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quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

"Desert Knight-21" - Indianos concluem exercícios com franceses e falam em desenvolvimento de seu caça Stealth com características de 6ªG

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No último sábado (23), o Comandante da Força Aérea Indiana (IAF), M
arechal do Ar Rakesh Kumar Singh Bhadauria, deu uma coletiva após a conclusão do exercício binacional "Desert Knight-21"realizado em Jodhpur envolvendo a IAF juntamente com a Armée de l'Air et de l'Espace (Força Aérea Francesa), onde os pilotos de Rafale de ambos países puderam interagir e trocar experiênciasDurante esta ocasião, o Comandante da IAF informou que Oito aeronaves Rafale já chegaram à Índia e mais três são esperadas até o final deste mês.

Um ponto que chamou atenção durante a coletiva, diz respeito ao programa indiano de desenvolvimento do seu caça de quinta geração, processo que já foi iniciado pela IAF com a Defence Research Development Organization (DRDO) (Organização de Desenvolvimento e Pesquisa de Defesa), no qual se planeja incorporar algumas capacidades de sexta geração.

"Nossa visão atual é incorporar todas as tecnologias e sensores mais recentes em nossas aeronaves de quinta geração", disse Bhadauria, “Começamos a trabalhar em aeronaves de quinta geração um pouco tarde. Portanto, tecnologias e sensores contemporâneos a esse período de desenvolvimento seriam adicionados aos caças de quinta geração”, acrescentou.

Bhadauria disse que quando a IAF recebeu suas primeiras aeronaves Rafale, a prioridade era operacionalizá-la e integrá-la à frota de combate existente, o que foi feito com sucesso, e o atual exercício "Desert Knight-21" foi o resultado desse esforço.


"Temos alguns pilotos indianos treinando na França e alguns na própria Índia. Temos pilotos suficientes para ter uma proporção certa entre piloto e aeronaves", disse o marechal do ar, acrescentando que toda a indução seria concluída no próximo ano.

Anteriormente, Bhadauria parabenizou ambas as forças aéreas por concluírem com sucesso o exercício em apenas quatro dias, enquanto o "Desert Knight-21" estava programado originalmente para durar cinco dias.

“Não é em termos de interoperabilidade o que foi aprendido neste exercício, mas no emprego das melhores práticas, filosofias operacionais e interação mútua e profissional”, disse ele.

Posteriormente, em conversa com a mídia, o embaixador francês na Índia, Emmanuel Lenain, disse que a cooperação bilateral entre os dois países vem ocorrendo desde que o primeiro avião francês pousou na Índia em 1953.

"Agora Rafale é o reflexo dessa cooperação e parceria fortalecidas", disse Lenain, "Quando a Índia enfrentou dificuldades durante seu teste atômico em Pokran em 1998, estivemos ao seu lado enquanto outros países se opuseram. E também estivemos ao seu lado em forma de cooperação quando houve dificuldades com um de seus vizinhos", continuou o embaixador .

Ele disse que este exercício ajudaria ainda mais na construção de confiança mútua e pavimentaria o caminho para ampliar o nível de cooperação entre os dois países.


A Índia havia participado no desenvolvimento do programa PAK-FA, que deu origem ao caça russo Su-57, programa que na Índia foi denominado "Fifth Generation Fighter Aircraft" (FGFA), porém, a mesma abandonou o programa após algumas divergências com Moscou. Após a saída do programa, os indianos passaram a desenvolver seu próprio programa de 5ªG, porém, o mesmo enfrentou inúmeros desafios e dificuldades até de fato ser iniciado. Agora os indianos planejam tirar o "atraso" com a inserção de tecnologias de 6ªG no seu projeto.


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domingo, 2 de agosto de 2020

J-20 'Mighty Dragon', uma mera cópia do F-35, ou potencial oponente?

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Uma variante modificada do J-20 começou a ser produzida em série recentemente pela China, sendo a primeira aeronave de 5ª geração do gigante asiático, o mesmo deverá passar por muitos refinamentos até 2035, quando se completa o ciclo de desenvolvimento da aeronave, segundo informado.

Há muitas controvérsias em relação a nova aeronave chinesa, a qual vem sendo desenvolvida em curto espaço de tempo, utilizando informações e dados oriundos dos programas norte americanos, fruto de espionagem industrial e obtidas através de meios não convencionais e ilegais. O que leva o caça a ser encarado como uma "cópia" tecnológica, sendo apontado por alguns especialistas como uma cópia inferior das aeronaves norte americanas. Porém, temos que considerar que a tecnologia representa um enorme avanço em relação ao que há hoje no mercado, sendo capaz de superar os modernos vetores de 4ªG ++.

Comparado ao projeto do russo Su-57, a aeronave chinesa demonstra mais características stealth que a solução russa, o que em si, demonstra uma capacidade técnica que supera o desenvolvimento russo, mas, temos de ser cuidadosos em adotar qualquer afirmativa, uma vez que muito pouco sobre a aeronave foi disponibilizado até o momento.


Diferente das gerações anteriores de caças, onde a capacidade de manobra costumava ser um dos fatores decisivos na arena ar-ar, esse conceito tem sido demolido desde os meados dos anos 90, com o constante desenvolvimento e amadurecimento dos novos mísseis BVR e o alcance cada vez maior dos radares embarcados, permitindo obter uma solução de tiro muito antes até do oponente se dar conta que esta sendo "travado". somando as novas capacidades de EW, os caças de nova geração (5ªG) exigem não apenas um maior alcance de identificação de ameaças e solução de tiro, mas uma maior discrição e menor emissão, reduzindo as chances adversárias de identificá-lo e obter uma solução de tiro. As modernas aeronaves como o J-20 e o ocidental F-35, prometem resistência maior alcance, capacidade furtiva, maior carga de armas ar-ar e ar-superfície e fornecer ao piloto uma melhor fusão de dados, possibilitando a este uma visão situacional mais ampla e atualizada, de fácil acesso e com sistema seguro de comunicações e interface via link com os meios envolvidos no pacote.

Alguns especialistas concordam que as capacidades declaradas sobre o J-20 se assemelham com as descritas pelo F-35, incluindo a capacidade de integração e fusão de dados para o piloto.

O suposto sistema integrado ao J-20, possibilita a aeronave formar uma rede, desenhar imagens situacionais integradas em tempo real, criar várias rotas de ataque e transmitir informações da missão em tempo real.

As  capacidades creditadas ao J-20 mostram que a semelhança com o F-35, vai além do seu design, o que corroborá com as denuncias de furto de informações do programa norte americano pelos chineses. No entanto, não apenas o J-20 se apresenta como um fruto deste avanço da "engenharia" chinesa, ao observarmos as fotos do J-31, outro projeto stealth em desenvolvimento pelos chineses, identificamos ainda mais semelhanças entre o F-35 e o caça multifuncional chinês.

Apesar dos inúmeros avanços incorporados pelo ambicioso projeto chinês, o mesmo apresenta como "calcanhar de Áquiles" a ausência de motores modernos, sendo o mesmo fator limitante do projeto russo. Mas, a ausência de um motor mais eficiente não representa um ponto crítico para o caça, superando as capacidades apresentadas pelos caças da geração anterior.

Uma característica distinta do J-20 inclui o uso de inteligência artificial, que representa um importante ganho, sendo um ativo essencial para auxiliar o piloto a processar as informações coletadas e a tomar decisões no complexo campo de batalha. 

Ainda carecemos de muitas informações, muitas das quais dificilmente serão reveladas, porém, tendo em vista o empenho chinês nas últimas décadas e a clara percepção do desenvolvimento a partir dos bem sucedidos estudos norte americanos neste revolucionário campo, estamos certos de que o 'Mighty Dragon' será um formidável oponente na arena de combate aéreo deste novo século, primeiro por suas claras características stealth, segundo pela capacidade de fusão de dados e terceiro pelo sólido investimento no desenvolvimento de novas tecnologias e armamentos pela China, a qual busca claramente desenvolver a capacidade de enfrentamento com os mais modernos meios do ocidente.


por Angelo Nicolaci

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domingo, 19 de julho de 2020

Índia pretende aposentar MIG-29K em 2034, após entrada em serviço do seu novo caça bimotor naval

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A Índia aposta suas fichas no programa de desenvolvimento de uma nova aeronave naval bimotora baseada no LCA (Light Combat Aircraft), e espera que sua Marinha comece a receber as novas aeronaves embarcadas desenvolvidas pela Organização de Pesquisa e Desenvolvimento de Defesa (DRDO) até 2032, passo que resultará no inicio da transição entre os russos MiG-29K em serviço, que deverão ser aposentados até 2034.

A Marinha deve adquirir a aeronave bimotora produzida pela Hindustan Aeronautics Ltd. (HAL) até 2032. Ela substituirá os atuais MiG-29Ks em serviço, os quais estão programados para começar a dar baixa em 2034. Atualmente a Índia opera o Navio Aeródromo (NAe) de origem russa "INS Vikramaditya" e espera em breve passar a contar com o primeiro NAe construído localmente, o "INS Vikrant", que deverá finalmente ser entregue ao setor operativo daquela Marinha em 2022. 

MIG-29K devem dar baixa em 2034 na Marinha indiana
Inicialmente a Índia pretende realizar a aquisição de aproximadamente 57 aeronaves do tipo, visando mobiliar os esquadrões que irão operar no Destacamento Aéreo Embarcado (DAE) daquela força naval. Porém, restrições orçamentárias podem resultar na revisão do programa de obtenção das aeronaves e levar a aquisição de um número menor do novo vetor naval.

Após o bem sucedido pouso do "Tejas" a bordo do NAe "INS Vikramaditya" em janeiro deste ano, e na sequência vários testes, a Marinha indiana concluiu por apostar no desenvolvimento de um novo caça bimotor baseado no "Tejas", abandonando o desenvolvimento da variante naval prevista inicialmente, conhecida como LCA Mk.2 , com DRDO se oferecendo para desenvolver o novo caça bimotor naval indiano.

A previsão é que o primeiro protótipo do novo caça conhecido como "Twin Engine Deck Based Fighter" (TEDBF) esteja pronto até 2026, segundo informações divulgadas em dezembro de 2019. 


Atualmente o inventário da Marinha indiana conta com 45 aeronaves MiG-29K, o que segundo fontes não serão suficientes para dotar os NAe indianos, o que nos leva a crer que o número de aeronaves adquiridas no âmbito do programa TEDBF supere as 50 células, devendo resultar na compra em dois lotes distintos.



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quinta-feira, 18 de junho de 2020

Quais são as opções de Patrulha Marítima (MPA) para o Brasil?

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O Brasil é um dos países com a maior ZEE (Zona Econômica Exclusiva) do mundo, com cerca de 3,6 milhões de km², associados um litoral igualmente imenso que se extende por cerca de 7.400 km. Além disso, o Brasil também pleiteia, junto a organismos internacionais, estender a soberania à plataforma continental, aumentando a área de mar sob jurisdição brasileira para cerca de 4,5 milhões de km².


Manter a soberania de uma área tão extensa não é nada fácil, e uma das maneiras mais eficientes de cobrir os mares é a partir do ar, usando plataformas MPA (Aeronaves de Patrulha Marítima). Além da MPA, as aeronaves também podem incorporar as funções ASW (Guerra Anti Submarino) e ASuW (Guerra Anti Superfície).


Os vetustos P-95 Bandeirulha (e o P-3AM Orion  são excelentes plataformas,
mas estão chegando ao fim de suas vidas úteis (FAB)














De modo geral, pode-se dizer que MPA envolve não apenas a vigilância do mar em si, mas também missões de apoio a embarcações com problemas, e também SAR (missões de busca e salvamento). Para ASuW deve-se acrescentar uma capacidade ofensiva (usando mísseis como o Exocet) e para ASW, além da capacidade ofensiva (com torpedos e cargas de profundidade), é desejável que a aeronave disponha de sensores adicionais, como MAD (detector de anomalias magnéticas) e sonoboias. Via de regra, aeronaves ASW são as mais completas (incorporando boas capacidades ASuW), e todas as plataformas deste artigo são excelentes para a missão MPA.


No momento, o Brasil dispõe apenas de uns poucos, e bastante usados, Embraer P-95 Bandeirulha e Lockheed P-3AM Orion, que embora excelentes nas suas funções já estão se aproximando do fim dos limites estruturais das células.

Como nenhum dos dois está mais em produção, o Brasil deverá buscar novas plataformas para estas importantes missões. Há diversas opções no mercado, excluindo aquelas de fornecedores dos quais não temos familiaridade no Brasil (como Japão, Rússia e China) e aeronaves usadas (MPA geralmente sofrem bastante desgaste devido à maresia e grande número de horas voadas):

  • GRUPO 1. PLATAFORMAS JÁ EM SERVIÇO EM OUTROS PAÍSES E AINDA EM PRODUÇÃO (CÉLULAS NOVAS): Boeing P-8 Poseidon, Leonardo ATR-42 / ATR-72, Airbus C295 Persuader
  • GRUPO 2. OUTRAS PLATAFORMAS JÁ VALIDADAS PARA MPA (CONVERTER CÉLULAS CIVIS USADAS): ATR-42 / ATR-72, C295, ERJ-145XR, etc
  • GRUPO 3. PLATAFORMAS JÁ PROPOSTAS MAS AINDA NÃO VALIDADAS PARA MPA (CÉLULAS NOVAS OU USADAS): Plataformas Embraer como KC-390, Legacy, Praetor, E-Jets (como o ERJ-175E2)...

 Vamos analisar, brevemente, cada grupo e algumas plataformas de cada grupo.



GRUPO 1 - PLATAFORMAS EM SERVIÇO E AINDA EM PRODUÇÃO (CÉLULAS NOVAS)



Atualmente, existem quatro plataformas nesta categoria: Boeing P-8 Poseidon, Leonardo ATR-42 e ATR-72 MPA, além do Airbus C295 Persuader MPA.




Boeing P-8 Poseidon



Boeing P-8 Poseidon com baia de armas aberta

O Boeing P-8 Poseidon é a nova plataforma MPA, ASW e ASuW da US Navy, e já começou a substituir o P-3 Orion naquela Marinha. Também já foi vendido para outros países, e deve continuar em produção ainda por alguns anos.

É baseado no Boeing 737-800, com diversas modificações. Assim como outras aeronaves grandes das Forças Armadas americanas, usa o sistema REVO (Reabastecimento em Voo) de lança (boom), ao invés do funil (drogue) usado no Brasil.

É capaz de uma ampla carga de armas e sonoboias, permitindo que realize não apenas a missão MPA, mas também ASW e ASuW. Já há propostas de modificações para que também possam atacar alvos em terra.

Não há dúvidas de que, das plataformas avaliadas neste artigo, o Poseidon é a maior e mais capaz, mas também a mais cara de adquirir e operar. Ademais, não teríamos como fazer REVO nessas aeronaves, o que limitaria sua persistência de voo. Portanto, apesar de ser um 'sonho de consumo', dificilmente será adquirida.




Leonardo ATR-42 / ATR-72

Leonardo ATR-72 MPA

Para uma plataforma MPA, a velocidade é menos importante que a persistência em voo, e por isso muitas plataformas são movidas por turboprops ao invés de jatos.

Os ATR-42 e ATR-72 são aeronaves turboprop muito populares no mercado civil, inclusive no Brasil, e a Leonardo produz MPA baseados em ambas as plataformas através da integração da suíte de aviônicos ATOS (sistema aerotransportado de vigilância tática e observação). Ambas podem ser usadas para MPA, e o ATR-72 também tem uma versão ASW/ASuW, adotada pela Turquia.

Nenhuma das variantes, até o momento, apresenta capacidade REVO, mas como são capazes de voos de 10 h de duração, tal limitação provavelmente não é tão importante.

Considerando-se o amplo mercado civil de ambas as aeronaves, pode-se dizer que ambas seriam alternativas viáveis para o Brasil. O ATR-72 é maior e mais capaz, mas os custos operacionais também são maiores.



Airbus C295 Persuader MPA

 Airbus C295 Persuader com suíte ASW realizando testes com torpedos. Observe-se o MAD no 'ferrão' da cauda

A Airbus tem uma variante MPA do C295, que o Brasil já opera como C-105 Amazonas; esta variante é designada C295 Persuader MPA, e pode contar com o sistema de REVO através de drogue.

Além da missão de transporte e patrulha, a variante MPA pode lançar armas como bombas, torpedos e mísseis a partir de 6 hardpoints nas asas, assegurando assim uma grande capacidade ASW / ASuW, conforme pacote de sensores instalados.

O fato de contar com capacidade de transporte, mais a possibilidade de fazer ASW e ASuW, além de a FAB já operar o C295 e REVO com drogue, faz com que o Persuader seja uma excelente opção para o Brasil.




GRUPO 2 - PLATAFORMAS JÁ VALIDADAS PARA MPA (CONVERSÃO CÉLULAS CIVIS USADAS)

 
Leonardo ATR-42 MPA da Guarda Costeira italiana. Além de células novas, é possível converter células civis para a tarefa


Além do ATR-42 e ATR-72, a Leonardo também já integrou a suíte ATOS em helicópteros e aviões tão pequenos como o Beechcraft King Air, além de outras plataformas como o de Havilland Canada DHC-8 (principal rival do ATR-72 no mercado civil).

Com a atual crise no mercado da aviação, é provável que várias destas células, além de células de outras aeronaves, como os próprios ATR-42 e ATR-72, estejam disponíveis a preços interessantes para a FAB.

O Embraer ERJ-145XR foi usado como base para uma versão MPA (P-99), vendida para o México, mas como a produção do modelo já foi encerrada, a FAB poderia adquirir células do mercado civil para conversão.

Esta opção pode ter custos de aquisição interessantes, mas deve-se tomar bastante cuidado com o estado de manutenção das células.

ATUALIZAÇÃO: Tivemos acesso a dados adicionais, oriundos de uma audiência pública (http://imagem.camara.gov.br/internet/audio/Resultado.asp?txtCodigo=19804).
Aeronaves ERJ-145XR não podem carregar armas, entre outras limitações da célula, portanto não seriam a opção ideal para missões ASW / ASuW, ficando restritas à missão MPA, fator que deve ser levado em consideração ao escolher a plataforma.


GRUPO 3 - PLATAFORMAS PROPOSTAS PARA MPA (NOVAS OU USADAS)

Concepção artística do IAI ELI-3360 MPA, baseado no jato executivo Bombardier Global 5000
Alguns sistemas MPA foram propostos mas ainda não desenvolvidos. Duas delas são baseadas em aeronaves executivas Bombardier Global 5000, o Saab Swordfish e o IAI ELI-3360 MPA. Como é de conhecimento geral, a Bombardier é uma grande concorrente da Embraer, portanto o Brasil provavelmente usaria uma plataforma Embraer.

As plataformas atuais da Embraer que poderiam ser adaptadas para usar a suíte Saab, IAI ou mesmo a do P-99 são: KC-390 Millennium, os jatos regionais E-Jets E2 (E175-E2 e E190-E2) e os executivos Legacy (450, 500 e 600) e Praetor (500 e 600).

Mas isso envolveria custos e prazos complicados. Estudos muito cuidadosos teriam que determinar o custo benefício de tal empreitada.



CONCLUSÃO


Este breve artigo indica algumas das opções existentes no mercado, e como se pode observar cada solução apresenta capacidades e custos diferentes, cabendo às nossas valorosas FFAA (Forças Armadas) determinar qual opção oferece o melhor custo benefício para o Brasil.

Num primeiro momento, se destacam o C295 Persuader (já operamos a versão de transporte) e conversões de plataformas Embraer, especialmente o KC-390, além de adquirir aeronaves civis e convertê-las pra tarefa.

Uma coisa é certa - dada a imensidão do nosso litoral, trabalho não vai faltar à plataforma escolhida!

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segunda-feira, 15 de junho de 2020

Os VANT vão substituir as aeronaves tripuladas? Confira

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Elon Musk, o gênio por trás de empresas revolucionárias como Space X e a Tesla, não é estranho às polêmicas. A última delas, pelo menos no que se refere a tecnologias militares, foi em um discurso realizado em 28 de fevereiro de 2020, no Air Force Academy Air Warfare Symposium, em Orlando, Florida.

Elon Musk falando no AFAAW Symposium

Naquela ocasião, ele afirmou, categoricamente, que “a era dos caças a jato tripulados chegou ao fim”. Como era de se esperar, tal afirmação gerou polêmicas, com especialistas dizendo tanto que ele está certo, como que ele está errado, ou no mínimo precipitado ou sendo exagerado.

Até que ponto a afirmação de Musk se sustenta no mundo real? Neste artigo vamos analisar, brevemente, vários aspectos referentes aos VANT (em inglês UAV / RPA e em português ARP, aeronaves remotamente pilotadas, drones) e UCAV (“drones armados de combate”), e mostrar porque, na nossa opinião, a afirmação de Musk, embora precipitada e exagerada, tem sim fundamentos sólidos na realidade, mas não é tão abrangente como ele parece aceditar.


UAV E UCAV NO CAMPO DE BATALHA

General Atomics MQ-9 Reaper, um dos UCAV mais avançados em serviço, e a provável aeronave que disparou os mísseis (provavelmente do tipo AGM-114 Hellfire, como os da foto, ao lado das GBU-12 Paveway) que mataram o general iraniano Qassem Soleimani em 03/Jan/2020

Embora possa parecer surpreendente, os drones são usados no campo de batalha há mais tempo do que as aeronaves mais pesadas que o ar, conforme explicado em outro artigo deste articulista: Drones e mísseis de cruzeiro – equilibrando o jogo. Apesar disso, foi apenas com os avanços na eletrônica e em outros campos do conhecimento, que permitiram que os drones fossem realmente importantes em combate a partir da Guerra do Vietnã, onde os EUA usaram centenas de drones, principalmente em funções ISRT (inteligência, vigilância, reconhecimento e aquisição de alvos).

Drones foram largamente empregados no Vietnâ
Ao longo dos anos, os drones evoluíram, assumindo outras funções além de IRST. No começo do Século XXI, com a combinação MQ-1 Predator/Hellfire, os UCAV passaram a ser usados com grande frequência, a tal ponto que o Presidente Obama autorizou mais de 500 ataques com drones.

Além dos EUA, Reino Unido, Israel, Paquistão e Turquia já usaram UCAV em ações reais, e vários países adquiriram UCAV destes países ou buscam desenvolver seus próprios UCAV; pelo menos 95 países já fazem uso de drones militares, armados ou não.


VANTAGENS E LIMITAÇÕES DOS DRONES

Missões IRST ainda são a função principal dos drones, por quatro razões principais:

  • Drones tem grande persistência, ou seja, podem permanecer em voo por longas horas sem perder eficiência, ao contrário das aeronaves tripuladas por humanos
  • Drones podem ser enviados para missões em ambientes arriscados demais para humanos
  • Via de regra, os drones apresentam custos menores de aquisição e/ou operação do que aeronaves tripuladas
  • A combinação destes fatores significa que, em muitos casos, pode-se enviar drones para missões em quantidades maiores do que aeronaves tripuladas


Os UCAV aumentam ainda mais o leque de opções, principalmente para lidar com ‘alvos de oportunidade’, ou seja, aqueles que aparecem inesperadamente durante uma missão e que podem não dar oportunidade de um ataque posterior.

Entretanto, apesar dos incríveis avanços dos últimos tempos, os drones ainda enfrentam limitações importantes para seu uso em substituição ás aeronaves tripuladas, ou até mesmo como “caças descartáveis”, apesar do interesse de muitos países nestas capacidades. Listaremos aqui algumas destas áreas e limitações, e os possíveis contrapontos a cada uma. Mais adiante, falaremos de alguns projetos que já estão em fase de desenvolvimento.


TÉCNICAS AVANÇADAS DE PROJETO E CONSTRUÇÃO

O Northrop Grumman RQ-4 Global Hawk é um dos drones mais avançados do mundo, mas também um dos mais caros, cerca de US$ 120 milhões, tão ou mais caro que aeronaves como o F-35 e o F-15EX

É inegável que as tecnologias de engenharia para projetar e construir aeronaves evoluíram consideravelmente, mas ainda é preciso evoluir bastante, especialmente no sentido de se produzir um UCAV que seja realmente descartável, especialmente se forem “stealth” (VLO, muito pouco observáveis), cujas exigências de produção e operação são, notoriamente, muito maiores do que as de aeronaves “convencionais”.

Tecnologias avançadas, como a “impressão 3D” (manufatura aditiva) também podem ajudar bastante a reduzir os custos e os prazos de projeto e construção.


AUTONOMIA TOTAL

O Northrop Grumman X-47B, apesar de avançado o bastante para conduzir automaticamente operações como reabastecimento em voo, ainda depende de operadores humanos para várias funções

Na fala de Musk, seu enfoque maior foi neste ponto - ele acredita que os drones estão muito próximos de serem autônomos, ou seja, operarem mesmo sem interferência humana. Mas a realidade ainda é bem diferente e distante disso.

Ainda hoje, os drones são altamente dependentes de operadores humanos, o que pode ser um grande problema, especialmente em ambientes onde os operadores já estão sobrecarregados (como os pilotos em aeronaves monoposto), ou em que as comunicações forem insuficientes ou falharem, seja por questões técnicas ou por ações inimigas. Tal dependência deve durar ainda vários anos.

Novas tecnologias surgem a todo tempo para lidar com problemas como a largura de banda. Mas outras tecnologias ainda precisam avançar mais para que os drones possam operar com autonomia em situações inesperadas e/ou quando não for possível a intervenção direta de operadores humanos, e os computadores quânticos podem ser essenciais nesta “corrida” pela “Força Aérea Autônoma”.


MOTORES A JATO MAIS BARATOS

O "Okhotnik" é propulsado pelo "caro" Saturn AL-31F que impulsiona os Su-35
Os motores a jato são provavelmente o componente individual mais caro de uma aeronave, chegando em alguns casos a representar 25% do custo total da aeronave.

Para complicar mais ainda, poucos países no mundo são capazes de desenvolver e produzir motores avançados: EUA, Inglaterra e França são os países com as capacidades mais avançadas nesta área. Dificuldades com motores avançados tem atrasado projetos até mesmo de potências como Rússia e China.

Na prática, isto significa que é impossível pensar em drones baratos sem antes pensar em motores baratos, e muitas das técnicas avançadas usadas para a construção das aeronaves em si, também podem ser usadas na produção de motores. Mas, apesar da busca por motores a jato de baixo custo terem pelo menos meio século, e progressos feitos nesta jornada, ainda há muito trabalho até que motores realmente “descartáveis” estejam disponíveis.


SISTEMAS DE MISSÃO MAIS BARATOS

Um dos motivos para os elevados custos do Global Hawk são seus avançados sensores, como os SLAR (radares de varredura lateral), cujos painéis planos são visíveis entre as asas e trem de pouso dianteiro na foto acima

Embora o motor seja o componente individual mais caro da aeronave, o conjunto mais caro é, via de regra, o de sistemas, principalmente os aviônicos. O treinador KAI T-50, por exemplo custa em torno de 20 milhões de dólares, enquanto que sua versão mais avançada FA-50, cuja diferença principal está na suíte de aviônicos, custa em torno de 50% a mais, ou seja, em torno de,30 milhões de dólares! Um radar avançado como o AN/APG-83 SABR pode custar mais de 3 milhões de dólares por unidade, sem contar outros aviônicos e sensores como o pod Sniper ATP custando mais de 1 milhão.

Uma forma de reduzir os custos destes sistemas é a utilização de redes em que vários veículos compartilham informações entre si, como o CEC (Capacidade de Engajamento Cooperativo) da US Navy. Avanços recentes incluem, por exemplo, a possibilidade de artilharia do US Army atacar alvos detectados por um F-35 da USAF, e fazer com que tais avanços possam ser empregados em drones é crucial para reduzir seus custos.


SISTEMA AVANÇADO DE RECUPERAÇÃO DE DRONES
  
Embora alguns drones sejam, por design, descartáveis, outros não são, e a recuperação de tais drones pode ser um problema sério em zonas de conflito. Sistemas que permitem a recuperação de drones por veículos em movimento, compensação de fatores ambientais no uso de paraquedas de recuperação ou até mesmo por aeronaves em voo, são essenciais para reduzir ao máximo os custos de drones.



AVANÇOS NA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL (AI)

O ‘cenário Exterminador do Futuro’ é algo que assombra a AI

Embora a AI (inteligência artificial) seja, evidentemente, importante na questão da autonomia dos drones, conforme especificado anteriormente, cuidados estão sendo tomados para evitar que a AI acabe por se tornar um problema, com ‘armas inteligentes’ decidindo tomar ações que possam ser prejudiciais a raça humana.


MENOR CAPACIDADE DE ARMAS
  
Esta talvez seja a principal desvantagem dos drones atuais, e não parece que vai desaparecer tão cedo. Enquanto caças como o F-15 possam levar bombas enormes como as GBU-28 de 5 mil libras (cerca de 2.270 kg), não há informações sobre drones carregando armas mais pesadas que as derivadas da Mk.82 de 500 libras (cerca de 227 kg).

Entretanto, a combinação de maior persistência e menor custo dos drones significa que, em muitos cenários, é possível substituir um caça por vários drones, além de possuir um custo muito menor em caso de perdas, significando a ausência de perda humana ou da necessidade de uma arriscada operação C-SAR.


ALTERNATIVAS A UMA FORÇA AÉREA NÃO TRIPULADA

Embora uma força aérea “100% não tripulada” não seja viável num futuro próximo, conforme apontado anteriormente, outras alternativas são mais viáveis, e inclusive já estão em andamento.

Concepção artística da Boeing mostrando o seu conceito de UCAV Airpower Teaming System, apelidado ‘Loyal Wingman’, voando lado a lado com uma aeronave tripulada Boeing F/A-18 Super Hornet

Uma delas está na forma de programas como o “Skyborg” da USAF, que quer colocar drones com elevado grau de autonomia voando em formação com caças tripulados já em 2023, e o “Gremlin”, que pretende usar aeronaves como o C-130 Hercules como “porta aviões voadores”, lançando drones baratos o suficiente para serem descartáveis, mas autônomos o suficiente para serem recuperados em pleno voo pela “nave mãe” caso sobrevivam à missão.

Uma coisa é quase certa, a próxima geração de caças, a chamada 6ª geração, deve contar com caças “opcionalmente tripulados”, ou seja, capaz de fazer boa parte das missões sem a necessidade de um piloto a bordo, mas também de operar com piloto em situações que o exijam. Junto com programas como o Skyborg, que deve ajudar a USAF a resolver a crônica falta de pilotos, e orçamentos militares que tendem a diminuir, ainda que a vida útil do F-35 ultrapasse o ano 2070.

Aliás, a longa vida útil de sistemas militares é um dos maiores motivos pelos quais as forças armadas atuais não estão com tanta pressa em “aposentar” suas aeronaves atuais, como o venerável B-52, por exemplo, que deve continuar em operação quase 100 anos após entrar em serviço.


UCAV Kratos XQ-58A Valkyrie, programa Skyborg da USAF

CONCLUSÃO
  
Visionário como é, Musk pensou muitos anos à frente, como de costume. A realidade, entretanto, é que os caças tripulados continuarão conosco por muito tempo ainda, mesmo que acompanhados por drones, com estes podendo operar como alas de aeronaves tripuladas.

Além disso, a nova geração de caças já estava em desenvolvimento quando a tecnologia permitiu programas como o Skyborg, o que significa que, talvez, a “7ª geração” seja aquela que, de fato, vá concretizar a visão de futuro apresentada por Musk, mas provavelmente nem estará vivo para testemunhar isso, já que é pouco provável que a 7ª geração voe antes de 2050 ou 2060!



Por Renato Marçal

Revisão do Texto: Angelo Nicolaci


REFERÊNCIAS

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