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quarta-feira, 10 de junho de 2020

O Su-57 é realmente um autêntico caça de 5ª Geração?

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Nos anos 1980, a USAF lançou o programa ATF (Caça Tático Avançado), que visava substituir o F-15 Eagle como principal caça de supremacia aérea da USAF com um caça de 5ª geração bastante avançado; a URSS começou um programa semelhante, mas não tão ambicioso, mais ou menos ao mesmo tempo. O vencedor do ATF foi o Lockheed Martin F-22 Raptor, que é o caça mais avançado do mundo desde que entrou em serviço em 2005.
 F-22 lançando um AIM-120 AMRAAM
Com a queda da URSS no começo dos anos 1990, a Rússia se encontrava numa situação bastante complicada. As FFAA (Forças Armadas) russas enfrentavam problemas de obsolescência em bloco, ou seja, vários sistemas de armas estavam obsoletos ao mesmo tempo, e isso nos três grandes ramos das FFAA.

O ‘ATF russo’ deu frutos no século 21, com o primeiro voo do T-50, que se tornaria a base do Su-57, ocorrendo em 2010.

Alguns (pseudo) analistas brasileiros apontam o Su-57 como o ‘F-22 russo’ ou ‘caça russo de 5ª geração’, inclusive discorrendo sobre isso em textos mal escritos, com sérios erros de ortografia, gramática e concordância que, além de tediosos, falam mais de política e críticas ao 'extremo ocidente' (que é como chamam os EUA), do que de geopolítica e engenharia aeronáutica, que afinal é o que interessa aos leitores do GBN. Não colocaremos o link para o artigo para não sermos depois acusados de propagar 'fake news', coisa que o GBN não faz.
Será que tais alegações encontram base na realidade?

Para responder a esta pergunta, começaremos analisando alguns termos, como 5ª geração, stealth (furtividade) e outros.

O QUE É UM CAÇA 5G (DE QUINTA GERAÇÃO)?

Esta é, provavelmente, a pergunta cuja resposta é a mais ampla dentre as presentes neste artigo - não há uma única definição consensual entre os estudiosos da área. É por isso que diferentes especialistas darão respostas diferentes à pergunta ‘o avião x é 5G?’.

Mas precisamos de um parâmetro para nortear nossas discussões, então usaremos a do Tenente-General (res) David Deptula, considerado por muitos como um dos especialistas mais influentes na USAF. Ele foi uma das principais mentes por trás da Operação Tempestade do Deserto de 1991, provavelmente a melhor aplicação de poder aéreo dos últimos 50 anos. [1]

Segundo ele, os 5G tem 3 atributos principais: [2]
  1. Stealth todo aspecto e performance aerodinâmica superior
  2. Sensores automatizados avançados e fusão de informação
  3. Sinergia entre stealth, fusão de informação e processamento automatizado integrado
A combinação desses 3 atributos coloca um 5G num patamar acima das aeronaves 4G, mesmo as ‘4G melhoradas’, geralmente chamadas ‘4G+’, ‘4,5G’, ‘4,75G’…

Analisaremos o Su-57 ante as definições de 5G de Deptula, e veremos se ele atende aos requisitos para ser considerado 5G ou se apenas chega ao nível de 4G melhorado, tipo um ‘4,75G’.

CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE STEALTH

As tecnologias stealth, de modo geral, buscam reduzir a RCS (seção reta radar ou seção radar) da aeronave / arma, de forma a reduzir as distâncias em que os radares conseguem concluir as etapas da ‘corrente da morte’ F2T2EA (encontrar, fixar, travar, rastrear, engajar, avaliar). Aos leitores interessados em uma leitura mais técnica, recomendamos os artigos nas referências [3], [4] e [5].

A ideia por trás deste conceito é que, caso o inimigo não consiga detectar a aeronave em tempo hábil, não conseguirá concluir as demais etapas do ciclo, algo que explicamos com mais detalhes no nosso artigo "Alcance dos mísseis - Teoria e Realidade".

Basicamente, as aeronaves podem ser divididas em 3 categorias em relação às medidas de controle de RCS:
  • Não controlada, ou ‘tradicional’, geralmente acima de 5 m²; maioria das aeronaves
  • Controle moderado, ou LO (pouco observável), geralmente entre 0,1 e 5 m²; Gripen, Rafale, Eurofighter, F-18E, F-16, B-1B, F-15SE
  • Controle profundo ou VLO (muito pouco observável), geralmente muito menor que 0,1 m² (alega-se 0,00001 m² em alguns casos); F-117, B-2, F-22, F-35
Alguns (pseudo) especialistas afirmam que é possível que uma aeronave 'tradicional' ou LO seja, em algum momento, 'evoluída' até se tornar VLO. Mas os verdadeiros especialistas, como Deptula, discordam.
"É importante ressaltar que a furtividade é muito mais do que minimizar a RCS de uma aeronave. Os sensores passivos melhoraram em sensibilidade e capacidade ao longo dos anos, tornando os rádios omnidirecionais tradicionais uma grande vulnerabilidade. As aeronaves de quinta geração devem ter rádios e links de dados com baixa probabilidade de detecção (LPD) e baixa probabilidade de interceptação (LPI). Com foco direcional com baixa potência e largura de feixe estreita, as transmissões LPD e LPI tornam extremamente difícil para os adversários explorar rádios de aeronaves de quinta geração e links de dados para direcionamento ou até aviso prévio. As aeronaves de quinta geração gerenciam automaticamente a potência e a direção de seus próprios sensores e contam também com sensores passivos" [2]
Em outras palavras - ou uma aeronave é 5G desde o começo, ou nunca será.

Mas é possível uma aeronave ser desenhada como 'tradicional' e evoluir para LO (como o F-18 Hornet ao se criar o F-18E Super Hornet), ou em já sendo projetada como LO ter sua RCS reduzida ainda mais. Mas não é possível transformar uma aeronave 'tradicional' ou LO em uma aeronave VLO.

As características que diferem uma aeronave 5G de uma 4G (e derivados) não podem ser inseridas após o desenho básico

LIMITAÇÕES DA FURTIVIDADE DO FELON

A URSS já estava bastante atrasada em relação aos EUA, e com o colapso financeiro que se seguiu ao colapso político a Rússia se atrasou ainda mais. Como exemplo, o radar mais moderno atualmente em serviço na Rússia, o Irbis-E, tem uma performance comparável ao APG-70 que estreou no F-15E na década de 1980, e isso de acordo com dados da própria NIIP. [6]

Não é de surpreender, então, que quando a Rússia decidiu partir para uma aeronave de nova geração, eles tentariam alcançar o nível de LO dos ‘Eurocanards’ (Gripen, Eurofighter, Rafale) e as últimas iterações dos ‘Teen Fighters’ (F-15 Silent Eagle, F-16V, F-18E/F/G) ao invés do VLO dos F-22 e F-35, cuja tecnologia stealth está simplesmente muito além do que a Rússia é capaz de alcançar.

Uma das principais vantagens do Su-57 propaladas por (pseudo) analistas é o fato de ele ser, alegadamente, stealth. Mas tal alegação não é compatível com os fatos.

Primeiramente, a própria Sukhoi diz, em suas patentes, que a RCS do Su-57 no aspecto frontal é, em média, entre 0,1 e 1 m². [7] Estas figuras são compatíveis com os ‘Eurocanards’ e últimas iterações dos ‘Teen Fighters’ mas várias dezenas de vezes maiores que as de caças stealth como F-22 e F-35. [8]

Mesmo análises superficiais e cursórias do Su-57 permitem observar diversas características incompatíveis com stealth VLO, mas que são compatíveis com stealth LO. [9]

Desenho técnico do T-50, obtido de uma das patentes da Sukhoi. Observe-se como as faces dos compressores dos motores (destacados em vermelho) são claramente visíveis no aspecto frontal, o que compromete seriamente as pretensões stealth. O mesmo se pode dizer das tomadas de ar na base dos estabilizadores verticais (destacados em azul) - cavidades são um problema para o gerenciamento da RCS. 

Ao mesmo tempo, observa-se que os ângulos dos profundores e tomadas de ar estão alinhados, uma técnica conhecida como alinhamento de planos, que é muito utilizada para o controle da RCS.

Um dos protótipos do Su-57 fotografado durante testes. Observe-se que é possível ver claramente o bloqueador de radar à frente do compressor (destacado em vermelho), tal como no F-18E (abaixo). Em aeronaves verdadeiramente stealth como o F-22 a face do compressor é escondida através do projeto avançado do duto de ar. Essa foi uma escolha consciente - a Sukhoi priorizou o desempenho ao invés da furtividade, pois desenhar, construir e manter um sistema avançado como o instalado no F-22 não foi considerado vantajoso, em termos de custo-benefício, para a Rússia.

Bloqueador de sinais de radar do F-18E Super Hornet (destacado em vermelho). Observe-se a grande semelhança entre a solução da Sukhoi com a da Boeing [10] ao invés de usar de RAM (materiais absorventes de radar) muito avançados, como a Lockheed Martin fez com o F-35.

Os aparelhos de pré série apresentam cavidades, aberturas e antenas incompatíveis com stealth, como as assinaladas em vermelho acima; além disso, ao contrário do F-35, o Su-57 carrega seu LDP (pod de designação laser) 101KS-N externamente, assinalado em azul, o que também complica o controle de RCS.

Deve-se ressaltar que isso não são falhas de projeto - são escolhas conscientes da Sukhoi, pois a filosofia de desenho do Su-57 é fundamentalmente diferente da filosofia por trás do F-35 e, principalmente, do F-22.

Estas escolhas refletem, entre outras coisas, a consciência de que obter a excelência em vários aspectos exige um investimento bastante elevado E desde o início do projeto. Os EUA fizeram tais investimentos nas suas aeronaves VLO (o que explica seus enormes custos de desenvolvimento), mas a Rússia escolheu não fazer no momento.

Os motivos de tais decisões são vários, mas os principais, sem dúvida, são uma avaliação honesta de que tirar o atraso tecnológico entre Rússia e EUA demandaria um investimento muito maior que os russos estão dispostos (ou são capazes) de investir.

Ainda assim, as alegações de que o Su-57 é tão VLO como o F-22 são comuns entre articulistas mal informados / mal intencionados, e inclusive foram usadas pela Rússia para costurar um acordo com a Índia; o governo indiano, que tem acesso a informações que o público não tem, cancelou o acordo de desenvolvimento do FGFA quando ficou claro que a RCS do Su-57 não é, nem jamais será, tão baixa como a do F-35, além de limitações de aviônicos, motores e sensores. [12]

Até o momento as conclusões são duas:
  1. Como a Rússia está muito atrás do Ocidente, especialmente dos EUA, em termos de tecnologias stealth, decidiu não desenvolver um caça tão stealth como o F-22
  2. O fato de que a economia russa não permite investimentos maciços como na época da URSS reforça o ponto 1 - o cálculo de custo-benefício não favoreceu investimentos maiores em stealth
Mais detalhes podem ser encontrados no excelente artigo do articulista Ricardo Barbosa "Um olhar na tecnologia stealth do Sukhoi Su-57" [13], em que o autor faz uma análise detalhada de vários fatores da suposta 'furtividade' do Su-57 e demonstra, sem margens para dúvidas, que não passam de alegações sem fundamentos factuais.

Mas esta não é a única limitação séria do Su-57.

MOTORES

A segunda parte dos critérios 5G é que a performance aerodinâmica da aeronave tem que ser excelente, e para isso o motor também tem que ser excelente. Não basta ao motor apenas gerar grande empuxo, ou ter outras capacidades como TVC (controle de vetoração de empuxo) - ele tem que aguentar manter um elevado nível de potência por prolongados períodos de tempo.

Tais capacidades não são nada fáceis de obter. Até o momento, apenas os EUA tem, comprovadamente, tal capacidade em motores operacionais, na forma do F119 que equipa o F-22 desde a década de 1980 e o F135 que equipa o F-35 desde os anos 2000, ambos desenvolvidos pela Pratt & Whitney. [14]

Um dos ‘vilões’ que ajudou a decisão indiana de abandonar o FGFA, além da incapacidade de atingir o mesmo nível de furtividade de caças como o F-22 e F-35, foi o atraso dos motores ‘Izdeliye 30’, que pretendem atender a especificações similares aos do F119, mas dificilmente alcançarão as especificações do F135 usado no F-35. [12] [15] Entretanto, os russos seguem tendo grandes dificuldades no desenvolvimento do motor, com a última expectativa sendo que a produção em série deve começar em torno de 2025. [16]

Espera-se que o Izdeliye 30 resolva alguns problemas do Su-57:
  • Deve permitir que a aeronave sustente supercruise (velocidades supersônicas sem usar pós combustão) - embora no momento a aeronave consiga atingir supercruise, os motores não permitem manter o supercruise por muito tempo
  • Deve reduzir o consumo de combustível
  • Deve utilizar bocal de exaustão com bordas serrilhadas, a exemplo do F-35, para controle da RCS no aspecto traseiro da aeronave

 
Izdeliye 30 instalado na posição esquerda de um dos protótipos do Su-57; observe-se o escape serrilhado, semelhante ao do F135 instalado nos F-35
Mas  o programa ADVENT (tecnologia avançada de motores adaptativos) da USAF deve começar a ser utilizado em aeronaves de série mais ou menos ao mesmo tempo que o Izdeliye 30. Isso colocará a Rússia, novamente, duas gerações atrás dos EUA. [17]

 
O F135 é, atualmente, o motor mais avançado instalado em aeronaves militares
Entretanto, o avançado desenho aerodinâmico do Su-57 lhe garante um ótimo desempenho, mesmo com os motores atuais instalados. É quase certo que conseguirá atingir um desempenho muito alto, e caso o Izdeliye 30 fique pronto e funcione como esperado, é bastante provável que o Su-57 tenha um desempenho aerodinâmico bastante superior ao de aeronaves atuais, podendo talvez se aproximar do F-22 neste quesito. [18]

Até o momento, conclui-se que o Su-57 tem o potencial de atender o primeiro requisito de 5G apenas parcialmente - se o desempenho aerodinâmico das aeronaves de série se mantiver no mesmo nível das aeronaves de desenvolvimento, o Su-57 será uma aeronave excelente neste quesito. No quesito stealth, conforme demonstrado, o Su-57 não chega ao mesmo nível do F-22. O F-35 é ainda mais stealth que o F-22, e portanto também está num patamar inatingível pelo Su-57. [12] [19]

Mas há outros quesitos que uma aeronave 5G deve alcançar, e veremos como o Su-57 se sai neste sentido.


SENSORES AUTOMATIZADOS AVANÇADOS & FUSÃO DE INFORMAÇÃO

As capacidades revolucionárias de uma aeronave 5G também podem ser atribuídas ao seu poder de coletar, processar e utilizar informações. Enquanto algumas aeronaves 4G podem apresentar elementos dessa tecnologia, os enormes volume e qualidade das informações disponíveis para um piloto de quinta geração aumentam drasticamente a capacidade de combate. Combinando dados de fontes externas e a própria matriz de sensores ativos e passivos multiespectrais da aeronave, um poderoso computador central usa algoritmos sofisticados para correlacionar, comparar, avaliar e fundir informações em uma imagem de SA (consciência situacional) altamente precisa e em tempo real. (...)

As aeronaves 4G possuem sensores muito pouco integrados - seus sistemas de radar são separados dos data links, que também são separados dos sistemas de guerra eletrônica e outros componentes. Em uma aeronave de quarta geração, os pilotos devem não apenas gerenciar cada sensor e sistema individualmente, mas também interpretar as informações de cada sensor e sistema e entender o todo - tudo isso enquanto combatem e pilotam a aeronave.

Mas os sensores avançados em aeronaves 5G são automatizados e requerem pouco ou nenhum controle ativo do piloto. Os dados dos sensores são automaticamente compartilhados com outras aeronaves por meio de data link, permitindo uma abordagem colaborativa na qual a aeronave se correlaciona, compara e preenche automaticamente as melhores informações com outras aeronaves em seu voo. O resultado é uma imagem robusta e comum do espaço de batalha compartilhada entre todos os membros do voo. Com essa percepção situacional aprimorada, os pilotos podem executar melhor a prevenção de ameaças, a detecção de alvos, a direção das forças, as decisões de engajamento e outras ações de comando. Em resumo, as aeronaves de quinta geração fornecem informações e vantagens de decisão superiores. [2]

Esta longa citação de Deptula aponta para o porque de uma aeronave só poder ser 5G caso assim projetada desde o começo - muitas das considerações relevantes para stealth também são importantes para a fusão de dados.

Um dos principais responsáveis pelo alto custo do F-35 é a sua suíte de aviônicos e sensores, que são de um nível tecnológico nunca visto antes, especialmente sistemas como o Lockheed Martin AN/AAQ-40 EOTS (sistema eletro-ótico de pontaria e designação de alvos), o Northrop Grumman AAQ-37 DAS (sistema eletro-ótico de abertutas distribuídas), radar Northrop Grumman APG-81 AESA (arranjo de varredura eletrônica ativa), o sistema de EW (guerra eletrônica) BAE Systems ASQ-239 Barracuda [20] e o capacete Rockwell Collins HMDS (sistema de mira e imagens montados no capacete) [21], que além da grande capacidade de cada subsistema, tem sua eficiência aumentada exponencialmente pelo fato de todos esses sistemas serem gerenciados pelo computador de missão, inclusive com uso de AI (inteligência artificial). [22]

O radar e todas as comunicações via rádio do F-35 usam sistemas LPI (baixa probabilidade de interceptação), tecnologia que parece ausente no Su-57 - o fabricante certamente anunciaria tais capacidades aos quatro ventos.


 
Um caça 5G como o F-35 tem fusão de todos os seus sistemas. Um exemplo disso é que a suíte de EW Barracuda pode controlar o APG-81 para executar interferência eletrônica contra sistemas inimigos. Todas as antenas do F-35 são feitas com GaN (nitreto de gálio), o material mais avançado para tais aplicações

LIMITAÇÕES DO FELON EM TERMOS DE SENSORES & FUSÃO DE INFORMAÇÃO

Os EUA não só estão consideravelmente à frente da Rússia em stealth e motores, mas também na tecnologia AESA, sensores, guerra eletrônica e fusão de informação.

Outro excelente artigo pelo articulista Ricardo Barbosa, "Sensores do Sukhoi Su-57" [23], descreve alguns sensores do Su-57. Vamos verificar como tais sensores se comparam aos do F-35, e por que são decididamente inferiores.

                     Alguns sensores do Su-57
O subsistema RF é composto pelo radar Phazotron NIIR N036 Byelka, que será subividido em 5 antenas com GaAs (arsenieto de gálio, um material mais antigo que GaN), sendo 1 no nariz (N036-1-01, banda X), 1 em cada lado da fuselagem frontal (N036B-1-01, banda X), e 1 em cada asa (N036L-1-01, banda L) e o sistema EW KNIRTI L402 Himalaya. [23]

Já o subsistema EO (eletro-ótico) 101KS Atoll da UOMZ tem aberturas distribuídas ao estilo do DAS (mas não as mesmas capacidades): seis sensores 101KS-U MAWS (sistema de alerta de disparo de mísseis), dois 101KS-O DIRCM (sistemas de contra-medidas contra IR por laser dirigido) e dois 101KS-P de navegação e pouso. Tem também um par de sensores ao estilo do EOTS composto pelo IRST (sistema de busca e rastreio por infravermelho) 101KS-V instalado em frente ao cockpit e o LDP 101KS-N (carregado externamente, ao contrário do EOTS do F-35).

Comecemos pelo N036. Os radares russos usam o sistema de 'antena remendada' em que os módulos T/R (transmissor / receptor) são instalados em 'remendos' sob o arranjo da antena, tal como no seu 'ancestral' Zhuk AME. [24] Tal arranjo é comum em radares mais antigos, como os AN/APG-63 dos F-15 na década de 2000.

Os arranjos laterais provavelmente servem para designar alvos para mísseis durante certas manobras de combate aéreo, o que indica que os projetistas do Su-57 depositam grandes esperanças em suas capacidades de combate a curtas distâncias, suposição temerária contra aeronaves stealth.

 Antena do radar N036-1-01; observe-se que os seus 1552 módulos estão instalados em 'remendos' sob o arranjo da antena
O APG-77 do F-22 já usava, em 1999, um sistema mais avançado, o 'arranjo entalhado', em que os módulos T/R são instalados em 'entalhes' sobre o plano da antena, uma solução muito mais capaz mas também muito mais avançada e de produção mais difícil.

Outros caças, como o Rafale, versões mais avançadas de F-15, F-16, F-18 e o F-35 usam o mesmo sistema.
O APG-81 do F-35 tem 1676 módulos instalados em 'entalhes' sobre o plano da antena. O APG-77 do F-22 é ainda maior e abriga 1956 módulos
Embora muitos (pseudo) articulistas aleguem que os radares N036L-1-01 poderão detectar caças stealth a F-35 a longas distâncias, tais alegações não passam de fantasias - além da baixa resolução inerente à banda L, o baixo número de módulos (ambas as limitações são em decorrência de propriedades físicas do maior comprimento de onda) faz com queos radares em banda L não sejam eficientes a distâncias muito longas, especialmente contra alvos stealth.
 
A banda L corresponde à faixa de frequência entre 950 e 2150 MHz. Observe-se como, mesmo na época do F-117, a RCS das aeronaves na banda L era consideravelmente menor que a de caças 'tradicionais'. Além das formas muito mais avançadas (devido aos avanços computacionais), o F-35 também utiliza RAM muito mais avançados
Observe-se o pequeno tamanho das antenas do Su-57 comparadas às de aeronaves AEW (alerta aéreo antecipado) que utilizam a mesma banda.
 
Maquete da antena do N036L-1-01 do Su-57. Observe-se as pernas de uma pessoa ao lado, para ter uma noção do tamanho. Com uma única fileira de módulos, este radar só pode fazer varredura 2D, ou seja, apenas azimute e distância, mas não altitude.

Radar IAI EL/W-2085, o menor radar aeronáutico em banda L da atualidade, instalado num AEW de Singapura. Observe-se o tamanho consideravelmente maior, especialmente a altura, que permite uma varredura 3D - azimute, distância E altura
Finalmente, até mesmo enorme radar naval SMART-L de 7.800 kg, um radar AESA banda L de 'arranjo entalhado', tem um alcance superior a 400 km contra alvos 'tracicionais' mas apenas 60 km contra alvos VLO. [26] Portanto, é inverossímil acreditar que o N036, muito menor e menos avançado, terá um alcance muito maior que uns 10 ou 20 km contra aeronaves stealth, ou seja, praticamente o mesmo que o alcance visual.

Deve-se ressaltar, entretanto, que os engenheiros da Sukhoi tomaram decisões acertadas ao integrar a suíte EW L402 com o sistema radar N036. [23] Entretanto, a ausência de modos LPI faz com que isso seja 'uma faca de dois gumes', pois as emissões dos radares podem ser usadas por sistemas como o Barracuda para direcionar o F-35 contra um Su-57.

O 'DAS' Atoll tem somente a função MAWS e auxíio à navegação, enquanto o DAS conta com as funções MAWS, IRST, auxílio à navegação pontaria de armas, fornecimento de imagens para o HMDS e indicação do ponto de disparo do inimigo, transmitindo dados inclusive para o HMDS e a suíte Barracuda. [27]
Ademais, o 'DAS' Atoll usa sensores UV (ultravioleta), ao invés do IIR do DAS. [23] [27] UV é uma boa opção para uso em baixas altitudes, mas não para altitudes médias e elevadas, devido às propriedades químicas e físicas da atmosfera.

 Perfil de absorção do ultravioleta em relação à altitude. Observe-se que luz UV é fortemente absorvida acima de 10 km
Já o 'EOTS' do Atoll composto por um IRST (à frente do cockpit) e um LDP (instalado externamente). O EOTS do F-35 é instalado internamente, e combina as funções dos dois sem interferir na RCS na aeronave, além de passar informações para o HMDS e a suíte Barracuda. [23] [28] Como não há informações disponíveis sobre as especificidades dos sensores instalados (para nenhuma das aeronaves), não é possível compará-los no momento.

Cabe aqui um lembrete - alcances do IRST como 80 km são mencionados em fontes não confiáveis, que geralmente 'esquecem' de avisar que este é o alcance máximo teórico em uma busca direcionada, ou seja, quando já se sabe onde o alvo está e todo o poder do sensor é direcionado em uma área relativamente reduzida, e não contra alvos desconhecidos. Isso também é explicado com mais detalhes no nosso artigo "Alcance dos mísseis - Teoria e Realidade."

Outro ponto, destacado na referência [13], é o fato que as coberturas de vários dos sensores são arredondadas ao invés de facetadas (como no F-35) para redução da RCS. 

Entretanto, este articulista acredita que é uma falha que pode ser corrigida de maneira relativamente simples nos modelos de produção.

Também não conseguimos localizar informações confiáveis sobre fusão de sensores do Su-57, então é razoável supor que são relativamente pequenas - caso contrário, a Sukhoi certamente anunciaria bastante.

SINERGIA DE INFORMAÇÕES FURTIVAS, FUNDIDAS E PROCESSAMENTO AUTOMATIZADO INTEGRADO

Combinar furtividade com superioridade de informações e decisões transforma a conscientização do espaço de batalha em iniciativas e manobras superiores, fornecendo uma verdadeira vantagem assimétrica para aeronaves de quinta geração em relação aos projetos de aeronaves mais antigos.

Essa iniciativa do espaço de batalha é o que os céticos da furtividade tendem a ignorar. A furtividade aumenta a probabilidade de sobrevivência da aeronave e, ao mesmo tempo, torna a defesa contra aeronaves 5G muito mais difícil para o inimigo. Enquanto as aeronaves furtivas mais antigas exigiam uma chamada “linha preta” de uma trajetória de vôo predeterminada para se interligar às ameaças, os caças 5G têm liberdade de manobra porque são furtivos e sabem onde as ameaças estão localizadas. 

“Eu vejo radares. Eu vejo aviões. Vejo mísseis terra-ar, e o jato sabe onde estão essas coisas e me diz ”, disse um piloto do F-22 sobre sua experiência em realizar missões de combate sobre a Síria na Operação Decisão Inerente. "Então, eu tenho uma imagem do espaço de batalha."

Com esse alto grau de conhecimento do espaço de batalha, um piloto de 5G pode transformar furtividade em um atributo ofensivo para ataque.

Discrição, portanto, não é apenas um atributo de sobrevivência defensivo; é um pré-requisito para operações ofensivas bem-sucedidas, combinando a vantagem da surpresa com o aumento da letalidade. [2]

Como se pode observar até o momento, o Su-57 não é VLO, mas provavelmente tem boas capacidades LO, e suas capacidades em termos de sensores avançados e fusão de dados quase certamente são inferiores às do F-35.

Como bem explica o articulista Ricardo Barbosa no artigo "Dominando a guerra eletrônica com o F-35!" [29], as capacidades de EW do F-35 são bastante robustas, a ponto de comandantes da USAF dizerem que é possível combater sem os EA-18G Growler com os F-35 por perto. Suas capacidades também rivalizam aeronaves especializadas de guerra eletrônica como RC-135 e E-3 Sentry. 

Isso também refuta outro argumento falacioso sobre o F-22 e o F-35 serem dependentes de aeronaves como o E-3, e portanto o Su-57 estaria em vantagem ao destruir tais aeronaves com hipotéticos mísseis de 400 km de alcance, dos quais até o momento só se viram maquetes e desenhos / vídeos promocionais mas não fotos ou vídeos de exemplares reais.

Outro aspecto preocupante do já atrasado programa Su-57 é a ausência de fotos das baias internas de armamento, até mesmo em solo. Um vídeo na internet [31] aparentemente mostra um Su-57 disparando um míssil, alegadamente da baia interna ao lado da tomada de ar direita, mas o ângulo da câmera não permite afirmar que o míssil foi realmente disparado daquela baia.

CONCLUSÃO

Após esta análise criteriosa e detalhada, pode-se concluir, com segurança, que o Su-57, embora tenha o potencial de se tornar um excelente caça '4,75G', não tem o necessário para ser considerado 5G, ao contrário do que (pseudo) especialistas tentam alegar.

A realidade é que a Rússia ainda não conseguiu recuperar o atraso da época da URSS, e com a crise econômica que assola o mundo no momento, é improvável que consiga num futuro previsível.
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sábado, 11 de maio de 2019

Novo Decreto sobre armas é plenamente constitucional

2 comentários
Diante da polêmica levantada diante do Decreto que modifica as regulamentações sobre o porte de armas e a alteração na determinação de armas restritas no Brasil, o GBN News resolveu tirar algumas dúvidas que surgiram diante de tantas informações desencontradas e a já conhecida industria de fake news que tenta de forma vil manipular nossa sociedade. 

Assim buscamos duas pessoas nas quais temos credibilidade para comentar a questão. A primeira delas é um grande amigo nosso, praticante de tiro desportivo e CAC, membro de um renomado clube de tiro fluminense, o qual procuramos e nos escreveu um breve comentário sobre o decreto. O segundo nome, trata-se do Advogado criminalista e Professor de Direito Penal na pós-graduação lato sensu da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Felipe Drumond Coutinho de Souza, que nos autorizou reproduzir sua analise sobre o assunto.

Nas últimas horas muito está se falando sobre o novo decreto da "facilitação" do porte de armas. Na verdade esse decreto deu ao cidadão de bem o direito de defesa que antes era negado pela PF.

A grande mídia faz entender que o presidente Bolsonaro reinventou a roda e por falta de conhecimento ou alguma outra justificativa passam essa inverdade. Estamos vivendo uma epidemia de violência causada pela falência dos valores morais da sociedade e dos governos anteriores.

O R 105 foi um decreto assinado pelo presidente Getúlio Vargas que discricionou os calibres das armas onde vigorou até o dia 8 de maio desse ano, o R 105 foi feito sem parâmetros nenhum que justificasse o porquê de calibres permitidos e restritos.

Em 2003 tivemos um plebiscito onde a maioria disse sim para compra de armas e munições, porém o desgoverno optou por lei 10 826/03, a qual não negava propriamente dito o acesso a armas, mas ficava a cargo da PF conceder ou não e na sua grande maioria era indeferido.

No início desse ano tivemos um avanço a favor da compra de armas para posse. Muitas categorias que necessitam de porte para defesa pessoal tais como: oficiais de justiça, advogados, vigilantes , caminhoneiros, CAcs, etc... Os quais lidam ou são alvos desse mal, a violência epidemiológica que afeta quase toda sociedade,( ficando de fora quem pode pagar um SPP ou usa agente públicos para o mesmo ), ficaram sem o devido direito de defesa da sua vida e dos seus.

Vale ressaltar que a "facilitação" é um não a proibição incondicional e mesmo assim ainda temos vários requisitos para serem preenchidos entre eles:

- um laudo psicológico;
- um laudo que comprove que está apto ao uso da arma;
- sem antecedência criminal
- residência fixa dentre outras exigências

Que fique bem claro que o cidadão de bem que busca uma arma é para ter no mínimo chances de se defender, pois a epidemia da violência está palpável e assustadora e o governo vem combatendo e não alcançando êxito e para piorar tira o seu maior aliado que muitas das vezes não faz uma denúncia por conta de sofrer represálias .

Como bom cristão que sou sigo o conselho do bom mestre .

Lucas 22:36 diz: "...e,se não tem espada , vedam a sua capa e comprem uma ". Segundo nosso primeiro analista ouvido, Junior Fiuza.




Novo Decreto sobre armas é plenamente constitucional, instrumentaliza a legitima defesa e não beneficia a caça.

No dia 08 de maio de 2019 entrou em vigor o Decreto nº 9.785/2019, que regulamenta a Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento) ao dispor sobre aquisição, registro, posse, porte, comercialização e importação de armas de fogo e munições. Apesar de recente, o ato normativo já tem sido objeto de fortes críticas daqueles que o consideram inconstitucional por, supostamente, ter exorbitado a sua função regulamentadora nas inovações trazidas, que alteraram significativamente a normatização sobre armas no Brasil. Isso, no entanto, não significa que qualquer inconstitucionalidade tenha sido praticada.

Com o decreto, o regramento geral de armas no país sofreu significativo avanço, deixando para trás amarras burocráticas absolutamente desnecessárias, pois em nada tornavam a sociedade mais segura e protegida de armas nas mãos de pessoas com intenção criminosa. Dentre as mudanças mais criticadas estão a modificação de calibres permitidos e restritos, de modo que revólveres até o calibre .44 magnum e pistolas de todos os calibres conhecidos (9mm Luger, .40SW, .45ACP e etc) passaram a ser considerados permitidos, a alteração do número máximo de munições que podem ser adquiridas por ano, tendo sido fixado o limite de cinco mil para armas de calibre permitido e mil para armas de calibre restrito e a definição de critérios objetivos para a obtenção do porte de armas.

Apesar das críticas, as mudanças são absolutamente constitucionais e regulares. A Lei jamais estabeleceu a definição dos calibres restritos ou permitidos, nem, tampouco, qualquer limite quantitativo de munições que podem ser anualmente adquiridas, tendo delegado essa função à regulamentação por Decreto, sendo certo que não há qualquer restrição a esse ato do presidente da República no que se relaciona a tais alterações.

No que diz respeito à obtenção de porte de arma, também não há qualquer irregularidade. A Lei determina que, para a sua concessão, é necessário, além dos requisitos exigidos para a aquisição de arma, a comprovação de efetiva necessidade, sem estabelecer qualquer critério objetivo. Diante disso, o decreto apenas enumera algumas profissões e atividades cujo exercício passou a ser considerado como suficiente à presunção da existência da efetiva necessidade para a concessão do porte. Decretos presidenciais têm função de regulamentar dispositivos legais, especialmente os de redação abstrata e genérica, de modo a fixar regras mais precisas para a aplicação da Lei. Foi exatamente o que fora implementado para tornar o processo menos subjetivo, desigual e dependente das preferências pessoais de cada autoridade.

Por fim, importante salientar que o decreto não viabiliza, sob nenhum aspecto, a caça. 

Há apenas a previsão de que caçadores já registrados têm presumida a necessidade para o porte de arma curta exclusiva para defesa pessoal, sem autorização para abate de animais.

Apesar de ser devido o respeito a quem se opõe às escolhas políticas do decreto, isso não pode tornar inconstitucionais atos perfeitamente lícitos em prol da legítima defesa.


Por:  Felipe Drumond Coutinho de Souza - Advogado criminalista e Professor de Direito Penal na pós-graduação lato sensu da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).


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terça-feira, 29 de outubro de 2013

Antigos foguetes empregados com fins pacíficos

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Os foguetes balísticos, que devem ser desmontados na Rússia e nos Estados Unidos, podem ser utilizados para o transporte de cargas aos locais de desastres naturais. Essa ideia foi proposta por participantes de uma conferência dedicada à aeronáutica, que aconteceu na cidade americana de San Diego. Na opinião de peritos, tal projeto pode ser realizado teoricamente, embora existam sérios problemas capazes de impedir seu desenvolvimento.
Foguetes balísticos reequipados podem transportar em poucos minutos cargas humanitárias aos locais de desastres naturais, levando a bordo medicamentos, geradores elétricos, água potável e alimentos. Estas cargas serão suficientes para salvar a vida de muitas pessoas, enquanto caminhões, navios e aviões chegarem ao local da catástrofe. Falando da Antártida ou ilhas do Pacífico, é difícil sobrevalorizar a importância deste método, afirmam os autores da proposta.
Teoricamente, em vez da ogiva de combate, o veículo balístico pode de fato transportar um contentor com cargas. Mas é necessário fazer com que este contentor não se despenhe durante a aterrissagem. A ideia é comentada pelo diretor do Centro de Pesquisas Sociais e Políticas, Vladimir Evseev:
“Referindo-se ao transporte de cargas humanitárias na parte superior do foguete, será necessário equipa-la com um para-quedas. Esta será uma considerável modificação estrutural. Destaque-se que a parte da cabeça do foguete intercontinental entra nas camadas superiores da atmosfera com uma velocidade de aproximadamente cinco quilômetros por segundo. Será necessário utilizar um grande sistema de para-quedas, mas não tenho a certeza que seja possível reduzir substancialmente a velocidade que é muito grande”.
Mais um problema diz respeito à exatidão do envio, da qual depende o acesso das pessoas a cargas. Ao mesmo tempo, a própria ideia de reequipar foguetes balísticos não é nova, lembra o redator da revista Novosti Kosmonautiki (Notícias da Cosmonáutica), Igor Afanassiev:
“Nos anos 90, empresas russas estudavam uma variante de transporte de cargas humanitárias com a ajuda de foguetes balísticos e aparelhos planadores para tripulações de navios que sofrem desastre no oceano. Foram efetuados cálculos e elaborados alguns projetos, mas, infelizmente, estes trabalhos não tiveram êxito”.
Com a ajuda de foguetes, foi previsto transportar também hospitais desmontáveis e equipamentos médicos. Mas todos esses projetos ficaram no papel. No período soviético, qualquer lançamento de foguetes podia ser interpretado como uma provocação, explica Yuri Karach, membro correspondente da Academia da Cosmonáutica Tsiolkovski da Rússia:
“Atualmente, será ainda mais difícil do que antes realizar esta ideia, porque se tornou consideravelmente mais forte o programa de mísseis da Coreia do Norte, do Paquistão e da Índia. Se os Estados Unidos lançarem um foguete com uma carga humanitária para o lado da Coreia do Norte, o país deverá ter certeza de que se trate realmente de ajuda. Neste caso, ele não responderá aos Estados Unidos com uma ogiva de combate”.

Em opinião de peritos, o “pronto-socorro” balístico não poderá ser desenvolvido, enquanto no planeta se manter um clima de desconfiança. Até aquela altura, os foguetes retirados da dotação são utilizados com outros fins. Na Rússia, por exemplo, são empregados para instalar grandes satélites em órbitas baixas próximas da Terra. Militares utilizam uma parte de foguetes em exercícios de tiro. Em qualquer caso, esta opção é melhor do que “achatar” foguetes com uma prensa ou cortá-los em fragmentos em usinas.

Fonte: Voz da Rússia
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quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Em meio a tensão, Brasil vai doar aviões a Moçambique

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A presidente Dilma Rousseff pediu ao Congresso autorização para doar três aviões Tucano T-27 para a Força Aérea de Moçambique, no momento em que o país africano vive seu momento de maior tensão desde o fim da guerra civil, em 1992.
 
O repasse, que precisa ser aprovado pelo Congresso, faz parte de pacote que inclui 25 carros de combate blindados do Exército para o Uruguai.
 
Esta é, segundo registros do Ministério da Defesa, a primeira vez que Moçambique pode receber equipamentos militares brasileiros.
 
Usada para treinamento pelo Brasil, a série de aviões Tucano T-27, da Embraer, foi adquirida pela Força Aérea Brasileira há 30 anos.
 
Além de destacar que os aviões não são de combate, a Defesa afirma que a decisão de repassar as aeronaves foi tomada muito antes do atual momento de tensão.
 
Moçambique é um dos maiores aliado do Brasil na África. O país abriga investimentos de empresas como a Vale e ações de agências como Embrapa e Fiocruz.
 
Os moçambicanos votarão em eleições municipais marcadas em 20 de novembro, e um antigo grupo militar rebelde, a Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), renegou, nessa semana, o acordo de paz que pôs fim a uma das mais sangrentas guerras do continente.
 
Combates têm ocorrido entre a Renamo e forças governistas. O Exército ocupou uma base da Renamo.
 
A cooperação de defesa entre Brasil e Moçambique foi firmada em março de 2009. Em maio deste ano, a Defesa mandou ao Planalto a exposição de motivos para doar os aviões, argumentando que "tem se empenhado em celebrar acordos bilaterais com nações amigas, visando estreitar laços de amizade e permitir a participação mais efetiva do Brasil em questões internacionais".
 
Contudo, a presidente Dilma assinou a mensagem encaminhando ao Congresso o texto do projeto que autoriza a doação dos blindados e dos aviões somente na última segunda-feira, quando o conflito entre governo e oposição já havia se acirrado.
 
As mensagens da presidente foram publicadas no "Diário Oficial" anteontem, mesmo dia em que, por meio de nota divulgada pelo Itamaraty, o próprio governo brasileiro manifestou preocupação com "os incidentes ocorridos nos últimos dias".
 
As doações são praxe para se livrar de material obsoleto e desativado, quase sempre com elevados custos de manutenção. São usadas ainda, de acordo com a Defesa, para "suprir eventuais carências apresentadas pelas forças armadas de países amigos".
 
No ano passado, Dilma escolheu a Bolívia para entregar quatro helicópteros H-1H. Em 2011, o Equador foi selecionado para receber um Buffalo C -115, mas, no texto encaminhado esta semana aos congressistas, Dilma pede a revogação da doação.
 
No governo Lula, o Paraguai recebeu nove aviões, sendo seis Tucanos; o Equador ficou com dez aeronaves, e a Bolívia ganhou seis.
 
A FAB vem substituindo a frota de T-27 Tucano pelo modelo AT-29 Super Tucano.
No caso dos blindados, as negociações com o Uruguai estão sendo feitas desde 2011.
 
Fonte: Folha
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terça-feira, 22 de outubro de 2013

AI denuncia ataques de drones dos EUA: "ferem direito internacional"

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O governo dos Estados Unidos deve acabar com o "sigilo" dos ataques com aviões teleguiados (drones) no Paquistão e julgar os responsáveis pelas ações "ilegais", afirma um relatório da Anistia Internacional (AI) divulgado em Islamabad.
"O sigilo que cerca o programa dos drones concede ao governo americano um direito de matar superior aos tribunais e às normas fundamentais do direito internacional", afirmou Mustafa Qadri, analista da organização de defesa dos direitos humanos.
Desde 2004, entre 2.000 e 4.700 pessoas, incluindo centenas de civis, segundo diferentes avaliações, morreram em quase 300 ataques de drones americanos nas zonas tribais do noroeste do Paquistão, principal reduto dos talibãs e de outros grupos vinculados à Al-Qaeda na fronteira com o Afeganistão.
A divulgação do relatório coincide com uma visita do primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Shari, aos Estados Unidos.
 
Fonte: AFP
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segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Dilma comemora resultado do leilão de Libra e diz que não é privatização

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A presidenta Dilma Rousseff disse há pouco que o leilão da exploração do pré-sal no Campo de Libra, na Bacia de Santos, foi um sucesso e que não pode ser confundido com privatização. Em pronunciamento na rede nacional de rádio e TV, a presidenta declarou que há “equilíbrio justo” entre os interesses do Estado e das empresas que vão explorar e produzir o petróleo.
 
“Pelos resultados do leilão, 85% de toda a renda a ser produzida no Campo de Libra vão pertencer ao Estado brasileiro e à Petrobras. Isso é bem diferente de privatização. As empresas privadas parceiras também serão beneficiadas, pois ao produzir essa riqueza vão obter lucros significativos, compatíveis com o risco assumido e com os investimentos que estarão realizando no país”, disse
Segundo Dilma Rousseff, o leilão representa um marco na história do Brasil. “Seu sucesso vai se repetir, com certeza, nas futuras licitações do pré-sal. Começamos a transformar uma riqueza finita, que é o petróleo, em um tesouro indestrutível que é a educação de alta qualidade”, declarou a presidenta, em referência à aprovação dos 75% dos royalties da exploração do petróleo para a educação. "Em uma década Libra pode representar sozinho 67% de toda a produção atual de petróleo do Brasil", acrescentou.
Após a oferta do leilão, um consórcio formado por cinco empresas – a anglo-holandesa Shell, a francesa Total, as chinesas CNPC e CNOOC e a Petrobras – venceu a disputa. Dos 70% arrematados pelo consórcio, 20% são da Shell e 20% da Total. A CNPC e a Cnooc têm, cada uma, 10%, assim como a Petrobras, que já tinha garantidos 30%.
Segundo Dilma, “o sucesso do leilão” vai permitir que sejam repassados à União R$ 270 bilhões em royalties, R$ 736 bilhões a título de excedente de óleo sob o regime de partilha e R$ 15 bilhões como bônus da assinatura do contrato. “Isso alcança um fabuloso montante de mais de R$ 1 trilhão”, ressaltou.
A presidenta da República defendeu também a aplicação correta dos recursos para que seja garantida uma “pequena revolução, benéfica e transformadora”, no Brasil. Segundo ela, a exploração do Campo de Libra possibilitará a geração de milhões de empregos e o desenvolvimento industrial e tecnológico do parque naval e da indústria de fornecedores e prestadores brasileira.
Os benefícios trazidos pela exploração também estão no campo da balança comercial brasileira, que, de acordo com Dilma, aumentará em decorrência da elevação das exportações por meio do acréscimo do volume de óleo produzido.
Segundo a diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard, o contrato de partilha será assinado dentro de um mês.
 
Manifestação contra o leilão de Libra termina sem incidentes no centro do Rio
 
Um grupo de pessoas fez uma passeata contra o leilão do Campo de Libra hoje (21) no centro do Rio. Acompanhado de forte aparato policial, sindicalistas, integrantes de partidos políticos e movimentos sociais seguiram da Igreja da Candelária até a sede da Petrobras, na Avenida Chile.
O prédio estava cercado por policiais militares e os manifestantes se juntaram ao acampamento de petroleiros em greve, montado na passarela entre as sedes da Petrobras e do Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES). A todo momento, a polícia revistava os manifestantes. Quando isso ocorria, um grupo de jovens cantava: "Não adianta me revistar, é o Amarildo que você tem que achar".
Com gritos de ordem contra o governador Sérgio Cabral, o prefeito Eduardo Paes, o leilão do petróleo e a Polícia Militar, a passeata transcorreu tranquilamente e começou a dispersar por volta de 19h30, mas o trânsito na Avenida Chile continua interrompido.
 
Fonte: Agência Brasil
 
Nota do GBN: Qual a sua opinião amigo leitor sobre esse leilão?
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sábado, 19 de outubro de 2013

Novos caças da FAB ainda não têm previsão para o funcionamento

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Mais uma geração de aviões de combate da FAB, que já eram velhos e de segunda mão, vai ser aposentada à espera de novos caças que ninguém sabe quando virão. Os Mirage 2000, aviões supersônicos responsáveis pela defesa do espaço aéreo, foram comprados em 2006 para serem usados por, no máximo, cinco anos. Seria o período para o país escolher os novos caças, mais modernos, de quarta geração. O projeto de compra e transferência de tecnologia chamado FX-2 foi lançado em 2008. O custo estimado no mercado é de até US$ 6,5 bilhões. O governo ainda não decidiu que aviões vai comprar. E os Mirage, que já deveriam ter sido aposentados há dois anos, vão sair de circulação em dezembro.
 
Está praticamente descartada uma decisão da Presidência da República sobre o projeto FX-2 para este ano. A função dos Mirage é defender o espaço aéreo, principalmente do Planalto Central, da capital do país. Para substituir esses caças, a FAB modernizou outro modelo de caça, que tem entre 30 e 35 anos, o F-5. No entanto, a própria Aeronáutica reconhece que, mesmo depois de modernizados, os F-5 não se equiparam aos Mirage.
 
Em 2009, Brasil e França chegaram a anunciar a compra dos caças franceses Rafale. Depois, o governo brasileiro voltou atrás. Além dos aviões franceses, estão na disputa outros dois caças: um americano e outro sueco. A proposta das empresas vale por mais seis meses. E a Rússia, que está fora do projeto FX-2, fez ofertas informais. Nesta semana, ofereceu leasing para equipamentos militares, incluídos os caças Sukhoi.
 
No Ministério da Defesa e na Aeronáutica, ninguém quis falar sobre a compra dos caças. Em nota, a FAB reafirmou que a decisão é da presidente e reconheceu que a defesa aérea, com os F-5, não é a ideal. Para o especialista em segurança e defesa nacional, Gustavo Trompowsky, os F-5 são uma solução paliativa, temporária. Ele lembra que países vizinhos, com menos recursos, já investiram em caças mais modernos. Além disso, segundo ele, a situação do Brasil é estratégica. “O Brasil é um país que tem água, alimento, enormes recursos naturais e energia. Nós vamos ter na segunda-feira (21) um leilão do pré-sal. Um país como esse não pode prescindir de defesa. Abrir mão dessa defesa é alguma coisa que pode ser extremamente prejudicial”, alega Trompowsky.
 
Fonte: Globo
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sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Irá o Brasil comprar o T-50?

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A Rússia está propondo ao Brasil que este adira ao desenvolvimento do caça de quinta geração. O T-50 poderá se tornar no trunfo principal que fará o Brasil pender para uma cooperação técnica militar com a Rússia na esfera da aeronáutica. Potencialmente, a aquisição de aparelhos russos poderá tornar a Força Aérea Brasileira numa das mais poderosas do mundo.
Um caça para o Brasil
Já há muitos anos que o Brasil está escolhendo um novo caça, mas o concurso F-X2 da Força Aérea para o fornecimento de 36 aeronaves ainda não está concluído. Neste momento nele participam os caças Gripen NG (Saab, Suécia), Rafale (Dassault, França) e F/A-18E/F Super Hornet (Boeing, EUA).
O primeiro concurso F-X foi cancelado em 2005 por falta de meios financeiros, mas as razões econômicas continuam a ser válidas ainda hoje, obrigando a adiar a data da escolha do vencedor.
O Su-35 russo não participa do concurso, apesar de não serem conhecidas as razões para a ausência do aparelho russo entre os concorrentes. As companhias russas Rosoboronexport e Corporação Unida de Construção Aeronáutica (OAK), assim como os representantes do poder central, não perdem as esperanças de obter o “contrato brasileiro” realizando negociações “fora de concurso”.
O Su-35 possui, provavelmente, uma série de vantagens técnicas que permitem considerá-lo como um aparelho ideal para o Brasil. Antes de mais, ele é um avião bimotor com grande autonomia de voo, o que facilita a sua exploração e aumenta a fiabilidade do aparelho em condições de uma rede de aeródromos bastante dispersa e de grandes áreas de sobrevoo, incluindo áreas marítimas.
Pelas suas capacidades em armamento e equipamentos, só o Super Hornet pode rivalizar com o Sukhoi. Mas o primeiro tem características técnicas de voo inferiores, inclusive o alcance, a velocidade e a manobrabilidade.
Contudo, considerando as crescentes capacidades do Brasil como uma potência da construção aeronáutica e a forte concorrência, as vantagens técnicas não são suficientes para superar os adversários que competem no concurso F-X2. Mas aqui a Rússia pode ter dois trunfos a seu favor. O primeiro é a disponibilidade de incluir o Brasil na cooperação industrial em torno do Su-35 entregando-lhe a montagem dos “seus” aparelhos e, possivelmente, o fornecimento de componentes secundários. O segundo é a proposta para um trabalho conjunto no desenvolvimento do T-50.
O projeto de quinta geração
Neste momento, a futura aeronave de quinta geração que está a ser desenvolvida pela Sukhoi existe sob duas formas. Uma delas é o T-50 russo propriamente dito, criado no âmbito do programa PAK FA (complexo aéreo para forças aéreas táticas). A segunda é uma aeronave com uma sigla ainda desconhecida que está a ser desenvolvida com base no T-50 no âmbito do programa conjunto russo-indiano FGFA (Fifth-Generation Fighter Aircraft) e que destina à Força Aérea Indiana.
O Brasil, que tem uma indústria aeronáutica mais forte que a Índia, não tem hoje um programa, próprio ou em cooperação, para o desenvolvimento de um novo caça. Porém, o país necessita de um aparelho dessa classe: as crescentes ambições políticas do Brasil no Atlântico Sul exigem um reforço correspondente.
Na esfera militar naval, o Brasil já definiu as suas prioridades tendo começado a desenvolver um submarino nuclear. Na área da aeronáutica militar um aparelho de quinta geração poderá alterar significativamente as capacidades da FA brasileira, e aqui o T-50 será provavelmente a única variante aceitável, tanto do ponto de vista político, como econômico.
Como se sabe, as exportações do caça norte-americano mais potente de 5ª geração, o F-22 Raptor, estão proibidas, enquanto o F-35 perde pelas suas características tanto contra o F-22, como contra o seu análogo funcional T-50. Entretanto, os EUA não manifestam qualquer intenção de incluir o Brasil na cooperação industrial em torno do seu novo aparelho.

Para a Rússia, essa cooperação seria igualmente vantajosa. Em primeiro lugar, o crescimento do mercado do T-50 iria criar um “ponto de apoio” adicional para esse avião, oferecendo uma perspetiva competitiva para a indústria aeronáutica. Em segundo lugar, a Rússia poderá estar interessada num intercâmbio tecnológico com o Brasil na área da aeronáutica civil. Aqui, ambas as partes já teriam algo a oferecer ao parceiro.

Fonte: Voz da Rússia
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