Após
a retomada das ilhas Geórgia do Sul pela Inglaterra, no final de abril de 1982,
começaram então os preparativos para se retomar as ilhas Malvinas. Inicialmente
os ingleses iniciaram uma campanha de ataques aéreos contra as posições argentinas
em Port Stanley (Puerto Argentino) a partir do dia 1º de maio, na chamada “Operação
Black Buck”, quando os bombardeiros Avro Vulcan da Royal Air Force (RAF)
partiam desde a base da Ilha de Ascensão, apoiado por vários reabastecedores Handley
Page Victor. num voo de mais de 13 mil km, ida e volta, na época a missão de
bombardeio mais longa da História.
Somado
a isso, ataques dos Harrier GR.3 e Sea Harrier FRS1 a partir dos porta-aviões
HMS Hermes e HMS Invicible que também atacavam posições argentinas e efetuavam
Patrulhas Aéreas de Combate (PAC) visando combater. Os argentinos, que formaram
a Força Aérea Sul (FAS), na qual elementos da Força Aérea Argentina (FAA) e a
Aviação Naval Argentina (COAN) foram submetidos a um comando único
centralizado, usando o Aeroporto de Port Stanley, que foi chamado de Base Aérea
Militar (BAM) Malvinas, e bases aéreas e aeroportos civis do sul da Argentina
(situados entre 700 e 1000 km das ilhas), de onde lançavam ataques contra as
aeronaves inglesas num primeiro momento, e após os eventos do dia 20 de maio de
1982, contra os navios da frota inglesa.
As
principais ações dessa primeira fase da guerra foram o afundamento do veterano cruzador
leve argentino ARA General Belgrano (o ex-USS Phoenix, sobrevivente do ataque japonês
contra a base norte-americana em Pearl Harbor, no dia 7 de dezembro de 1941) pelo
submarino nuclear HMS Conqueror (que ironicamente lançou torpedos da época da
II Guerra Mundial para atingi-lo), no dia 2 de maio, e o afundamento do destróier
Tipo 42 inglês HMS Sheffield, por um míssil antinavio Exocet AM39, lançado de
uma aeronave argentina Dassault Super Étendard do COAN, no dia 4 de maio.
MILITARES
INGLESES X MILITARES ARGENTINOS
Os
cerca de 10 mil soldados ingleses que foram servir na retomada das Malvinas, todos profissionais e muitos veteranos de outros conflitos, normais e assimétricos, foram
muito bem equipados para a missão, muitos carregando cerca de 50 kg de armas, munição,
equipamentos diversos e suprimentos. O fuzil padrão era o L1A1, uma versão
inglesa do FN FAL, equipada com o calibre .280, mas muitas tropas como os
Gurkhas e operadores de tropas especiais foram equipados com o fuzil
norte-americano M16A1 e submetralhadoras Stirling, com ou sem silenciador. Os ingleses
fizeram um grande uso das GPMG (Metralhadora de Uso Geral), tanto a moderna L7A1
(versão inglesa da conhecida FN MAG), quanto a veterana metralhadora Bren.
Soldados ingleses nas Malvinas |
Entretanto,
muitos dos cerca de 12 mil soldados que lutaram nas Malvinas pelo lado
argentino eram conscritos (oriundos do alistamento militar). A arma padrão da infantaria
argentina era o fuzil FN FAL, de calibre 7,62 mm, produzido localmente. Os soldados
estavam equipados com capacetes M1 norte-americanos da época da II Guerra
Mundial, óculos de proteção contra o frio, jaquetas de origem israelense e
outros equipamentos. Muitos soldados passaram frio e fome nas trincheiras por
falta de uma logística adequada e roupas preparadas para o intenso frio da
região na época, com temperaturas que chegavam a até -15°C, e muito chuvoso.
Os
operadores das tropas especiais e comandos usavam equipamentos melhores, como
submetralhadoras com silenciador Stirling, sistemas de comunicação, e outros
equipamentos mais modernos. Segundo algumas fontes, muitos soldados de infantaria
não receberam plaquetas de identificação, e por esse motivo muitos dos mortos argentinos
na guerra não puderam ser identificados por anos, até o surgimento dos exames
de DNA, nos anos 90.
OPERAÇÕES
ESPECIAIS INGLESAS ANTES DA RETOMADA DAS ILHAS
Após
o afundamento do HMS Sheffield os ingleses, que começaram a se preocupar da
perigosa combinação Étendard-Exocet dos argentinos, planejou uma operação para
infiltrar, usando aeronaves Lockheed C-130 Hercules da RAF, operadores do
Serviço Aéreo Especial (SAS) inglês para atacar a base onde estavam situados os
cinco Super Étendards do COAN, em Río Grande, na Terra do Fogo, para destruí-los
e também matar os pilotos. A operação recebeu o codinome “Mikado”. A operação foi
posteriormente cancelada, depois de reconhecer que suas chances de sucesso eram
limitadas e substituída por um plano para usar o submarino HMS Onyx para infiltrar
os operadores da SAS próximo da consta argentina à noite, para que eles chegassem
à costa a bordo de botes de borracha e infiltrassem em Río Grande para destruir
o estoque restante de Exocet da Argentina.
Uma
equipe de reconhecimento da SAS foi enviada para realizar os preparativos para a
infiltração. Um helicóptero Westland Sea King que transportava a equipe
designada decolou do HMS Invincible na noite de 17 de maio, mas o mau tempo o
forçou a pousar a cerca de 80 km de seu alvo e a missão foi abortada. O piloto
voou para o Chile, pousou ao sul de Punta Arenas e deixou a equipe da SAS. Os
três tripulantes do helicóptero destruíram a aeronave, renderam-se à polícia
chilena no dia 25 de maio e foram repatriados ao Reino Unido após
interrogatório. A descoberta do helicóptero destruído atraiu considerável
atenção internacional. Enquanto isso, a equipe do SAS que pousou no continente
chegou a se aproximar de Río Grande, mas cancelou sua missão depois que os
argentinos suspeitaram de uma operação inimiga e mobilizaram cerca de dois mil
soldados para procurá-los. Os homens da SAS conseguiram retornar ao Chile, se
entregaram às autoridades chilenas e retornaram ao Reino Unido num voo civil.
No
dia 14 de maio, o SAS realizou uma incursão na Ilha Pebble, nas Malvinas, onde os
argentinos operavam, a partir de uma pista de grama, as aeronaves leves de
ataque ao solo FMA IA 58 Pucará e os Beechcraft T-34 Mentor, que poderiam
dificultar um eventual desembarque inglês na região. Essa ação resultou na
destruição de onze aeronaves argentinas.
A
“OPERAÇÃO SUTTON”: O DESEMBARQUE NA BAÍA DE SAN CARLOS
Durante
a noite de 20-21 de maio de 1982, o Grupo de Tarefas Anfíbios Britânico, sob o
comando do comodoro Michael Clapp executou a “Operação Sutton”, o desembarque
anfíbio nas praias ao redor da Baía de San Carlos a costa noroeste de East
Falkland (Isla Soledad) de frente para o estreito que separa as ilhas. A
operação pegou os argentinos completamente de surpresa, pois os oficiais da
Marinha Argentina consideraram que o local não era uma boa escolha para esse
tipo de operação e deixaram a zona sem grandes defesas.
Os
4 mil homens da 3ª Brigada de Comando foram desembarcados da seguinte forma: o 2º
Batalhão do 2º Regimento de Paraquedas (2 Para) do navio Roll On/Roll Off (RORO)
Norland e 40 operadores do Royal Marines do navio anfíbio HMS Fearless foram desembarcados
em San Carlos (Praia Azul); o 3º Batalhão do 3º Regimento de Paraquedistas (3
Para) do navio anfíbio HMS Intrepid foi desembarcado em Port San Carlos (Praia
Verde); o 45 Comando, do navio de apoio RFA Stromness, foram desembarcados em
Ajax Bay (Praia Vermelha).
A
42 Comando, que estavam baseados no transatlântico SS Canberra serviam como uma
reserva tática. Unidades da Artilharia Real, Engenheiros Reais e veículos
blindados de reconhecimento também foram desembarcados com a embarcação de
desembarque tipo LSL e as barcaças. Os lançadores de mísseis SAM Rapier eram
transportados como cargas suspensas de Sea Kings para o rápido desembarque.
Ao
amanhecer do dia seguinte, os ingleses haviam estabelecido uma cabeça de praia
segura para conduzir operações ofensivas. A partir daí, o plano do brigadeiro
Julian Thompson era capturar as vilas de Darwin e Goose Green antes de virar
para Port Stanley. Agora, com as tropas britânicas em terra, a Força Aérea Sul argentina
iniciou a campanha de bombardeios noturnos contra eles usando aviões
bombardeiros English Electric Canberra da FAA que durou até o último dia da
guerra (14 de junho).
A
BATALHA DE SAN CARLOS
Entre
os dias 21 e 25 de maio os argentinos tentaram de todas as formas barrar o avanço
dos ingleses em direção a Port Stanley, usando sua aviação militar (tanto as
aeronaves baseadas nas ilhas quanto no continente) e tropas em terra para isso,
no que ficou conhecido como a “Batalha de San Carlos”. A baía foi chamada de “Bomb
Alley” (“Beco das Bombas”) pelas forças britânicas, pois foi palco de repetidos
ataques aéreos de jatos argentinos em alta velocidade e extrema baixa altitude.
Foi
a primeira vez na História que uma frota de superfície moderna, armada com
mísseis SAM e com cobertura aérea apoiada por aeronaves V/STOVL, se defendeu
contra ataques aéreos inimigos em grande escala. Os britânicos sofreram perdas
e danos consideráveis (11 navios afundados, 4 helicópteros perdidos e 49 mortos)
mas foram capazes de criar e consolidar uma cabeça de ponte e tropas
terrestres. Os argentinos perderam na batalha 22 aeronaves e tiveram 11 pilotos
mortos.
A
BATALHA DE GOOSE GREEN
Desde
o início de 27 de maio até 28 de maio, o 2 Para (aproximadamente 500 homens),
com apoio de tiros navais da HMS Arrow e apoio de artilharia do 8 Comando, se
aproximou e atacou Darwin e Goose Green (a cerca de 100 km de Stanley), que eram
defendidos pelo 12º Regimento de Infantaria da Argentina. Após uma dura luta que
durou a noite toda e até o dia seguinte, os britânicos venceram a batalha; ao
todo, 17 soldados britânicos e 47 argentinos foram mortos. Um total de 961 soldados
argentinas (incluindo 202 militares da Força Aérea Argentina no aeródromo de
Condor) foram presos.
A
rede de rádio e televisão estatal inglesa BBC anunciou a tomada de Goose Green antes
que ela realmente acontecesse, uma ação bastante criticada posteriormente. Foi
durante esse ataque que o tenente-coronel H. Jones, o comandante do 2 Para, foi
morto na frente de seu batalhão enquanto atacava as posições argentinas sob
pesado fogo inimigo. Ele foi premiado postumamente com a Victoria Cross (VC).
Com
a considerável força argentina em Goose Green fora de combate, as forças
britânicas foram finalmente capazes de sair da cabeça-de-praia de San Carlos. No
dia 27 de maio, homens de 45 Comando e 3 Para iniciaram uma marcha forçada
através das Malvinas Orientais em direção ao assentamento costeiro de Teal
Inlet.
O
AFUNDAMENTO DO SS ATLANTIC CONVEYOR GERA DIFICULDADES
No
dia 25 de maio de 1982, Data Nacional da Argentina, os argentinos lançaram
furiosos ataques contra as forças inglesas. Num desses ataques, o “HMS Coventry”
foi afundado por bombas lançadas de aeronaves Douglas A-4B/C Skyhawk da FAA.
Nesse mesmo dia o navio pesado de apoio logístico “SS Atlantic Conveyor” foi
atingido por dois mísseis AM39 Exocet, disparados por dois Dassault Super Étendard
do COAN. Foi o primeiro navio britânico perdido por ação inimiga desde a II
Guerra Mundial.
O
afundamento do Atlantic Conveyor gerou bastante dificuldade para os ingleses,
pois nele estavam vários helicópteros que seriam usados nas operações nas ilhas,
incluindo cinco Chinook, helicópteros pesados que seriam usados para
transportar tropas e suprimentos nas ilhas. O único Chinook que operou nas
Malvinas (o ZA718, chamado de “Bravo November”, ainda em serviço ativo até os dias
de hoje!) também estava no Atlantic Conveyor, mas havia deixado o navio antes
do ataque. Pela falta de helicópteros e veículos de transporte, a maior parte
das tropas que desembarcaram nas Malvinas tiveram que fazer seus deslocamentos
a pé, atrasando ainda mais a Campanha.
O "Bravo November" ZA718, único Chinook operacional na Guerra das Malvinas e ainda em serviço ativo, 38 anos depois! |
O
ATAQUE AO MONTE KENT
Entre
os dias 29 de maio e 11 de junho de 1982 ocorreu provavelmente a maior batalha
da Guerra das Malvinas, o “Ataque ao Monte Kent”, ou “Batalha de Monte Kent” (a
25 km de Stanley), onde os argentinos lutaram desesperadamente para tentar
repelir os ingleses que estavam se aproximando de Port Stanley.
O
primeiro engajamento durante a Batalha de Monte Kent ocorreu durante a noite de
29 a 30 de maio de 1982, quando a 3ª Seção de Assalto da 602ª Companhia de Comando,
liderada pelo capitão Andrés Ferrero, encontrou operadores do Esquadrão D do
22º SAS nas encostas do Monte Kent, com uma baixado lado argentino, e os outros
soldados tendo fugido e abandonado grande parte de seus equipamentos. O SAS
sofreu dois feridos durante o contato.
Durante
o dia 30 de maio, os Harriers da RAF estiveram ativos em Monte Kent. Um deles,
o Harrier GR.3 XZ963, pilotado pelo líder do esquadrão Jerry Pook, em resposta
a um pedido de ajuda do esquadrão D, atacou as encostas mais baixas do leste do
Monte Kent e foi abatido por disparo de armas de pequeno porte. Pook ejetou,
mas foi feito prisioneiro e posteriormente foi condecorado com o Distinguished
Flying Cross.
No
dia 31 de maio, um elemento dos SAS derrotou as Forças Especiais da Argentina
no conflito no “Top Malo House”. Um destacamento de 13 militares do Comando
Argentino (1ª Seção de Assalto, comandados pelo capitão José Vercesi, 602ª
Companhia de Comando) ficou preso em uma pequena casa de pastoreio em Top Malo.
Os comandos argentinos dispararam pelas janelas e portas e depois se refugiaram
em um leito de córrego a 200 metros da casa em chamas. Completamente cercados,
eles lutaram contra 19 comandos SAS e dos Royal Marines sob o comando do capitão
Rod Boswell por 45 minutos até que, com suas munições quase esgotadas,
decidiram se render. Dois argentinos morreram e seis ficaram feridos, já os
ingleses tiveram quatro feridos.
O
601º Comando tentou avançar para resgatar a 602ª Companhia de Comando na
Montanha Estancia, próximo ao Monte Kent. Avistados por 42 Comando, foram
atacados por morteiros ingleses de 81 mm e forçados a se retirar para a Montanha
Two Sisters (“Duas Irmãs”, a 20 km de Stanley). O líder da 602ª Companhia de
Comando na Montanha Estancia percebeu que sua posição se tornara insustentável
e, depois de conversar com outros oficiais, ordenou a retirada para Port Stanley.
A
operação argentina também viu o uso extensivo de apoio de helicóptero para
posicionar e extrair patrulhas; o 601º Batalhão de Aviação de Combate também
sofreu baixas. No final da manhã do dia 30 de maio, um helicóptero Aérospatiale
SA330 Puma foi derrubado por um míssil FIM-92 Stinger lançado ao ombro (MANPADS),
disparado pelo SAS nas proximidades do Monte Kent. Seis tripulantes da aeronave
foram mortos e mais oito ficaram feridos no acidente. A aviação argentina
tentou sem sucesso destruir as posições argentinas no Monte Kent usando principalmente
os bombardeiros English Electric Canberra, além das aeronaves baseadas em
Stanley, como o Pucará, por exemplo.
OS
ATAQUES A BLUFF COVE
No
dia 1º de junho, com a chegada de mais 5.000 tropas britânicas da 5ª Brigada de
Infantaria, o novo comandante da divisão britânica, Major-General Jeremy Moore,
dos Royal Marines, tinha força suficiente para começar a planejar uma ofensiva
contra Stanley. Durante esse período, os ataques aéreos argentinos às forças
navais britânicas estacionadas em Bluff Cove (a 27 km de Stanley) seguiram de
forma violenta, matando 56 homens. Dos mortos, 32 eram do Welsh Guards na RFA
Sir Galahad e RFA Sir Tristram, destruídos pelas bombas argentinas no dia 8 de
junho. De acordo com o cirurgião-comandante Rick Jolly, do Hospital de
Falklands Field, mais de 150 homens foram feridos nos ataques.
A
QUEDA DE PUERTO ARGENTINO (PORT STANLEY) E O FIM DA GUERRA
Na
noite de 11 de junho, após vários dias de meticuloso reconhecimento e acúmulo
de logística, as forças britânicas lançaram um ataque noturno do tamanho de uma
brigada contra os vários montes que rondavam Stanley, e eram usados pelos argentinos
com postos de defesa. Unidades da 3ª Brigada de Comando, apoiadas por tiros de
vários navios da Marinha Real, atacaram simultaneamente o Monte Two Sisters, o Monte
Harriet (a 12 km de Stanley) e o Monte Longdon (a 9 km de Stanley), nas cercanias
de Stanley. Em Two Sisters, os britânicos enfrentaram resistência do inimigo e
fogo amigo, mas conseguiram capturar seus objetivos. O Monte Harriet foi facilmente
conquistado ao custo de dois soldados britânicos e 18 argentinos mortos. A
batalha mais difícil foi no Monte Longdon. As forças britânicas enfrentaram
fogo pesado de metralhadora, fogo de artilharia, ação de franco-atiradores e
emboscadas por parte dos argentinos. Apesar disso, os britânicos continuaram
seu avanço.
Foram
nessas batalhas que o 1ºEsquadrão do 7º Batalhão de Gurkhas “Duke of Edinburgh”,
cobrindo o flanco da força principal, intimidava os argentinos com seus gritos
e sua impressionante faca “Kukri”. Muitos argentinos ao observarem os Gurkhas se
aproximando abandonaram seus postos e recuavam, pois existiam rumores entre os
soldados argentinos que os Gurkhas lutavam drogados e não faziam prisioneiros,
informações que simplesmente não passavam de boatos.
A
segunda e última fase dos ataques começou na noite de 13 de junho, com o 2 Para,
com o apoio de blindados leves, capturou Wireless Ridge (a 10 km de Stanley),
com a perda de três vidas britânicas e 25 argentinas, e homens do 2º batalhão capturaram
o Monte Tumbledown (a apenas 6 km de Stanley) na Batalha do Monte Tumbledown,
que custou 10 britânicos e 30 vidas argentinas.
Com
a última linha de defesa natural no Monte Tumbledown violada, as defesas argentinas
de Stanley começaram a desmoronar e a situação ficou insustentável. Um
cessar-fogo foi declarado no dia 14 de junho e o comandante da guarnição
argentina em Stanley, Brigadeiro-General Mario Menéndez, se rendeu ao Major
General Jeremy Moore no mesmo dia. Com essa rendição teve fim a terrível Guerra
das Malvinas.
Uma pilha de armas, munições e equipamentos abandonados pelos argentinos após a rendição. |
A Recuperação das Ilhas Sandwich do Sul
No
dia 20 de junho, os britânicos retomaram as Ilhas Sandwich do Sul, uma pequena
ilha quase na Antártida, através da “Operação Keyhole”, o ataque inglês a
pequena guarnição situada na Ilha Thule do Sul, na base “Corbeta Uruguai”, que
se rendeu sem luta. A Argentina havia estabelecido a base em 1976, e até 1982 o
Reino Unido havia contestado a existência da base argentina apenas por canais
diplomáticos. Após o ataque a base foi fechada e a guarnição evacuada. De certa
forma foi uma vingança às ações argentinas na “Operação Rosário” e na “Operação
Geórgias”.
CONSEQUÊNCIAS E LIÇÕES DA GUERRA DAS MALVINAS
No
total a Argentina teve 649 mortos e cerca de 1.200 feridos, enquanto que a
Inglaterra teve 255 mortos e cerca de 800 feridos. Apenas três mulheres civis, habitantes
das ilhas, morreram durante a guerra. A Inglaterra venceu o conflito, mas
sofreu significativas perdas de navios e material (um total de oito navios afundados
ou destruídos). Os argentinos sofreram pesadas perdas em sua força aérea, com mais
de 50 aeronaves perdidas de vários tipos.
No
caso da guerra terrestre, os argentinos não venceram nenhuma batalha,
principalmente devido ao melhor preparo e equipamentos dos ingleses, que eram
soldados profissionais e bem treinados, e também do despreparo dos mal
equipados e famintos soldados argentinos, que lutaram bravamente (a bravura dos
soldados e pilotos argentinos surpreendeu o mundo na época) mas não tiveram
condições de enfrentar a então terceira maior potência militar do planeta.
Vários
memoriais e monumentos foram erguidos nas ilhas em homenagens aos caídos dos
dois lados. Durante a guerra, os mortos britânicos foram colocados em sacos
plásticos e enterrados em valas comuns. Após a guerra, os corpos foram
recuperados; 14 foram enterrados no cemitério militar da Praia Azul e 64 foram
devolvidos ao Reino Unido. Muitos dos mortos argentinos estão enterrados no
cemitério militar argentino, a oeste da vila de Darwin. O governo da Argentina
recusou uma oferta do Reino Unido de repatriar os corpos para o continente,
pois segundo os argentinos “eles já estavam enterrados em solo argentino”.
A
principal lição da Guerra das Malvinas é nunca enfrentar um inimigo de forma
tão despreparada como os argentinos enfrentaram os ingleses. A Argentina perdeu
muito com a guerra, hoje suas Forças Armadas são uma sombra do que foram na época
da guerra. A guerra é o último dos recursos políticos e se a Argentina tivesse
negociado mais, poderia ter tido mais avanços do que teve ao entrar numa guerra
quase impossível de ser vencida.
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FOTO DE CAPA: Soldados ingleses marchando a pé rumo a Port Stanley.
FOTOS: Internet e Wikipedia.
Dedico esse artigo ao amigo Leonardo Silva Alves, mais uma vítima dessa Pandemia do Coronavírus que assola o mundo. #FiqueEmCasa
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Por Luiz Reis, Professor de História da Rede Oficial de Ensino do Estado do Ceará e da Prefeitura de Fortaleza, Historiador Militar, entusiasta da Aviação Civil e Militar, fotógrafo amador. Brasiliense com alma paulista, reside em Fortaleza-CE. Luiz colaborou com o Canal Arte da Guerra e o Blog Velho General e atua esporadicamente nos blogs da Trilogia Forças de Defesa, também fazendo parte da equipe de articulistas do GBN Defense. Presta consultoria sobre História da Aviação, Aviação Militar e Comercial. Contato: [email protected]
GBN Defense – A informação começa aqui