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segunda-feira, 3 de maio de 2021

“CUMPRINDO COM O SEU DEVER PARA DEFENDER A PÁTRIA”: A FORÇA AÉREA SUL DA ARGENTINA DURANTE A GUERRA DAS MALVINAS

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A Guerra das Malvinas levou o terror e a morte ao Atlântico Sul, mas também foi um conflito onde inovadoras e criativas soluções foram criadas para lidar com as adversidades e as limitações presentes nas Forças de Defesa Argentinas ao longo do conflito.

Uma dessa ideias foi a criação da “Força Aérea Sul” (“Fuerza Aerea Sur”, em espanhol), que possuía a sigla “FAS” que seria a organização responsável por coordenar as aeronaves da Força Aérea Argentina (FAA) durante as operações militares na guerra.

O Comando Aéreo Estratégico argentino criou a Força Aérea Sul para conduzir operações militares no sul da Argentina. A criação formal ocorreu no dia 5 de abril de 1982. O então comandante da IV Brigada Aérea, brigadeiro Ernesto Crespo, tornou-se o comandante da FAS. O CAE, que respondia diretamente à Presidência da República da Argentina, era o único supervisor da FAS.

 A responsabilidade da FAS incluía operações aéreas estratégicas, táticas e de transporte no Teatro de Operações Sul e no Teatro de Operações Atlântico Sul. A Guarnição Militar de Malvinas dependia quase inteiramente da FAS para o apoio logístico que deveria ser realizado principalmente por via aérea, principalmente devido à Marinha Argentina ter mantido seus navios nos portos do continente devido ao afundamento do cruzador “General Belgrano” por um submarino nuclear inglês, logo no início da guerra. O início das operações ocorreu no dia 1º de maio de 1982.

 

ORGANIZAÇÃO DA FORÇA AÉREA SUL

 

Comando

Comandante: brigadier Ernesto Horacio Crespo

Vice Comandante: brigadier Roberto Fernando Camblo

Chefe de Estado Maior: comodoro José Antonio Juliá

Coordenador Geral: comodoro Correa Cuenca

Oficial de Operações de Defesa: comodoro Rodriguez

 

Estado Maior

Chefe do Departamento de Pessoal (A-1): comodoro Manuel R. Rivero

Chefe do Departamento de Inteligência (A-2): comodoro Jorge Alberto Espina

Chefe do Departamento Operacional (A-3): comodoro José Antonio Juliá

Chefe do Departamento de Material (A-4): comodoro José D. Marcantoni

Chefe do Departamento de Comunicações (A-5): vicecomodoro Antonio Maldonado

 

Seções Operacionais

Seção de Exploração y Reconhecimento: comodoro Ronaldo Ferri

Seção de Operações Eletrônicas: comodoro Ronaldo Ferri

Seção de Busca e Salvamento: mayor Norberto Héctor Barozza

Seção de Análise e Avaliação de Operações: vicecomodoro Torres

Seção de Vigilância e Controle Aéreo: comodoro Enrique Saavedra

Seção de Tráfego Aéreo: mayor Horacio A. Oréfice

Seção de Segurança Aérea e Interceptação: comodoro Tomás Rodríguez

Seção de Segurança e Serviços: vicecomodoro Aguirre

Seção de Meteorologia: primer teniente Viotti

 

BASES AÉREAS MILITARES DA FAS

 


Bases da Força Aérea Sul. (Fonte: FDRA Malvinas)


As seguintes unidades estavam sob o comando da Força Aérea do Sul:

 

Base Aérea Militar Trelew (BAM Trelew)

A FAA criou a BAM Trelew em 10 de abril de 1982 na Base Aérea Naval Almirante Zar do COAN da Marinha Argentina. Era a base mais distante das Malvinas (a 1.080 km das ilhas). Nessa base operaram os BAC Mk.62 Canberra do 1º Esquadrão de Bombardeiro, a aeronave de maior alcance do inventário das FAS. A BAM Trelew foi usada pela Força Aérea Sul como base de voos de guiagem e distração, bem como para voos de exploração e reconhecimento ou busca e salvamento no mar. Trelew também foi uma das bases do Esquadrão Fênix.

 

IX Brigada Aérea (BAM Comodoro Rivadavia)

Situada na cidade de Comodoro Rivadavia, distante cerca de 860 km das ilhas, já era uma Base Aérea Militar pertencente a FAA. Passada para o comando da FAS em abril de 1982, de lá partiram missões dos Fokker F27 Friendship, que lá serviam no 6º Esquadrão de Transporte. Também era sede do 4º Esquadrão de Ataque, que operava os bimotores de ataque FMA IA-58 Pucará, onde muitas dessas aeronaves foram destacadas para as ilhas. O Esquadrão Fênix também estava baseado em Comodoro Rivadavia, de onde guiavam os Pucará para operarem nas Malvinas.

 

Base Aérea Militar de San Julián (BAM San Julián)

Vista aérea da BAM San Julián no dia 9 de junho de 1982, perto do final da guerra. (Foto: Pinterest)


Foi criada ainda em 1978 por conta da crise do Canal de Beagle e a quase-guerra contra o Chile, lá situando um esquadrão de caças-bombardeiros Douglas A-4C Skyhawk. A FAA reativou a BAM San Julián (distante 700 km das ilhas) em abril de 1982 e a colocou subordinada a FAS para servir o 1º Esquadrão Móvel de Aeronaves A-4C e o 2º Esquadrão Móvel, equipados com os caças multifunção de origem israelense IAI Dagger do 6º Grupo de Caça. Este último foi transferido para a Base Aérea Militar de Río Gallegos em 9 de junho de 1982, quando o 1º e o 2º Esquadrões Móveis de A-4B deixaram essa base para se estabelecer em San Julián.

 

Base Aérea Militar de Santa Cruz (BAM Santa Cruz)

Também criada em 1978 por causa da crise entre Argentina e Chile de 1978, a BAM Santa Cruz abrigou parte do 3º Grupo de Ataque, equipado com IA-58 Pucará, que permaneceram na região até o final da crise. Em 1982, as FAA reativaram a base por causa do conflito do Atlântico Sul (a base fica a cerca de 790 km das ilhas). O 3º Grupo de Ataque desdobrou um Esquadrão composto por aeronaves IA-58 Pucará. Estes patrulhavam a costa por causa da ameaça britânica contra alvos na Patagônia.

 

Base Aérea Militar Río Gallegos (BAM Río Gallegos)

Um Dassault Mirage IIIEA decolando da BAM Río Gallegos durante a guerra. (Foto: Pinterest)


Uma das mais importantes bases militares da FAA na região, a BAM Río Gallegos ficava a 750 km das ilhas. O 5º Grupo de Caça (equipados com o Douglas A-4B Skyhawk) e o 8º Grupo de Caça (equipados com os interceptadores Dassault Mirage IIIEA) executaram suas operações de combate a partir da BAM Río Gallegos durante a Guerra das Malvinas, sob o Plano de Operações Nº 2/82 “Manutenção da Soberania”. De Río Gallegos também partiam voos dos Lockheed C-130 Hercules que ressupriam as tropas nas ilhas quantos os que realizavam o reabastecimento aéreo das aeronaves atacantes com essa capacidade (através da versão KC-130). A BAM Río Gallegos também abrigou o Comando da Força Aérea do Sul durante as hostilidades.

Aeronave Douglas A-4C Shyhawk canibalizada em Río Gallegos. A FAS enfrentou muitas dificuldades durante a guerra, principalmente falta de peças de reposição e suprimentos. (Foto: Pinterest)


Base Aérea Militar de Río Grande (BAM Río Grande)

Río Grande era o lar dos temíveis Dassault Super Étendard do COAN, que causaram temor aos ingleses por causa do seu poderoso míssil antinavio Exocet. (Reprodução Internet)


A Base Aérea Militar de Río Grande (distante cerca de 690 km das ilhas) também foi criada em abril de 1982 por causa do conflito no Atlântico Sul. Suas instalações eram vizinhas da Base Aérea Naval de Río Grande da Marinha Argentina. O 1º Esquadrão Móvel do 6º Grupo de Caça, equipados com os caças IAI Dagger, realizou suas operações em direção as ilhas a partir da base.

 

A “Força-Tarefa 80”

O Comando da Aviação Naval da Argentina (COAN) também teve o seu desdobramento no sul do país para o conflito. Tal missão seria responsabilidade da chamada “Força-Tarefa Aeronaval” ou “Força-Tarefa 80” (“Fuerza de Tareas Aeronaval” ou “Fuerza de Tareas 80”, em espanhol). Essa unidade também foi conhecida pela sigla “FT 80”, e também operou com várias aeronaves, dente elas os recém-adquiridos Dassault Super Étendard, que poderiam lançar os mísseis antinavio Exocet.

 

APÓS A GUERRA

O Brigadeiro Ernesto Crespo, Comandante da FAS. (Reprodução Wikipédia)


Após o fim das hostilidades, a FAS foi extinta. As aeronaves sobreviventes do conflito voltaram para suas bases de origem, a BAM San Julián e a BAM Santa Cruz voltaram a se tornar aeroportos civis e a FAA abandonou as Bases Navais de Trelew e de Río Grande. O brigadeiro Ernesto Crespo, que cumpriu com honra o seu dever, anos depois acabou se tornando o Comandante-Geral da Força Aérea Argentina. O Brigadeiro Crespo faleceu no dia 6 de março de 2019.


Com informações retiradas da Wikipédia, Canal Militarizando, Revista Força Aérea e Blog Forças de Defesa.


*Foto de Capa: O IAI Dagger C-421, veterano da Guerra das Malvinas, "espetado" próximo ao Aeroporto de Puerto San Julián, uma das bases da Força Aérea Sul durante o conflito em 1982. (Foto: Pinterest)

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Por: Luiz Reis - Editor-Chefe do Canal Militarizando, Professor de História da Rede Oficial de Ensino do Estado do Ceará e da Prefeitura de Fortaleza, Historiador Militar, entusiasta da Aviação Civil e Militar, fotógrafo amador. Brasiliense com alma paulista, reside atualmente em Fortaleza-CE. Luiz colaborou com o Canal Arte da Guerra e o Blog Velho General e atua esporadicamente nos blogs da Trilogia Forças de Defesa, também fazendo parte da equipe de articulistas do GBN Defense. Contato: [email protected]



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sexta-feira, 2 de abril de 2021

Malvinas - 39 anos da Operação Rosário, inicio da Guerra das Malvinas

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Hoje a Argentina relembra a "aventura bélica" que completa 39 anos, estamos falando da "Guerra das Malvinas" ou "Falklands", o confronto entre as forças Argentina e o poderio britânico pela posse das Ilhas no sul do Atlântico que levou ao maior conflito bélico no atlântico após a Segunda Guerra Mundial.

As reivindicações pela soberania sobre as Ilhas Falklands, ou Malvinas, levou ao confronto sangrento que deixou 649 mortos e muitos feridos no lado Argentino e cerca de 255 britânicos mortos.

A disputa não é recente, são mais de 180 anos de reivindicações pelo domínio das ilhas, território que esta no poder dos britânicos desde 1833, mas na visão da Junta Militar que governava a Argentina nos anos 80, a retomada a força do território seria uma boa propaganda para o regime em declínio e garantiria alguma sobrevida, diante do cenário de crescente rejeição popular, com a oposição ganhando cada vez mais força, a ação militar foi encarada como uma saída vital para manutenir o poder.

Denominada "Operação Rosário", a ação consistia numa ação militar coordenada para recuperar o controle sobre as ilhas Malvinas, Geórgia do Sul e Sandwich do Sul que compõe o arquipélago, com uma operação rápida de tomada das ilhas, onde não se esperava uma reação de Londres, conforme se desencadeou.

No dia 2 de abril de 1982, há 39 anos atrás, foi lançada a "Operação Rosário", com as forças argentinas realizando desembarques anfíbios em Port Stanley, capital do arquipélago, iniciando o curto porém sangrento conflito do qual as forças argentinas jamais se recuperaram, a "Guerra das Malvinas".

O primeiro tiro

Logo pela primeiras horas da manhã, ás 5h45, o primeiro grupo das forças argentinas abre fogo contra uma posição dos Royal Marines, destacamento responsável pela defesa das ilhas, a ação não teve uma resposta imediata, e o segundo grupo de ataque avança contra a casa do governador Hunt, major Norman, que a essa altura já havia ouvido os disparos e se preparava para resistir ao ataque. 

selo em homenagem ao CC Pedro E. Giachino

O segundo grupo comandado por Pedro Giachino se dirigiu diretamente à residência do Governador, com intenção de atacá-la pela porta dos fundos. Porém, cometeram um erro e entram no anexo da área de serviço, onde três 
royal marines aguardavam o ataque argentino, e assim que se depararam com o avanço da força argentina abriram fogo. Giachino foi atingido pelos britânicos, e caiu gravemente ferido, enquanto teve inicio um intenso tiroteio entre seus homens e a guarnição britânica. Ali o ataque argentino registrava sua primeira baixa naquele conflito, o Capitão de Corveta Pedro Edgardo Giachino não resistiu aos ferimento, tornando-se assim a primeira baixa da Guerra das Malvinas.

O desembarque prossegue e às 6h20, a companhia E composta por veículos anfíbios LVTP-7 do 2º Batalhão de Fuzileiros Navais, chega em solo e ruma em direção do aeroporto, um dos pontos estratégicos da ilha. A companhia D desembarca pouco depois para tomar o farol.


Quando a companhia E chega às proximidades do antigo aeroporto, enfrenta a reação dos Royal Marines (fuzileiros navais britânicos). Um dos anfíbios LVTP-7 foi atingido por um míssil anti-carro Carl Gustav, apesar de avariado, a tripulação saiu ilesa. A resistência maior que se previa levou a algumas mudanças na operação de desembarque, com  1º Batalhão e uma companhia de lança-foguetes de 105 mm sendo transportados por helicópteros à costa afim de aumentar o poder de fogo e a resposta a resistência oferecida pelos britânicos.

Rendição e Resistência

Diante do cenário totalmente desfavorável, o governador Hunt que contava apenas com 68 Royal Marines e 11 marinheiros decide que a única saída é negociar a rendição frente aos invasores, onde convocou o argentino Héctor Gilobert, argentino residente nas ilhas que foi encarregado de negociar o cessar-fogo. Às 9h30, o governador Hunt se rende, sendo embarcado numa aeronave que o levou para Montevidéu no Uruguai, de onde regressaria à Londres.

Apesar do Governador Hunt ter entregue as Ilhas após um acordo com as forças Argentinas em Port Stanley, nas ilhas Geórgia do Sul, os britânicos mantiveram uma feroz resistência. Na manhã do dia 3, as forças argentinas avançaram para tomar Grytviken, mas enfrentaram a resistência dos 22 fuzileiros britânicos, durante o confronto aguerrido, um helicóptero "Puma" argentino foi abatido pelos Royal Marines, além dos danos causados pelo disparo de misseis anti-carro Carl Gustav contra corveta Guerrico que navegava bem próximo a costa em apoio as forças em terra. 



A feroz resistência da guarnição britânica consegue tirar a corveta de combate, avariando seriamente o navio, deixando inoperante sua arma de 105mm, com a Corveta mantendo fogo apenas com seu canhão de 40mm contra a posição britânica. Após a rendição britânica os argentinos contabilizaram mais três baixas com a morte do cabo Guanca e os soldados Mario Almonacid e Jorge Águila morreram e outros ficaram feridos. 

As forças empregadas pela Argentina:

Cerca de 50 operadores do “Grupo de comandos anfíbios”, aproximadamente 15 mergulhadores de combate dos “Buzos Tácticos” (“Grupo de Mergulhadores Táticos”): a bordo do submarino ARA Santa Fe (S-21), 500 homens do “Batalhão de Infantaria Marinha Nº 2 (BIM-2)”, Vinte veículos anfíbios LVTP-7 e cinco veículos anfíbios LARC-V e helicópteros SH-3 Sea King e Puma.

O passo seguinte

Após a rendição completa dos britânicos, os argentinos prosseguiram com plano, consolidando a ocupação com envio da “25ª Companhia de Regimento de Infantaria (Exército Argentino)”, transportados por aeronaves Lockheed C-130H Hercules da Fuerza Aerea Argentina (FAA).

O clima gerado pela vitória inicial sobre os britânicos passava uma falsa sensação de sucesso, não se esperava uma resposta militar de Londres, dada a grande distância e os desafios que envolveriam uma operação de retomada das ilhas. Assim, os argentinos trataram de renomear as capital, rebatizando Port Stanley como “Puerto Argentino”.

Mas o Reino Unido não demorou na resposta, e ainda no dia 3 de abril de 1982, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou a Resolução 502, a qual exigia a retirada imediata de todas as forças argentinas das ilhas e exortando os governos da Argentina e do Reino Unido a procurar uma solução diplomática e pacífica para a situação. Mas ambos não estavam dispostos de ceder, e o pavio queimava rápido, com Reino Unido preparando uma resposta a altura. 

Como aconteceu no ano passado devido à pandemia do Covid-19, muitos argentinos penduraram a bandeira azul e branca nas varandas e janelas das casas como um símbolo de homenagem aos falecidos e a esperança na contínua reivindicação do arquipélago.



Por Angelo Nicolaci - Jornalista, editor do GBN News, graduando em Relações Internacionais pela UCAM, especialista em geopolítica do oriente médio, leste europeu e América Latina, especialista em assuntos de defesa e segurança.


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segunda-feira, 8 de junho de 2020

A URSS quase mandou um Tu-128 pra Argentina em 1982… Será?

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No final da década de 1950, a URSS procurava uma aeronave supersônica de longo alcance para cobrir os mais de 5 mil km da região Norte, de onde se esperava que os EUA atacariam com os então novos B-52. Nenhuma das aeronaves da época teria o desempenho necessário para atender às especificações, então o bureau Tupolev adaptou o Aircraft 98 (‘Tu-98 Backfin’), projeto de bombardeiro recém cancelado, para a missão. O Tu-128 tinha uma velocidade máxima de aproximadamente Mach 1,6 e alcance superior a 2.500 km, e permaneceu em serviço até a queda da URSS.


O Tu-128 reunia o que de mais avançado a URSS tinha na época, de tal forma que, assim como outros projetos de ponta (como o Su-15 Flagon), ele ficou restrito à Rússia, não sendo exportado nem mesmo a países da URSS como a Ucrânia.


É com base nesta última parte da informação - algumas aeronaves soviéticas eram restritas à Rússia, e o Tu-128 é uma delas - que causou estranheza um artigo recente que alega, sem apontar as fontes, que os Tu-128 quase foram enviados para a Guerra das Falklands/Malvinas de 1982. Chamemos o autor de 'Serguei'.


ALEGAÇÕES


A URSS, desejosa de ajudar a Argentina, enviou armas leves (como os mísseis SA-7 Grail) e imagens de satélites, como já divulgado por outras fontes, mas segundo Serguei, alguns dentro do Partido Comunista, alegadamente, queriam fazer mais.


Uma das ideias alegadas foi o envio caças como os MiG-21 e MiG-23 (que já eram comumente exportadas), mas também MiG-25 (de exportação bastante restrita, mas ainda assim disponível a alguns clientes soviéticos) e também o Tu-128. E é aí que encontramos problemas - não apenas com o Tu-128 em si, mas com a ideia de exportar aeronaves, que são itens altamente complexos.


Que a URSS exportou armas leves para dezenas de países ao redor do mundo não é surpresa pra ninguém. As armas leves soviéticas são robustas e de operação simples, e mesmo soldados com pouca instrução podem operar tais armas com eficiência razoável. Aeronaves, entretanto, são outra história, ainda mais em 1982.


O primeiro ponto é que aeronaves são itens de operação extremamente complexa, com a formação de pilotos custando vários meses e vultosas somas de dinheiro. Ademais, são itens cuja manutenção é bastante custosa, com a formação de mecânicos e o restante do pessoal de apoio levando também vários meses e a um custo elevado.



O segundo ponto é que países diferentes usam equipamentos e filosofias de operações diferentes, então é incomum um usuário de aeronaves americanas mudar para aeronaves russas, por exemplo. Tal mudança implicaria em inutilizar uma infinidade de sistemas auxiliares (ferramentas, simuladores, bancadas de testes, etc) de custo agregado muito alto.E ainda que tal mudança seja feita, é um processo que pode levar anos. Um exemplo claro disso são os países que eram do Pacto de Varsóvia mas que, após a queda da URSS na década de 1990, migraram para a OTAN, como a Polônia.

Praticamente todos estes países ainda usam algumas aeronaves soviéticas, quase 3 décadas depois, e vão usá-las até o final da vida útil, quando já teriam que ser retiradas de qualquer maneira.


Mig-29 da Força Aérea Polonesa; os poloneses ainda operam 28 Mig-29 e 18 Su-22, entre outras aeronaves soviéticas, apesar de ter se tornado membro pleno da OTAN em 1999

Essas observações genéricas já indicam que a adoção de aeronaves soviéticas pela Argentina, ainda mais com uma guerra em pleno vapor, seria virtualmente impossível, e Serguei menciona que a URSS enviaria não apenas, aeronaves mas também pilotos, e chega a admitir outros óbices.A URSS não queria ser vista como parte ativa do conflito, evitando assim que os EUA enviassem suas próprias forças, numa escalada bastante grave da situação. Enviar 'na surdina' armas leves a conflitos é algo relativamente simples (URSS, EUA e outros fizeram e fazem isso de tempos em tempos), pois aeronaves civis e diplomáticas podem e tem sido usadas para tal missão.


Mas enviar aeronaves de combate é uma operação muito mais complexa e quase impossível de ocultar. Transladar aeronaves diretamente da URSS envolveria várias escalas, e acobertar uma operação tão complexa seria quase impossível. A outra possibilidade, inclusive aventada por Serguei, seria o envio por via marítima. E aqui encontramos outro problema sério, o bloqueio naval imposto pela Inglaterra.


Os navios não poderiam vir pela África do Sul (um dos países que, secretamente, apoiava a Argentina), pois a Inglaterra invariavelmente interceptaria um comboio. Patrulhas marítimas e submarinas inglesas também seguiriam atentamente qualquer navio partindo da URSS ou países aliados (Cuba, por exemplo). E o Chile, inimigo argentino de longa data, e que secretamente apoiava a Inglaterra, acompanharia qualquer comboio vindo pelo Pacífico. Outro ponto seria a operação das aeronaves. Quem pilotaria, e quem manteria as aeronaves voando? Sugestão de Serguei: pessoal soviético.


O grande problema pra isso é que os pilotos soviéticos, depois dos reveses na Guerra dos Seis Dias e Guerra do Yom Kippur, pararam de apoiar pilotos estrangeiros, a menos que a URSS fosse um beligerante direto, como é o caso na Guerra Civil da Síria.


Por fim, mas não menos importante, é o fato que a URSS nunca operou os Tu-128 fora da Rússia, nem mesmo no auge da aliança soviética com os árabes na Guerra dos Seis Dias. É altamente improvável que uma aeronave tão avançada fosse enviada para uma ‘operação indireta’, especialmente porque, ao contrário de aeronaves como o MiG-23, seria impossível à URSS alegar que tais aeronaves foram enviadas à Argentina por terceiros, já que a Rússia foi a única usuária do modelo. Estes fatos se encontram, de uma forma ou de outra, num relatório da CIA de 1983, que foi tornado público recentemente.


CONCLUSÃO


Como se pode observar, até mesmo uma análise superficial dos fatos aponta como, no mínimo, altamente improvável a alegação que os Tu-128 seriam enviados à Argentina durante a Guerra das Falklands. Se não bastasse tal análise, o documento da CIA afasta quaisquer dúvidas - a nem Argentina nem URSS consideraram seriamente a possibilidade do envio de aeronaves soviéticas à Argentina, especialmente não o Tu-128, que sequer foi citado nominalmente no relatório da CIA por ser uma proposição absurda.


Com isso, a menos que Serguei ou outros apresentem fontes com credibilidade comparável ao documento da CIA contido nas Referências apresentadas neste artigo ao pé da página, podemos classificar a notícia como uma ‘fake news’.


Por: Renato Marçal




REFERÊNCIAS







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sexta-feira, 5 de junho de 2020

DASSAULT SUPER ÉTENDARD: "O TERROR DAS MALVINAS"- CONHEÇA A AERONAVE

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O Dassault-Breguet Super Étendard (“Étendard” em francês significa “Bandeira de Batalha”) é uma aeronave de ataque, capaz de realizar missões ar-ar como papel secundário), desenvolvido para operar embarcado nos navios-aeródromos da Marine Nationale (Marinha Francesa).

A aeronave é uma versão avançada do Étendard IVM, o qual substituiu. O Super Étendard voou pela primeira vez em outubro de 1974 e entrou para o serviço francês em junho de 1978. O Super Étendard participou em vários conflitos, desde operações no Oriente Médio, a guerra do Kosovo, guerra no Afeganistão e a mais recente intervenção militar na Líbia.

O Super Étendard também foi operado temporariamente pelo Iraque e pela Argentina, que a batizaram em combate real. O Super Étendard foi usado pelo Iraque para atacar petroleiros e navios mercantes no Golfo Pérsico durante a Guerra Irã-Iraque. O uso do Super Étendard empregando o míssil antinavio Exocet pela Argentina durante a Guerra das Malvinas em 1982, levaram a aeronave e o míssil a se tornarem famosos mundialmente, sendo uma dupla letal. Na França, o Super Étendard deu lugar ao Dassault Rafale em 2016.

DESENVOLVIMENTO

O Super Étendard teve como ponto de partida o antigo Étendard IVM, desenvolvido nos anos 50. O Étendard IVM deveria ter sido substituído por uma versão navalizada do SEPECAT Jaguar, o qual seria designado como Jaguar M (Marine); no entanto, o projeto Jaguar M foi paralisado por uma combinação de fatores políticos e técnicos, durante a fase de implantação nas operações embarcadas. 

Especificamente, o Jaguar M tinha apresentado problemas de controle quando operado no modo monomotor, apresentando um baixo tempo de resposta das manetes de aceleração, o que dificultaria o pouso a bordo de um navio-aeródromo em caso de falha em um dos motores. Assim, no ano de 1973, todo o trabalho de desenvolvimento do Jaguar M foi formalmente cancelado pelo governo francês.

Haviam vários aviões cotados para substituir o Jaguar M, estes incluíram o LTV A-7 Corsair II (uma versão do Vought Crusader usado pelos franceses) e o Douglas A-4 Skyhawk. Diante desta lacuna aberta com cancelamento do Jaguar M, a Dassault iniciou conversações com governo francês, apresentando sua proposta para atender as necessidades da Marine Nationale. 

Segundo alguns analistas internacionais, a Dassault teve um papel significativo no fracasso do Jaguar M, tendo como objetivo criar uma oportunidade para alavancar um novo contrato com governo francês, com sua aeronave proposta – o Super Étendard.

O Super Étendard era essencialmente uma versão melhorada do já existente Étendard IVM, equipado com um motor mais potente, uma nova asa e aviônicos melhorados. A Dassault vendeu seu avião como único candidato 100% francês e com custos operacionais bem mais baixos que os concorrentes, já que usava tecnologia moderna, testada e usada nos aviões da Dassault. 

A proposta do Super Étendard foi aceita pela Marinha Francesa em 1973, levando a uma série de protótipos rapidamente construídos, com o primeiro dos três protótipos, um Étendard IVM que havia sido modificado, recebendo um novo motor e novos aviônicos, fez seu voo inaugural em 28 de outubro de 1974. 

A intenção original da Marinha Francesa era encomendar um total de 100 Super Étendards, no entanto, as encomendas ficou em 60 aeronaves com opções para mais 20; cortes orçamentários adicionais e um aumento no preço unitário da aeronave acabaram levando a aquisição de apenas 71 Super Étendards, os quais começaram a ser entregues em junho de 1978.

No primeiro ano de produção, 15 células foram produzidas, permitindo a formação do primeiro esquadrão já em 1979. A Dassault produziu a aeronave a uma taxa aproximada de dois exemplares por mês. A Marinha argentina foi único cliente de exportação, realizando um pedido de 14 aeronaves, destinadas a operar no seu único porta-aviões, o “ARA Vientecinco de Mayo”. Em 1983 a linha de produção da aeronave foi encerrada, com a última entrega à Marinha Francesa ocorrendo ainda naquele ano.

DESIGN E CARACTERÍSTICAS

O Super Étendard é um pequeno avião monomotor de asa média com estrutura toda em metal. Tanto as asas quanto os estabilizadores horizontais tem uma grande envergadura, com a ponta das asas dobráveis em 45 graus, enquanto a aeronave é movida por um turbojato SNECMA Atar 8K-50 sem pós-combustão, gerando 49 kN (11.025 lbf) de potência. Seu desempenho não foi muito melhor do que o Étendard IV oferecia, mas seus sensores foram significativamente melhorados.

A principal arma do Super Étendard é poderoso míssil ar-superfície francês, o Aérospatiale (hoje MDBA) AM39 Exocet. Conta com radar Thomson-CSF Agave, que entre outras funções, era essencial para lançar o Exocet. 

Um dos principais avanços técnicos do Super Étendard era o computador central UAT-40, responsável por gerenciar a maioria dos sistemas críticos de missão, integrando dados e funções de navegação, informações e exibição de radar, direcionamento e controle de armas.

Um Super Étendard da Aviação Naval Argentina equipado com o míssil antinavio Exocet. (Reprodução Internet)

Na década de 1990, modificações significativas e atualizações foram feitas na aeronave, incluindo um computador atualizado UAT-90 e um novo radar, o Thomson-CSF Anemone, que forneceu quase o dobro do alcance do radar anterior. 

Outras atualizações incluíram um cockpit extensivamente redesenhado com controles HOTAS, e trabalho de extensão de vida da célula, com total de 48 aeronaves incorporando essas melhorias. Tal programa de modernização levou a redesignar tais aeronaves como Super Étendard Modernisé (SEM)

Durante a década de 2000, outras melhorias incluíram uma capacidade de contramedidas eletrônicas (ECM) de autodefesa significativamente melhorada para evitar detecção e ataques inimigos, o cockpit foi compatibilizado com emprego de óculos de visão noturna (OVN), um novo sistema de dados inercial integrando GPS e a integraçáo com o pod de designação laser Damocles.

O Super Étendard também desde o início tinha capacidade de lançar armas nucleares táticas; inicialmente eram bombas gravitacionais não guiadas, no entanto, durante os anos 90 o Super Étendard foi extensivamente atualizado, permitindo a implantação da capacidade de lançar o míssil ramjet nuclear Air-Sol Moyenne Portée (ASMP). A aeronave recebeu aperfeiçoamentos tornando capaz de empregar uma série de bombas guiadas a laser e, para permitir que o tipo substituísse o aposentado Étendard IV na missão de reconhecimento, o Super Étendard também foi equipado com um casulo de reconhecimento especializado. No entanto, a aeronave é incapaz de realizar pousos navais sem descartar armamento não utilizados.

USO OPERACIONAL

Argentina

Um Super Étendard argentino pousando no Porta-Aviões USS Ronald Reagan da Marinha dos EUA (US Navy) durante exercício. (Reprodução Wikipedia)
O Comando da Aviação Naval Argentina (COAN) decidiu comprar 14 Super-Étendards em 1979, depois que os Estados Unidos impuseram um embargo de armas devido à "Guerra Suja", se recusando a fornecer peças de reposição para os Douglas A-4Q Skyhawks. 

Entre agosto e novembro de 1981, cinco aeronaves e cinco mísseis MAS AM39 Exocet foram enviados para a Argentina. Os Super Étendards, armados com os Exocet, teriam um papel fundamental na Guerra das Malvinas, travada entre Argentina e Reino Unido nos idos de 1982. 

O 2º Esquadrão Naval estava situado na base de Río Grande, a cerca de 800 km das ilhas. Durante o conflito, a ameaça imposta às forças navais britânicas levou ao planejamento da "Operação Mikado", dentre outras missões de infiltração propostas para invadir a base aérea, com o objetivo de destruir os Super Étendards impedindo seu emprego contra os ingleses.

Um total de quatro Super-Étendards estavam operacionais durante o conflito (um foi canibalizado para manter as outras unidades voando)

Uma primeira tentativa de atacar a frota britânica foi realizada em 2 de maio de 1982, mas foi abandonada devido a problemas no reabastecimento em voo. Mas, no dia 4 de maio, dois Super Étendards, vetorados por um Lockheed SP-2H Neptune, lançaram um ataque com missil Exocet contra o destróier britânico HMS Sheffield, que fazia piquete-radar protegendo a Força-Tarefa Britânica, resultando num incêndio que tirou o navio de combate, posteriormente o Sheffield afundou em 10 de maio. 

No dia 25 de maio (data magna da Argentina), outro ataque lançado por um elemento composto por dois Super Étendards, resultou no navio mercante Atlantic Conveyor, que transportava helicópteros e vários outros suprimentos para a linha de frente, sendo atingido por dois Exocet. Curiosamente, os mísseis que atingiram o Atlantic Conveyor, foram inadvertidamente redirecionados pelas medidas defensivas lançadas pelos navios ingleses para o mercante. Após o ataque o Atlantic Conveyor pegou fogo e acabou indo a pique.

Dois anos após o fim do conflito, em 1984 a Argentina conseguiu completar a entrega dos 14 Super Étendards encomendados, bem como os Exocet. Os Super-Étendards operaram no porta-aviões ARA Vientecinco de Mayo até sua aposentadoria nos anos 90. 

Após o descomissionamento do seu NAe, os pilotos argentinos em 1993, passaram a praticar a bordo do NAeL Minas Gerais pertencente a Marinha do Brasil, posteriormente realizaram exercicios a bordo do NAe São Paulo. Os exercícios de pouso “touch-and-go” também eram comuns em porta-aviões da US Navy durante manobras “Gringo-Gaúchas” e exercícios conjuntos.

Em 2009, um acordo foi assinado entre a Argentina e a França para atualizar a frota de Super Étendards da Argentina. Uma proposta anterior para adquirir antigas aeronaves da França foi rejeitada devido aos altos níveis de horas de voo acumuladas; em vez disso, o equipamento e o hardware seriam removidos das células francesas e instaladas em aeronaves argentinas, atualizando-as efetivamente para o padrão Super Étendard Modernisé (SEM). Esse acordo acabou sendo adiado, devido a questões políticas e econômicas. Devido a esse atraso e a crise da Argentina, a frota de Super Étendard acabou sendo paralisada no início da década de 2010.

Em 2017, cinco Super Étendard Modernisé, recém-desativados, foram comprados junto a França por 12,5 milhões de Euros, visando reforçar a frota, juntamente com um simulador, oito motores sobressalentes e um grande lote de peças de reposição e ferramentas. No entanto, não estava claro se a Argentina vai colocar em operação as cinco aeronaves recém-compradas usadas ou usar como reserva de peças sobressalentes para células antigas.

Reprodução do vídeo da Aviação Naval Argentina que mostra um Super Éterndard Modernisé (SEM) ex-Marinha Francesa em testes de motor. (Reprodução: Poder Naval)
No dia 14 de maio de 2020 foi noticiado que um dos cinco SEM comprados pela Argentina realizou testes de motor. A aeronave mostrada era a ex-Marine Nationale “44”, que já estava com aa marcações da Aviação Naval Argentina, indicando que a mesma, provavelmente junto com as outras adquiridas da França, se juntarão à “2ª Esquadrilha Aeronaval de Caça e Ataque”, que foi recentemente reativada.

França

Um Super Étendard Modernisé da Marinha Francesa prestes a pousar no. Porta-Aviões Charles de Gaulle.
As entregas do Super Étendard para a Marinha Francesa começaram em 1978, com o primeiro esquadrão, Flottille 11F, a tornar-se operacional em fevereiro de 1979. Como não ofereciam capacidade de combate aéreo, a França teve de prolongar a vida útil dos seus veteranos caças Vought F-8 Crusader, pois não foi encontrada nenhuma opção de substituição que satisfizesse a Marinha Francesa. Os EUA ofereceram um lote do então novo caça naval McDonnell Douglas F/A-18 Hornet, mas os franceses recusaram.

No total, três esquadrões operacionais e uma unidade de treinamento foram equipados com o Super Étendard. Os Super-Étendards operariam a partir de ambos os porta-aviões da França naquela época, Clemenceau e Foch; uma ala aérea de combate embarcada normalmente compreendia 16 Super-Étendards, 10 F-8 Crusaders, 3 Étendard IVPs, 7 aeronaves antissubmarinas Breguet Alizé, além de numerosos helicópteros.

As primeiras missões operacionais de combate ocorreram no Líbano durante a “Operação Olifant”. Em 22 de setembro de 1983, Super Étendards operando a partir do porta-aviões Foch bombardeou e destruiu as posições das forças sírias depois que algumas salvas de artilharia foram disparadas contra as forças de paz francesas. Em 10 de novembro, um Super Étendard escapou de ser atingido por um míssil sírio lançado no ombro da SA-7 perto de Bourj el-Barajneh. Em 17 de novembro de 1983, os mesmos aviões atacaram e destruíram um campo de treinamento islâmico, como retaliação ao ataque terrorista aos paraquedistas franceses em Beirute.

A partir de 1991, a aeronave de ataque Étendard IVM foi retirada do serviço francês, embora a versão de reconhecimento do Étendard IV, o IVP, permanecesse em serviço até julho de 2000. Em resposta, os Super Étendards passaram por uma série de atualizações nos anos 90 para adicionar novos recursos e atualizar os sistemas existentes para uso no moderno campo de batalha. O agora Super Étendard Modernisé (SEM) teve as primeiras missões de combate ocorridas durante as operações da Força Aliada da OTAN sobre a Sérvia em 1999; foi relatado que mais de 400 missões de combate foram realizadas com 73% dos objetivos atribuídos destruídos.

Um SEM equipado com o pod Damocles prestes a ser catapultado do Charles de Gaulle.
O SEM também voou missões de ataque na Operação Enduring Freedom. A Missão Héraclès, a partir de 21 de novembro de 2001, viu o desdobramento do porta-aviões Charles de Gaulle e seus Super-Étendards no Afeganistão. A Operação Anaconda, a partir de 2 de março de 2002, fez uso extensivo do Super Étendard em apoio às tropas terrestres francesas e aliadas. Os Super Étendards retornaram às operações no Afeganistão em 2004, 2006, 2007, 2008 e 2010–2011. Um de seus principais papéis era levar pods de designação a laser para iluminar os alvos do Dassault Rafale M.

O Super Étendard e seu substituto na Marinha Francesa, o Dassault Rafale M,  voando em formação.
Em março de 2011, os SEM foram destacados como parte da Força-Tarefa 473, durante a “Opération Harmattan” da França, em apoio à resolução 1973 da ONU durante o conflito na Líbia. Eles foram pareados novamente com o Dassault Rafale em missões de interdição. Os últimos SEM da aviação naval francesa estavam reunidos em um “flottille” (esquadrão) chamado flottille 17F. Todos os Super Étendards foram aposentados do serviço francês em 12 de julho de 2016 para serem substituídos pelo Dassault Rafale M, 42 anos depois que o jato de ataque subsônico realizou seu primeiro voo. O último destacamento operacional do Super Étendard de Charles de Gaulle foi em apoio à “Opération Chammal” contra militantes do Estado Islâmico no Iraque e na Síria, que começaram no final de 2015. Em 16 de março de 2016, a aeronave realizou seu lançamento final de Charles de Gaulle antes de sua retirada final do serviço em julho.

Iraque

Representação de um Super Étendard que operou no Iraque na década de 1980. Eles não receberam marcas da Força Aérea Iraquiana.

Um total de cinco Super Étendards foram emprestados ao Iraque em 1983, enquanto o país aguardava as entregas do Dassault Mirage F1, equipados com o radar Agave. 

A primeira dessas aeronaves chegou ao Iraque em 8 de outubro de 1983. A cessão dos Super Étendards ao Iraque foi politicamente controversa, pois Estados Unidos e o rival Irã manifestaram sua oposição, enquanto a Arábia Saudita apoiou o empréstimo; a aeronave era vista como um fator de influência na guerra Irã-Iraque entre 1980 e 1988, pois eles poderiam lançar ataques com Exocet contra os navios mercantes iranianos que atravessavam o Golfo Pérsico. 

Os Super Étendards iniciaram operações marítimas no Golfo Pérsico em março de 1984; um total de 34 ataques foram realizados em navios iranianos durante o resto de 1984. Navios-tanque de qualquer nacionalidade que transportassem petróleo bruto iraniano também estavam sujeitos a ataques iraquianos.

O Iraque tipicamente operava os Super Étendards em pares, escoltados por caças Mirage F1 de bases no sul do Iraque; uma vez dentro da zona de missão, os Super Étendards procurariam por alvos usando seu radar a bordo e atacariam navios-tanques suspeitos a longa distância sem identificação visual. Enquanto os petroleiros normalmente seriam atingidos por um Exocet lançado, eles geralmente eram levemente danificados. Em abril de 1984, um McDonnell Douglas F-4 Phantom II iraniano relatou ter abatido um Super Étendard iraquiano na ilha de Kharg. Separadamente, em 26 de julho e 7 de agosto de 1984, as alegações de perdas de Super Étendards para os Grumman F-14 Tomcats iranianos foram divulgadas. O Irã afirmou que um total de três Super Étendards foram abatidos por interceptadores iranianos, mas os franceses afirmaram que quatro dos cinco aviões arrendados foram devolvidos à França em 1985.

OPERADORES

Argentina

A Marinha Argentina recebeu originalmente 14 aeronaves, das quais nenhuma está atualmente em operação. Mais cinco aeronaves da Marinha Francesa foram adquiridas para treinamento e/ou peças sobressalentes em 2017. Em 2020 foi verificado que as aeronaves ex-Marinha Francesa podem operar.

França

A Marinha Francesa recebeu 71 aeronaves. Foram retiradas do serviço ativo em 12 de julho de 2016.

Iraque

A Força Aérea Iraquiana recebeu cinco aeronaves emprestadas entre 1983 e 1985; um foi perdida durante a guerra Irã-Iraque, o restante retornou à França em 1985.

ESPECIFICAÇÕES


Características Gerais

Tripulação: 1 piloto
Comprimento: 14,31 m (45 pés 11½ in)
Envergadura: 9,60 m (31 pés e 6 pol)
Altura: 3,86 m (12 pés e 8 pol)
Área das asas: 28,4 m² (306,7 pés²)
Peso vazio: 6.500 kg (14.330 lb)
Max. peso de decolagem: 12.000 kg (26.455 lb)
Powerplant: 1 × Snecma Atar 8K-50 turbojato, 49,0 kN (11,025 lbf)

Desempenho

Velocidade máxima: 1205 km/ h (651 nós, 749 mph)
Alcance máximo: 1,820 km (983 nmi, 1.130 mi)
Raio de combate: 850 km (460 nmi, 530 mi) com um míssil AM 39 Exocet, num pilone numa asa e um tanque alijável num pilone na outra asa, perfil hi-lo-hi (alto-baixo-alto).
Teto de serviço: 13.700 m (44.900 pés)
Taxa de subida: 100 m/s (19.700 pés/min)
Carregamento de asa: 423 kg/m² (86,3 lb/ft²)
Relação empuxo/peso: 0,42

Armamento

Armas: 2 × 30 mm (1.18 in) DEFA 552 canhões com 125 voltas por arma
Pilones: 4 × sob as asas e 2 × sob a fuselagem com uma capacidade de 2.100 kg (4.600 lb) no máximo
Foguetes: 4 × foguetes Matra com foguetes 18 × SNEB 68 mm cada
Mísseis:
1 × AM 39 Exocet Míssil antinavio, ou
1 × míssil ramjet nuclear Air-Sol Moyenne Portée (ASMP), ou
2 × AS-30L, ou
2 × Matra Magic 2 míssil ar-ar
Bombas: bombas convencionais não guiadas ou guiadas por laser, capacidade de uso de bomba nuclear de queda livre 1 × AN-52, capacidade de reabastecimento de ar através do sistema “buddy-buddy”.



FOTO DE CAPA: Um SEM decolando do Charles de Gaulle. (Foto: Marinha Francesa)

Com informações retiradas da Wikipedia.


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Por Luiz Reis, Professor de História da Rede Oficial de Ensino do Estado do Ceará e da Prefeitura de Fortaleza, Historiador Militar, entusiasta da Aviação Civil e Militar, fotógrafo amador. Brasiliense com alma paulista, reside em Fortaleza-CE. Luiz colaborou com o Canal Arte da Guerra e o Blog Velho General e atua esporadicamente nos blogs da Trilogia Forças de Defesa, também fazendo parte da equipe de articulistas do GBN Defense. Presta consultoria sobre História da Aviação, Aviação Militar e Comercial. Contato: [email protected]


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