Neste novo século
temos acompanhado um expressivo e consolidado avanço no desenvolvimento e
emprego da tecnologia de veículos remotamente pilotados, os quais são
usualmente conhecidos como “DRONES”, tendo sido notório o aumento do emprego
desta solução no moderno teatro de operações, tendo um papel de destaque na
“Guerra ao Terror” lançada contra grupos terroristas que operam no Oriente
Médio, sendo o Paquistão um dos países com maior incidência do emprego de
drones para ataques cirúrgicos contra alvos classificados.
Ao longo de sua
existência, os Drones têm sucessivamente ampliado seu potencial de emprego,
tendo diversas variantes e modelos destinados ao emprego em terra, mar e ar,
capazes de cumprir um variado leque de missões, as quais vão desde
reconhecimento/observação, coleta de dados (ELINT/SIGINT), ataque e por fim
guerra eletrônica (EW) dentre diversas aplicações.
Hoje existem
múltiplas aplicações conforme exemplificamos acima, além do constante desenvolvimento
tecnológico de sua eletrônica embarcada, a qual integra diversos sistemas e
sensores em uma única plataforma, fornecendo ao seu operador uma grande
vantagem em relação aos meios convencionais, quer seja pelo menor custo e
complexidade, quer seja pelo baixo custo em relação à uma hipotética perda, uma
vez que só se perde o meio e não seu operador, sendo o segundo um ativo muito
mais valioso que qualquer meio convencional operado, pois a perda de um operador,
quer seja o piloto de uma aeronave, quer seja uma tripulação de um MBT, envolve
não apenas um alto custo moral, mas também financeiro e orgânico, uma vez que
se perde anos de investimento em treinamento e preparação do militar que irá operar
o equipamento, uma perda que não pode ser reposta tão facilmente como um
equipamento, seja convencional ou remotamente pilotada.
Inicialmente
empregados como solução para coleta de inteligência, os drones foram largamente
utilizados em tomadas de imagens aéreas, contando com uma série de sensores e
câmeras para coleta de imagens aéreas do campo de batalha ou de zonas de
interesse da inteligência, possuindo uma maior flexibilidade e menor custo que
os satélites neste tipo de aplicações.
A indústria de
Defesa foi rápida em transformar e desenvolver a tecnologia de UAV’s, as quais
surgiram inicialmente com aeromodelos, isso mesmo! A tecnologia que surgiu
através do hobby, onde amadores passaram a inserir câmeras em seus aeromodelos
para captura de imagens aéreas, o que logo foi identificado como uma grande
oportunidade pela indústria de defesa, a qual identificou um novo nicho a ser
explorado, tendo um vasto e rentável mercado para esse tipo de solução, tendo
percebido a importância que eles poderiam ter no emprego militar, sendo uma
solução atraente para ser utilizados em ambientes inóspitos e de alto risco.
Nos primórdios, os
drones enfrentavam grandes limitações técnicas, chegando a ser necessários 30
operadores para conduzir um voo de cerca de 20 minutos. Mas o israelense Abe
Karem foi um divisor de águas no campo do desenvolvimento de drones, tendo sido
responsável em 1977 por uma verdadeira revolução tecnológica no campo, algo que
será abordado em nosso próximo artigo desta série, onde iremos falar desse
“gênio” e as soluções que desenvolveu neste importante campo de defesa.
Hoje a tecnologia
de drones, os quais ganharam diversas siglas de acordo com sua aplicação, como
UAV (VANT em português que significa Veículo Aéreo Não Tripulado), UCAV (sigla
traduzida para o português como Veículo Aéreo de Combate Não Tripulado), USV,
ASV e etc... Todos serão abordados em artigos distintos para que se possa
conhecer um pouco melhor sobre esta tecnologia, suas particularidades e a
importância de se investir na pesquisa e desenvolvimento desse tipo de soluções
no Brasil, onde iremos apresentar algumas inovações que a Quartzo Engenharia de Defesa apresentou durante a LAAD 2019.
Inicialmente
focado em atividades de coleta de imagens para auxílio aos setores de
inteligência, passaram a receber novas aplicações, incorporando equipamentos e
sensores de inteligência eletrônica, passando a ser capazes de realizar coleta
ELINT/SIGINT como já citamos, chegando a atuar como MAGE (Medida de Apoio a
Guerra Eletrônica)
Assim como as
aeronaves convencionais, os drones aéreos também incorporaram avanços
significativos no que diz respeito a discrição, passando a incorporar os
avanços obtidos com a tecnologia stealth, permitindo assim que os modernos drones
possam operar com maior “liberdade” em zonas sob controle aéreo inimigo,
passando também a contar com plataformas de emprego aeronaval, capazes de
operar embarcados em diversas classes e tipos de navios, conferindo a estes
meios um importante ganho em capacidade de monitoramento e controle, superando
a barreira imposta aos sensores e radares usualmente integrados a estes pela
curvatura da terra.
O emprego de
drones hoje é algo fundamental para as principais potencias bélicas, podendo
representar o sucesso em missões de combate pela sua capacidade de coleta de
informações, interferência eletrônica através de EW e mesmo ataques com
mísseis, tendo a seu favor a discrição obtida através da concepção dos novos
projetos que incorporam tecnologia Stealth e o baixo custo operacional, sem
falar no menor custo em caso de perda em combate.
Nesse contexto, os
drones oferecem um vasto leque de vantagens em relação aos meios convencionais,
podendo cumprir um variado leque de missões hoje desempenhadas por diversas
aeronaves convencionais, apresentando o custo dos equipamentos envolvidos bem
menor, além de propiciar maior autonomia.
Dentre os objetivos,
pode-se citar a coleta de imagens de “alvos” de interesse, tais como radares, armamentos
ou sensores; efetuar coleta de Inteligência Eletrônica, coletando as
características de emissões dos radares; ou até mesmo Inteligência de
Comunicações, possibilitando a interceptação do tráfego de informações criptografadas
ou não.
A utilização de
drones stealth
permite a coleta de vários dados para a biblioteca de dados destinados á
Guerra Eletrônica, fazendo-o mais próximo dos meios de interesse sem que eles
possam ser detectados ou identificados pelos sensores inimigos. Isso permite
aproximação suficiente de um meio, de forma que se posicione a uma distância
inferior a distância mínima de detecção do radar, o que resulta em uma
impossibilidade completa de identificação. Essa atividade possibilita a coleta
de dados para posterior estudo, registro e difusão por parte dos analistas de
Guerra Eletrônica.
No moderno teatro
de operações navais, se faz de suma importância possuir a capacidade de
identificação e acompanhamento de contatos no maior alcance possível, neste
contexto é fundamental a presença do MAGE (Medida de Apoio a Guerra Eletrônica),
o qual deve apresentar grande sensibilidade e alcance, sendo fundamental seu
emprego nos modernos meios de superfície. Porém, esse equipamento quando
embarcado apresenta algumas limitações quanto ao seu raio de alcance, onde
meios inimigos podem se “esconder” na curvatura da terra. Tendo como premissa
que tal equipamento permite aos operadores identificar os sinais detectados e a
correta interpretação de possíveis ameaças, as limitações impostas pela
curvatura da terra é um dos fatores limitantes da recepção MAGE.
Analisando a problemática
imposta pela Curvatura da Terra, podemos superar tal limitação com emprego de
drones, na Marinha do Brasil nomeados como ARP (Aeronave Remotamente Pilotada),
os quais podem incorporar um sistema MAGE interligado ao sistema do navio por
meio de uma antena com feixe direcional, poucos lóbulos secundários e com
tamanho e peso reduzidos para impedir a captação da sua irradiação pela força
inimiga, além de propiciar uma troca de dados em alta velocidade com o navio,
recebendo os parâmetros coletados. Com isso seria possível obter sinais
eletromagnéticos provenientes das mais diversas plataformas e com um alcance
muito superior ao de qualquer equipamento embarcado em um navio, representando
uma grande vantagem tática.
A utilização de
drones para a Guerra Eletrônica é uma realidade que vem incorporando cada vez
mais capacidades. Além das soluções de EW que citamos, como MAGE, há estudos
para o emprego do laser de baixa potência embarcado em drones. Esse laser pode
ser utilizado como arma de defesa, cegando ou confundindo o míssil disparado,
de forma a evitar o seu impacto no alvo.
Portanto, o
domínio, o constante desenvolvimento e o aprimoramento tecnológico dentro da
capacidade de Guerra Eletrônica é essencial para manter o poder de dissuasão, e
os drones hoje são um importante meio de emprego neste tipo de missão, tendo
deixado o campo da ficção e se tornado uma real capacidade imprescindível no moderno
teatro de operações. O GBN News irá trazer uma série especial sobre drones,
onde iremos apresentar um pouco sobre essa tecnologia e as soluçôes do mercado.
Por Angelo Nicolaci - Jornalista, editor do GBN News, graduando em Relações Internacionais pela UCAM, especialista em geopolítica do oriente médio, leste europeu e América Latina, especialista em assuntos de defesa e segurança.
Com dados obtidos de artigos publicados pelo Capitão-Tenente (EN) ANTÔNIO JOSÉ FERREIRA VIEIRA - Chefe do Depto. de Coordenação Técnica e Capacitação – CGEM Mestre em Engenharia Elétrica
GBN News - A informação começa aqui