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quinta-feira, 21 de março de 2013

A ameaça do drone inteligente

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Se vocês acham preocupante a utilização de drones armados, imaginem então se a decisão de matar um inimigo suspeito não for tomada por um operador em uma longínqua sala de controle, mas pela própria máquina. Imaginem um avião-robô que estuda a paisagem em terra, reconhece uma atividade hostil, calcula que existe um risco mínimo de danos, e, então, sem a participação de um ser humano, aciona o gatilho.
 
Bem-vindos à guerra do futuro. Enquanto os americanos debatem sobre o poder do presidente de ordenar o assassinato por drones, uma poderosa dinâmica – científica, militar e comercial – nos impele para o dia em que cederemos essa mesma autoridade destrutiva ao software.
 
No próximo mês, várias organizações de defesa dos direitos humanos e para o controle de armamentos se reunirão em Londres para lançar uma campanha de proibição dos robôs assassinos antes que eles saiam das pranchetas dos engenheiros. Entre os que propõem a proibição estão os que conseguiram conquistar um amplo consenso no mundo civilizado contra o uso indiscriminado das minas terrestres que aleijam as pessoas. Desta vez, eles abordarão um problema mais ardiloso, o do controle de armamentos.
 
Os argumentos contrários ao aperfeiçoamento de armas totalmente autônomas, como elas são chamadas, são tanto morais (“elas são nefastas”)e técnicos (“jamais serão tão inteligentes”) quanto viscerais (“assustadoras”).
 
“É uma coisa que as pessoas consideram instintivamente errada”, afirma Stephen Goose, diretor da divisão de armas da organização Human Rights Watch, que assumiu a liderança do desafio à desumanização da guerra. “O repúdio é realmente violento.”
 
Alguns especialistas em robótica duvidam que, algum dia, um computador consiga distinguir, sem possibilidade de erro, um inimigo de uma pessoa inocente, e muito menos se uma carga de explosivos será a resposta acertada ou proporcional. E se o alvo potencial já estiver ferido, ou tentando se render? Além disso, mesmo que a inteligência artificial atinja ou ultrapasse um grau de competência humana, ressaltam os críticos, jamais será capaz de provocar simpatia.
 
Noel Sharkey, um cientista da computação da Universidade Sheffield e presidente do Comitê Internacional para o Controle de Armas Robóticas, conta que uma patrulha americana no Iraque se aproximou de um grupo de rebeldes; ao apontarem seus fuzis, os soldados se deram conta de que se tratava de um funeral e os homens carregavam um caixão.
 
Matar pessoas que acabavam de ser atingidas pela tragédia provocaria o ódio dos locais contra os Estados Unidos, e os soldados baixaram suas armas. Será que um robô seria capaz de fazer esse tipo de julgamento? E há a questão da responsabilidade. Se um robô bombardeia uma escola, quem é o culpado: o soldado que mandou a máquina para o campo? Seu comandante? O fabricante? O inventor? Nas instâncias superiores das forças armadas existem dúvidas quanto ao uso de armas dotadas de autonomia. Em novembro do ano passado, o Departamento da Defesa emitiu uma espécie de moratória de dez anos referente ao desenvolvimento desse tipo de armamento enquanto discute as implicações éticas e as possíveis salvaguardas. Trata-se de uma orientação informal, que provavelmente seria posta de lado em um minuto se soubéssemos que a China vendeu armas autônomas ao Irã, mas de certo modo é bastante tranquilizador que os militares não estejam optando por esse recurso sem antes refletir profundamente sobre a questão.
 
Comparada às heroicas iniciativas para banir as minas terrestres e conter a proliferação nuclear, a campanha contra os robôs armados munidos de licença para matar enfrentam obstáculos totalmente novos.
 
Por exemplo, não está absolutamente claro onde se deverá traçar uma linha divisória. Embora o cenário de soldados do tipo ciborgue do Exterminador do Futuro esteja ainda a décadas de distância, se é que tudo isso não passa de uma fantasia, os exércitos do mundo inteiro já estão prevendo a adoção de máquinas com uma capacidade de destruição cujo poderio em combate vem gradativamente aumentando.
 
As forças armadas já deixam que as máquinas tomem decisões cruciais quando a situação evolui rápido demais para debater a intervenção humana. Os EUA dispõem há muito tempo de navios de guerra da classe Aegis que utilizam defesas antimísseis automatizadas capazes de identificar, perseguir e derrubar em segundos ameaças próximas. E o papel dos robôs está se expandindo até o ponto em que a decisão humana final de matar será em grande parte predeterminada pela inteligência produzida pela máquina.
 
“O problema, por acaso, é o dedo que aperta o gatilho?”, pergunta Peter W. Singer, especialista em guerra do futuro da Brookings Institution. “Ou será aquela parte que me diz que ‘esse cara é mau’?” Israel é o primeiro país a construir e a utilizar (e vender, para China, Índia, Coreia do Sul e outros) uma arma que pode realizar um ataque preventivo sem depender de um ser humano. O drone que paira no ar chamado Harpia é programado para reconhecer e lançar uma bomba contra qualquer sinal de radar que não conste em seu banco de dados como “amigo”.
 
Até o momento, não foram relatados erros, mas suponhamos que um adversário instale seu radar antiaéreo no teto de um hospital? Sharkey destaca que a Harpia é uma arma que já cruzou um limiar preocupante e não é possível fazê-la recuar. Há outros sistemas semelhantes, como o X-478 da Marinha dos EUA, um avião de combate não tripulado, semi-independente, que se encontra em fase de teste. Por enquanto, não está armado, mas foi construído com dois compartimentos para bombas. Nós já estamos no futuro.
 
Para os comandantes militares, o apelo das armas autônomas é quase irresistível, e não se parece com nenhum outro avanço tecnológico anterior. Os robôs são mais baratos que os sistemas pilotados, ou mesmo que os drones – que exigem dezenas de técnicos fornecendo apoio ao piloto remoto. Esses sistemas não colocam em risco a vida das tropas nem as expõem a ferimentos ou a traumas mentais. Os soldados não ficam cansados nem apavorados. Uma arma que não depende de comandos de uma base pode continuar combatendo depois que o inimigo provoca interferência nas comunicações, o que é cada vez mais provável na era dos pulsos eletromagnéticos e dos ataques cibernéticos.
 
E nenhum estrategista militar quer ceder uma vantagem a um adversário em potencial. Atualmente, mais de 70 países dispõem de drones, e alguns trabalham intensamente nos aspectos tecnológicos para soltar esses aviões de suas amarras virtuais.
 
“Mesmo que haja uma proibição, como poderá ser posta em prática?”, pergunta Ronald Arkin, cientista da computação e diretor do Laboratório de Robôs da Georgia Tech. “Isso não passa de software.” Os exércitos – e os mercadores de guerra – não são os únicos que investem nessa tecnologia. A robótica é uma fronteira científica hiperativa que vai desde os laboratórios mais sofisticados de inteligência artificial até os programas de ciências no ensino médio.
 
No mundo todo, as competições organizadas de robótica atraem 250 mil jovens estudantes. (Minha filha de 10 anos é uma competidora.) E a ciência da construção de robôs matadores não está tão facilmente separada da ciência que produz carros que não precisam de motorista ou computadores que se distinguem no programa de TV de perguntas e respostas Jeopardy.
 
Arkin afirma que a automação também pode tornar a guerra mais humana. Os robôs talvez não sintam compaixão, mas também não têm as emoções que levam a erros terríveis, atrocidades e genocídios: desejo de vingança, pânico, animosidade tribal.
 
“Meus amigos que serviram no Vietnã disseram que, quando se encontravam em uma zona de fogo livre, atiravam em tudo o que se movia”, ele afirmou. “Acho que podemos projetar sistemas autônomos, inteligentes, letais, capazes de fazer melhor do que isso.” Arkin afirma que as armas autônomas precisam de limites, mas não mediante o corte abrupto da pesquisa. Ele defende uma moratória do uso desses recursos e uma discussão ampla sobre as maneiras de ter seres humanos como responsáveis.
 
Singer, da Brookings Institution, também se mostra cauteloso a respeito da proibição de armas: “Apoio a finalidade, chamar a atenção para o caminho perigoso que estamos percorrendo. Mas nós temos uma história que não me deixa absolutamente otimista”.
 
Assim como Singer, não tenho grandes esperanças quanto à viabilidade da proibição de robôs que provocam a morte de pessoas, mas gostaria que me provassem que estou errado. Se a guerra é feita para parecer impessoal e segura, quase tão moralmente significativa quanto um videogame, temo que as armas autônomas acabem empobrecendo nossa humanidade. Tão perturbadora quanto a ideia de os robôs se tornarem mais parecidos com os seres humanos é a perspectiva de que, ao longo do processo, nos tornemos mais parecidos com os robôs.
 
Fonte: Estadão
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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

A outra crise europeia

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A outra crise que afeta a Europa, e talvez a mais profunda, é a de identidade, que está na base de seus problemas econômicos e políticos. Intui-se que a Europa foi construída sem os europeus, já que estes não parecem comungar de uma identidade comum, ancorada em valores partilhados. A crise revelou que diversidade não significa tolerância, e que as diferenças nacionais constituem sérios obstáculos para a integração. Após décadas, preconceitos persistem e os partidos que pregam menos diversidade e mais intolerância ganham espaço.

O processo de edificação da União Européia (UE) iniciado após o final da Segunda Guerra Mundial, ao lado da construção de uma trama institucional ambiciosa, provocou em várias áreas do conhecimento um interesse eufórico pelos processos de integração. Diante da crise atual, todavia, a Europa deixa de ser protagonista da integração bem sucedida, e amarga o resultado de suas escolhas equivocadas. Fica demonstrado que uma verdadeira união não se sustenta com base em assimetrias e desequilíbrios econômicos mal resolvidos, nem tampouco em identidades artificialmente costuradas.

Ao contrário, as experiências integracionistas demonstraram que uma verdadeira integração exige a convergência de vários fatores, que não apenas econômicos, mas também políticos e culturais. Diante da UE afogada em uma complexa crise de múltiplas facetas que deverá perdurar por muito tempo, parece que o sonho europeu está se transformando em verdadeiro pesadelo.

A crise financeira é a mais grave desde os anos trinta, com altas taxas de desemprego, crescimento quase inexistente, falência de bancos e endividamento de vários governos. A crise econômica, por sua vez, é a mais profunda da história da UE, com seu projeto mais ambicioso, o da moeda única comum, gravemente ameaçado.

A outra crise que afeta a Europa, e talvez a mais profunda, é a de identidade, que está na base de seus problemas econômicos e políticos. Intui-se que a Europa foi construída sem os europeus, já que estes não parecem comungar de uma identidade comum, ancorada em valores partilhados. A crise revelou que diversidade não significa tolerância, e que as diferenças nacionais constituem sérios obstáculos para a integração. Após décadas, preconceitos persistem e os partidos políticos que pregam menos diversidade e mais intolerância ganham espaço.

Desde o início das turbulências, faz eco o descontentamento da população dos países europeus, uma vez que as medidas de austeridade fiscal adotadas afetam diretamente os cidadãos e suas condições de bem estar social, levando também a uma instabilidade política, decorrente da insatisfação coletiva. As minorias e os imigrantes pagam o preço mais alto. O princípio da livre circulação de pessoas, outra pedra angular da integração européia, está sucumbindo diante da reintrodução dos controles de fronteiras em diversos países.

No decorrer da chamada Primavera Árabe, muito se debateu na Europa acerca de suas conquistas em relação aos direitos humanos. Entretanto, desde o desencadear da turbulência econômica, parece que outra faceta da crise vem sendo menosprezada, mais silenciosa, mas tão violenta quanto aquela, qual seja, a crise dos direitos humanos. Em seu relatório anual, a ONG Human Rights Watch constatou uma Europa menos democrática em 2011 e um recuo da proteção dos direitos humanos, principalmente com as discriminações, a intolerância em relação às minorias, às migrações e aos asilos. A crise migratória suscitada pelo conflito na Líbia e o êxodo de tunisianos em 2011 revelou uma espécie de Europa-fortaleza quase impenetrável.

O euro, símbolo da verdadeira integração européia, ao invés de aproximar a UE de seus cidadãos, está condenando milhões de europeus a décadas de miséria, ao mesmo tempo em que o preconceito e a intolerância os estão afastando de um dos mais aclamados valores que deveriam partilhar, aquele da proteção dos direitos humanos.

Por: Larissa Ramina - Doutora em Direito Internacional pela USP. Professora do Programa de Mestrado em Direitos Fundamentais e Democracia da UniBrasil. Professora do UniCuritiba.

Fonte: Carta Maior
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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Guerras no mundo triplicaram em 2011

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O "Barômetro de conflitos" divulgado por Instituto de Heidelberg de Pesquisa Internacional de Conflitos (HIIK) apresentou resultados assustadores. Oriente Médio e África são principais celeiros de conflito.

Especialistas alemães em pesquisa de conflitos fizeram um balanço dos choques mais violentos no mundo, com um resultado alarmante: no espaço de um ano, o número de guerras em curso mais do que triplicou. Conforme Natalie Hoffmann, do Instituto de Pesquisa Internacional de Conflitos de Heidelberg (HIIK, na sigla em alemão), é impossível detectar uma tendência em direção a um mundo mais pacífico.

Ao invés disso, os números de 2011 foram os mais altos desde 1945. Os pesquisadores contaram 20 guerras e 166 "conflitos desenvolvidos de forma violenta". O instituto alemão projeta um acréscimo nos próximos meses. No ano anterior, haviam sido registradas seis guerras e 161 conflitos violentos.

Oriente Médio, África, Cáucaso

Desde 1991, o HIIK divulga o "barômetro mundial de conflitos", com o fim de fornecer uma noção total das crises, conflitos e guerras em curso. Entre as hostilidades que resultaram em guerra, no ano passado, os pesquisadores incluem a situação no Iêmen, Líbia e Síria.

Seguem classificados como "guerra", as ofensivas das Forças Armadas paquistanesas contra os talibãs, os embates entre o governo afegão e os talibãs e a violência no Iraque. Em todos esses casos, houve milhares de vítimas fatais. O instituto também considerou como guerra a luta entre o governo do México e os cartéis das drogas.

Tratam-se, em sua maioria, de conflitos internos, cujos principais palcos são o Oriente Médio e a África, observou o presidente do HIIK, Christoph Trinn. Ele acrescentou que sua equipe verifica "um grande potencial para uma escalada". Três novas guerras relacionadas com a "Primavera Árabe" se estabeleceram rapidamente em 2011: no Iêmen, na Síria e na Líbia. Houve ainda um acirramento dos conflitos já existentes na Nigéria e no Sudão.

Segundo a estimativa do instituto alemão, o maior celeiro de violência na Europa é a região do Cáucaso. Lá, foram detectados 19 conflitos e uma "guerra delimitada". Como único conflito binacional do continente, registrou-se o que se desenrola entre a Armênia e o Azerbaijão.

Fonte: Deutsche Welle
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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Direitos Humanos?

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Na Líbia chegou tragicamente ao fim o governo de Muamar Kadafi, deposto e assassinado pelos seus opositores com auxílio da OTAN e suas intervenções cada vez mais comuns fora do contexto para o qual foi criada.

Durante a “revolta” na Líbia, que na verdade não passou de uma manobra euro-americana para se apoderar das riquezas daquela nação, além de por fim a uma ameaça aos interesses capitalistas no continente africano. Uma vez que a Líbia possuía uma moeda independente do dólar e uma economia desatrelada do FMI, onde seu líder, Muamar Kadafi, possuía como uma de suas ambições criar uma moeda africana forte e desatrelada do dólar, o que representaria um impacto considerável na economia global diante das constantes crises que enfrenta a moeda norte-americana.

Eu agora pergunto o que seriam os tais direitos humanos defendidos como ignição da intervenção da OTAN na Líbia?

Pelo que pude acompanhar, tal alegação de proteger civis intervindo com a criação de uma zona de exclusão aérea que foi muito além de sua missão original. Principalmente se observarmos os inúmeros bombardeios contra áreas civis e residenciais que vitimaram centenas de inocentes, o ataque sistemático ao aparato de defesa do governo líbio e a clara intenção de vitimar Kadafi e sua família ao bombardear residências onde provavelmente estaria abrigado. Isso por si já poderia ser considerado e denunciado como crimes de guerra, porém não há que tenha interesse, ou coragem de levar essa questão ao tribunal internacional.

Outra atitude vergonhosa que não sofre qualquer forma de repressão da OTAN ou da comissão de direitos humanos da ONU, diz respeito á exposição do corpo de Kadafi em um frigorífico de Misrata como se fosse um troféu de caça, um claro desrespeito á figura humana e negando ao mesmo um digno repouso após o covarde ato perpetrado por seus algozes que o capturaram e executaram sem qualquer julgamento, algo que contraria os direitos humanos e deveria ser punido.

Os Direitos Humanos a cada dia me convence que são apenas uma bela desculpa para se proteger não civis e inocentes, mas algozes assassinos e os interesses de uma determinada elite. Cito aqui o caso brasileiro, onde um meliante mata e comete dezenas de crimes e quando sofre a reação de algum cidadão ou policial que ocasiona sua morte, os direitos humanos logo se levantam em defesa do criminoso, condenando quem em sua defesa ou de nossa sociedade pôs fim a um dos promotores da insegurança em nossa sociedade. Agora se o mesmo mata um cidadão ou policial, ainda assim é tratado como “o coitadinho” vítima da sociedade.

Sinceramente, estou farto de tantos absurdos em defesa dos ditos direitos humanos, e peço a Deus todos os dias que jamais eu venha a precisar desses tais “direitos humanos” defendidos pelo mundo afora.

Angelo D. Nicolaci
Editor GeoPolítica Brasil
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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Que justiça?

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Amigos eu neste momento tento sinceramente compreender o sistema de justiça internacional, ou ao menos o que dizem ser isso. Ao observar os fatos recentes de nossa história humana, nos deparamos com casos e casos, algo tipo "um peso e duas medidas" nas penalidades internacionais e o julgamento dos crimes de guerra e contra a humanidade.

O que vem a ser realmente um crime contra a humanidade? Será que acusar e invadir um país sem provas concretas, ocupa-lo e matar milhares de civis com bombardeios e ataques militares não e um crime contra a humanidade? Será que isolar um povo, como assistimos na Faixa de Gaza, e promover uma estratégia de extermínio de civis inocentes com ataques contra hospitais e escolas, não é um crime contra a humanidade e de guerra? Será que deter em uma prisão sem direitos pessoas acusadas sem provas concretas de envolvimento com terrorismo e tortura-las não é motivo para se levar tal Estado á julgamento?

Bem amigos, sinceramente eu não sei mais o que dizer após assistir ao assassinato de Muamar Kadafi, acusado de crimes contra a humanidade, e diversos outros crimes pelo tribunal internacional, pelos seus algozes, não constitui um crime internacional ao qual deva ser investigado e julgado.

Muamar Kadafi ao longo de sua trajetória de líder líbio ao longo de 42 anos no poder, realmente pode e cometeu algumas transgressões ás leis internacionais, mas que atire a primeira pedra o país da OTAN, ou aliado dos EUA que não tenham cometido algum dos crimes imputados a Kadafi.

O interesse político-econômico internacional é o que realmente pauta o direcionamento da "justiça", afinal, como condenar Kadafi por reprimir uma revolta armada contra seu governo e lançar sobre ele toneladas de bombas em uma dita operação de proteção dos civis, onde tais bombas vitimaram centenas de civis inocentes, enquanto no Bahrein manifestantes desarmados são presos e executados pelo governo daquele país, contando ainda com apoio de tropas sauditas na repressão? Isso sem citarmos o que ocorre no Iêmen.

Justamente devido à atual conjuntura geopolítica e as ambições desenfreadas dos EUA e seus aliados que eu defendo sim que o Irã detenha domínio da tecnologia nuclear e possua capacidade de produzir caso necessário para sua autodefesa um modesto arsenal nuclear, pois seu vizinho Israel possui um arsenal nuclear potêncial desconhecido, ao qual o mundo fecha os olhos e não exibe qualquer interesse em inspecioná-lo, ou mesmo pressionar para que o Estado israelense venha a se desfazer de tais artefatos que desequilibram de forma considerável a balança de poder no Oriente Médio.

Sinceramente, eu adoraria ver realmente a justiça internacional funcionar, á começar pelo julgamento do ex-presidente americano George W. Bush e seus parceiros na invasão do Iraque, o julgamamento e condenação de Israel pelos crimes contra a humanidade cometidos em Gaza, a condenação da Geórgia pelos crimes cometidos durante o ataque a Ossétia do Sul, isso só para citar alguns casos.

Mas como o mundo é movido por interesses econômicos e pelo poderio bélico, acredito que a chance de vermos a lei se aplicar a todos tem uma remota chance de ser contemplada, afinal quem somos nós meros cidadãos do mundo, que sustentamos nossos países e pagamos a conta de guerras insanas e atos de violência desmedida para cobrar consciência e justiça para todos?

Bem vou encerrar por aqui, pedindo apenas que se abra a visão para essa realidade que vos apresento, e passemos a ser mais ativos em nossos atos enquanto cidadãos que definem os rumos de nossos governos através de pequenos atos, começando pela consciência ao definir que irá conduzir a política de nossos governos.

Angelo D. Nicolaci
Editor GeoPolítica Brasil

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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Rússia quer prolongar vida útil da ISS até 2028

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A Rússia propôs nesta terça-feira o prolongamento em oito anos da vida útil da Estação Espacial Internacional (ISS), que iniciou suas operações em 1998 e tem fechamento previsto para 2020.

"Os especialistas têm diante de si a missão de estudar uma proposta audaz: como garantir o funcionamento da ISS em órbita durante 30 anos", disse Alexei Krasnov, chefe do programa de cosmonautas da agência espacial russa, Roscosmos.

Krasnov, que fez estas declarações durante um fórum internacional em Moscou, disse que a plataforma poderia ser utilizada no futuro como centro de montagem dos aparelhos para voos interplanetários.

A iniciativa russa recebeu imediatamente o apoio do diretor de operações da Nasa (agência espacial americana), Mark Polanski, e dos representantes da Agência Espacial Europeia (ESA), informam as agências de notícias russas. Para Polanski, a estação terá nos próximos anos um papel crucial como trampolim para os voos à Lua, Marte e outros lugares remotos do espaço.

Estava previsto que a ISS fosse aposentada em 2015, mas a Rússia e os outros 15 países financiadores da plataforma insistiram na importância de prolongar sua vida útil.

Além da Rússia, Estados Unidos, Japão, Canadá e 12 países-membros da União Europeia (UE) também participam do projeto, que nunca contou com a adesão da China, terceira maior potência espacial do mundo.

Os primeiros astronautas pisaram na plataforma no dia 2 de novembro de 2000, de maneira que a ISS já superou o recorde estabelecido pela estação russa MIR de nove anos e 257 dias com presença humana.

Fonte: EFE
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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O que substituirá a social-democracia?

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A social-democracia prometeu um futuro melhor para as gerações seguintes, algo como a elevação permanente da renda nacional e das famílias. Chamou-se isso de “estado do bem-estar social”. Era uma ideologia que refletia o ponto de vista segundo o qual o capitalismo poderia ser “reformado” e assumir uma face mais humana. A solução social-democrata tornou-se uma ilusão. A questão é: o que irá tomar o seu lugar?

A social-democracia teve seu apogeu no período entre 1945 e o final dos anos 1960. Naquele momento, representou uma ideologia e um movimento que lutaram pelo uso dos recursos do Estado para assegurar alguma distribuição em favor das maiorias, de distintas formas concretas. Expansão dos sistemas de Saúde e Educação. Garantia de níveis de renda ao longo da vida, por meio de programas que atenderam às necessidades dos sem-emprego, particularmente as crianças e idosos. Programas para reduzir o desemprego. A social-democracia prometeu um futuro sempre melhor para as gerações seguintes, algo como a elevação permanente da renda nacional e das famílias. Chamou-se isso de “estado do bem-estar social”. Era uma ideologia que refletia o ponto de vista segundo o qual o capitalismo poderia ser “reformado” e assumir uma face mais humana.

Os social-democratas foram particularmente poderosos na Europa Ocidental, Grã-Bretanha, Austrália e Nova Zelândia, Canadá e Estados Unidos (onde eram chamados Democratas do New Deal). Em outras palavras, nos países ricos do sistema-mundo, aqueles que poderiam ser chamados de integrantes do mundo pan-europeu. Seu sucesso foi tão vasto que seus oponentes à direita também adotaram o conceito de estado do bem-estar social, limitando-se a reduzir sua abrangência e seus custos. No resto do mundo, os estados tentaram pular no bonde por meio de projetos de “desenvolvimento nacional”.

A social-democracia foi um projeto muito bem-sucedido durante este período. Tornou-se viável graças a duas realidades daquele tempo: a incrível expansão da economia-mundo criou os recursos que fizeram a redistribuição possível; e a hegemonia dos Estados Unidos no sistema-mundo assegurou relativa estabilidade e, em especial, a ausência de violência grave no interior desta zona rica.

O quadro cor-de-rosa não durou. Ambas as realidades se esgotaram. A economia-mundo deixou de se expandir e entrou em longa estagnação, na qual ainda vivemos; e os Estados Unidos iniciaram seu longo, ainda que lento, declínio enquanto potência hegemônica. Ambas realidades aceleraram-se consideravelmente no século 21.

A nova era iniciada nos anos 1970 viu o fim do consenso centrista em torno das virtudes do estado de bem-estar social e do “desenvolvimento” estimulado pelo Estado. Tal consenso foi substituído por um nova ideologia mais à direita — chamada de neoliberalismo, ou Consenso de Washington — que sustentava os méritos da gestão da sociedade pelos mercados, mais que pelos governos. Afirmou-se que este programa baseava-se na realidade, supostamente nova, da “globalização”, diante da qual “não havia alternativa”.

A implementação dos programas neoliberais parecia favorecer altos níveis de “crescimento” nos mercados de ações, mas ao mesmo tempo levou, em todo o mundo, a níveis crescentes de endividamento e desemprego – e a níveis mais baixos de renda para a vasta maioria das populações do planeta. Ainda assim, os partidos que haviam sido os pilares os programas social-democratas, à esquerda, moveram-se para a direita, retirando ou reduzindo o apoio ao estado do bem-estar social e aceitando que o papel dos governos reformistas deveria ser reduzido consideravelmente.

Embora os efeitos negativos sobre a maioria das populações fossem sentidos mesmo no interior do mundo pan-europeu rico, eles afetaram de modo mais agudo o resto do mundo. Que seus governos fizeram? Começaram a tirar partido do declínio relativo econômico e geopolítico dos Estados Unidos (e, mais amplamente, do mundo pan-europeu). Focaram em seu próprio “desenvolvimento nacional”. Usaram o poder de seus aparatos de estado e seus custos de produção mais baixos para se converter em nações “emergentes”. Quanto mais à esquerda estivessem sua retórica, e mesmo seu compromisso político, mais eles mostraram-se determinados a “desenvolver”.

Esta atitude poderá ajudá-los, como fez em realação aos países do mundo pan-europeu no período pós-1945? Não é nem um pouco certo que sim, apesar das impressionantes taxas de “crescimento” de algumas destas nações – particularmente os tão-falados BRICs (Brasil, Rússia, Índia, China) – nos últimos cinco ou dez anos. Porque há sérias diferenças entre o atual estado do sistema-mundo e o vivido no imediato pós-1945.

Primeiro, os custos de produção são hoje, apesar dos esforços dos neoliberais, consideravelmente maiores que os do período pós-1945, o que ameça as possibilidades reais de acumulação de capital. Isso torna o capitalismo um sistema menos atraente para os capitalistas. Os mais sagazes, dentre estes, estão procurando meios alternativos de assegurar seus privilégios.

Segundo, a capacidade das nações emergentes para ampliar, a curto prazo, sua riqueza exerce grande pressão sobre os recursos necessários para atender suas necessidades. Surgiu, em consequência, uma corrida sempre crescente por terras, água, alimentos e recursos energéticos. Ela está levando a lutas ferozes e, ao mesmo tempo, reduzindo a capacidade global dos capitalistas em acumular capital.

Terceiro, a enorme expansão da produção capitalista criou sérias pressões sobre a natureza em todo o mundo, a ponto de provocar uma crise climática, cujas consequências ameaçam a qualidade de vida em todo o mundo. Este processo desencadeou um movimento que busca questionar as virtudes do “crescimento” e do “desenvolvimento”, enquanto objetivos econômicos. A exigência crescente de uma perspectiva “civilizacional” diferente é o que está sendo chamado, em países da América Latina, de movimento pelo “bien vivir”.

Quarto, as demandas de grupos subalternos por participação real nos processos de tomada de decisões dirigem-se não apenas aos “capitalistas”, mas também aos governos de “esquerda” que estão promovendo o “desenvolvimento” nacional.

Quinto, a combinação de todos estes fatores, mais o declínio visível do antigo poder hegemônico gerou um clima de flutuações constantes e radicais, tanto na economia-mundo quando na situação geopolítica. O resultado foi a paralisia tanto dos empreendedores quanto dos governos do mundo. O grau de incerteza – no longo e no curto prazo – elevou-se acentuadamente, e com ele o nivel real de violência.

A solução social-democrata tornou-se uma ilusão. A questão é: que irá tomar o seu lugar, para a vasta maioria das populações do planeta?
Fonte: Carta Maior
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sexta-feira, 22 de julho de 2011

Brasil vai doar 20 mil toneladas de alimentos para a Somália

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O Brasil pretende enviar, até o próximo mês, 20 mil toneladas de feijão e milho para a Somália. Esta é a primeira vez que o Brasil faz uma doação de alimentos ao país africano.

A ONU (Organização das Nações Unidas) declarou ontem situação de fome crítica em duas regiões do país. A intenção do Brasil é doar, ao todo, 80 mil toneladas.

"Nós sabíamos que a situação era muito séria, porque no sul da Somália o movimento que controla a região havia impedido que organismos internacionais e humanitários trabalhassem ali. A gente sabia que a situação estava se deteriorando", afirma Milton Rondó, coordenador-geral de Ações Internacionais de Combate à Fome do Itamaraty.

Segundo ele, o Brasil doou no ano passado US$ 300 mil para as Nações Unidas comprarem alimentos para o país, localizado no leste da África.

De acordo com lei sancionada no mês passado, o Brasil deve doar neste ano um total de 710 mil toneladas de alimentos a diversos países por meio do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas. O custo estimado é de US$ 350 milhões.

"A presidenta Dilma tem nos orientado a ter uma política externa baseada em direitos, e o direito à alimentação é o primeiro direito à vida. Isso é primordial pra gente. E a eleição do Brasil [na FAO] reflete o reconhecimento da comunidade internacional da tática do Brasil nesse campo", afirma Rondó em referência à escolha de José Graziano para chefiar a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura.

Atualmente o Brasil está entre os oito maiores doadores mundiais de alimentos, mas com o total de doações previsto para este ano pode ocupar o quarto lugar no ranking.

Fonte: Folha
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quinta-feira, 21 de julho de 2011

Ônibus espacial Atlantis pousa na Flórida e conclui missão final

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O ônibus espacial Atlantis completou hoje (21) sua missão de 13 dias no espaço, encerrando os trinta anos do programa americano de ônibus espaciais. A tripulação de quatro astronautas aterrissou às 6h57 (horário de Brasília) no Centro Espacial Kennedy, na Flórida, antes do nascer do sol.

A missão - conhecida STS-135 – teve como finalidade transportar provisões para um ano inteiro à Estação Espacial Internacional, cuja utilização foi prolongada no ano passado até 2020."Os ônibus espaciais mudaram o maneira como vimos nosso mundo e o universo," disse, emocionado, o comandante Chris Ferguson, em sua mensagem final, ainda de dentro da nave. "Obrigada, Columbia, Challenger, Discovery, Endeavour e a nossa Atlantis. Obrigada por nos proteger e trazer um fim tão adequado". Funcionários da Nasa e amigos e familiares dos astronautas os receberam com festa após o pouso, que foi tecnicamente perfeito.

A aterrissagem marca o fim de uma era. Com a aposentadoria dos ônibus espaciais, a Rússia se tornou o único país a do mundo capaz de transportar astronautas ao espaço. A estimativa é que a Nasa leve mais cinco anos para desenvolver novos veículos tripulados. Enquanto isso, cada viagem nas cápsulas terá custo de 50 milhões de dólares por viagem (78 milhões de reais). Na sala de controle da missão, em Houston, Texas, técnicos da Nasa se mostravam visivelmente emocionados. Milhares de curiosos acompanharam pouso ao lado da pista de aterrissagem do Kennedy Space Center.

Mais de duas mil pessoas serão demitidas da agência espacial americana na sexta-feira (22), já que o transporte de astronautas e carga até a Estação Espacial Internacional não está mais nos planos da Nasa. Ele vai ficar a encargo de companhias privadas e de países parceiros do programa espacial, como Rússia, Japão e União Europeia. O foco dos Estados Unidos agora é construir grandes foguetes para enviar astronautas a um asteroide, e eventualmente até Marte.

Trinta anos

O programa de ônibus espaciais começou em 1981 com o lançamento do Columbia, seguido pelo Challenger (1983), Discovery (1984), Atlantis (1985) e Endeavour (1992), que se transformaram na bandeira da prospecção espacial dos Estados Unidos.

O Challenger e o Columbia sofreram acidentes - o primeiro explodiu 73 segundos após decolar em janeiro de 1986 e o Columbia se desintegrou em fevereiro de 2003, quando regressava à atmosfera -, o que fez com que o público se comovesse ainda mais com o programa.

A tripulação do Atlantis partiu da estação espacial nesta terça-feira, após o suprir de mantimentos e equipamentos. O satélite último a ser lançado a partir de um ônibus espacial foi instalado na quarta-feira pode: uma pequena caixa coberto com células solares.

Assim que o minisatélite estava foi instalado, o astronauta Rex Walheim leu um poema que ele escreveu para marcar a ocasião. Foi o primeiro de muitos tributos planejados para os próximos dias. Na noite de quarta-feira, o Empire State Building em Nova York foi iluminado com luzes vermelhas, brancas e azuis em homenagem ao programa do ônibus espacial.

No último dia da missão, o comandante Christopher Ferguson disse aos controladores, "Eu adoraria ter todos vocês aqui para uma salva de palmas. Mas não teria ninguém para aplaudir e não haveria ninguém vendo o veículo ... mas acreditem, nossos corações estão com você ", disse.

Fonte: Último Segundo
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terça-feira, 12 de julho de 2011

Somália é o pior desastre humanitário do mundo, diz ONU

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Refugiados somalis fugindo da seca e da fome, em busca de abrigo no Quênia, são os mais pobres e vulneráveis do mundo, afirmou hoje Antonio Guterres, chefe da agência de refugiados da ONU, o Acnur.

"Fugimos por causa da fome", disse Ulmay Abdow Issack, 32, que levou três semanas para chegar à fronteira da Somália com o Quênia, carregando junto seus seis filhos e o marido doente. "Não tínhamos nada para beber ou comer durante o trajeto", acrescentou.

É crescente o número de crianças desnutridas morrendo após caminhar por semanas em busca de ajuda emergencial, para o que se tornou "o pior desastre humanitário do mundo", segundo Guterres.

Para Muslima Ada Hassan, 35, a jornada foi ainda mais árdua. Dois filhos e uma filha morreram durante 35 dias de caminhada até Dadaab -- campo de refugiado da ONU, no nordeste do Quênia.

Da fronteira com a Somália, os refugiados têm que atravessar 80 km pelo deserto queniano a pé para chegar em Dadaab.

"Há casos em que crianças são comidas por hienas e leões", disse Abdullahi Hussein Sheikh, um dos refugiados.

Em junho, o número de chegadas ao campo de refugiados de Dadaab triplicou para 1.300 pessoas por dia. Agências internacionais não conseguem distribuir ajuda humanitária dentro da Somália devido à insegurança e hostilidade do grupo rebelde, Al Shabaab, que controla grande parte do país.

"Visitei muitos campos de refugiados pelo mundo. E nunca vi pessoas chegando em situação tão desesperadora", disse Guterres durante visita a Dadaab -o maior campo de refugiados do mundo, que abriga 376 mil refugiados e fica a 80 km da fronteira entre Somália e Quênia.

Crianças e mães sentavam na areia, esperando por ajuda e guardando jarros de água, seus pertences mais preciosos. O restante, são apenas roupas.

MORTALIDADE INFANTIL

Em maio, a morte de crianças menores de cinco anos de idade cresceu seis vezes, frente ao ano anterior, em Dagahaley, parte norte do campo. Entre 18% e 24% das crianças que chegam com menos de cinco anos são desnutridas.

"Muitas das crianças estão morrendo dentro de 24 horas depois de chegarem. Eles estão chegando, nós os examinamos e os enviamos aos nossos centros de alimentação, mas mesmo assim pode ser tarde para conseguir salvá-los", disse Allison Oman, nutricionista do Acnur.

As Nações Unidas descreveram a seca no Chifre da África como uma emergência, uma fase antes da fome. Cerca de 10 milhões de pessoas já são afetadas na Somália, Quênia e Etiópia.

Segundo a ONU, esta é a pior seca em 60 anos e uma dezena de agências lançou apelos maciços por fundos e doações. "Pessoalmente, não vejo uma situação como esta desde a fome de 1991 no sul do Sudão", disse Oman.

A situação de seca não deve melhorar antes da temporada de chuvas, que deve começar em outubro. A Somália não tem um governo central efetivo há duas décadas, o que piora os efeitos das secas recorrentes na região. O Al Shabaab se recusa a permitir que seja entregue ajuda humanitária em áreas sob seu controle, alegando que o apoio da comunidade internacional encorajaria dependência.

Dadaab foi montado em 1991 para acomodar cerca de 100 mil refugiados somalis, mas foi declarado lotado em 2008. Até cinco famílias dividem espaço que deveria acomodar uma, enquanto quase 42 mil estão abrigados em acampamentos improvisados do lado de fora do campo.

Fonte: Reuters
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segunda-feira, 11 de julho de 2011

Até a última gota

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Até a última gota é a saga do consumo e do delírio da humanidade, no início do século XXI, da era cristã ocidental. Se depender das previsões das agências internacionais, da indústria petrolífera, dos países extratores, o Planeta não terá sequer uma amostra do que foi a vida do período carbonífero, muito menos daquele óleo cru, embalsamado nas profundezas do oceano, que um dia poderia ter algum outro destino.

Desenterrar os mortos nunca foi um propósito adequado para uma civilização. Muito ao contrário. Sempre foi sinônimo de profanação. A espécie humana, principalmente, alguns representantes interessados em negócios fáceis, em ganhar dinheiro rápido, investiram profundamente na profanação. Claro que isso é uma metáfora. Afinal, os mortos são bilhões de toneladas de fitoplâncton, que morreram há milhões de anos e formaram nas profundezas dos oceanos, em locais sem oxigênio, imensas jazidas de petróleo. Um conteúdo cheio de óleo e ceras, que precisa cozinhar entre 100 e 135 graus Celsius, por milhões de anos.

Um cientista americano, Jeffrey Dukes, da Universidade de Utah, calculou em 100 toneladas de fitoplâncton (massa vegetal), para produzir 4 litros de petróleo. Nesse raciocínio, que envolve a luz solar, responsável pela fotossíntese e o crescimento das plantas, também calculou que em 1997, a humanidade consumiu 422 anos de luz solar fossilizada. Ou algo, como 24 bilhões de barris. Em 2011, o consumo do petróleo aumentará quase dois milhões de barris/dia, deverá alcançar 87,9 milhões barris/dia, conforme os cálculos da Agência Internacional de Energia (IEA).

Será assim até 2030, conforme todos os outros cálculos de consultorias, em presas petrolíferas, até chegarmos ao consumo de 111 milhões de barris/dia, em 2030. O que corresponderia a uma emissão de gás carbônico muito maior do que as quase 30 bilhões de toneladas de 2008. Seguiremos aumentando em 1,8% o consumo de petróleo, na média mundial embora a China deva crescer o dobro (3,6%). Não é mera coincidência que o maior mercado da indústria automobilística é o chinês, já ultrapassaram os americanos na produção de carros – 13 milhões em 2010. O que está muito claro, a esta altura, de infrutíferos debates sobre aquecimento global e mudanças climáticas, é o seguinte: a indústria petrolífera desenterrará até a última gota do ouro negro existente nas profundezas dos oceanos do planeta. Em 2011, tem um número que define o tamanho e a vontade das petrolíferas nesta corrida: US$ 500 bilhões de dólares. É o que as maiores petrolíferas, privadas e estatais, pretendem investir na busca pelo petróleo de águas profundas com sondas, plataformas, tubulações, barcos, navios.

O pré-sal brasileiro, que poderá ter 15 bilhões de barris, praticamente as reservas atuais do país, ou até mesmo 30 bilhões, se confirmarem as expectativas sobre o campo de Libra, está nesta conta.

Quem são os maiores

Mas a história desse cenário é um pouco mais complicada. As antigas 7 irmãs, como eram chamadas as 7 maiores empresas petrolíferas privadas, agora são 4: Exxon Mobil, Chevron, Royal Dutch Shell e Britsh Petroleum, renomeada de BP PLC, a responsável pelo vazamento ocorrido em 20 de abril de 2010, quando mais de cinco milhões de barris jorraram pelo Golfo do México. O problema é que as empresas estatais cresceram, compraram ou investiram em tecnologia, e aumentaram suas participações na extração de óleo negro. O maior exemplo disso é a Aramco, a Saudi Arabian Oil, empresa da Arábia Saudita, que tem uma reserva de mais de 260 bilhões de barris, a maior do mundo. Onde também está localizado o poço Gahwar, de onde saíram quase 1/7 das reservas mundiais de petróleo. Seguidas pela National Iranian Oil, com seus 136,5 bilhões de barris e a Petróleos de Venezuela (PVDESA), com 99,4 bilhões de barris. A maior petrolífera privada, a Exxon Mobil tem 7,6 bilhões de barris, depois a Chevron com 7,3 bilhões de barris e a Conoco Philips com 5,6 bilhões. A BP e a Shell estão na faixa dos 4,5 bilhões de barris. As duas europeias vivem brigando pelo posto de maior petrolífera do velho continente.

Pelos cálculos do periódico mundial, especializado no setor, Oil & Gas Journal, as reservas mundiais de petróleo em 2009 eram de 1,34 trilhão de barris. E, se somássemos o valor de mercado das petrolíferas (50 maiores) daria algo como US$ 3,9 trilhões, e suficiente para bater o valor de mercado de todas as companhias de tecnologia da informação eletrônica, listadas na NASDAQ. As informações são da Consultoria PFC Energy, de Washington. Vamos ver, em valores de mercado, quanto vale cada uma:

Empresas............Cotação (US$) em bilhões..................País

Exxon Mobil............................. 369.................................EUA

PetroChina............................... 303.................................China

Petrobras................................. 229.................................Brasil

Royal Dutch Shell....................208.................................Anglo holandesa

BP PLC..................................... 136.................................Reino Unido

Sinopec..................................... 102.................................China

Chevron.................................... 184.................................EUA

Total.......................................... 124.................................França

Gasprom....................................149.................................Rússia

GDF Suez (*)............................. 80.................................Franco-belga

Total..........................................1.884

(*) Entre seus negócios é sócia majoritária da Usina de Jirau, no rio Madeira, que encontra-se em fase final de construção.

Petróleo e a guerra


Todas as empresas de capital aberta, com ações em bolsas. As estatais fechadas como a Aramco e a iraniana, não estão no cálculo. E o que é mais importante, a maioria das empresas privadas não tem aumentado as suas reservas, e por isso, se empenham tanto em buscar a última gota em água profundas. Na verdade o único lugar onde as petrolíferas aumentaram a extração, entre 10 e 20%, foi no Iraque. A segunda maior reserva do Oriente Médio, exporta 2,1 milhões de barris/dia, mesmo depois da invasão americana e seus 80 mil mortos civis. Na verdade as instalações do Iraque, principalmente no sul do país, pelo Golfo Pérsico, onde é mais barato exportar, continuam destruídas, desde a guerra com o Irã, também apoiada pelos Estados Unidos, contra os xiitas. Petróleo e guerra são sinônimos de poder e lucros.

As quatro empresas que aumentaram a extração foram Exxon, Eni SPA (italiana) e Shell. Até o próximo ano pretendem duplicar a exportação, 4 milhões de barris/dia. Para isso vão investir US$ 1,4 bilhão em navios flutuantes no mar, capazes de armazenar grandes quantidades de petróleo (servem de porto em alto mar), em três oleodutos, além de continuar utilizando o da Turquia, que leva o óleo até o mar Mediterrâneo.

Petróleo também significa logística e aparato para protegê-la. Por isso, os americanos têm suas bases no Oriente Médio, e a sede de um dos comandos no Qatar. Na divisão das reservas mundiais, 56% estão nos países do Oriente Médio, o que significa uma quantidade em torno de 722 bilhões de barris. Os estadunidenses importam 70% do petróleo consumido. Eles diminuíram os gastos nos últimos anos em torno de 4%, mas ainda consomem 19 milhões de barris/dia. Traduzindo: 22% do consumo mundial. Para complementar: 75% dos trabalhadores estadunidenses vão de carro para o trabalho. E 14 milhões de barris/dia são gastos com o transporte.

Também complementando os dados da logística da guerra: os bombardeios da OTAN, ou seja, os ricos europeus, na Líbia, têm um significado – 50 bilhões de barris, do outro lado do Mediterrâneo, um petróleo mais leve que o da Arábia Saudita, ou seja, com menos enxofre, muito melhor para produzir combustível de carros, caminhões, navios. Por sinal, a amizade de Silvio Berlusconi com o líbio Muamar Khadafi se traduziu nos maiores contratos para a Eni, a petrolífera italiana, onde o governo da Itália, detém 30% do controle.

Em águas profundas


No dia 10 de janeiro de 1901, no alto da pequena colina chamada Spindletop, na localidade de Beaumont, no Texas, um solitário garimpeiro chamado All Hamil tentava alcançar uma jazida, que ele ainda não sabia se existia. Já tinha furado 300 metros, uma novidade na época. Até que, finalmente, uma espessa nuvem de gás metano esguichou do buraco e tomou conta do ambiente. “Em seguida veio o líquido, como relata Tim Flanery, cientista e escritor australiano, em seu livro “Os Senhores do Clima”, uma coluna de 6 polegadas de largura que subia centenas de pés no céu de inverno, como uma chuva negra”. Quarenta anos antes, o primeiro poço em terra, havia sido perfurado na Pensilvânia. Desde 1882, Thomas Edson descobriu a utilidade do carvão mineral para produzir eletricidade, ao inaugurar a primeira usina na baixa Manhattan. Duas descobertas trágicas para a atmosfera do planeta.

O problema é que a tragédia vai aumentar. A busca pelo petróleo abaixo de mil metros, podendo chegar a 7 mil metros, é a última sensação da indústria petrolífera mundial. Em 2010, foram produzidas 25 plataformas para extrair petróleo. Em 2011, serão 35. A capacidade mundial de construção de tubulações, que tiram o petróleo do sono profundo no oceano, até a superfície, está toda contratada. A Petrobras é a principal cliente. Nem mesmo o acidente no poço Macondo, na plataforma Deepwater, contratada pela BP, mas de propriedade da Transocean, empresa americana – em 2008, transferiu seus escritórios para a Suíça, por motivos tributários – diminuíram o vigor dos investimentos. Por exemplo, a Halliburton, também americana, especializado na cimentação dos poços, inclusive o que explodiu, teve seus lucros engordados em US$ 1,8 bilhão, a receita subiu 40% para US$ 5,3 bilhões.

Erle P. Halliburton fundou a empresa como cimentadora de poços em 1919 e, agora, dizem os executivos, descobriram uma nova “tecnologia” para explorar novos poços em terra – a receita cresceu 3 bilhões de dólares, no primeiro trimestre de 2011. Os ambientalistas dizem que a tecnologia de perfuração contamina a água e o ar, porém, quando se trata de busca pela última gota, isso não tem a mínima importância. Dick Cheney, vice de Bush, trabalhava na empresa.

Segundo levantamento da Barclays Capital de Londres, quem vai se colocar contra investimentos de 500 bilhões de dólares ao ano, na próxima década, por exemplo, que é o gasto das petrolíferas em águas profundas? Mesmo depois de furar 50 mil poços no Golfo do México e matar 11 pessoas no Macondo e derramar 5 milhões de barris, a economia não para. Como escreveu um analista de The Wall Street Journal, recentemente: os países precisam de dinheiro, empregos, energia e as empresas de lucros, e os consumidores de combustível, porque não largam seus carros, não viverão nunca sem eles.

Estrutura Gigante


Vejamos alguns desses investimentos em águas profundas. O Brasil não fabrica sondas de perfuração. O aluguel desse equipamento custa US$ 500 mil por dia. Uma sonda perfura um poço em 3, 4 meses, ou seja, três poços por ano. Uma plataforma de produção, as FSPCO, como eles chamam em inglês, usa de 15 a 20 poços para montar um sistema de produção, como a de Tupi, por exemplo, que começou a produzir 100 mil barris, em outubro de 2010. Cada sistema de produção precisa extrair entre 100 e 180 mil barris/dia. A previsão da Petrobras para o pré-sal é produzir 4,5 milhões de barris em 2020. Como disse o presidente da empresa, Sérgio Gabrielli, “precisamos ter entre 40 e 41 desses sistemas de produção. Cada sistema custa em torno de US$ 3 bilhões. Cada um deles precisa de 5 barcos de apoio (rebocadores, chatas, navio bombeiro). Seriam 200 barcos”.

Um petroleiro com capacidade máxima para transportar 1,1 milhão de barris (Suez Max) poderia resolver o problema do escoamento. Mas eles não estão disponíveis. Seriam necessários entre 20 e 30 navios, para escoar a produção diária. Por isso, nos próximos quatro anos a Petrobras pretende investir mais de 200 bilhões de dólares. É o maior investimento, entre as petrolíferas, no mundo. Segundo os cálculos de cada 1 dólar investido pela empresa, outros 1,6 a 2,2 dólares correm na economia, por conta dos 55 setores que apóiam a atividade. Então, o negócio salta para 400 a 600 bilhões de dólares.

São fortunas e mais fortunas. Em 2008, antes da explosão no Golfo do México, o lucro da BP foi de US$ 25 bilhões. Em 2010, fez um caixa de US$ 30 bilhões. A capacidade de extrair lucros do fitoplâncton enterrado a 300 milhões de anos, é incrível. Mesmo que para isso, se altere a atmosfera do Planeta e o aquecimento global se torne uma realidade insuportável. Para as petrolíferas ele será benéfico. Proporcionará mais negócios, agora na Groenlândia e no Ártico.

Descongelando o ouro negro


A Groenlândia, uma ilha de gelo de mais de 2 milhões de quilômetros quadrados, vizinha ao Polo Norte, 57 mil habitantes, US$ 2 bilhões de PIB, cuja atividade principal é exportar camarão, ainda recebe quase 600 milhões de dólares de ajuda da Dinamarca, o país dono da área, desde os idos de 1700. Esconde uma fortuna na costa noroeste, na Baía Baffin. O Serviço Geológico dos Estados Unidos calcula que existam 31,4 bilhões de barris na Baía, e outros 17 bilhões no subsolo do oceano entre a Groenlândia e o Canadá. Pode-se arredondar o bolsão de petróleo para 50 bilhões de barris. O aquecimento reduz o gelo, muda o clima mundial, mas diminuiu os custos e as dificuldades das petrolíferas, na extração. Junte-se a isso, a vontade das lideranças da Groenlândia, há muito tempo interessadas em ser “independentes” da Dinamarca e está lançada a corrida pelo ouro do Ártico.

Nessa briga também estão Noruega, Rússia, Estados Unidos, todos reivindicando novas terras para seus territórios. Em 2010, a Groenlândia concedeu 7 novas licenças de exploração. Nos próximos dois anos, 12 empresas já se inscreveram. Isso inclui, petrolíferas menores, como a Cairn Energy (inglesa), a Statoil (norueguesa) e a Moeller Maersk, maior empresa de transporte marítimo do mundo, maior números de navios e de contêineres.

Ou seja, depois das reservas do pré-sal brasileiro, que também incrementou uma corrida das petrolíferas. [A BP comprou os ativos da Devon Energy por US$ 7 bilhões em 2010, a Sinochen comprou 40% do campo de Peregrino da Statoil e a Sinopec comprou 40% da Repsol (espanhola) no Brasil, traduzindo um robusto investimento chinês (inclui mais US$ 10 bilhões de empréstimos à Petrobras)] a Groenlândia é a segunda maior oportunidade. Tem um problema de custo, mas o petróleo acima de 100 dólares o barril (159 litros), viabiliza qualquer exploração. O cálculo é de 30 a 40 dólares, para extrair petróleo de areia betuminosa, como na província de Alberta, no norte do Canadá, ou da pedra de xisto, que os Estados Unidos tem a maior reserva mundial (já exploram 20%). No caso da Groenlândia, 50 dólares é o preço mínimo do barril, que viabiliza a operação. No pré-sal brasileiro, o custo de Tupi ficou abaixo de 45 dólares/barril. O poço pronto para escoar o óleo, envolve outros seis poços, custou US$ 245 milhões.

Em setembro de 2010, 300 participantes, de 15 países discutiram a situação do Ártico, na Groenlândia. Por sinal, o governo autônomo da ilha, pretende ficar com 60% do ouro descoberto. No Iraque a taxa é de 95%. Uma comparação interessante sobre o custo de extração de um abril, em terra: na Líbia ele é de 5 a 10 dólares por barril.

A explosão da Deepwater


A proprietária da plataforma que explodiu no Golfo do México, a Transocean, fundada na Louisiana, em 1926, é uma empresa especializada em alugar plataformas de petróleo para as grandes petrolíferas. Em 2007, ainda comprou a concorrente global Santa Fé por US$ 18 bilhões. Ela aluga 11 plataformas no litoral brasileiro. O número de plataformas marítimas, que atuam a partir dos 1 mil metros de profundidade, aumentou 43% desde 2006, são agora 146. Outras 65 estarão em operação até o final do ano. Existe um mecanismo instalado no leito do oceano, faz parte da estrutura da plataforma, que é um conjunto de válvulas, chamadas de blowout preventer ou BOP, são ativadas numa explosão. Lógico que elas não funcionaram no dia 20 de abril. No levantamento dos casos de incidentes com plataformas no Golfo do México, ficou constatado, que depois da fusão das duas empresas 24 dos 33 incidentes estavam relacionados com plataformas da Transocean. Eles continuam acontecendo pelo mundo inteiro.

O The Wall Street Journal fez o levantamento no final do ano passado. Os casos incluíam um vazamento grande na costa australiana, um outro poço fora de controle no Golfo do México, envolvendo a plataforma Lorris Bonzigard. No Mar do Norte, litoral da Noruega, um vazamento de gás numa plataforma de produção quase causou outro acidente do nível da Deepwater. Nas estatísticas analisadas de quatro países, com grandes indústrias de perfuração em alto-mar (EUA, Grã Bretanha, Noruega e Austrália), constavam 28 registros importantes de derramamento de óleo e gás no Golfo do México – 65% a mais do que em 2006. A Agência de Saúde e Segurança do Reino Unido registrou 85 vazamentos sérios de petróleo e gás, no ano encerrado em 31 de março de 2010 – 39% a mais. Na Noruega foram 37 vazamentos. Na Austrália outros 23 derramamentos no primeiro semestre de 2010.

As empresas argumentam as dificuldades com mão de obra qualificada, de retenção de trabalhadores, equilibrar as prioridades de segurança com os lucros, e a lapsos ocasionais devido à regulamentação frouxa. Além disso, como ressalta o jornal, que é o porta-voz das grandes corporações no mundo além de ser propriedade do bilionário da mídia Rupert Murdock -:


- Perfurar em águas profundas é crucial para saciar a crescente sede de combustível do mundo. O potencial retorno, lucro para acionistas das petrolíferas, arrecadação de impostos, emprego e independência energética para o país, é grande demais par conter o avanço dessa atividade. A confiança do setor na própria capacidade de operar com segurança nas instalações de exploração de petróleo e gás no mar segue basicamente inabalada”.

Risco de 1 em 43


O engenheiro David M. Pritchanrd, consultor da área de petróleo, fez um levantamento sobre a possibilidade dos riscos de acidentes em poços no alto mar. Ao invés de analisar 50 mil poços, selecionou por complexidade de operação. Entre 5 mil poços, no nível de operação da plataforma Deepwater, selecionou 43. Quer dizer, a probabilidade de ocorrer acidente é de 1 poço em 43. No dia 21 de agosto de 2009, uma empresa tailandesa perfurava no Mar do Timor, 650 km a oeste de Darwin (Austrália), quando perdeu o controle do poço, e acabou lançando centenas de barris ao mar. Logo em seguida, a plataforma pegou fogo e explodiu. A empresa teve um prejuízo de US$ 150 milhões. Jane Cutler, da agência reguladora da Austrália, atribuiu o acidente à “incompetência de operários, funcionários e empreiteiras”.

A BP, petrolífera que explorava o poço Macombo explodiu com o gás metano vazado na plataforma Deepwater – constataram que os computadores não estavam configurados para registrar o vazamento – perdeu 46% do valor de suas ações. Ela ainda não foi condenada nos Estados Unidos, mas já fez uma provisão em seu orçamento de US$ 40 bilhões de dólares, para pagamentos de indenizações e limpeza do mar e da superfície atingida. Também trocou de presidente. Criou uma força tarefa com 500 especialistas, para lidar com qualquer tipo de incidente, que ocorra em seus poços. Uma iniciativa muito atrasada. A BP tem um histórico de acidentes por motivos de falta de segurança. Nos últimos anos, vinha cortando orçamento nesta área. Chegou a demitir 7.500 funcionários, e cortou US$ 4 bilhões de custos. O ex-presidente Tony Hayward comentava em documento interno, que eles estavam perdendo espaço para a Shell, e cederiam o título de maior petrolífera europeia.

Cada dólar importa


Em dezembro de 2007, num memorando interno, o vice-presidente para produção no Golfo do México, Richard Morrison, comentava os fatos:


- Nas últimas duas semanas de 2007, uma frequência sem precedentes de incidentes sérios em nossas operações... somos extremamente afortunados que um ou mais dos nossos colegas não tenham sido seriamente feridos ou mortos”.

As operações no Golfo se concentravam em atingir metas de desempenho e redução de custos, que eram os parâmetros, para definir o tamanho dos bônus dos gerentes de alto escalão e trabalhadores de nível mais baixo. Era a “cultura de que cada dólar importa”.

Em outubro de 2007, a BP concordou em pagar US$ 373 milhões para arquivar acusações relativas à explosão ocorrida em uma refinaria de Texas City (Ohio), um vazamento de petróleo no Alasca e mais a acusação de manipular o mercado de gás propano nos EUA. A agência responsável pela segurança do trabalho estadunidense (OSHA) fez uma inspeção, de 6 meses depois da explosão da refinaria de Texas City, onde morreram 15 pessoas em 2005.

Descobriu o seguinte: as válvulas que aliviam a pressão na refinaria não foram trocadas. Enquanto isso, o porta-voz oficial da BP dizia: “a redução na frequência de lesões, maiores incidentes relacionados a compra de equipamentos, foi possível economizar por meio da redução de despesa e simplificação da estrutura corporativa”. Sobre a vibração de certas bombas concluiu: “não era em si uma causa para preocupação com a segurança e o meio ambiente” e adiou o conserto. Em documento interno havia registro sobre “a falta de engenheiros e inspetores, que poderia por em risco a manutenção de equipamentos críticos”. Em dezembro de 2007, foram 10 ocorrências com “alto potencial de risco em unidades da empresa”.

Após a explosão da plataforma, o presidente do Conselho de Administração da BP, Henric Svanberg dizia:

- A BP será uma empresa diferente no futuro, exigindo uma nova liderança, sustentada por uma governança robusta e um conselho muito engajado”.


O maior drama da petrolífera envolve as duas sócias no poço Macondo, a Anadarko Corporation e a Mitsui & Co (no Brasil é acionista da Vale e dona da marca Café Brasileiro, entre outras coisas). Se ela for condenada pela justiça dos Estados Unidos, como responsável pelo acidente, as sócias não pagarão nada pelos prejuízos. Já avisaram sobre a decisão.

Procura e crescimento


A empresa especializada em análise de tendências do mercado do petróleo, a IHS Cambridge Energy Reserch Associates calcula que a produção em águas profundas no mundo, hoje avaliada em 5 milhões barris/dia, irá duplicar até 2020 – 10 milhões barris/dia, significa um pouco mais de 10% da demanda mundial. A previsão da Agência Internacional de Energia (AIE) é um consumo de 87,9 milhões de barris/dia em 2011, algo como 1,3 milhão a mais comparada a 2010. A IHS também publicou no final do ano passado uma lista com as maiores descobertas de petróleo no mar, acima de 300 metros de profundidade. Entre os 10 maiores poços comprovados, o Brasil ocupa 7 posições (de 1 ao 7), em termos de volume estimado. São eles: Tupi, descoberto em 2006, já produzindo, com 5 a 8 bilhões de barris. Júpiter (2008) até 8 bilhões. Franco (2010): 4,5 bilhões. Iara (2008) 3 a 4 bilhões. Jubarte (2001) 1,7 bilhão de barris e 17,7 bilhão de m3 de gás. Mexilhão (2001): 200 milhões de barris e 227 bilhões m3 de gás. Na lista não está o poço de Libra, que ainda segue sendo investigado. Todos os poços brasileiros encontram-se nas bacias de Campos, Espírito Santos e Santos.

Em décimo lugar tem um poço descoberto em Gana, na África Ocidental (Jubille), descoberto em 2007, com 1,5 bilhão de barris. Depois na Nigéria (Bouge Southwst, 2001), descoberto pela Shell, com 1 bilhão de barris. Nos Estados Unidos descobriram Tiber (2009), com 600 milhões de barris, da BP, a petrolífera inglesa. E outro da Shell, Great White (2002), com 500 milhões de barris.

A previsão da IHS para 2020 destaca os três maiores pontos de prospecção em volume no mundo. O Golfo do México, que já produz 1,2 milhão barris/dia, e deverá seguir com a mesma extração até 2020, com 38 plataformas.

O Brasil conta com 1,4 milhão de barris/dia atualmente e em 2020 terá 3,5 milhões de barris, com 61 plataformas. A Petrobras calcula 4,5 milhões de barris para o mesmo período, e já tem em operação 118 plataformas. Por último, a África Ocidental, que extrai 2,2 milhões de barris e em 2020 aumentará para 3,6 milhões de barris, com 32 plataformas. As áreas onde as pesquisas mais avançam em águas profundas estão no Golfo da Guiné, Mar Mediterrâneo e nas águas turcas do Mar Negro. A Chevron, a Statoil, norueguesa (67% de participação do governo) e a inglesa Tullow Oil PLC se destacaram mais entre as petrolíferas privadas. A Tullow anunciou a descoberta, na profundidade de 1.427 metros, de um poço na costa de Gana, com 1,5 bilhão de barris e começou a produzir no final do ano passado. A Chevron anunciou a compra de direitos de exploração em águas profundas de 3 grandes blocos na Libéria, começa a perfurar em 2011, além de outras áreas na águas turcas no Mar Negro e na China.

Sem dúvida, como diz o jornal inglês Financial Times, “o queridinho do momento” quando se fala em petróleo em águas profundas é o Brasil. Como diz o diretor do Programa de Energia do Instituto das Américas, da Universidade da Califórnia, Jeremy Martin:

- Eles (Brasil) tornaram a sua bacia atlântica o maior laboratório de pesquisa e desenvolvimento offshore do mundo. A grande história desta década, é o Brasil ter passado de uma posição coadjuvante para o topo da lista das potências petrolíferas da América Latina”.

Em 1980 o Brasil extraía 263.900 barris/dia, hoje são 2,5 milhões.

Mercado sem futuro

Não sei como as leis econômicas funcionarão no futuro, digamos daqui há 100 anos. Mas certamente, elas não poderão vender o que não existe, por se tratar de produto não renovável. Ou seja, algo produzido ao longo de milhões de anos, por processos naturais, que posteriormente serviu de base para a industrialização e a locomoção de milhares de produtos e, principalmente, pessoas. As petrolíferas privadas ou estatais podem brigas até morrer pela última gota de petróleo, porém será a última, não haverá a próxima. A tecnologia moderna, maior estrela do momento, na civilização ocidental, não esboçou a mínima capacidade de recriar um barril de petróleo, muito menos, os seus derivados, como a gasolina, o óleo diesel, ou a nafta, que é a base da petroquímica. Poderemos desenvolver a alcoolquímica. Resta saber quanto da porção de terra do planeta será necessária para sustentar o aumento do consumo de combustível fóssil – petróleo, gás e carvão.

Segundo a Agência Internacional de Energia o consumo primário de energia em 1973 era de 6,115 bilhões de toneladas. Em 2008, esse número cresceu para 12,267 bilhões de toneladas. Na década de 1970 o petróleo era responsável por 46,1% do consumo. Em 2008, o índice baixou para 33,2%. Ao mesmo tempo aumentou o de gás (de 16% para 21,1%) e o de carvão, que é o pior emissor de gases estufa entre os combustíveis fósseis.

O maior consumo, lógico, é dos países ricos, reunidos na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Mas a China consumia apenas 7% da energia primária do mundo em 1973, hoje (2008), consome 17,4%. As mesmas proporções valem para o consumo apenas de combustível. Em 1973, o consumo era de 2,805 bilhões de toneladas, pulando para 3,696 bilhões de toneladas em 2008. A participação da Europa nessa quantia era de 36,4% e passou para 34,7% levando em consideração as mesmas datas, e apenas os países desenvolvidos. O maior consumo é da América do Norte: 53% em 1973, e 50,3% em 2008.

No mundo o consumo total de combustível foi de 4,676 bilhões de toneladas em 1973 e 8,428 bilhões de toneladas em 2008. Os índices da OCDE variam de 60,1% (inclui Europa, América do Norte, Japão e Coreia do Sul). O restante da Ásia saltou de 6,4% para 11,6%. .A China, não entrou na contabilidade da Ásia, saiu de 7,9% para 16,4%. Outro dado revelador: o consumo mundial da indústria baixou: de 19,9% para 9,5% em 2008. Já o do transporte cresceu de 45,3% para 61,4%. O consumo de petróleo, envolvendo os principais setores da economia, inclui agropecuária, comércio, saiu de 2,250 bilhões de toneladas em 1973 para 3,502 bilhões de toneladas em 2008.

Não há ganhadores


A maior consequência disso está marcada na emissão de gás carbônico. Em 1973, eram 15,623 bilhões de toneladas emitidas. Trinta e cinco anos depois, o número chegou a 29,381 bilhões. As emissões oriundas do petróleo baixaram de 50,6% para 36,8%, mas a de gás metano (natural) cresceram de 14,4% para 19,9%. E a do carvão subiu de 34,9% para 42,9%. É o triunvirato fóssil responsável por mais de 97% das emissões de CO2. Os países ricos ficaram com 43% de participação (2008). A China e a Ásia, em conjunto, assumiram 32,6% das emissões. A queda de mais de 20% nas emissões dos países ricos está muito mais ligado a transferência de indústrias pesadas (alumínio, ferro-liga, siderúrgicas, celulose e alimentos), do que por questões de eficiência ou redução do consumo entre europeus, japoneses ou norte-americanos.

Esse é um jogo em que não há ganhadores, ou milionários vencedores. O máximo que estamos fazendo é condenar, antecipadamente, os nossos descendentes, netos, bisnetos e tataranetos. Condenação irrestrita e totalmente consciente. Na ponta do lápis. Pois, a partir de 2030, com todos os recursos e técnicas disponíveis para retirar a última gota de petróleo da terra ou do mar, não mudarão os índices de extração rumo à queda nas reservas.

Muito provavelmente nesta conta destrutiva a floresta boreal do Canadá, que guarda em seu subsolo cerca de 1,374 trilhão de barris de petróleo, misturado a areia – as chamadas areias betuminosas, ou areias de piche -, conforme estimativa da consultoria internacional Ernest & Young, será detonada. Cada barril extraído, literalmente, cozido porque as areias são fervidas para desencravar o óleo cru, 2,5 a 4 barris de água. Ou então, da pedra do xisto betuminoso, onde os Estados Unidos guardam uma reversa de 1,5 trilhão de barris. Completando o quadro futuro: 1,3 trilhão de barris de petróleo pesado – custo de 30 dólares para transformar – da Venezuela.

A soma indica 4,4 trilhões de barris de “petróleo não convencional”, como dizem e registram os analistas de mercados e as consultorias. Todos enfocam os graves prejuízos ambientais, que resultam da exploração desse ouro negro. A gasolina da areia de piche poluiu 30% mais.

Não haverá redução


Entretanto, o marco, que define as circunstâncias da exploração, é a cotação na bolsa Mercantil de Nova Iorque e Londres. O petróleo subiu 117,76% desde a crise financeira de 2008, quando atingiu seu pico máximo – 147 dólares por barril. Agora está na faixa dos 100 dólares. Não há economista, banqueiro, ou burocrata de governo que não reconheça uma cota de especulação nesse patamar de preço. O próprio preço do dólar no mercado internacional, e os juros quase zerados nos Estados Unidos, levou os investidores em busca de ganhos. De qualquer tipo: nos últimos tempos procuram as commodities, como minério de ferro, trigo, açúcar, soja, milho e petróleo. Hoje em dia, se investe não apenas em ações, títulos ou bônus de mercado. Existem índices, como o de commodities, onde se aposta em preços futuros.

No mercado petrolífero ninguém acredita em redução de preços. O cálculo mais lógico está entre 60 e 80 dólares. Qualquer um dos parâmetros desencadeia a exploração de areia, do xisto, Ártico, ou águas profundas. É exatamente isso que acontece neste momento, no mundo inteiro. Os países ricos não gostam da cotação de 100 dólares o barril, apesar de seus investidores bilionários, ganharem rios de dinheiro com elas. A previsão dos Estados Unidos é um custo de US$ 385 bilhões em importações, exatamente US$ 80 bilhões a mais, com esta cotação, segundo cálculos do economista chefe da IEA, Fatih Birol.

No caso da Europa, a importação custará US$ 375 bilhões, ou, US$ 76 bilhões a mais. E a OPEP, que reúne os 12 países “produtores” de petróleo já avisou que não vai aumentar a extração. Eles são responsáveis por quase 40% do petróleo comercializado no mundo, em dezembro de 2010 eram 29 milhões de barris/dia. A Arábia Saudita contribui com mais de 6 milhões, a Rússia e seus parceiros, com 4,8 milhões, são os dois maiores exportadores. Na crise do petróleo em 1973 os preços subiram de 4 dólares o barril para 12 dólares. Em 1979, nova crise, aumentaram de 12 para 40 dólares.

E agora não vai baixar. O maior extrator, a Árabia Saudita implantou um plano de geração de emprego e distribuição de renda de mais de US$ 100 bilhões. A família do rei Abdallah não quer ter problemas com revoltas populares, de nenhuma espécie. Muito menos, depois dos bombardeios da Otan em Tripoli, caçando Khadafi. O consumo doméstico aumentou de 3,4 milhões de barris/dia para 8,3 milhões, o que inclui gastos com usinas elétricas, dessalinização e indústrias pesadas como do alumínio e siderúrgicas. Os sauditas não deram atenção ao gás – tem a quarta maior reserva – e correm contra o tempo. Ou melhor, passaram a negociar mais com os chineses, os motores da economia mundial. A China investe em 20 dos 31 países, onde tem a marca das empresas nacionais, na indústria petrolífera. A Arábia Saudita bateu o recorde de venda de 1 milhão de barris/dia, antes dos Estados Unidos, agora da China. Eles também compram 52% da produção do Sudão (465 mil barris) e entre 155 e 400 mil barris, da Venezuela. Os chineses trocam investimento em indústrias, ou na exploração de poços, refinarias, por petróleo Na América Latina investiram quase 20 bilhões de dólares, em 2010, entre ativos a compra da Pan American Energy, na Argentina, onde descobriram reservas de xisto.


Números da Cadeia

No Brasil participam da exploração do pré-sal com a Sinochen, como sócia da Statoil, e a Sinopec que comprou parte da Repsol. No ano passado a China importou 4,8 milhões de barris/dia, além de produzir outros 4 milhões de barris/dia. O aumento, na comparação com 2009, foi de 17,5%. Nos próximos cinco anos, conforme a previsão da Agência Internacional de Energia, vai responder por metade da demanda mundial. Em 2030, a previsão aponta para uma importação de 79% do consumo. No jogo do mercado mundial, os Estados Unidos reduziram 4% do consumo, e a China, Índia, Brasil e Arábia Saudita juntas, cresceram 76%, traduzindo em barris, são 18,8 milhões. A consultoria internacional Ernest & Young, em seu trabalho de previsão até 2020, sobre mercado de energia, registrou os números de consumo do petróleo, para o final da década – daqui a duas copas do mundo de futebol.

Consumo de energia pelos principais países:

Países.........................................................Consumo de petróleo em milhões de barris/dia

Estados Unidos..........................................................................26,5
China...........................................................................................16,1
Japão.............................................................................................5,8
Índia..............................................................................................4,0
Rússia............................................................................................3,7
Brasil.............................................................................................3,7
México..........................................................................................3,6
Coreia do Sul................................................................................3,3
Canadá..........................................................................................3,0
Alemanha.....................................................................................2,9
França...........................................................................................2,3

Total............................................................................................74,9


Fonte: Ernest & Young

Estes serão os maiores consumidores em 2020.

Os maiores “produtores” de petróleo cru:

Países...........................Extração em milhões de ton...............Participação (%)

Federação Russa............................494..............................................12,9

Arábia Saudita................................452..............................................11,8

EUA..................................................320...............................................8,3

Irã.....................................................206............................................. 5,4

China.................................................194............................................. 5,0

Canadá..............................................152............................................. 4,0

México..............................................146............................................. 3,8

Venezuela.........................................126..............................................3,3

Kuwait...............................................124.............................................3,2

Emirados Arábes............................ 120.............................................3,1

Resto do mundo............................1.509..........................................46,1

Total................................................3.843......................................100,0

Fonte: IEA


Nota: Base de dados de 2009.

Delírio da Humanidade

No Brasil a maior parte das reservas estão na Bacia de Campos (RJ). São mais de 10 bilhões de barris. Seguidos pelo Espírito Santo com 1,9 bilhão de barris. O Amazonas tem 200,5 milhões de barris. A maior parte, 92,5% das reservas brasileiras estão no mar, apenas 7,5% em terra, em estados do nordeste, como Rio Grande do Norte, Sergipe, Bahia (no Recôncavo). A proporção para o gás é de 81,7% no mar e 18,3% na terra.

Até a última gota é a saga do consumo e do delírio da humanidade, no início do século XXI, da era cristã ocidental. Se depender das previsões das agências internacionais, da indústria petrolífera, dos países extratores, o Planeta não terá sequer uma amostra do que foi a vida do período carbonífero, muito menos daquele óleo cru, embalsamado nas profundezas do oceano, que um dia poderia ter algum outro destino. Menos o de destruir a própria vida e um dos princípios fundamentais da evolução: a fixação da atmosfera em 21% de oxigênio, 78% de nitrogênio além de minúsculas percentagens de gases nobres e gás carbônico. O CO2 apesar de ser encontrado em grandes volumes, serve como suporte para o crescimento dos vegetais, ou seja, na manutenção da vida. Ao contrário da profanação, que usa e abusa da vida e desencadeou um processo de destruição. Até a última gota...

Fonte: Carta Maior
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quarta-feira, 6 de julho de 2011

Nasa dá adeus a relíquias do programa de ônibus espaciais

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Quando os Estados Unidos iniciaram seu programa de ônibus espaciais, 30 anos atrás, o país decidiu construir um veículo que faria das viagens espaciais uma rotina e superaria os soviéticos no esforço para dominar o espaço durante a Guerra Fria.

A aeronave resultante tinha 2,5 milhões de componentes e era nove vezes mais rápida que uma bala ao zarpar em direção ao céu. Foi a primeira aeronave reutilizável, capaz de deslizar de volta para a Terra e pousar como um avião.

"Naquele momento, era uma coisa de ponta", disse o historiador chefe da Nasa, Bill Barry. "Era vista como um importante passo à frente."

Outras naves espaciais tripuladas não voltaram para casa. Elas eram mísseis balísticos que caíam no mar ou usavam hélices e paraquedas para retornar à Terra.

O programa dedicado a ônibus espaciais será encerrado após três décadas e 135 viagens quando a Atlantis retornar de sua missão --lançamento previsto para esta sexta-feira (8).

A Nasa está entregando seus ônibus espaciais a museus pois eles são muito antigos e caros para continuar voando. A agência espacial pretende desenhar e construir algo novo com um alcance maior.

Para entender as relíquias que são os ônibus espaciais, considere: quando o primeiro deles, o Colúmbia, fez seu primeiro voo em abril de 1981, a música ainda era vendida em fitas cassete, não havia endereços "pontocom" e os EUA não tinham um serviço comercial para celulares.

O design das aeronaves é um produto dos anos de 1970. O presidente Richard Nixon assinou a autorização para o programa de ônibus espaciais em 1972, meros 15 anos após a União Soviética lançar o primeiro satélite feito pelo homem, o Sputnik, com o tamanho de uma bola de praia, que marcou a aurora da era espacial.

"Ficarei muito triste em julho quando o último voo acabar", disse Barry. "Eu amo o programa e lamento vê-lo acabar, mas acho que é tempo de deixá-lo ir."

Cinco ônibus espaciais foram construídos, terminando com a Endeavour em 1992.

Fonte: Reuters
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quarta-feira, 18 de maio de 2011

A 'partilha' do Ártico

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Um encontro do Conselho Ártico na Groenlândia, na quinta-feira, acabou com a assinatura de uma declaração formal e um acordo regional para colaboração em operações de busca e salvamento. Assim, à primeira vista, pode-se até perguntar qual a importância disso, mas é preciso ler nas entrelinhas.

Em tempos de mudança climática, o derretimento do gelo ártico significa que áreas cada vez maiores estarão descobertas e, assim, abertas à exploração de petróleo e minérios. Calcula-se que a região de mais de 30 milhões de quilômetros quadrados abrigue até 25% das reservas globais de gás natural e petróleo.

Na prática, o acordo de busca e resgate é o primeiro passo legalmente obrigatório aprovado pelo conselho, composto por representantes dos oito países árticos: Canadá, Estados Unidos, Islândia, Finlândia, Suécia, Dinamarca (Groenlândia e ilhas Faroe), Noruega e Rússia, além de representantes de dezenas de povos indígenas.

A presença de ninguém menos que a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, em Nuuk sublinha a importância simbólica do acordo.

Por trás do lustre diplomático, nos bastidores, a corrida seria muito menos civilizada do que aparenta a foto da assinatura do acordo. Um comunicado diplomático vazado pelo site Wikileaks dá uma amostra do tom usado nessa corrida no degelo.

Segundo o Wikileaks, o ministro do Exterior da Dinamarca, Per Stig Moeller, teria feito a seguinte piada com colegas americanos: "se vocês ficarem de fora, sobra mais do Ártico para trincharmos entre nós".

Diante deste quadro de iminente desenvolvimento na região, o encontro de Nuuk indica que, entre promessas de combate às mudanças climáticas e proteção da biodiversidade, os países da região estão dispostos a colaborar de forma a organizar e regulamentar a exploração. Talvez seja um sinal de que o desastre provocado pela BP no Golfo do México ainda esteja vivo na lembraça dos governantes.

Fonte: BBC Brasil
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terça-feira, 10 de maio de 2011

Intelectuais da ONU defendem mudança na ajuda para países subdesenvolvidos

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Um grupo de personalidades designadas pelo secretário-geral da ONU se pronunciou nesta terça-feira em prol do fornecimento de recursos orçamentários para os países subdesenvolvidos, no lugar do financiamento direto de projetos.

"Para ser mais eficiente, a ajuda deve favorecer o desenvolvimento das capacidades locais, aumentar o controle nacional e contribuir para a melhora da governança e para o desenvolvimento de um Estado capaz", escreveu o comitê, formado por nove intelectuais, em um relatório publicado em Istambul, palco de uma cúpula da ONU que discute questões como a pobreza e a segurança alimentar nos 48 países subdesenvolvidos.

"O apoio orçamentário é mais eficiente para atingir objetivos do que a ajuda direta para realizar um projeto ou programa", afirma o documento, que deverá servir de base para os trabalhos da IV Conferência da ONU para os Países Subdesenvolvidos, que se extende até sexta-feira.

Segundo Louis Michel, deputado europeu e ex-comissário europeu do Desenvolvimento, que viajou à Istambul para defender o relatório, as ajudas indiscriminadas não precisam gerar desfalques.

"Criticam a ajuda arçamentária porque, supostamente, é impossível controlá-la corretamente. É óbvio que não é assim, já que o Tribunal de Contas europeu tem controle total e verifica todos os gastos", declarou à imprensa.

O deputado europeu destacou que o tribunal é incapaz de controlar detalhadamente os 7 ou 8 mil projetos que a União Européia financia anualmente.

"Os países doadores usam desculpas para não cumprir seus compromissos financeiros", afirmou à AFP.

"Quando os projetos são financiados, podem inventar desculpas todos os dias para não pagar, ao passo que quando se trata de um apoio orçamentário, se o país cumpre os critérios, é obrigado a pagar" os fundos prometidos, de acordo com Michel.

Os países subdesenvolvidos, em caso de ajuda orçamentária, recebem de 85% a 90%, e em apoios à projetos, 60% do prometido, segundo as estimativas do estudo.
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Fonte: AFP
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quarta-feira, 20 de abril de 2011

Nacionalismo avança e conquista eleitores na Europa

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Um partido nacionalista e anti-imigração obteve uma votação recorde nas eleições gerais na Finlândia no último domingo. O fato reflete uma tendência em países nórdicos e da Europa Ocidental.

A frase "crescimento da extrema direita" tem sido usada com frequência para descrever a atual conjuntura política nesses países.

Entretanto, em cada país os partidos têm características próprias que não necessariamente se encaixam na definição tradicional de extrema direita.

A BBC preparou este guia que explica a situação eleitoral e a influência política de alguns dos mais importantes partidos nacionalistas e anti-imigração da Europa.

FRANÇA

A Frente Nacional (FN) vem ressurgindo sob o comando de sua nova líder, Marine Le Pen.

Nas últimas eleições locais, em março de 2011, o partido obteve cerca de 15% do total de votos no primeiro turno e 12% no segundo. Em algumas disputas, quando chegou ao segundo turno, o partido alcançou 40% dos votos.

Pesquisas de opinião sugerem que Le Pen pode chegar ao segundo turno nas eleições presidenciais de 2012, concorrendo com o presidente Nicolas Sarkozy.

A candidata é conhecida por ser contra a imigração, o islamismo e o euro, mas vem tentando amenizar a imagem de partido xenófobo que acompanha o FN desde o tempo em que foi dirigido por seu pai, Jean-Marie Le Pen.

ITÁLIA

A Liga Norte obteve apenas 8,3% dos votos nas eleições nacionais de 2008, mas exerce uma influência muito maior. Isso porque o partido integra a coalizão governamental do premiê Silvio Berlusconi e o apoia em um período em que sua popularidade está em queda.

Como condição para esse apoio, o partido obteve permissão para avançar sua plataforma federalista no parlamento --a Liga Norte quer que o norte industrializado da Itália tenha mais controle sobre os impostos que arrecada e que o governo conceda menos subsídios ao sul.

O partido também está impondo sua política linha dura sobre imigração. O ministro do Interior da Itália, Roberto Maroni, pertence à Liga Norte.

Ele prometeu reverter a onda de imigração vinda do empobrecido norte africano, mas também deu a muitos imigrantes livre acesso à França, o que está gerando tensão com a França.

HOLANDA

O Partido da Liberdade da Holanda, liderado por Geert Wilders, conquistou 15,5% dos votos nas eleições gerais de 2010, ficando em terceiro lugar. Não é parte da coalizão liberal conservadora de minoria do governo, mas é um parceiro - dando ao governo o apoio de que precisa para uma maioria, em troca de influência sobre as políticas adotadas.

Entre as primeiras políticas anunciadas pela coalizão estavam planos para a proibição do véu islâmico completo e cortes na imigração.

O Partido da Liberdade não é uma organização de extrema direita convencional. Wilders já expressou grande apoio a Israel e defende valores liberais holandeses em questões como a homossexualidade. Mas ele é fervorosamente anti-islâmico e já foi a julgamento sob a acusação de incitar o ódio contra muçulmanos.

SUÍÇA

Desde 1999, o Partido do Povo Suíço, de direita, tem sido o maior partido na assembleia federal, alcançando 28,9% dos votos em 2007.

Sob a influência de seu líder, Christoph Blocher, tornou-se mais cético em relação à Europa e vem adotando uma linha cada vez mais dura sobre a imigração.

Uma campanha recente do partido gerou controvérsia ao usar pôsteres mostrando carneiros negros sendo chutados para fora da Suíça --embora o partido negue qualquer conotação racial.

Em um referendo em 2009, o Partido do Povo Suíço foi vitorioso em sua campanha para vetar a construção de minaretes. Segundo o partido, as construções são um indício de "islamização". Mais uma vez, os pôsteres da campanha causaram controvérsia, mostrando minaretes na bandeira suíça como se fossem mísseis.

FINLÂNDIA

O apoio ao Partido dos Verdadeiros Finlandeses foi de 4% nas eleições parlamentares de 2007 para 19% em 2011. Há boas chances de que o partido participe de negociações para integrar a coalizão de governo.

Sua posição fortemente anti-Europa contrasta com o apoio entusiástico oferecido nos últimos anos pela Finlândia ao projeto de integração da União Europeia (UE).

Seu sucesso tem sido vinculado à insatisfação com os pacotes econômicos de resgate oferecidos pela UE aos membros que passam por dificuldades financeiras.

O partido também se opõe à imigração e abraça o que chama de valores tradicionais da cultura finlandesa.

DINAMARCA

O Partido do Povo Dinamarquês é o terceiro maior no parlamento. Embora não seja parte do governo, desde 2001 vem dando importante apoio à coalizão liberal-conservadora, em troca de influência sobre suas políticas.

Quer proibir a imigração de países não-ocidentais e assimilar imigrantes atuais.

Sua posição anti-islâmica é vista com simpatia por alguns dinamarqueses, especialmente após os incidentes ocorridos em 2005 e 2006, quando a publicação de caricaturas do Profeta Maomé em um jornal dinamarquês provocaram protestos mundiais e ataques contra instituições dinamarquesas.

SUÉCIA

Em eleições gerais em 2010, os Democratas da Suécia levaram 5,7% dos votos. Como resultado, pela primeira vez, conseguiram assentos no parlamento.

Seu sucesso negou à coalizão de centro-direita uma maioria absoluta. Entretanto, os Democratas da Suécia estão politicamente isolados pelos outros partidos.

Sua plataforma política prevê cortes em imigração e repatriação voluntária de imigrantes. O partido tem fortes vínculos com o Partido do Povo Dinamarquês.

Fonte: BBC Brasil
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