quarta-feira, 11 de setembro de 2013
Putin não deu ordem de vender mísseis S-300 ao Irã
sábado, 7 de setembro de 2013
Jornalistas sofrem ataques da PM e são hostilizados por manifestantes
domingo, 6 de novembro de 2011
Justiça britânica nega recurso contra extradição de fundador do Wikileaks
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
Veículos jornalísticos devem ser sustentados pela sociedade, diz estudioso
Fonte: Folha
terça-feira, 23 de agosto de 2011
Blogs são fonte de informação para 28% dos brasileiros, diz pesquisa
Pesquisa CNT/Sensus sobre popularidade do governo apura pela primeira vez o peso da blogosfera como fonte de informação. Dos entrevistados, 16% dizem recorrer a blogs de notícias "sempre" e 12%, "às vezes". "Números são muito expressivos", diz analista. Quase 20% da população pretende ter acesso à internet em até 12 meses.
Os blogs de notícias são uma fonte de informação permanente para 16% dos brasileiros, cerca de 21 milhões dos 135 milhões de eleitores que estavam aptos a votar na eleição do ano passado. Outros 12% da população recorrem à blogosfera “às vezes”, o equivalente a 16 milhões de eleitores.
Os dados fazem parte de uma pesquisa periódica sobre a popularidade do governo feita pelo instituto Sensus a pedido da Confederação Nacional dos Transportes (CNT). A mais recente edição foi divulgada na última terça-feira (16/08). Foi a primeira vez que o levantamento tentou descobrir os hábitos dos brasileiros na internet.
“A blogosfera tem sido crescentemente uma fonte de informação. Vinte milhões de eleitores usando a internet para se informar sempre é muita coisa”, disse à Carta Maior o diretor do instituto Sensus, Ricardo Guedes. “Eu, por exemplo, aposentei o jornal escrito.”
A pesquisa buscou apurar também a penetração das três redes sociais mais populares no Brasil, as quais funcionam de alguma forma como fonte de informações ou meio de fazê-las circularem. Entre os entrevistados, 27% declararam que têm Orkut, 15%, que têm Facebook e 8%, Twitter.
Para Ricardo Guedes, de maneira geral, os números revelam uma penetração “muito expressiva” das redes sociais.
A CNT informou, por meio da assessoria de imprensa, que a inserção deste tipo de assunto na pesquisa não teve nenhuma razão especial. Segundo Ricardo Guedes, é importante ter a dimensão do peso da blogosfera e das redes sociais porque elas cada vez mais ajudam a formar a opinião das pessoas e dos eleitores.
De acordo com a pesquisa, 25% dos brasileiros (33 milhões de eleitores) dizem usar a internet “diariamente”, enquanto 10% utilizam “alguns dias por semana”. Há ainda 19% que disseram que não tem internet nem em casa, nem no trabalho, mas que pretendem ter nos próximos 12 meses.
Fonte: Carta Maior
quarta-feira, 10 de agosto de 2011
Nota Oficial - Esclarecimentos sobre reportagem do Fantástico exibida em 07/08/2011
A matéria em questão parte de princípios incorretos e de denúncias infundadas para passar à população brasileira a falsa impressão de que voar no Brasil não é seguro. A reportagem contradiz os princípios editoriais da própria Rede Globo ao apresentar argumentos com falta de Correção e falta de Isenção, itens considerados pela própria emissora como sendo atributos da informação de qualidade.
O jornalista embarcou em uma aeronave de pequeno porte (aviação geral), que tem características como nível de voo, rota, classificação e regras de controle aéreo diferentes dos voos comerciais. A matéria trata os voos sob condições visuais e instrumentos como se obedecessem as mesmas regras de controle de tráfego aéreo, levando o espectador a uma percepção errada.
O piloto demonstra espanto ao avistar outras aeronaves sobre o Rio de Janeiro e São Paulo, dando um tom sensacionalista a uma situação perfeitamente normal e controlada que ocorre sobre qualquer grande cidade do mundo. Nesse sentido, causa estranheza que a reportagem tenha mostrado a proximidade dos aviões como algo perigoso para os passageiros no Brasil. As próprias imagens revelam níveis de voo diferenciados, além de rotas distintas.
Além disto, o piloto que opta por regras de voo visual, só terá seu voo autorizado se estiver em condições de observar as demais aeronaves em sua rota, de acordo com as regras de tráfego aéreo que deveriam ser de seu pleno conhecimento. Mesmo assim, o piloto receberá, ainda, avisos sobre outros voos em áreas próximas.
Foi exatamente o que ocorreu durante a reportagem, que mostra o contato constante dos controladores de tráfego aéreo com o piloto. Desde a decolagem foram passadas informações detalhadas sobre os demais tráfegos aéreos na região, sem que houvesse qualquer perigo para as aeronaves envolvidas.
A respeito da dificuldade demonstrada em conseguir contato com o serviço meteorológico, é interessante lembrar que há várias frequências disponíveis para contato com o Serviço de Informações Meteorológicas para Aeronaves em Voo (VOLMET), que está disponível 24 horas por dia em todo o país. Além destas, há frequências de ATIS (Serviço Automático de Informação em Terminal) que fornecem continuamente, por meio de mensagem gravada e constantemente atualizada, entre outros dados, as condições meteorológicas reinantes em determinada Área Terminal, bem como em seus aeroportos. Como, aliás, é o caso da Terminal de Belo Horizonte, incluindo os aeroportos da Pampulha e de Confins.
Ressalte-se que, a despeito da operação de tais serviços, todos os pilotos têm a obrigação de obter informações meteorológicas antes do voo pessoalmente nas Salas de Informações Aeronáuticas dos aeroportos, por telefone ou até pela internet.
Ao realizar o voo sem, possivelmente, ter acessado previamente informações meteorológicas, o piloto expôs a equipe de reportagem a uma situação de risco desnecessário. Tratou-se, obviamente, de mais um traço sensacionalista e sem conteúdo informativo.
A respeito do momento da reportagem em que o controle do espaço aéreo diz que não tem visualização da aeronave, cabe esclarecer que o voo realizado pela equipe do Fantástico ocorreu à baixa altitude, em regras de voos visuais, uma situação diferente dos voos comerciais regulares.
Na faixa de altitude utilizada por aeronaves como das empresas TAM e GOL, extensamente mostradas durante a reportagem, há cobertura radar sobre todo o território brasileiro. Para isso, existem hoje 170 radares de controle do espaço aéreo no país. Como dito acima, é feita uma confusão entre perfis de voos completamente diferentes. Dessa forma, o telespectador do Fantástico ficou privado de ter acesso a informações que certamente contribuem para a melhor apresentação dos fatos.
No último trecho de voo da reportagem, o órgão de controle determinou a espera para pouso no Aeroporto Santos-Dumont. O que foi retratado na matéria como algo absurdo, na realidade seguiu rigorosamente as normas em vigor para garantir a segurança e fluidez do tráfego aéreo. Os voos de linhas regulares, na maioria das vezes regidos por regras de voo por instrumentos, gozam de precedência sobre os não regulares, visando a minimizar quaisquer problemas de fluxo que possam afetar a grande massa de usuários.
A reportagem também errou ao mostrar que Traffic Collision Avoidance System (TCAS) é acionado somente em caso de acidente iminente. O fato do TCAS emitir um aviso não significa uma quase-colisão, e sim que uma aeronave invadiu a “bolha de segurança” de outra. Essa bolha é uma área que mede 8 km na horizontal (raio) e 300 metros na vertical (raio).
Cabe ressaltar ainda que a invasão da bolha de segurança não significa sequer uma rota de colisão, pois as aeronaves podem estar em rumos paralelos ou divergentes, ou ainda com separação de altitude, em ambiente tridimensional.
A situação pode ser corrigida pelo controle do espaço aéreo ou por sistemas de segurança instalados nos aviões, como o TCAS. Nem toda ocorrência, portanto, consiste em risco à operação. O TCAS, por exemplo, pode emitir avisos indesejados, pois o equipamento lê as trajetórias das aeronaves, mas não tem conhecimento das restrições impostas pelo controlador.
Todas as ocorrências, no entanto, dão início a uma investigação para apurar os seus fatores contribuintes e geram recomendações de segurança para todos os envolvidos, sejam controladores, pessoal técnico ou tripulantes. É esse o caso dos 24 relatórios citados na reportagem. A existência desses documentos não significa a ocorrência de 24 incidentes de tráfego aéreo, e sim uma consequência direta da cultura operacional de registrar todas as situações diferentes da normalidade com foco na busca da segurança.
A investigação tem como objetivo manter um elevado nível de atenção e melhorar os procedimentos de tráfego aéreo no Brasil, pois é política do Comando da Aeronáutica buscar ao máximo a segurança de todos os passageiros e tripulantes que voam sobre o país. Incidentes e acidentes não são aceitáveis em nenhum número, em qualquer escala.
Sobre a questão dos controladores de tráfego aéreo, ao contrário da informação veiculada, o Brasil tem atualmente mais de 4.100 controladores em atividade, entre civis e militares. No total, são mais de 6.900 profissionais envolvidos diretamente no tráfego aéreo, entre controladores e especialistas em comunicação, operação de estações, meteorologia e informações aeronáuticas.
Para garantir a segurança do controle do espaço aéreo no futuro, o Comando da Aeronáutica investe na formação de controladores de tráfego aéreo. A Escola de Especialistas de Aeronáutica forma anualmente 300 profissionais da área. Todos seguem depois para o Centro de Simulação do Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA), inaugurado em 2007 em São José dos Campos (SP). Com sistemas de última geração e tecnologia 100% nacional, o ICEA ampliou de 160 para 512 controladores-alunos por ano, triplicando a capacidade de formação e reciclagem.
Vale salientar que a ascensão operacional dos profissionais de controle de tráfego aéreo ocorre por meio de um conselho do qual fazem parte, dentre outros, os supervisores mais experientes de cada órgão de controle de tráfego aéreo. Desse modo, nenhum controlador de tráfego aéreo exerce atividades para as quais não esteja plenamente capacitado.
A qualidade desses profissionais se comprova por meio de relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA). De acordo com o Panorama Estatístico da Aviação Civil Brasileira, dos 26 tipos de fatores contribuintes para ocorrência de acidentes no país entre 2000 e 2009, o controle de tráfego aéreo ocupa a 24° posição, com 0,9%. O documento está disponível no link:
http://www.cenipa.aer.mil.br/cenipa/Anexos/article/19/PANORAMA_2000_2009.pdf
A capacitação dos recursos humanos faz parte dos investimentos feitos pelo DECEA ao longo da década. Entre 2000 e 2010, foram R$ 3,3 bilhões, sendo R$ 1,5 bilhão somente a partir de 2008. O montante também envolve compra de equipamentos e a adoção do Sistema Avançado de Gerenciamento de Informações de Tráfego Aéreo e Relatórios de Interesse Operacional (SAGITÁRIO), um novo software nacional que representou um salto tecnológico na interface dos controladores de tráfego aéreo com as estações de trabalho. O sistema tem novas funcionalidades que permitem uma melhor consciência situacional por parte dos controladores. Sua interface é mais intuitiva, facilitando o trabalho de seus usuários.
Os resultados desses investimentos foram demonstrados pela auditoria realizada em 2009 pela International Civil Aviation Organization (ICAO), organização máxima da aviação civil, ligada às Nações Unidas, com 190 países signatários. A ICAO classificou o Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro entre os cinco melhores no mundo. De acordo com a ICAO, o Brasil atingiu 95% de conformidade em procedimentos operacionais e de segurança.
Sem citar quaisquer dessas informações, para realizar sua reportagem, a equipe do Fantástico exibe depoimentos sem ao menos pesquisar qual a motivação dessas fontes. O Sr. Edileuzo Cavalcante, por exemplo, apresentado como um importante dirigente de uma associação de controladores, é acusado por atentado contra a segurança do transporte aéreo, motim e incitação à indisciplina, e responde por essas acusações na Justiça Militar.
O Sr. Edileuzo Cavalcante foi afastado da função de controlador de tráfego aéreo em 2007 e recentemente excluído das fileiras da Força Aérea Brasileira. Em 2010, também teve uma candidatura impugnada pela Justiça Eleitoral.
Quanto à informação sobre as tentativas de chamada por parte do controlador de tráfego aéreo, Sargento Lucivando Tibúrcio de Alencar, no caso do acidente ocorrido com a aeronave da Gol (PR-GTD) e a aeronave da empresa Excel Aire (N600XL) em 29 de setembro de 2006, cabe reforçar que elas não obtiveram sucesso devido à aeronave da Excel Aire não ter sido instruída oportunamente a trocar de frequência e não a qualquer deficiência no equipamento, conforme verificado em voo de inspeção. Durante as tentativas de contato, a última frequência que havia sido atribuída à aeronave estava fora de alcance, impossibilitando o estabelecimento das comunicações bilaterais.
Já quando foi consultar o Departamento de Controle do Espaço Aéreo, a equipe de reportagem omitiu o fato que trataria de problemas de tráfego aéreo. Foi informado que se tratava unicamente sobre a evolução do tráfego aéreo de 2006 a 2011.
Por fim, o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica ressalta que voar no país é seguro, que as ferramentas de prevenção do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro estão em perfeito funcionamento e que todas as ações implementadas seguem em concordância com o volume de tráfego aéreo e com as normas internacionais de segurança. No entanto, este Centro reitera que a questão da segurança do tráfego aéreo no país exige um tratamento responsável, sem emoção e desvinculado de interesses particulares, pessoais ou políticos.
Brasília, 9 de agosto de 2011.
Brigadeiro-do-Ar Marcelo Kanitz Damasceno
Chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica
segunda-feira, 25 de julho de 2011
O jornalismo industrial-militar de Murdoch
Blair telefonou para Murdoch repetidas vezes antes de comprometer as tropas britânicas na guerra do Iraque, em 2003, a qual foi fortemente apoiada pelos jornais de Murdoch em todo o mundo. Isso aumenta esse escândalo milhões de vezes. Temos um chefe de estado democraticamente eleito articulando com seu benfeitor secreto para trazer a guerra ao planeta. Este é o jornalismo industrial-militar, é o conluio na guerra para fazer dinheiro. Esse escândalo não é sobre Murdoch, mas sobre todos os que praticam o jornalismo. É hora de nos perguntarmos: de quem, afinal, somos aliados?
De repente ficou claro para todo mundo. Grampear o celular de uma adolescente desaparecida? Deletar chamadas, interferir na busca desesperada por seu paradeiro?
Fazer grampo de telefones das vítimas de terrorismo, de soldados mortos? Que tipo de cultura de sala de redação poderia valorizar fofocas sobre a intimidade das pessoas, obtidas de modo tão indefensável e lamentável? Que tipo de organização chamaria a isto de “notícias”? Mesmo aqueles dentre nós que há muito se enojam com a marca Murdoch tiveram seu momento de choque diante desta notícia, deixando o cinismo de lado e cedendo. Parece que alguma coisa se mostrou aberta e exposta, à medida que os detalhes vinham à tona: não apenas a falta de ética, mas uma destituição ética absoluta em seu desprezo por nossas vidas. E esse desrespeito é o fundamento de um império midiático. Murdoch não é somente um traficante sórdido. É uma das pessoas mais ricas e poderosas no planeta – e tem uma agenda política que lhe importa mais, eu imagino, do que um bilhão qualquer em dinheiro, aqui ou ali.
A silenciosa virulência de sua influência nos acontecimentos públicos, mais do que manchetes sensacionalistas e escândalos e o comércio da calúnia que inflige sobre nós é minha verdadeira preocupação.
Tão grande como Murdoch é nos EUA, com sua rede de propaganda de direita Fox News, ele é na Grã Bretanha, onde é mais poderoso que a família real. “Ele é frequentemente referido como o membro permanente do país no Gabinete [do Primeiro Ministro]”, escreveu Beth Fouhy recentemente para a Associated Press. Desde a época de Margareth Tatcher ele tem sido o poderoso chefão dos primeiro ministros britânicos, capaz de lhes oferecer coisas que estes não puderam recusar. Quando o escândalo dos grampos foi jogado no ventilador, David Cameron, o atual primeiro ministro, vem lutando para desligar sua imagem da de Murdoch.
Mas não há escapatória para o fato de que o ex-porta voz de Cameron, Andy Coulson, foi editor de jornalismo do jornal News of the World antes de se juntar à equipe do primeiro ministro e uma das 10 pessoas presas no caso. Eu não sei se o império de Murdoch, a News Corp, emergirá do escândalo intacta e virulenta como nunca ou se terá de ser renomeada para News Corpse [cadáver] (pode-se apenas torcer para que isso ocorra). Mas a explosão de suas operações é um momento chocante o suficiente para nos ensinar, uma chance para se repensar o papel dos jornalistas e o sentido das notícias.
Como ponto de partida, eu situo lado a lado os dois extremos da exagerada influência de Murdoch em nossas vidas, nossos políticos e nossas ideias a respeito de nós mesmos. O que deu origem ao escândalo foi a revelação, pelo repórter do Guardian, Nick Davies, de que funcionários do News of the World tinham grampeado o telefone de Milly Dowler, uma menina de 13 anos que foi sequestrada próximo de Londres, na volta para casa da escola, em 2002. Meses depois, seu corpo foi descoberto; ela teria sido assassinada. Antes dessa descoberta, quando só havia o temor insuportável e a esperança louca dos familiares e amigos de Milly, os subordinados de Murdoch minaram a tragédia, valorizando seu aspecto sexual, futricando as pitadas de “interesse humano” para ostentar em seu jornal.
Este é o jornalismo completamente devotado à compaixão humana – jornalismo, eu diria, do lado errado da raça humana. A coisa tem interesse zero em contribuir para uma sociedade informada ou para criar coesão social. É junk food tóxica, um tipo bizarro de “reality” show de abastecimento dos expectadores entediados e isolados, com nenhum outro propósito que mantê-los consumindo o produto. Isso tornou Murdoch rico além da conta. Eis aqui o outro extremo: da história de Fouhy, da AP, descrevendo a influência de Murdoch na política britânica: “Murdoch teria mudado sua relação de apoio a Tony Blair, o Primeiro Ministro de 1997 a 2007. Blair telefonou para Murdoch repetidas vezes antes de comprometer as tropas britânicas na guerra do Iraque, em 2003, a qual foi fortemente apoiada pelos jornais de Murdoch em todo o mundo”. Para mim, isso aumenta esse escândalo milhões de vezes. Aqui está um chefe de estado democraticamente eleito articulando com seu benfeitor secreto para trazer a guerra ao planeta.
Este é o jornalismo industrial-militar, é o conluio na guerra para fazer dinheiro, manipulando políticos de acordo com o seu interesse no fortalecimento de seu sucesso financeiro, ao espalhar a sordidez. O vazio ético de Murdoch não é limitado por seu império midiático trash. Ele é um player na paz e na guerra. Esse é um jornalismo fora de controle – o oposto exato da ideia de minha profissão. Em vez de manter uma relação adversária frente ao poder e representar os interesses daqueles de fora da sua esfera, mantém uma relação adversária com a humanidade. No Mundo de Murdoch, somos todos abstrações, quer tenhamos um nome (Milly Dowler) ou meramente uma marca de identificação massiva (os iraquianos). O jornalismo pode se dirigir ao poder, tornar-se seu cachorrinho e até, como as revelações da News Corpse tem demonstrado, tornar-se o próprio poder, um ditador por trás das cenas ou dos acontecimentos, manipulando o mundo segundo os seus próprios interesses.
Mas os verdadeiros jornalistas espalham o poder ao dizerem a verdade, como Davies e o The Guardian tomaram a frente nas revelações sobre o News of the World. Esse escândalo, finalmente, não é sobre Murdoch, mas sobre todos os que praticam o ofício do jornalismo. Chegou o momento de nos perguntarmos: de quem, afinal, somos aliados?
Fonte: Carta Maior
terça-feira, 28 de junho de 2011
Israel volta atrás em ameaça a jornalistas estrangeiros
Israel voltou atrás nesta segunda-feira na ameaça de proibir, durante dez anos, a entrada dos repórteres estrangeiros que estivessem na frota que deve partir para Gaza nos próximos dias.
Segundo um comunicado oficial, não devem ser aplicados ao caso "os procedimentos comuns aos infiltrados e aos clandestinos".
O comunicado ainda afirmou que Israel permitirá que jornalistas israelenses e estrangeiros subam nos barcos de guerra que devem interceptar a frota.
No domingo, Israel havia afirmado que a participação na expedição poderia "custar" aos jornalistas estrangeiros, além da proibição de entrada em Israel por dez anos, "o confisco do material e sanções suplementares".
A Foreign Press Association (Associação da Imprensa Estrangeira) afirmou que o aviso israelense levanta dúvidas a respeito do compromisso de Israel com a liberdade de imprensa. Vários parlamentares israelenses também criticaram a decisão.
A frota internacional com ajuda humanitária para Gaza deve zarpar da Grécia nos próximos dias.
Essa é a segunda vez que uma frota sai em direção à Gaza. Em maio de 2010, a primeira frota da liberdade tentou chegar à Gaza, mas foi interceptada pelas forças israelenses, uma ação que resultou na morte de oito ativistas turcos e um turco-americano.
Fonte: Folha
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Esquadrão de elite que matou Bin Laden deve ganhar série
O Seal Team Six, o esquadrão de elite que matou o terrorista Osama Bin Laden, deve ganhar uma série de televisão. As informações são do site Hollywood Reporter.
Eles são um grupo de elite treinado para conduzir operações altamente sigilosas.
Segundo o site, a série deve ser baseada no livro "Seal Team Six: Memoirs of an Elite Navy Seal Sniper", que teve sua data de lançamento adiantada --ele só chegaria às lojas no dia 24 deste mês.
A editora do livro já mandou quadruplicar sua impressão, que agora ganhará 70 mil cópias para atender os pedidos.
Agora, os coautores do livro, Howard Wasdin, que foi membro dos Seals nos anos 1990, e Stephen Templin, um veterano da marinha e professor na Meio University, no Japão, estão trabalhando em uma série baseada no livro.
Outro livro sobre a força de elite já está a caminho. Dalton Fury, autor do livro "Kill Bin Laden", que está sendo adaptado para o cinema por Kathryn Bigelow, escreveu um título sobre os Seals, chamado "Black Site: A Delta Force Novel", que tem publicação prevista para fevereiro de 2012
Fonte: Folha
quinta-feira, 24 de março de 2011
Líbia: Proteger "civis" ou ajudar "rebeldes"?
Eis algumas fotografias que mostram os civis "desarmados":
Louvável que seja ter preocupações com a segurança dos seres humanos, é também o dever dos líderes da comunidade internacional pensarem cuidadosamente antes de agir e não cair na armadilha da "síndrome dos Balcãs", quando a culpa por não ter agido atempadamente provocou uma reação instintiva, com consequências desastrosas: o insulto ao direito internacional chamado Kosovo. E desde quando é que uns bandos fortemente armados de islâmicos fanáticos barbudos se descrevem como "civis desarmados"?
No entanto, alguém na comunidade internacional nestes dias age ou reage pela bondade do seu coração, ou através do auto-interesse e a obrigação de proteger os grupos que o colocou no poder? Quão democráticas são as sociedades "democráticas", quando o poder real é detido por grupos de barões cinzentos que puxam os fios de interesse empresarial por trás dos bastidores, e quando os governos são eleitos, dependendo do desempenho do líder do partido nas imagens televisivas?
Quão democrática e livre é a mídia, quando a informação é controlada e apresentada em um belo pacote arrumadinho em que a verdade muitas vezes é reprimida ou ignorada e mentiras e desinformação são manipuladas?
Louvável que seja ter preocupações com o bem-estar das pessoas, vamos considerar algumas questões relacionadas com o ataque contra a Líbia, liderada pelos EUA, Reino Unido e França.
Em primeiro lugar, a situação interna no estado soberano da Líbia foi uma questão de uma revolta popular contra as normas opressivas de vida, enquanto um clique de elitistas sangrou o país? Não, porque a riqueza da Líbia foi e será distribuída, enquanto Muammar Al-Kadhafi conserve a sua influência. Ou foi a situação na Líbia alimentada por "rebeldes" ajudados e incentivados e abastecidos a partir da fronteira no Ocidente (Tunísia) e Oriente (Egito), cujos governos haviam convenientemente "caído"? Vamos dar uma olhada onde a "rebelião" se iniciou.
Não começou em Tripoli, a cidade capital - onde Muammar Al-Kadhafi é tão obviamente ainda muito popular, iniciou-se na província tradicionalmente separatista da Cirenaica (Benghazi) e ao longo da fronteira ocidental.
Em segundo lugar, onde estão esses "civis desarmados"? É difícil imaginar que tipo de televisão David Cameron, Barack Obama e Nicolas Sarkozy estão assistindo, porque os "civis desarmados" que eu vejo mostram homens barbudos fortemente armados, quadrilhas de saqueadores e de bandidos gritando "Allahu Akhbar". Agora, onde eu já ouvi isso antes?
Em terceiro lugar, o Ocidente errou ainda mais uma vez? Será que sem pensar claramente, eles foram enganados a armar aqueles cujas intenções não são nem democráticas, nem tão claras e, provavelmente, eventualmente anti-ocidentais? Lembrem-se dos mujahidin, os "libertadores" no Afeganistão, que destruíram os direitos das mulheres naquele país e, em seguida, passaram a se transformar no talibã? A nota de agradecimento foi o 11 de setembro.
Em quarto lugar, a Resolução 1973 (2011) da ONU que é suficientemente vaga para ter servido para se transformar numa grande dor de cabeça entre os membros da comunidade internacional. Só podemos imaginar as travessuras nos bastidores antes de sua aprovação apressada - era óbvio a partir das palavras do Ministro do Exterior francês Alain Juppé, que era para passar antes mesmo de ser votado.
A redação do seu Parágrafo nº 4, sobre a proteção dos civis, cita Nº 9 da Resolução 1970 (2011), que expressamente proíbe a exportação de armas para a Líbia. Quem, então, está fornecendo armas aos "rebeldes", está descumprindo a lei internacional; os termos do § 4º da Resolução 1973 (2011) mencionam a autoridade à força da ONU "para proteger os civis e áreas populadas por civis, sob ameaça de ataque na Líbia".
Isso não vai contra os preceitos do direito internacional, em que os Estados membros são livres para se proteger em caso de insurreição armada? E onde é que se traça a linha entre "proteger os civis" e atacar as forças do Governo, permitindo que os "civis" avancem sobre Tripoli, como tem sido sugerido em numerosos meios de comunicação?
Em quinto lugar, como pode um grupo de pessoas com uniformes, equipados com armamento pesado, ser considerados "civis" e, portanto, como pode qualquer ataque militar substancial sobre as forças da Líbia ser algo senão uma violação do direito internacional, ocasionando interferência nos assuntos internos de um Estado soberano?
Em sexto lugar, o presidente Obama foi ao Congresso pedir autorização para entrar num ato de guerra, como ele deveria? David Cameron tem informado os seus cidadãos, cuja unidade de maternidade acaba de ser fechada no hospital, cuja escola foi fechada, cujos familiares foram insultados ou atacados por gangues de criminosos bêbados e drogados, porque a força policial foi brutalmente reduzida, quanto dinheiro ele está gastando?
Para aqueles que na Grã-Bretanha estão na lista de espera por uma operação, para aqueles para quem não foi possível obter uma cama de hospital, que foram negados medicamentos oncológicos porque são caros demais e cujos subsídios de segurança social foram cortados, enviando-os à miséria, tenho o prazer de informar que o custo de uma missão por aeronave por hora é entre 35 mil e 50 mil libras esterlinas, ou 200 mil por avião, por dia. O custo de um papel secundário em uma operação de exclusão aérea prolongada na região é de 300 milhões de libras por ano. No mínimo.
Para fazer o quê? Ajudar um bando de saqueadores e fanáticos barbudos a tomarem o poder nas portas da Europa?
Finalmente, quantos dos envolvidos nesta campanha maníaca se preocupou em pesquisar a enorme quantidade de ações que Coronel Al-Kadhafi tem feito não só para o seu povo, mas também para a África? Por quê era agendada uma homenagem ao Muammar Al-Kadhafi ainda este mês na ONU, sobre seu registo em defesa de direitos humanos? Sobre a sua tolerância religiosa...relatório que elogiou-o por proteger "não só direitos políticos mas também direitos econômicos, sociais e culturais", elogiou-o pelo seu tratamento de minorias e pelo treinamento em matéria humanitária pelas forças de segurança.
Quantos deles afirmaram que ele foi uma das primeiras vozes que ressoaram contra Al Qaeda e o terrorismo internacional? Quantos já explicaram que recebeu o país mais pobre do mundo e transformou-o no país com o maior índice de desenvolvimento humano na África?
Mais uma vez, os mais beligerantes membros da comunidade internacional se precipitaram, caíram na armadilha da "síndrome dos Balcãs", (quando Clinton queria retirar as atenções da sua braguilha). Desta vez, quem são os três líderes com problemas de popularidade nos seus países? Barack Obama, David Cameron, e Nicolas Sarkozy, cujas taxas de aprovação estão abaixo daqueles de Muammar Al-Kadhafi
Fonte: Pravda
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Suécia apela de sentença a favor de Assange
A Suécia apela da sentença de liberdade provisória com pagamento de fiança concedida nesta terça-feira, por um tribunal de Londres, ao fundador do WikiLeaks, Julian Assange, afirmou seu advogado Mark Stephens.
Mais cedo, um juiz britânico autorizou a libertação provisória de Assange, preso em Londres há uma semana em função de uma ordem internacional de captura emitida pela Suécia, onde ele é acusado de estupro e abuso sexual.
A libertação foi condicionada ao pagamento de fiança de 240.000 libras (282.000 euros). O australiano, de 39 anos, deverá também usar uma pulseira eletrônica. Ficará restrito à residência em Londres, respeitando horários para se recolher.
Ao ser anunciada a decisão da justiça, Julian Assange levantou o polegar em direção aos seus advogados.
Embora tenha sido autorizada a liberdade provisória, Assange ainda permanecerá preso até que seja julgado recurso da promotoria suéca contra tal sentença de liberdade provisória.
O fundador do WikiLeaks, um site que revela desde o final de novembro documentos secretos da diplomacia americana, vem provocando a cólera de numerosos países.
A Promotoria da Suécia decidiu nesta terça-feira que vai apelar da sentença do tribunal britânico de liberdade sob fiança de Julian Assange. O fundador do site de vazamentos WikiLeaks vai permanecer sob custódia em Londres (Reino Unido) até que a apelação seja apresentada, em um prazo máximo de 48 horas, segundo informou o juiz responsável pelo caso, Howard Riddle.
A advogada de acusação Gemma Lindfield anunciou a decisão em uma audiência na corte às 17h15 (15h15 em Brasília), sem dar razões.
O jornalista Sam Jones, que atualiza seu Twitter de dentro da corte, afirma ao jornal "The Guardian" que Assange disse entender a decisão.
Em entrevista a jornalistas do lado de fora da corte de Westminster, o advogado britânico Mark Stephens disse que os suecos não vão acatar a decisão do juiz. "Eles [autoridades suecas] claramente não vão poupar nenhum gasto para manter Assange na prisão", disse, citado pelo jornal britânico "The Guardian".
"Isto está realmente se transformando em um julgamento-show. Nós estaremos na corte nas próximas 48 horas, eles não nos deram a cortesia de dizer quando. É um infeliz assunto de Estado, mas dada a história deles de perseguir Assange, talvez não seja surpreendente".
Mais cedo, Stephens criticou novamente os promotores suecos e disse que, caso eles apresentassem a apelação, mostrariam que se trata de uma perseguição e não um processo judicial. "Eu acredito que o processo sueco é um abuso", disse o advogado de Assange. "Ainda não recebemos o material, a evidência para que Assange possa entender a natureza das ações contra ele".
Assange nega as acusações de estupro e assédio sexual apresentadas por duas suecas. Ele alega que são uma forma de desacreditar o trabalho do WikiLeaks, que tem causado grandes constrangimentos para os Estados Unidos ao revelar documentos diplomáticos secretos com comentários sobre líderes estrangeiros e revelações sobre os bastidores da diplomacia.
CONDIÇÕES
O advogado confirmou mais cedo que a liberdade de Assange impõe um prazo de sete dias para aprovar com as autoridades um endereço fixo em Londres, onde deverá estar determinadas horas do dia e da noite, para sua localização com aparelho eletrônico.
Mais cedo, a emissora britânica BBC as condições da liberdade provisória incluem ainda que ele se apresente a uma delegacia de polícia todos os dias às 18h, além de um toque de recolher. Assange estaria livre para sair somente entre as 14h e as 22h.
De acordo com o jornal britânico "The Guardian", as condições impostas pelo juiz também incluem o confisco de seu passaporte e o uso constante de um identificador eletrônico. O diário adiantou ainda --sem confirmação oficial-- que a próxima audiência de Julian Assange será no dia 11 de janeiro de 2011.
Mais cedo a emissora britânica BBC havia informado que ao menos dez celebridades britânicas haviam se prontificado a ajudar no pagamento de uma potencial fiança estabelecida pela corte, entre elas o cineasta Ken Loach, a milionária Jemima Khan e o jornalista investigativo australiano John Pilger -- todos estavam presentes durante a audiência desta terça-feira.
Ainda segundo o "Guardian", uma amiga de Assange, a proprietária de restaurantes Sarah Saunders, assinou uma declaração oferecendo 150 mil libras, dizendo que era quase todo o patrimônio que possui.
AUDIÊNCIA
Assange foi fotografado ao chegar à corte de Westminster, trazido por uma van da polícia britânica. O "Guardian" publicou uma foto do australiano dentro de um carro de polícia blindado, sendo levado para a audiência.
Desde a última terça-feira (7), quando se entregou à polícia britânica, Assange está preso após a corte de Westminster decidir que ele deveria ser mantido sob custódia ao menos até a próxima audiência.
Assange poderá ser extraditado para a Suécia, onde é acusado de assédio sexual e estupro contra duas mulheres.
Mark Stephens, o advogado do australiano, dissera mais cedo nesta terça-feira que seu cliente estava disposto a ser monitorado eletronicamente e a permanecer no mesmo endereço como parte das condições de sua liberdade provisória.
CRÍTICAS
Mais cedo, em comunicado, Assange criticou as operadoras Visa, MasterCard e o site de pagamentos PayPal por terem cancelado os serviços à sua organização, classificando-os como "instrumentos de política externa dos EUA".
"Agora sabemos que Visa, Mastercard e PayPal são instrumentos da política externa dos Estados Unidos. É algo que ignorávamos", afirmou Assange de uma penitenciária do Reino Unido a sua mãe, Christine, que repassou o comunicado à emissora Channel 7.
"Faço um chamado a todo o mundo para meu trabalho e meus funcionários sejam protegidos destes ataques imorais e ilegais", disse.
Na semana passada, as operadoras de cartões de crédito Visa e Mastercard anunciaram a suspensão das transferências para o WikiLeaks.
A Visa destacou que aguardava "elementos adicionais" para saber se a atividade do portal está de acordo com suas regras de funcionamento, enquanto a Mastercard qualificou a atividade do site de "ilegal".
A PayPal reativou a conta do WikiLeaks, liberando os fundos disponíveis, mas adotou certas restrições e advertiu que não aceitaria novos pagamentos até nova ordem.
Os sites do PayPal, Visa e Mastercard foram alvos de ataques virtuais de simpatizantes do WikiLeaks.
CIBERATAQUES
Em função da audiência de Assange nesta terça-feira, em Londres, o governo britânico anunciou mais cedo estar preparado para potenciais ciberataques em defesa do australiano.
O governo britânico se diz especialmente preocupado pela possibilidade de os hackers que vem agindo em represália por uma detenção que consideram política, atacarem sites relacionados com as devoluções da Fazenda ou determinadas prestações sociais.
Anteriormente, os ativistas atacaram empresas como MasterCard, Visa, PayPal e Amazon, acusadas de terem cedido à pressão do governo americano para romper seus vínculos com o WikiLeaks e seu criador, Julian Assange.
Fonte: AFP / Folha
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Lula diz que participará de protestos pela liberdade de imprensa e defesa do WikiLeaks
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira que, ao deixar o governo, não ficará dentro de uma "redoma de vidro" e que participará de protestos. Brincou que só não participará de manifestações contra sua sucessora,Dilma Rousseff. Segundo ele, o primeiro evento nas ruas pós-governo poderá ser pela liberdade de imprensa e pela defesa do site WikiLeaks.
"Podem estar certos que nos encontraremos em algum lugar desse país, em alguma assembleia, em alguma passeata, em algum protesto, não contra a Dilma, mas em algum protesto contra alguma coisa. Um protesto porque censuraram o WikiLeaks, vamos fazer manifestação, porque a liberdade de imprensa não tem meia cara, tem que ser total e absoluta, não pode desnudar só um lado. Tem que desnudar tudo", disse Lula durante entrega do Prêmio Direitos Humanos 2010.
Dizendo que apanhou até cair no chão durante a crise do mensalão, em 2005, o presidente disse que deveria ter sido atendido, naquele período, pela Comissão de Direitos Humanos.
"O governo precisava da Comissão de Direitos Humanos para defendê-lo porque a linha de ataque era violenta, raivosa, aquele negócio de que é hora de acabar com o governo e bater no governo até cair no chão", afirmou.
Lula disse que pediu ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, que entregue nos próximos dias relatório da situação da busca de corpos no Araguaia.
A cerimônia de premiação foi interrompida duas vezes por manifestantes. Primeiro, um grupo aproveitou uma brecha em que ninguém estava discursando e gritou em coro "Abertura dos arquivos já". Em seguida, quando Lula discursava, uma manifestante parou em sua frente e abriu uma faixa pedindo audiência com ele ou com a presidente eleita, Dilma Rousseff.
A manifestante, Ana Elisabeth Faria Costa, disse depois do evento que um irmão e outras quatro pessoas estão presas por índios dentro de uma reserva no Pará. Ela disse correr risco de morte por vir a Brasília protestar.
Depois das duas saias-justas, Lula fez elogios à atuação de Paulo Vannuchi na Secretaria de Direitos Humanos e acabou cometendo uma gafe que logo tentou minimizá-la. O presidente disse à deputada Maria do Rosário (PT-RS), que assumirá a secretaria no governo Dilma, que ela poderá se esforçar ao máximo, mas que nunca irá superar Vannuchi na área, no máximo, terá seu trabalho igualado a ele. Ao perceber o mal estar causado por sua frase, Lula remendou que não se deve nunca duvidar do potencial das mulheres.
"Acho, Maria do Rosário, que você pode fazer o máximo que fizer, mas vai apenas fazer igual [a Vannuchi]. Mais do que foi feito nesse período, acho impossível. Se bem que na política nada é impossível. E como as mulheres estão galgando mais espaço na política, o que parece impossível para os homens pode ser baba para as mulheres", afirmou.
Fonte: Folha
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
Qual a sua posição em relação ao Wikileaks?
Nos últimos dias temos presenciado uma verdadeira enxurrada de informações sigilosas e correspondências diplomáticas que foram divulgadas pelo Wikileaks. Tais documentos tem causado muito desconforto e embaraço ao governo dos EUA e seus aliados, pois tratam de assuntos delicados e outros causando verdadeiras saias-justas entre governos e até dentro dos próprios governos.
Com relação a toda sujeira que estava escondida sob os tapetes da diplomacia dos EUA, nós do GeoPolítica Brasil gostariamos de saber o que pensa nosso amigo leitor sobre o Wikileaks e sua atitude de divulgar tais documentos. Para isso criamos na barra lateral uma enquete e convidamos a todos leitores a deixar aqui um comentário sobre sua posição diante de tudo que tem sido revelado e o que vocês pensam sobre o Wikileaks e seu fundador Julian Assange.
Participe, contribua com nosso debate deixe sua opinião, vamos trocar ideias e discutir sobre essa polêmica que tem revelado o lado negro diplomático. Espero a participação de todos, pois este é o principal foco de nosso trabalho e sua voz é muito importante para nós.
Abraços
Angelo D. Nicolaci
Editor
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
EUA avaliam que submarino nuclear é 'elefante branco'
Dois telegramas produzidos pela Embaixada dos EUA em Brasília no início de 2009 fazem duras críticas à Estratégia Nacional de Defesa lançada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em dezembro de 2008.
Em um desses dois despachos aos quais tivemos acesso, ambos assinados pelo então embaixador norte-americano no Brasil, Clifford Sobel, há uma contestação sobre como as Forças Armadas brasileiras serão empregadas no futuro, sobretudo na proteção do mar territorial do país por causa da descoberta das reservas de petróleo da camada do pré-sal.
"Não há (...) informação sobre as possíveis ameaças a áreas de reserva de petróleo e a que a Marinha terá de responder contra-atacando, tornando difícil, por exemplo, avaliar a declaração contida na estratégia de que um submarino nuclear será necessário para proteger essas instalações", diz o telegrama, datado de 9 de janeiro de 2009.
A diplomacia norte-americana classifica como "consistente" o objetivo de modernizar o setor militar no Brasil, mas faz então uma ressalva: "Deixando de lado elefantes brancos politicamente populares como o submarino movido a energia nuclear".
O desejo da Marinha de ter um submarino nuclear é citado sete vezes nos dois telegramas da diplomacia dos EUA. Ao final, esse equipamento é jogado numa lista de itens que podem impedir a concretização da Estratégia Nacional de Defesa.
"Há (...) sérias questões sobre o quanto desse plano será realizado, particularmente com outras supostas prioridades estratégicas, incluindo (...) submarinos nucleares e apoio governamental a empresas do setor de defesa que não sejam competitivas, algo que pode provocar o surgimento de buracos negros que vão sugar todos os recursos disponíveis", diz o telegrama, confidencial.
A compra dos submarinos foi fechada em setembro de 2009. São quatro modelos convencionais Scorpène e o desenvolvimento do casco e da integração de um reator brasileiro a uma unidade com propulsão nuclear. O negócio soma 6,5 bilhões de euros (R$ 14,5 bilhões pela cotação de ontem).
Os dois documentos (um total de 12 páginas) a que tivemos acesso ontem fazem parte de um grande lote de telegramas dos diplomatas dos EUA que estão sendo vazados desde domingo pela organização não governamental WikiLeaks.
Os telegramas lidos são dedicados a analisar a Estratégia Nacional de Defesa do Brasil.
Os textos chamam a atenção para o fato de que o governo "permite 'parceiros estratégicos', mas esses são vistos como os países que aceitam transferir tecnologias que tornarão o Brasil mais independente, não como um colaborador em operações de segurança".
MANGABEIRA
O então embaixador dos EUA escreve em um trecho que "parece que Lula dá atenção" ao que dizia o então ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger. Na verdade, a influência dele,hoje fora do governo,era mais retórica do que prática.
Fonte: Folha
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
Cadê meu Rafale? Cadê meu dinheiro?
Falar de economia nos dias de carnaval é um desafio. O tema ideal precisaria ter tempero de batuque e de Big Brother. Meu assunto desta edição não chega a ser assim um samba, mas poderia render marchinha de rua dos anos 30 do século passado: guerra e indústria bélica. Diversos veículos da imprensa vêm tratando como consumada a decisão do governo federal – ou melhor, do presidente Lula em pessoa – de comprar da França 36 aeronaves supersônicas de altíssimo poder de fogo.
O país, ou seja, nós, os contribuintes, pagaríamos US$ 6,2 bilhões pelos aviões Rafale, mais US$ 4 bilhões em manutenção. O pacote faria a felicidade dos franceses, num momento em que não há exatamente dinheiro sobrando mundo afora e em que qualquer disputa entre fornecedores se torna muito mais acirrada. A força está com os compradores. Isso transformaria o presidente da França, Nicolas Sarkozy, no maior vendedor do mundo, pelo tamanho do “pedido” realizado por nosso Ministério da Defesa.
Mas será que com isso ficaremos mais bem defendidos? O Brasil é um país que tem convivido em harmonia com todos seus vizinhos há mais de um século. Na última vez em que nos vimos em conflito por aqui, a guerra ainda se fazia a cavalo e Santos Dumont nem tinha nascido. O custo da proteção, nesse caso especialmente favorável ao Brasil – graças à boa diplomacia nacional –, tem sido muito inferior ao de países situados em regiões problemáticas do mundo. Os militares brasileiros têm sido até recatados, eu diria, em sua gastança bélica. Essa atitude de respeito ao bolso do contribuinte não é de hoje. Mesmo quando eram donos da caneta, os militares se controlavam no supermercado mundial de armamentos. Será que as atuais condições de segurança do Brasil mudaram tanto assim?
Alega-se, por exemplo, a necessidade de defesa do território marinho do pré-sal, nova descoberta valiosa para o Brasil do futuro. Em que cenário de hostilidades uma força inimiga despejaria seus porta-aviões sobre a costa brasileira para obter alguma vantagem econômica permanente sem sanção internacional? Estaríamos nos transformando em mais uma Venezuela, acossados pela fantasia da iminente invasão ianque? Ou seria justamente da fronteira setentrional que viria a nova ameaça a nossa integridade territorial?
Na compra dos caças da FAB, a opção do governo pode custar US$ 5 bi a mais para nosso bolso.
Essas são questões tão complexas e especulativas que os cidadãos de um país normalmente as delegam às escolas militares superiores e às comissões de defesa na Câmara Federal e no Senado. A imprensa tenta repercutir os fatos mais relevantes, entre os quais os custos finais desses jogos de guerra hipotética. O cidadão vai à guerra sempre, pois é quem paga a conta da defesa, mesmo que nenhum tiro seja disparado contra o inimigo. Contudo, o que ficamos sabendo dos orçamentos bélicos e sua justificativa é absolutamente nada. Por quê?
Dadas a pobreza e as contradições da comunicação oficial, o debate público nesse tema tem de se basear no vazamento de informações. Por esses vazamentos, ouvimos que a Aeronáutica preferiria, com base em avaliações técnicas e de relação entre custo e benefício, os aviões suecos. Eles teriam custo menor – compra e manutenção caberiam em um orçamento de metade do francês. Estamos falando de US$ 5 bilhões de diferença a favor de um equipamento que teria pontuado melhor do que o francês nos cinco itens da avaliação dos militares. Se o governo tiver mesmo decidido pelos caças franceses, estará usando uma regrinha do Big Brother, a da “imunidade do líder”, para decidir sem amparo técnico o que seria o interesse nacional.
Acho que estamos virando país desenvolvido porque gastamos muito com supérfluos – coisa de rico – e somos apáticos até em relação ao aspecto folclórico desses episódios. Em outros tempos, neste Carnaval o povo sairia à rua cantando uma marchinha bélica. Algo como Cadê meu Rafale/Será qu’ele vale?/Lula voou de Rafale/Mas eu não vi nem o cheiro/Epa! Cadê meu dinheiro?/Cadê meu dinheiro?
Fonte: Epoca
Nota do Blog: Este artigo da Revista Época é interessante, apesar de ignorar algumas questões básicas de Defesa Nacional e mesmo de desconhecer o estado de "sucateamente" de nossas forças armadas e a necessidade de manter um nível de capacidade técnica e material condizente com as ambições de nossa política externa.
Mas um ponto muito importante abordado no artigo é a questão da escolha de Lula pelo Rafale, deixando de lado a opção feita pela FAB, que é totalmente voltada para a capacitação operacional, custo aceitável de aquisição/manutenção e retorno em offset.
O Brasil precisa investir em Defesa sim, muito diferente do que diz o autor ao salientar que a ultima vez que entramos em guerra ainda usavasse cavalos e Santos Dumont ainda não era nascido, pois a Paz se faz com a preparação para a guerra, uma nação que esta sempre no "Estado da Arte" militarmente, não só com equipamentos modernos, mas com uma estrutura bem adestrada, como é o caso de nossas tropas, que apesar de mal equipadas atualmente cumprem bem suas atribuições e mantém um elevado nivel de preparo. Pois é muito mais fácil levar a guerra a quem não esta pronto para ela do que para quem já esta com a "faca nos dentes".
sábado, 16 de janeiro de 2010
Haiti, a catástrofe do dia a dia
Hoje após o terremoto que destruiu aquele que é o país mais pobre das américas nós vemos uma mobilização mundial sem precedentes de diversos países. São toneladas de ajuda humanitária, equipamento e pessoal enviados ao Haiti. Mas eu lhe pergunto caro leitor: Porque é preciso uma catástrofe para que nós nos mobilizemos para ajudar nosso próximo?
Vamos analisar um pouco sobre o Haiti, país assolado pela extrema pobreza, que até então não tinha qualquer visibilidade no mundo, pessoas já passavam fome e necessidade antes do terremoto, este só veio a agravar a situação ainda mais. Pois até agora a comunidade internacional estava limitada a atuação na MINUSTAH, que tem por objetivo ajudar na estabilização do país, com sucesso sob o comando do Brasil. Mas e os outros fatores? Realmente há uma série de ONGs engajadas no Haiti, mas o que dizer dos atores da cena geopolítica mundial?
É muito triste ver que para que haja ação conjunta real para salvaguardar a vida humana dependamos de catástrofes ou genocídios, pois Estados como Haiti e Somália, são exemplos da omissão internacional, que se limita no âmbito político das questões. Precisamos ser mais humanos, pois somos todos iguais e sofremos da mesma forma, mas precisamos deixar as diferenças de lado e buscar traçar um futuro pacífico e de harmonia entre os povos.
Quando acontece uma tragédia dessas podemos ver que no fundo podemos cooperar, basta ver Cuba abrir seu espaço aéreo aos EUA para ajudar o Haiti, ou grandes nações mobilizando meios e recursos para salvar vidas e reconstruir alguma infraestrutura daquele Estado que não é Nação por falta de dignidade, pois isso o mundo só esta conferindo aquele povo agora. Como ficara a situação quando o Haiti sair da mídia? Como vai ficar a vida daquele povo quando os líderes das nações acharem que já gastaram o que deveriam?
É incrível o quanto se gasta em conflitos, se compararmos o quanto se gasta para realmente ajudar a vida antes de uma catastrofe.
Vale a pena refletir um pouco sobre o ocorrido e não olhar só pelo foco da tragédia em si, mas de tudo que aquele povo passa diariamente com ou sem o terremoto e considerar o que nós fazemos para ajudar nosso próximo.
Abraços a todos, espero que compreendam este desabafo do seu editor
Autor: Angelo D. Nicolaci (Palestrante/Conferencista - Editor do GeoPolítica Brasil)
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
FX-2 Ranking or not ranking?
O ministro Nelson Jobim avisa que a aeronáutica NÃO FARÁ um ranking dos três caças supersônicos finalistas para renovar a sua frota, apenas analisará critérios individualmente e jogará a maçaroca para Lula decidir.
O problema é que a aeronáutica JÁ FEZ um ranking, com seus especialistas, ouvindo empresas interessadas (Embraer à frente), consumindo quase um ano e 30 mil páginas: o sueco Gripen NG ficou em primeiro; o F-18, dos EUA, em segundo; o francês Rafale, em último.
E agora, José?
Um representante dos EUA ou da França (não conto) usou uma provocação parecida com a do ministro francês Hervé Morin contra o Gripen NG: "O Brasil prefere um Mercedes ou um fusquinha?". A resposta parece óbvia, mas não é.
Um país rico, belicoso, que invade o Paquistão e o Afeganistão sem cerimônia, certamente prefere o Mercedes. Mas, no Brasil, bonachão e de Orçamento apertado, é um luxo caro e sem sentido.
Talvez o mais adequado, como a FAB diz, seja um fusquinha mesmo: um avião menor, mais leve, pela metade do preço, custo de manutenção mais baixo e capaz de cumprir bem a função de vigilância e eventual ataque. Além de trazer tecnologia mais diretamente, com ramificação para a indústria privada e boas chances de negócios.
Assim: os engenheiros e técnicos brasileiros participam do projeto já a partir do desenho e na implementação, aprendem tudo sobre componentes e integração de sistemas e se tornam aptos à fabricação nacional, podendo transformar o país em plataforma de vendas para África e América Latina.
E o fator preço não é irrelevante.
O governo Lula acaba em um ano, mas a dívida fica, assim como o custo de manutenção por 30 anos -vida útil de um brinquedinho assim.
Quem paga? A FAB. Que, por tudo isso, conclui que um fusca zero, de última geração, está de bom tamanho para um país como o Brasil.
Fonte: Folha
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
Hipótese para esse vazamento de informações sobre as preferências da Aeronáutica na licitação FX:
1. Desde o início a escolha recaiu sobre o Rafale. As razões são óbvias. A França é potência militar, o acordo vai se espalhar por outras áreas da Defesa, o avião é bom e testado, há plena garantia de transferência de tecnologia.
2. A Dassult depende fundamental desse contrato para sua sobrevivência, o que poderia garantir ao Brasil enorme poder de barganha nas negociações.
3. Ao antecipar a preferência do Brasil pelo Rafale, no entanto, Lula acabou enfraquecendo a posição brasileira nas negociações em torno de preço. Os franceses se valeram disso para endurecer.
4. Meses atrás, suecos e americanos passaram a jogar pesado na questão preço, mas os franceses se acomodaram, sentindo-se garantidos pela incontinência de Lula.
5. O relatório da Aeronáutica pode ter sido utilizado, então, como elemento estratégico para virar o jogo e derrubar os preços franceses.
Baseio-me nos seguintes fatos:
1. A Eliane Cantanhede tem como fonte o próprio Nelson Jobim – que desde o início defendia a solução francesa.
2. Não cabe à Aeronáutica discutir preços. O relatório deveria se ater (e provavelmente se ateve) aos aspectos técnicos. A pessoa que vazou para a Folha o relatório, com a improvável menção ao preço do equipamento, visou passar um recado para os franceses.
3. Para não cravar 100% nessa hipótese, considere-se o poder de lobby da sueca Grippen junto a alguns brigadeiros – hoje na reserva, mas com bom trânsito na imprensa. E não se deve menosprezar a ação do notório deputado Raul Jungmann.
6. Seja qual for a hipótese correta, Lula errou ao antecipar a preferência pela França.
Fonte: Portal do Nassif
FAB nega ter entregue relatório sobre caças ao Ministério da Defesa
A FAB desmentiu a imprensa e negou hoje que tenha entregue ao Ministério da Defesa um relatório técnico sobre a licitação para a compra de 36 aviões caça acompanhado de um parecer favorável à oferta apresentada pela Suécia, em detrimento das feitas por França e Estados Unidos.
O brigadeiro Antonio Carlos Bermudez, chefe do Centro de Comunicação Social de Aeronáutica, assina um comunicado que diz que o relatório está concluído. Porém, a nota ressalta que, "até o momento, (o documento) não foi enviado ao Ministério da Defesa".
Com este pronunciamento, a FAB desmentiu a informação publicada pelo jornal "Folha de S.Paulo", que disse que a comissão técnica já comunicou ao ministério sua preferência pelo modelo sueco Gripen NG.
A "Folha" afirmou ter tido acesso ao relatório enviado ao ministério. O documento aponta o F-18 Super Hornet, da americana Boeing, como o segundo caça na preferência dos militares da Aeronáutica. Já o francês Rafale, o preferido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aparece em terceiro.
De acordo com a publicação, a preferência pelo Gripen NG foi influenciada, sobretudo, pelo preço, aparentemente muito inferior ao dos caças concorrentes. O custo de manutenção muito baixo também teve peso na decisão.
Fonte: EFE
Nota do Blog: Como foi dito na postagem anterior, o Comando da Aeronáutica não enviou ainda o relatório, mas não confirma ou desmente o resultado noticiado. Será que a notícia esta correta e houve vazamento de informação? Ou será a típica especulação da mídia?
Pessoalmente eu não aguento mais tanto suspense, este programa esta igual a novela chegando ao fim, todos tentando adivinhar como termina a trama.
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
perspectivas para as crises e conflitos nas relações internacionais para 2010
O ano de 2009 não apresentou grandes novidades ou esperanças maiores sobre o que poderá nos esperar em 2010, por mais que a eleição de Barack Obama o tenha sugerido. Em um ano, as crises mantiveram-se praticamente as mesmas e a tão esperada “nova abordagem” das relações internacionais na verdade não aconteceu. Deu-se, isso sim, a instauração de um clima mais aberto, mais voltado para o entendimento em alguns campos, em particular entre os grandes centros de poder.
Os limites da novidade Obama
O clima de enfrentamento e de desconfiança, típico da Era Bush, foi suplantado pelo discurso mais aberto e disponível à negociação de Obama. Contudo, desde o fim da velha ordem mundial (a Guerra Fria, de 1945-1991), a possibilidade de um choque cataclísmico entre grandes potências é bastante baixa. A natureza dos novos conflitos – longe de uma nova ordem mundial pacífica e baseada em negociações internacionais conforme se esperava ao fim da Primeira Guerra do Iraque (1991) – é seu caráter assimétrico (o conflito entre fortes e fracos, no mais das vezes o fraco organizado em forma de Estado-rede em vez de Estado-Nação) ou mesmo dissimétrico (onde se enfrentam dois Estados-Nação, mas de capacidades altamente diferenciadas) [1].
Assim, 2009 reafirmou a nova natureza dos conflitos internacionais: nebulosos, desiguais, dispersos e com uso amplo de recursos táticos altamente sofisticados, em especial o recurso a uma ampla panóplia anti-mecanização (visando anular o poder tecnológico do adversário). Não podemos ainda esquecer, o retorno em força dos conflitos tipicamente convencionais, como foi a guerra entre a Rússia e a Geórgia em razão da Ossétia, conforme nos ensina Lucien Poirier (ver nota um). O fim do risco nuclear imediato – de Estado para Estado – abriu o caminho, claramente para o retorno das grandes operações militares de caráter clássico, sem as implicações decorrentes da possibilidade da “escalada nuclear”. Assim, o fim do “equilíbrio do terror”, a no balance condition, onde a possibilidade de golpear o adversário com força militar desequilibrada, buscando uma solução política para crises, é uma marca da nova ordem mundial, conforme o demonstram as guerras atuais (Iraque I e II, Líbano e Gaza, Geórgia).
O risco nuclear
O risco nuclear, por sua vez, foi empurrado para a borda do sistema dos Estados-Nação. Durante décadas o pensamento estratégico ocupou-se em “pensar o impensável”: como sobreviver, e se possível, vencer num conflito termonuclear total. Superada tal condição imediata, com a aceitação tácita e diplomática das grandes potências atômicas da negociação e do compromisso cooperante, o risco atômico tornou-se marginal. Trata-se, no momento, de controlar dois desenvolvimentos da possibilidade de uso do atômico (e do químio-biológico) enquanto armas: i. de um lado, a posse de tais armas pelo Estado-rede, que por suas características próprias não é suscetível a dissuasão; ii. De outro lado, impedir o acesso de Estados-párias (the rogue states) a tal possibilidade, limitando o clube dos possuidores de armas de destruição de massas a um número restrito de Estados convertidos à lógica da responsabilidade westfaliana.
Devemos, assim, pensar as condições de conflito e crise da Nova Ordem Mundial a partir das premissas teóricas acima expostas, abrindo caminho para a análise dos mais importantes dossiês críticos atuais e cujo desenrolar será a base das relações internacionais em 2010.
A Herança Bush
Desta forma, no tocante às grandes crises, mantiveram-se os termos herdados da Administração Bush. A melhoria das relações deu-se principalmente no relacionamento dos Estados Unidos com os demais centros de poder do planeta. Assim, a chegada de Obama ao poder resultou, sem qualquer dúvida, numa ampla melhoria do relacionamento com a Europa, encerrando o velho e inútil debate provocado por Donald Rumsfeld (então secretário de Defesa do Bush) sobre a “velha” e a “nova” Europa. Em especial a França, agora com Nicolás Sarkozy, e a Espanha, voltam a alinhar-se com a política externa americana, em detrimento das relações com a Polônia, Itália e outros aliados neoconservadores de Washington. Assim, a “fratura atlântica”, no interior da própria OTAN foi fechada, sem grandes esforços com a mudança de comando em Washington.
Em segundo lugar, o relacionamento com a Federação Russa que havia chegado ao ponto mais baixo nas conferências de segurança de Munique e na cúpula da OTAN em Bucareste, em 2008 (quando se discutiu a proposta americana de incorporação a Ucrânia e da Geórgia) também sofreram uma notável melhoria com as novas posturas da Administração Obama [2]. Na conferência de Munique, o premiê russo Vladimir Putin fez uma fala curta e dura, advertindo os EUA e o Ocidente geral contra a tentativa de isolamento da Rússia, em especial em virtude do projeto da Administração Bush de construir um escudo antimíssil em antigos países do pacto de Varsóvia, literalmente às portas das regiões estratégicas da Federação Russa·.
Na verdade, já antes de março de 2009, em tratativas secretas, a Administração Obama ofereceu a Moscou o desmantelamento do programa do escudo antimíssil na Europa em troca de um alinhamento – que acabará se convertendo em realidade ao longo de 2009 – dos russos sobre o dossiê iraniano. Assim, Obama conseguiu uma vitória diplomática significativa, isolando ainda mais os iranianos, poupando gastos astronômicos com armas (no momento em que o déficit torna-se um peso alarmante em plena crise econômica mundial). Tais acordos abririam o caminho para, mais tarde – na conferência de cúpula de Moscou, em julho de 2009 -, iniciarem-se conversações entre Washington e Moscou visando à redução dos arsenais nucleares de ambos os países, invertendo a tendência dominante dos oito anos da Administração Bush.
Por fim, e de forma significativa, a primeira missão externa da nova secretária de Estado, Hillary Clinton, foi em direção a Ásia Oriental, visitando a China, Coréia do Sul e Japão. O relance de uma parceria Washington-Beijing, um ponto forte da Administração Clinton, voltou para a agenda principal norte-americana. Os temas econômicos, a questão da subvalorização do Yuan – e seu impacto sobre as contas externas americanas – e o dossiê da Coréia do Norte foram pontos centrais da atenção norte-americana.
América Latina: mais uma vez esquecida!
Entretanto, outros campos do relacionamento internacional não tiveram a mesma dinâmica da qual foram objeto europeus, russos e chineses. Após um começo promissor, por exemplo, de Obama na 39ª Conferência da Organização dos Estados Americanos, OEA, em San Pedro de Sula (Honduras), a America Latina foi, ainda uma vez, abandonada ao mesmo ritmo tradicional dos formuladores norte-americanos. Talvez pior. O estamento militar, e a diplomacia herdade de Bush, ao lado do lobby neoconservador no Congresso Americano, conseguiram igualar a política de Bush e Obama para o hemisfério Ocidental. Desde uma abordagem inócua para as terríveis questões econômicas e de segurança em curso no México, até o fiasco do anuncio do acordo militar com a Colômbia (o qual as chancelarias do continente souberam pelos jornais) culminante na postura ambígua sobre o golpe militar em Honduras. O aparente esvaziamento dos argumentos de Hugo Chávez não se deu, e mesmo conseguiu ganhar novo conteúdo – após todos vaticinarem que Chávez ficaria, perante Obama, sem discurso – quando o presidente dos Estados Unidos aceita gerir sete bases militares no território colombiano.
A sensação de frustração rapidamente espalhou-se pelo hemisfério, variando desde um martelamento continuo como as criticas Venezuelanas contra o acordo militar Washington-Bogotá até o sentimento de frustração claramente manifestado por Brasília.
O desconforto de Washington
Alguns especialistas em política externa, ligados ao Partido Democrata norte-americano, sentiram-se tão desconfortáveis perante a ausência de proposições claras e alternativas, que tiveram que sair à cena para defender a política externa da Administração Obama. Talvez a mais significativa intervenção – pelo veículo utilizado e pelo prestigio do autor – tenha sido o artigo de Zbigniew Brzezinski no número de janeiro/fevreiro de 2010 da Foreign Affairs. Desde o significativo título do artigo – Let Obama Be Obama (sic!) – até a verdadeira “arrumada” que o velho especialista dá aos assuntos esternos americana, o artigo assemelha-se a uma chamada à ordem para o departamento de Estado e de Defesa, com sérias advertências encobertas sob o manto da compreensão e da benévola expectativa.
De qualquer forma, malgrado os novos termos apresentados para a diplomacia americana, em especial no discurso de Obama na cidade do Cairo, pouca coisa transformou-se em realidade. O estruturado discurso perante a elite egípcia, repondo os termos das relações dos Estados Unidos, e em conseqüência do Ocidente, com o Islã, constitui-se numa peça de elevado valor epistemológico em relações internacionais. Mas, não resultou em mudanças significativas sobre o apoio norte-americano aos regimes reacionários do Oriente Médio, a mediação no conflito entre Israel-Palestina ou na permanente vontade de intervir por ações militares bruscas, como ocorreu ao longo de 2009 no Paquistão e no Yemen. Neste último país, em virtude dos seguidos erros da Administração Bush, a Al-Qaeda pode se implantar fortemente ao longo de 2009.
No grande mapa das relações internacionais, por sua vez, a anunciada “nova abordagem” proposta pela Administração Obama, também não aconteceu.
Notas : [1] É de extrema relevância, no atual momento dos conflitos da era pós-nuclear, um retorno ao classicismo nos estudos sobre as guerras e, fundamentalmente, na reconstrução da inteireza epistemológica das doutrinas bélicas. O interregno de 1945 ( ou 1947 ou 1949 ) até 1991 provocado pela Guerra Fria e a condição MAD ( de mútua destruição assegurada ) foi suplantado. Da mesma forma a chamada “Inversão clauzewitzniana” também o foi. Isso quer dizer que (i) o risco de escalada nuclear dos conflitos é bastante baixa, o que libera as forças convencionais para um amplo uso, marcando o retorno da guerra convencional ou clássica como forma central de conflito entre os Estados-Nação; (ii) A aparição de formas avançadas, tecnologicamente sofistciadas, de guerra irregular, sob a forma de conflitos assimétricos, contrapondo o Estado-Nação a formas novas de Estado-rede, tais como o terrorismo, o narcotráfico, o crime transfronteiriço, etc... Um texto revelador sobre o tema – e que foi durtante muito tempo ignorado em função da fixação tecnicista da estratégia pós-Guerra Fria, é a análise magistral do general francês Lucien Poirier da Primeira Guerra do Golfo ( ou do Iraque, em 1991), quando afirma: ...a Guerra do Golfo restaurou a violência nas suas funções anteriores e marca uma transformação de peso na sua trajetória histórica. ‘’ Ver POIRIER, Lucien. La Guerre du Golfe dans La genealogie de La stratégie. In: Revue Stratégique, no. 51, 3º. e 4º. Trimestre, 1991.
[2] Na Conferência de Bucareste, organizada pela NATO, malgrado a pressão da Polônia e dos Países Bálticos, ferrenhamente anti-russos, a posição da França e a Itália – contrárias a incorporação da Gerorgia e da Ucrânia – acobou sendo vencedora. Com a incorpração das duas antigas ex-repúblicas soviéticas a OTAN teria desencadeado uma reação nacionalista extremamente agressiva em Moscou. Ver a análise da agenda da conferência em: http://www.nato.int/docu/update/2008/04-april/e0402b.html; e ainda: http://www.summitbucharest.ro/en/1.html
O artigo é de Francisco Carlos Teixeira da Silva - Coordenador do Laboratório de Estudos do Tempo Presente/TEMPO/Universidade do Brasil/UFRJ.
Fonte: Carta Maior