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domingo, 31 de maio de 2020

O SAS EM AÇÃO NO ATLÂNTICO SUL: O ATAQUE A ILHA PEBBLE

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Durante os meses de abril e junho de 1982, ocorreu a improvável e imprevista Guerra das Falklands (ou Malvinas), conflito armado que envolveu a Argentina, que na época vivia uma sangrenta Ditadura Militar, liderada pelo Presidente general Leopoldo Galtieri, e a então terceira maior potência militar do mundo, a Inglaterra, liderada pela Primeira-Ministra Margareth Thatcher.

Foi um conflito que surpreendeu e chocou o mundo e a vitória inglesa mostrou a força, treinamento e a capacidade de mobilização de suas forças armadas, em especial a sua marinha, (a Royal Navy), que rapidamente formou uma grande e poderosa esquadra que percorreu rapidamente mais de 10 mil quilômetros, chegando em poucas semanas na zona de conflito praticamente pronta para o combate.

Durante a guerra, várias batalhas ocorreram, desde a luta pela supremacia aérea da região, entre as forças aéreas e aeronavais inglesas e argentinas, além de vários combates em terra entre os exércitos inglês e argentino, como o desembarque da Baía San Carlos, as batalhas do Monte Kent, Two Sisters e Wireless Rigde, além de vários ataques, como o ataque a Bluff Cove, a Darwin, a Top Malo House, entre outros.

Muitas dessas batalhas e ataques ocorreram sob condições adversas e grande probabilidade de fracasso, mas outras tiveram resultados que até superaram as expectativas. Esse texto vai tratar de um dos ataques mais impressionantes da Guerra das Falklands-Malvinas, o Ataque a Ilha Pebble entre os dias 14 e 15 de maio de 1982, cujos resultados foram decisivos para o curso da guerra e suas ações impressionam até os dias de hoje.

A ILHA PEBBLE

Mapa das Ilhas Falklands (Malvinas) onde podem ser vistas ao Norte a Ilha Pebble (Pebble Island) e a Baía de San Carlos (Port San Carlos)

A ilha (chamada de “Isla Borbón” pelos argentinos), a quinta maior do arquipélago das Falklands, se estende por 35 quilômetros e cerca de seis quilômetros em seu ponto mais largo, com uma área total de 103,36 km². Seus três pontos altos são Primeira Montanha (277 m), Montanha Média (214 m) e Montanha de Mármore (237 m), todos os quais se encontram na parte ocidental da ilha. A parte oriental da ilha tem lagos e terras úmidas, encontrando-se muito bem preservadas até os dias de hoje.

As duas metades são unidas por um pequeno istmo no qual se encontra a pequena vila de Pebble Island, onde os habitantes vivem (cerca de 50 pessoas em 1982). A ilha é uma fazenda de ovelhas desde 1846, fundada por John Markham Dean, um inglês que comprou Pebble e três ilhas vizinhas por 400 libras esterlinas, que introduziu a criação de ovelhas na ilha (hoje são criadas seis mil ovelhas) e também criam gado de corte.

A OCUPAÇÃO ARGENTINA DA ILHA

No dia 23 de abril de 1982, semanas após a invasão de Port Stanley pela Argentina (ocorrida no dia 2 de abril) a pacata vida dos habitantes da ilha é quebrada quando pousa uma aeronave (provavelmente um Shorts Skyvan da Prefeitura Naval Argentina) na pequena e rudimentar pista de pouso de grama da ilha (de cerca de 800 metros de extensão), supostamente para entregar correspondência. Um dos tripulantes pesquisou e fotografou a pista e logo após um helicóptero pousou com uma patrulha argentina. A patrulha marchou até a pequena vila e confiscou todos os rádios e transmissores dos habitantes, confinando-os em suas casas.

Os argentinos estabelecem uma base aérea na Ilha Pebble, chamada de “Estação Naval Calderón”, com cerca de 150 soldados e com aeronaves Beech T-34C-1 Turbo Mentor e FMA IA-58 Pucará. Esse esquadrão tinha como objetivo fazer voos de reconhecimento e ataque sobre a região norte das ilhas. Tal localização da base preocupou os ingleses, pois as aeronaves (e o radar instalado no campo de pouso) poderiam dificultar ou até mesmo frustrar um eventual ataque inglês nas praias da região, pois o litoral norte da ilha de West Falkland (ou Gran Malvina) era um dos prováveis locais para um desembarque inglês, além da ilha ser próxima da Baía de San Carlos, o real local da futura invasão inglesa do mês seguinte.

O SAS
Emblema do SAS.

O Special Air Service (SAS) foi criado durante a II Guerra Mundial, com o objetivo de ser uma tropa de elite do Exército Britânico, responsáveis por missões especiais, principalmente atrás das linhas inimigas e consideradas muito arriscadas. O SAS foi fundado como um regimento em 1941, depois, em 1950, foi reorganizado como um Corpo de Exército. No pós-guerra tornou-se uma força responsável por apagar os “pequenos incêndios” nas colônias, as quais enfrentavam o processo de descolonização, na Ásia e Oriente Médio nos anos 1950 e na África na década de 1960. Lutaram com grande bravura na Malásia, Omã, Iêmen e Gâmbia.

Na década de 1970 o SAS se especializou na luta contra o terrorismo, inicialmente assessorando (e segundo algumas fontes, participando) juntamente com o grupo antiterrorista GSG 9 da então Alemanha Ocidental, da missão de resgate aos reféns do voo 181 da Lufthansa em Mogadício, Somália. Depois participaram em missões contra o Exército Republicano Irlandês (IRA) na Irlanda do Norte e ganhou notoriedade em 1980 com o resgate dos reféns da Embaixada do Irã em Londres. Parecia que o SAS tinha se tornado um esquadrão antiterrorista, mas o surpreendente início da Guerra das Malvinas fez com que a unidade fosse convocada para o conflito e voltasse a ser uma unidade militar de elite.

O PLANEJAMENTO DO ATAQUE

Segundo os planejamentos, inicialmente era prevista uma inserção aérea (infiltração) de um esquadrão (Esquadrão D, 22º Regimento) a partir do porta-aviões HMS Hermes. A tropa de assalto destruiria as aeronaves do campo de pouso e o radar, além de eliminarem a tripulação das aeronaves, o pessoal de apoio e neutralizarem a guarnição de proteção inimiga antes da exfiltração de helicóptero, retornando ao convés do porta-aviões ainda antes do amanhecer.

O reconhecimento para o ataque foi conduzido por pessoal da Tropa de Barcos do Esquadrão D, conduzindo uma infiltração usando canoas Klepper. A patrulha descobriu que fortes ventos contrários na região aumentariam o tempo necessário para voar a partir do ponto de partida de Hermes, atrasando o tempo no alvo e reduzindo a janela ofensiva disponível para trinta minutos, em vez dos noventa planejados.

Devido a essa nova informação, o planejamento determinou então a importância de se destruírem as aeronaves em solo como prioridade, com a eliminação e do pessoal de apoio como uma prioridade secundária. A destruição do radar, que seria um dos alvos da missão a princípio, seria deixada de lado. A operação teria como codinome “Prelim”.

O ATAQUE

Mapa da "Operação Prelim", o Ataque do SAS a Ilha Pebble, 14/15 de maio de 1982. (Foto ProSIM)

No dia 14 de maio à noite, dois helicópteros Westland Sea King HC4 do Esquadrão Naval Nº 846, parte do Commando Helicopter Force da Royal Navy, partiram com 45 membros do Esquadrão D a bordo. A zona de pouso ficava a seis quilômetros da pista de pouso de Pebble Island. A equipe principal de ataque (vinte membros da Tropa de Montanha do Esquadrão D, comandados pelo Capitão John Hamilton) foi encarregada da destruição dos aviões argentinos, enquanto o restante do pessoal atuou como uma força de proteção, garantindo a aproximação do grupo principal à pista de pouso e formando uma reserva operacional.

Representação de um Operador do SAS que atuou no ataque a Ilha Pebble

O grupo de ataque descarregou mais de 100 morteiros L16 de 81mm, cargas explosivas e foguetes de 66mm Light Anti-tank Weapons (LAW) L1A1, com cada homem no grupo de ataque carregando pelo menos duas bombas de morteiro. Como armas leves, foram usados rifles M16A1, alguns com lançadores de granadas M203. Os operadores também levaram granadas de fósforo branco e pistolas 9 mm. Nas mochilas eram levados binóculos de visão noturna, munição, roupas secas e rações para três dias. A navegação de aproximação foi conduzida por um membro da Tropa de Barcos que realizou o reconhecimento antes da ação.

Quando o grupo de ataque se aproximou do alvo, avistaram um soldado argentino, mas não foram vistos, permitindo que eles entrassem no alvo e colocassem cargas explosivas em sete aeronaves. Uma vez que todas as aeronaves foram preparadas, a equipe de ataque abriu fogo contra a aeronave com armas pequenas e foguetes L1A1. Todas as aeronaves foram danificadas, com algumas tendo suas munições instaladas detonadas.

O destroier HMS Glamorgan (D19), que apoiava a missão, também começaram a bombardear as posições argentinas no campo de pouso usando seu canhão de 4,5 polegadas e disparando balas de alto explosivo, atingindo o depósito de munição e as reservas de combustível. Os argentinos não conseguiram se agrupar para tentar uma contra-ofensiva até o momento do início da saída dos ingleses para a exfiltração.

Assim que os argentinos se agruparam, partiram para perseguir os ingleses. Um operador britânico foi atingido e ferido pelos argentinos. enquanto o grupo de ataque revidou atirando com armas pequenas e lançadores de granadas M203, resultando na morte do oficial comandante argentino (de acordo com avaliações britânicas) e na supressão de qualquer esforço defensivo.

Fotografia aérea da pista de grama da Ilha Pebble logo após o ataque do SAS, onde se veem aeronaves argentinas destruídas. 

A versão argentina afirma que seus soldados permaneceram em abrigos durante o bombardeio do Glamorgan, por isso não puderam enfrentar o SAS em combate. Os feridos britânicos foram o resultado de estilhaços de cargas explosivas instaladas pelos argentinos sob a pista para negar seu uso ao inimigo. As explosões foram desencadeadas na crença de que a operação era um ataque em grande escala para tomar a base aérea.


Um IA-58 Pucará da Força Aérea Argentina (Acima) e um T-34 Mentor da Armada Argentina (Embaixo) destruídos durante o ataque do SAS a Ilha Pebble em 1982. (Reprodução Internet)

Todos os operadores foram para a área determinada para extração e voltaram a salvo para o HMS Hermes. O ataque foi um sucesso e ao todo o SAS destruiu seis IA-58 Pucarás do Grupo de Aviação Nº 3, quatro T-34 Turbo Mentor do Esquadrão Nº 4 da Aviação Naval Argentina e um transporte Shorts Skyvan da Guarda Costeira, além de uma grande quantidade de munição e combustível antes de se retirar. Supostamente o comandante da guarnição argentina foi morto e um operador do SAS foi ferido. Até os dias de hoje alguns destroços dessas aeronaves destruídas permanecem na ilha.

APÓS O ATAQUE

A missão foi um grande sucesso, pois após ela não havia mais nenhuma aeronave argentina na Ilha de Pebble para interferir nos desembarques britânicos na Baía de San Carlos e o ataque fez o moral do inimigo baixar ainda mais. Os ingleses, animados pelo sucesso da missão, chegaram a planejar um ataque visando destruir aeronaves argentinas no continente, a “Operação Mikado”, mas devido ao alto risco, a missão foi cancelada.

Capitão Gavin Hamilton

O ataque realizado pelo SAS lembrou as primeiras missões realizadas pelo esquadrão na Campanha do Norte da África na Segunda Guerra Mundial. Um dos líderes da missão, o Capitão Gavin Hamilton, foi posteriormente morto em outra ação do SAS, já no final da guerra. As forças argentinas continuaram ocupando a ilha até que foram evacuadas no dia 1º de junho de 1982 por dois helicópteros da Marinha argentina.

Após o final da guerra, o SAS continuou operacional e participou de operações na Guerra do Golfo em 1991, em Serra Leoa em 2000, na Invasão do Iraque em 2003 e no Afeganistão desde 2001. Também mais recentemente, participou de operações na Líbia em 2011 e na Síria desde 2014, contra principalmente o recém-derrotado Estado Islâmico. O SAS é uma verdadeira tropa de elite e seus operadores tem a consciência e a honra de servirem a uma das tropas mais experientes e preparadas do mundo.


FOTO DE CAPA: Reprodução do SAS atacando as aeronaves argentinas na Ilha Pebble. (Reprodução Facebook)

Com informações retiradas da Wikipedia.


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Por Luiz Reis, Professor de História da Rede Oficial de Ensino do Estado do Ceará e da Prefeitura de Fortaleza, Historiador Militar, entusiasta da Aviação Civil e Militar, fotógrafo amador. Brasiliense com alma paulista, reside em Fortaleza-CE. Luiz colaborou com o Canal Arte da Guerra e o Blog Velho General e atua esporadicamente nos blogs da Trilogia Forças de Defesa, também fazendo parte da equipe de articulistas do GBN Defense. Presta consultoria sobre História da Aviação, Aviação Militar e Comercial. Contato: [email protected]


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UMA MISSÃO SUICIDA: A OPERAÇÃO MIKADO

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A “Operação Mikado” foi o codinome de um ambicioso plano militar do Reino Unido para usar as tropas do Serviço Aéreo Especial (SAS) para atacar a base onde estavam situados os cinco (quatro operacionais e um usado como fonte de peças de reposição) caças Super Étendard da Aviação Naval da Argentina situadas em Río Grande, Terra do Fogo, durante a Guerra das Falklands/Malvinas em 1982. O homem encarregado do planejamento foi o brigadeiro Peter de la Billière, então comandante do SAS.

O então brigadeiro Peter de la Billière, comandante do SAS. (Reprodução Wikipedia)

O objetivo da operação era destruir os três mísseis antinavio Exocet remanescentes que a Argentina ainda possuía (um já havia sido usado no ataque que resultou no afundamento do HMS Sheffield) e as aeronaves que os transportavam, e matar os pilotos em seus alojamentos. Para conseguir isso, o brigadeiro Peter de la Billière propôs uma operação semelhante à “Operação Thunderbolt” (o famoso resgate israelense dos reféns em Entebbe, Uganda), que consistia em pousar aproximadamente 55 soldados da SAS em duas aeronaves Lockheed C-130 Hercules da Royal Air Force (RAF) diretamente na pista da base aérea de Río Grande.
A movimentada BAM Río Grande durante a Guerra das Malvinas. (Reprodução Internet)

De acordo com o plano, os Hercules seriam mantidos na pista com os motores funcionando enquanto os 55 homens da Esquadrão B do SAS realizavam sua missão. Se os Hercules não fossem danificados, então eles iriam voar até a base aérea chilena em Punta Arenas. Caso contrário, os membros sobreviventes do Esquadrão SAS e da tripulação se deslocariam até a fronteira chilena, a cerca de 80 quilômetros de distância, uma tarefa quase impossível de ser realizada.

PREPARATIVOS DA MISSÃO E RECONHECIMENTO PRELIMINAR

Localização da Terra do Fogo, Argentina, onde ficava a BAM Río Grande durante a Guerra das Malvinas. (Reprodução Internet)

Uma missão preliminar de reconhecimento em Río Grande, codinome “Operação Plum Duff”, foi lançada do HMS Invincible na noite de 17/18 de maio, como um prelúdio para o ataque. A operação consistia em transportar uma pequena equipe do SAS para o lado argentino da Terra do Fogo em um helicóptero Westland Sea King HC.4 da Royal Navy. A equipe então marcharia até a base aérea de Río Grande e montaria um posto de observação para coletar informações sobre as defesas da base.

A missão exigia que o helicóptero Sea King viajasse a uma distância além do seu raio operacional, então essa seria uma missão sem a possibilidade do retorno da aeronave ao porta-aviões. Portanto, as ordens da tripulação consistiam em deixar a equipe do SAS na Argentina, indo depois para o Chile e descartar a aeronave afundando-a em águas profundas.

A fracassada "Operação Plum Duff", que inviabilizou a Operação Mikado. (Reprodução Internet)

A aeronave, com três tripulantes e oito operadores da equipe SAS, decolou da Invencible às 00:15h de 18 de maio. Devido a um inesperado encontro com uma sonda de perfuração em um campo de gás offshore argentino, ela foi forçada a desviar, acrescentando mais vinte minutos ao translado. Ao aproximar-se da costa argentina após quatro horas de voo, a neblina reduziu a visibilidade a menos de um quilômetro. Ao se aproximarem de doze milhas do ponto de desembarque planejado do SAS, a visibilidade foi reduzida a tal ponto que o piloto foi forçado a pousar. O piloto e o comandante da patrulha da SAS discordaram sobre sua posição exata, enquanto o comandante do SAS também tinha certeza de que haviam sido vistos por uma patrulha argentina: ele pediu para ser deixado na fronteira entre a Argentina e o Chile. Os pilotos foram forçados a voar usando instrumentos para o Chile neutro. A equipe do SAS foi deixada na costa sul da Bahia Inútil, na Terra do Fogo, onde eles tentariam alcançar a fronteira a pé. A tripulação do helicóptero voou para uma praia mais próxima de Punta Arenas, onde aterrissaram. Um dos dois pilotos e a tripulação desembarcaram na praia. Eles fizeram buracos no helicóptero para permitir que ele afundasse uma vez que seria descartado. O outro piloto, em seguida, voou sobre a água, mas foi incapaz de afundá-lo. Ele voou de volta para a praia, a fim de fazer mais buracos, mas estava cego em seus óculos de visão noturna por uma luz piscando “Low Fuel” e aterrou bruscamente na praia, danificando a aeronave. A tripulação ateou fogo ao helicóptero e detonou cargas explosivas antes de deixar o local. Eles caminharam ao longo de várias noites até a cidade de Punta Arenas, onde tentaram fazer contato com a embaixada britânica. Eles foram descobertos e recolhidos pelo exército chileno enquanto se deslocavam pela cidade e foram entregues a funcionários britânicos, que os enviaram de volta a Inglaterra, juntamente com os operadores SAS que haviam cruzado a fronteira chilena.

Um Sea King HC4 Commando, semelhante ao usado durante a "Operação Plum Duff". (Reprodução Internet)

Segundo fontes argentinas, na noite de 17/18 de maio, o helicóptero foi rastreado pelo radar do destroier ARA Bouchard, que enviou uma mensagem a seu navio irmão, o ARA Piedrabuena patrulhando ao norte, e depois para a base de Río Grande. Membros do 24º Regimento de Infantaria da Argentina afirmaram em 2007 que atingiram o helicóptero inglês com armas de fogo leves em meio a névoa espessa ao sul de Río Gallegos. A missão de reconhecimento da SAS acabou sendo abortada.

CANCELAMENTO DA MISSÃO

A falta de ter havido uma missão de reconhecimento no local significava que as forças britânicas não tinham uma ideia clara de como Río Grande era defendida, nem quaisquer garantias de que os Super Étendards ou os Exocets estariam lá quando a operação ocorresse. As forças britânicas também não tinham informações sobre como a base estava organizada, e não sabiam onde os Exocets estavam armazenados ou até mesmo onde ficavam os alojamentos dos pilotos.

Destroços do Sea King encontrados pelos chilenos próximo a Punta Arenas. (Reprodução: The Times)

A essa altura, a Operação Mikado, que já era vista por experientes membros do SAS como uma missão suicida, era considerada impossível de ser realizada, devido à perda do elemento surpresa (principalmente pela notícia da descoberta dos destroços do Sea King inglês em Punta Arenas) e a inteligência britânica descobrindo que os argentinos desfrutavam de uma melhor e mais eficiente cobertura de radar do que inicialmente esperado. Como consequência, o plano de assalto aerotransportado atraiu considerável hostilidade de alguns membros do SAS, o que levou a um princípio de motim por parte de alguns operadores (prontamente enviados de volta para a Inglaterra) e para o próprio comandante do Esquadrão B ser demitido e substituído pelo segundo em comando.

Em última análise, o governo britânico reconheceu que havia uma forte probabilidade de que a operação teria falhado. Ao contrário dos rumores, não foi planejado nenhum plano para infiltrar operadores SAS na Argentina com a ajuda do submarino da Marinha Real Britânica HMS Onyx. A Marinha argentina alega que o Bouchard tinha bombardeado um submarino e vários barcos infláveis durante uma patrulha a duas milhas de distância do Río Grande, na posição 53° 43′38.04″ S 67° 42′0″ W, na noite de 16 de maio de 1982.

A área de Río Grande era defendida por quatro batalhões de infantaria do Corpo de Fuzileiros da Marinha da Argentina, além de vários experientes comandos e mergulhadores de combate, alguns dos quais tinham sido treinados no Reino Unido pelo Special Boat Service (SBS) anos antes.

AVALIAÇÃO E CONCLUSÕES

Depois da guerra, os comandantes da marinha argentina admitiram que esperavam algum tipo de ataque das forças da SAS, principalmente depois do ataque a Ilha Pebble, mas nunca esperavam que aeronaves C-130 Hercules pousassem diretamente na pista da base aérea, embora eles provavelmente teriam perseguido as forças britânicas até mesmo em território chileno em caso de ataque. O fracasso da operação teria sido um desastre de propaganda para as forças britânicas e, inversamente, um impulso moral para a Argentina.

Pilotos argentinos de Super Étendard da Aviação Naval Argentina; eles também seriam alvos da Operação Mikado. (Foto site Tropas e Armas)

A Operação Mikado, devido aos problemas enfrentados, seria um grande fracasso para a Inglaterra, pois dificilmente eles não conseguiriam atingir seus objetivos, devido aos problemas já relatados no texto. Mesmo assim, forçou os argentinos a montarem um forte esquema de vigilância de suas aeronaves de caça e ataque, tanto da Marinha quanto da Força Aérea, retendo no continente experientes tropas, armas, equipamentos e valiosos suprimentos que poderiam ser utilizadas no conflito nas ilhas.

Além disso, com as missões de bombardeio de longa distância dos Avro Vulcan nas ilhas realizados pela RAF (a “Operação Black Buck”) sendo realizadas, havia o medo dessas aeronaves também atacarem o continente, principalmente a capital Buenos Aires, e mais ainda, de serem ataques nucleares, pois o Vulcan também poderia realizar esse tipo de bombardeio, mas bombas nucleares nunca foram sequer cogitadas, nem pela Primeira-ministra Margaret Thatcher nem pelo Ministério da Defesa britânico, para serem usadas nesse conflito, devido as terríveis consequências de seu uso. Devido a esses ataques, as bases argentinas eram fortemente defendidas com mísseis e canhões antiaéreos direcionados por radar.

Podemos então afirmar que a Operação Mikado seria realmente uma missão suicida, tanto que muitos operadores SAS, que eram bastante experientes e preparados para o combate, se recusaram a realizá-la. O bom senso das autoridades inglesas imperou e se evitou um grande desperdício de homens e equipamentos a troco de um resultado incerto e provavelmente insatisfatório e adverso.



FOTO DE CAPA: Os alvos da "Operação Mikado", o Dassault Super Étendard e o missil antinavio Aerospatiale Exocet. (Foto: Site Cristandad y Patria)

Com informações retiradas da Wikipedia.


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Por Luiz Reis, Professor de História da Rede Oficial de Ensino do Estado do Ceará e da Prefeitura de Fortaleza, Historiador Militar, entusiasta da Aviação Civil e Militar, fotógrafo amador. Brasiliense com alma paulista, reside em Fortaleza-CE. Luiz colaborou com o Canal Arte da Guerra e o Blog Velho General e atua esporadicamente nos blogs da Trilogia Forças de Defesa, também fazendo parte da equipe de articulistas do GBN Defense. Presta consultoria sobre História da Aviação, Aviação Militar e Comercial. Contato: [email protected]


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