e prepará-los para uma suspensão de pagamentos da Grécia.

- Dessa maneira, o Banco Central Europeu (BCE) receberia todo o peso dos problemas da crise da dívida.

- Uma rejeição da Eslováquia, por fim, colocaria em dúvida todas as decisões tomadas na cúpula de julho para encontrar uma saída rápida para a crise da dívida, entre elas um segundo pacote de ajuda no valor de 160 bilhões de euros para a Grécia, que inclui uma forte participação do setor privado.

Fonte: AFP
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