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terça-feira, 10 de março de 2020

Análise - Crise de Idlib: Última chance para ONU e UE

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O estabelecimento da Liga das Nações foi o primeiro passo dado para preservar a paz mundial após a Primeira Guerra Mundial. No entanto, sua relevância e existência cessaram devido a um fracasso bastante semelhante à ineficiência exibida hoje pela ONU no diz respeito a guerra civil síria.
Enquanto a invasão da Polônia pela Alemanha em 1939 foi o prego final em seu caixão, a longa cadeia de eventos que levou ao fim da Liga das Nações começou logo após o Tratado de Versalhes.
Nacionalistas italianos que invadiram o Porto de Flume na Iugoslávia em 1919 foram seguidos no mesmo ano pela disputa entre a Polônia e a Tchecoslováquia por Teschen e suas cobiçadas minas de carvão. Em 1920, a Polônia invadiu a cidade de Vilna, na Lituânia, e depois ocupou 80 quilômetros de terras reivindicadas pela Rússia. Seguiram-se as crises da Manchúria e da Abissínia em 1931 e 1935, respectivamente.

A Liga das Nações não tinha o poder ou a capacidade de sancionar os agressores em todos esses conflitos, uma incapacidade que anunciava sua eventual destruição. Os EUA, que lançaram as bases, mas nunca entraram na Liga, também a abandonaram e abriram as portas para a Segunda Guerra Mundial.
Depois de quase um século, a comunidade internacional está novamente testemunhando a ineficiência de organizações multilaterais como a ONU e a UE em meio a contínuas crises e conflitos humanitários em todo o mundo. O fim da Guerra Fria, simbolizado pela Queda do Muro de Berlim em 1989, desencadeou uma série de conflitos, em vez de ser o precursor da paz global que era esperada.

A primeira Guerra do Golfo, a guerra civil iugoslava, as guerras chechenas, a invasão do Alto Karabakh pela Armênia, a invasão norte-americana do Iraque e do Afeganistão e a instabilidade na Líbia, Egito e Síria após a Primavera Árabe, todas são crises internacionais das últimas três décadas.
O resultado mútuo de todos esses conflitos sempre foram os migrantes irregulares, que somam dezenas de milhões. O fato de muitos civis que escapam dessas zonas de conflito acabarem na Turquia, de um jeito ou de outro, é outro resultado indispensável do significado geopolítico da Anatólia.

Idlib: o último suspiro da ONU


A ONU, tendo fracassado em seu papel esperado de conter conflitos e preservar a paz, agora deu seu último suspiro em Idlib. Depois do chamado "Acordo do Século" dos EUA, que anula todas as decisões da ONU que defendem os direitos dos palestinos, a posição da ONU sobre a crise humanitária Idlib indica que, a partir de 2020, ele está próximo de seu destino e aguarda apenas um golpe final. A UE também está no mesmo barco metafórico.
A França apoiando a Sérvia e a Alemanha apoiando a Croácia na guerra civil iugoslava; A França bombardeou a Líbia na guerra civil da Líbia, sem um decreto da ONU, e se tornou uma parte do conflito; A Europa dá as costas às pessoas que querem a democracia após a Primavera Árabe e pretendem apoiar ditadores militares como Sisi no Egito e Haftar na Líbia.
Tudo isso mostra que o objetivo do mecanismo de tomada de decisão em Bruxelas não é alcançar a prosperidade global, mas criar uma sociedade de bem-estar restrita à Europa. Neste ponto, a questão do Idlib tornou-se um teste decisivo para a ONU e a UE. E os resultados desse teste até agora indicam que a UE continuará negando seu papel na crise de Idlib e não assumirá nenhuma responsabilidade.
A abordagem insensível da ONU e da UE diante da crise humanitária de Idlib não se restringe aos últimos nove anos. 
O regime de Assad entrou no Líbano sob o pretexto de por fim a guerra civil, mas se tornou parte do conflito e infligiu miséria monumental ao povo do Líbano.
O Vale Bekaa no Líbano, que gozava de imenso significado histórico e geopolítico, tornou-se o lar de organizações terroristas internacionais, incluindo o PKK, na década de 1980.
No entanto, os crimes do regime Sírio no Líbano foram calados depois que ele se juntou à coalizão formada pelos EUA após a invasão do Kuwait pelo Iraque. O fato da Síria ingressar na coalizão anti-Iraque rejuvenesceu as relações entre os EUA, a Síria e o Egito.
Com a morte de Hafez em 2000 e a ascensão de Bashar ao poder, as esperanças de democratização na Síria foram reduzidas. As forças sírias deixaram Beirute em 2001, mas no mesmo mês de setembro foram detidos legisladores que apoiavam reformas.
Em 2002, a dinastia de Assad foi incluída no "eixo do mal" pelo então presidente dos EUA, George W. Bush, e sua gama de ações no Oriente Médio foi reduzida ainda mais depois que surgiram alegações sobre o papel de Damasco no assassinato do líder libanês em 2005 Rafik Hariri.
A estação nuclear do regime de Assad, que foi construída em Deir ez-Zour com a ajuda da Coréia do Norte, foi atingida por Israel. Desta vez, porém, foi o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy que correu em socorro de Assad para salvar o regime do isolamento e castigo internacional. Hospedando Assad em Paris em 2008, Sarkozy reabriu os portões do Ocidente para a Síria, após o isolamento do país devido ao assassinato de Hariri. Sarkozy já havia adotado um favor semelhante antes de receber Muammar Gaddafi da Líbia em Paris, pouco depois de se tornar presidente da França em 2007. Mais tarde, para derrubar o líder líbio, enviou aviões de guerra franceses sem esperar por um decreto da ONU. Anos depois, foi revelado que Sarkozy recebeu 8 milhões de dólares em doações de Kadafi por sua campanha eleitoral em 2007.
Como Bashar Assad ainda está no poder, ainda não sabemos se ele teve um relacionamento semelhante com Sarkozy ou qualquer outro líder ocidental.
Essa é apenas uma fração das relações do regime sírio com o Ocidente, que estão entrelaçadas com padrões duplos.

Quando analisamos a capacidade do regime sírio justificar todos os seus crimes e erros através de acordos com o Ocidente, não é tão difícil entender por que a comunidade internacional permanece calada diante da crescente crise humanitária em Idlib.

Relatório de Segurança de Munique 2020: Nenhuma menção ao Idlib
Testemunhamos um exemplo retumbante da apatia e silêncio do mundo há apenas um mês. O Relatório de Segurança de Munique 2020 foi publicado na segunda semana de fevereiro, pouco antes da 56ª Conferência de Segurança de Munique. Ele contém uma lista de áreas de crise que estarão sob estreita observação em 2020.
Da perspectiva da Turquia, porém, havia um problema evidente no relatório; Síria ou Idlib não foram mencionados na lista. Nas avaliações da Conferência de Segurança de Munique e do Grupo Internacional de Crises, que prepararam o relatório, Síria e Idlib não estavam entre as regiões em crise.

O que isto significa?
Em minha análise publicada pela Agência Anadolu logo após a conferência, sugeri que a Síria poderia se tornar um tabu para a comunidade internacional, incluindo a Europa, devido a seus problemas muito complicados e à questão dos migrantes.
A falta de resposta da ONU e da UE diante da crise de Idlib indica que a questão da Síria agora está fora do radar da comunidade internacional e agora é uma questão entre os EUA e a Rússia.

UE em pânico com migrantes
Os ataques do regime, que visavam assumir o controle total da província de Idlib, e a situação dos migrantes desencadeados por esses ataques, prova que essa questão é muito complicada para ser resolvida apenas pelos EUA e pela Rússia.
Com a chegada de quase quatro milhões de sírios à fronteira com a Turquia, Ancara deixou de lado o acordo de refugiados assinado com a UE em março de 2016, porque a UE não havia cumprido suas responsabilidades no acordo, e abriu suas fronteiras para os migrantes.
A resposta da UE foi fornecer 1 milhão de euros em apoio financeiro prometido e sugerir a criação de uma zona segura no norte da Síria.
O trauma dos 856.723 migrantes irregulares que chegaram à Europa passando pela Turquia em 2015 foi ressuscitado nas capitais europeias. Dos migrantes que foram para a Europa, 56% eram sírios, 24% eram afegãos e 10% deles iraquianos. Nesses países, que hoje podem ser definidos como fonte de migrantes irregulares, a instabilidade aumentou exponencialmente nos últimos cinco anos.
Como os líderes da UE tiveram que admitir, o que realmente os preocupa não são os migrantes irregulares que atualmente alcançam a fronteira grega, mas os 4 milhões de sírios que agora se reúnem na fronteira turca devido a ataques do regime de Assad e da Rússia.

Ignorando o alerta precoce da Turquia
Já em 2012, enquanto a perda de vidas ainda era de cerca de 5.000 e a guerra civil síria havia acabado de terminar seu primeiro ano, Ancara instou a comunidade internacional a criar uma zona de exclusão aérea no norte da Síria.
Em 1º de setembro de 2012, o então primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan apontou a necessidade de uma zona de exclusão aérea onde os civis pudessem se refugiar.
No entanto, houve uma resposta negativa do Conselho de Segurança da ONU, um fórum que, em primeiro lugar, foi estabelecido pelos vencedores da Segunda Guerra Mundial com o objetivo de possuir armas nucleares.
Em julho de 2013, quando a guerra civil estava se intensificando, algo interessante aconteceu em Washington. O então secretário de defesa, Martin Dempsey, escreveu uma carta ao presidente Barack Obama sobre as possíveis opções de ação militar na Síria.
Embora tenha sido trazida à atenção da mídia internacional, esta carta não foi analisada adequadamente pela mídia e foi interpretada como "os EUA tomando medidas para derrubar o regime de Assad".
No entanto, a carta de Dempsey refletia a abordagem ocidental típica das questões no Oriente Médio.
Dempsey simplesmente preparou um cálculo de custos para Washington e propôs cinco opções para ações militares.
A primeira opção foi o treinamento militar e o apoio à oposição síria, que custaria 500 milhões de dólares por ano. No entanto, ele também apontou a possibilidade das armas americanas caírem em mãos erradas.
A segunda opção foi atacar as forças do regime para restringir sua capacidade, o que reduziria a durabilidade do regime de Assad. Para Dempsey, essa opção pode custar milhões de dólares.
A terceira opção foi anunciar uma zona de exclusão aérea. No entanto, ele disse que os riscos para os soldados americanos e o custo também seriam muito altos nessa opção.
A quarta opção foi a criação de zonas-tampão nas fronteiras da Turquia e da Jordânia, onde os civis sírios poderiam se refugiar. Isso implicaria os mesmos riscos militares e financeiros que a terceira opção.
A quinta e última opção proposta por Dempsey estava anunciando uma zona de exclusão aérea, atacando com mísseis e enviando milhares de soldados americanos para a Síria.
Ele enfatizou que essa opção também custaria mais de 1 bilhão.

Cálculos nos EUA causaram desastre no Idlib
Embora não tenha sido anunciada oficialmente, a resposta de Obama a essas sugestões foi que os EUA, já sentindo os efeitos da crise econômica global de 2009, não podem arcar com esse tipo de despesa.
Segundo Obama, os EUA ainda estavam pagando a dívida desde a primeira Guerra do Golfo e não podiam destinar tanto dinheiro para a Síria em tempos de crise econômica global.
Como resultado dessa resposta, as linhas vermelhas traçadas pela Casa Branca contra os ataques com armas químicas de Assad foram completamente violadas.
Essa abordagem de ganhos e perdas dos EUA, como se fosse uma empresa comercial, resultou no monumental desastre humanitário em Idlib hoje, cujo preço nunca pode ser medido em termos monetários.
Apesar dos truques baratos de Washington, a Turquia não deixou o assunto passar. Em 2015, para romper a influência do Daesh no Iraque e na Síria, foi sugerida a possibilidade de operações dos EUA a partir da base militar Incirlik na Turquia. A Turquia iniciou negociações sobre o assunto, além de exigir a criação de zonas seguras no norte da Síria.
No entanto, os esforços da Turquia foram inúteis, pois os EUA queriam usar a base de Incirlik para apoiar o grupo terrorista YPG / PKK e Obama não estava disposto a usar soldados americanos para criar uma zona segura na Síria.
A Turquia iniciou a missão de criar zonas seguras para proteger suas fronteiras de ameaças terroristas e preparar o caminho para os civis voltarem para casa.
A Operação Eufrates Shield foi o primeiro resultado das divergências da Turquia com seus aliados da OTAN e membros da UE.
Em 24 de agosto de 2016, no mesmo dia em que o vice-presidente dos EUA Joe Biden fez uma visita a Ancara, o presidente Erdogan explicou a operação ao público com as seguintes palavras: “Dissemos repetidamente a todos os líderes do mundo que era preciso haver uma zona segura na Síria para resolver o problema dos migrantes. ”
Esta missão de criar zonas seguras, continuada pela Turquia através das operações Olive Branch e Peace Spring, atingiu agora um novo nível com a Operação Spring Shield.
É simplesmente ingênuo esperar algo da ONU neste momento, que entregou sua eficiência às mãos dos cinco membros permanentes.
Ainda assim, para implementar o acordo que assinou em 2016 e para reparar os danos causados ​​pela proteção da dinastia de Assad nos últimos 50 anos, a UE agora tem uma última chance de compensar seus erros. Pode, no mínimo, liderar e executar com êxito uma iniciativa diplomática para criar uma zona segura na Síria.

Por Mehmet A. Kanci é jornalista de Ancara, com foco na política externa turca

GBN Defense - A informação começa aqui
publicado originalmente pela Agência Anadolu - Traduzido e Adaptado por GBN Defense
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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Governo da Líbia suspende negociações de paz após ataque a porto

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O governo da Líbia, apoiado pela ONU, suspendeu as negociações militares mediadas pela ONU em Genebra, após um ataque a um porto estratégico em Trípoli nesta terça-feira (18).
"Anunciamos a suspensão de nossa participação nas negociações militares realizadas em Genebra até que sejam adotadas posturas estritas em relação ao agressor e suas violações", disse o governo do GNA em comunicado. 
"As milícias atingiram o porto de Trípoli, considerado uma tábua de salvação para muitas cidades da Líbia", acrescentou. 
O ataque ocorreu quando oficiais do exército e as principais forças rebeldes iniciaram sua segunda rodada de negociações de paz na Suíça.
As forças do comandante militar Khalifa Haftar, o maior de uma série de milícias e grupos rebeldes da Líbia, disputam o controle do país com o governo reconhecido internacionalmente na capital, avançando em Trípoli nos últimos meses. 

Fonte: Deutsche Welle
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terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Afegãos temem mais uma guerra civil

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Na semana passada, o aniversário da retirada soviética foi comemorado no Afeganistão: há trinta e um anos, o último soldado soviético deixou o país através do rio Amu Darya. Mas os afegãos sabem que isso foi apenas o começo de um novo pesadelo - o início da guerra civil - e muitas pessoas nesta terra assombrada pela guerra temem que algo semelhante possa acontecer após a retirada de todas as tropas da OTAN. 

No entanto, eles sabem que a retirada deve, e vai, acontecer. “Os americanos têm que sair. Nós afegãos simplesmente não gostamos de invasores estrangeiros ”, disse Mohammad Naseem, comandante mujahideen nos anos 80 na província oriental de Logar, onde lutou contra o governo comunista e seus apoiadores soviéticos. 

“Nós nos matamos por forças estrangeiras e ideologias estrangeiras. Isso tem que acabar”, disse Naseem enquanto comia amoras secas no Mandai, o maior mercado ao ar livre de Cabul. "Mas a retirada tem que ocorrer sistematicamente e com responsabilidade". Acima de tudo, disse Naseem, que apóia o presidente afegão Ashraf Ghani, o Talibã também precisa conversar com seu governo, não apenas com os americanos. 

Essa é provavelmente a maior questão remanescente após o anúncio de uma trégua de sete dias entre as forças americanas e o Talibã nos últimos dias. Se a redução da violência for bem-sucedida, é esperado que um acordo de primeira etapa seja assinado até o final de fevereiro. O acordo estipularia um cronograma de 135 dias para a retirada dos EUA no Afeganistão e a libertação de milhares de prisioneiros do Talibã, mas também a abertura de negociações intra-afegãs entre diferentes facções políticas. 

Durante a Conferência de Segurança de Munique, que terminou no domingo (16), a fase final do acordo EUA-Talibã foi confirmada por vários lados, incluindo o governo Trump e o enviado especial dos EUA Zalmay Khalilzad, que celebraram o acordo com a delegação do Talibã em Doha. Ghani expressou sua preocupação com o fato de o Talibã estar usando o processo de paz como uma "estratégia de cavalo de Tróia" para minar seu governo, mas também destacou o fato de que a guerra não poderia terminar sem se envolver em um processo e testar os insurgentes.

A queixa mais frequente do afegão comum é que, até agora, eles foram cortados de qualquer processo. "Basicamente, nós, o povo afegão e nosso governo oficial, não sabemos nada", disse Idrees Stanikzai, ativista político e líder do Youth Trend Afghanistan, um movimento político para jovens afegãos. 

“Todo o acordo foi feito sem a gente em câmaras ocultas, e é um grande problema que devemos continuar falando. Por último, mas não menos importante, tenho certeza de que o Talibã, um grupo terrorista, chegará a Cabul se considerando como 'vencedor' e se comportará assim. ” 

Como muitos outros jovens das áreas urbanas, Stanikzai acredita que o Talibã não aceitará as mudanças e o desenvolvimento positivos que ocorreram nos últimos 18 anos em sua ausência. Também em termos de redução da violência, Stanikzai parece pessimista. “Acho que os dois lados não são confiáveis. Lembre-se, da última vez que o presidente Trump cancelou tudo via Twitter depois de meses de negociações. Quem pode garantir que isso não aconteça novamente? Além disso, quem será o juiz se ainda ocorrerem ataques aéreos dos EUA ou ataques do Talibã? ” ele disse em uma entrevista. 

Durante as negociações de meses entre Washington e a delegação do Talibã no Catar, o governo afegão foi completamente excluído. Enquanto Khalilzad afirmou repetidamente que as negociações intra-afegãs e a inclusão do governo de Ghani seriam cruciais para o sucesso de qualquer acordo, os críticos acreditavam que Washington estava apaziguando principalmente o Talibã, que ainda questiona a legitimidade do chamado "governo fantoche" em Cabul.

“Afegãos estão sendo mortos todos os dias. Suas vidas se tornaram inúteis. Ao mesmo tempo, essas mesmas pessoas não estavam representadas durante todas as conversações entre o Talibã e os americanos. Este pequeno grupo, que deseja atingir seus objetivos principalmente através do terrorismo, não representa uma sociedade afegã composta por 30 milhões de pessoas ”, disse Orzala Nemat, etnógrafo político e chefe da Unidade de Pesquisa e Avaliação do Afeganistão, uma organização de pesquisa independente em Cabul.

Muitos observadores afegãos também veem o cessar-fogo de sete dias como um teste significativo que não apenas revelará a boa vontade de ambos os lados, mas também deve provar se o Talibã tem uma estrutura e hierarquia organizadas no terreno. Isso foi demonstrado uma vez antes durante o feriado islâmico de Eid al-Adha em 2018, quando o grupo militante parou de lutar e largou as armas por três dias em todo o país. Naquela época, muitos observadores e analistas disseram que, ao contrário de como o grupo está sendo constantemente retratado, os talibãs têm uma hierarquia rígida em todas as províncias afegãs.

A assinatura de um novo acordo não terminará a guerra de 40 anos, mas possibilitaria um processo de paz maior entre todos os tipos de facções políticas dentro do Afeganistão, sua grande diáspora e sua sociedade civil. Mas muitos observadores temem que o acordo entre americanos e talibãs possa ser interrompido por diferentes lados. “O Talibã quer assinar este acordo. Não é do seu interesse perturbá-lo ”, disse Zakir Jalaly, professor universitário e analista político que estuda o movimento talibã. “No entanto, existem outros jogadores que não estão felizes com o acordo de paz EUA-Talibã. Obviamente, um deles é o governo afegão. Outro grande oponente do acordo é o Estado Islâmico.” Segundo Jalaly, é possível que ambos possam trabalhar separadamente contra o acordo para sabotá-lo.

Já no passado, muitos ataques e incidentes foram encenados e atribuídos ao Taleban ou ao contrário. “No momento, existem certos grupos que não estão interessados ​​na paz, por muitas razões. Você pode encontrá-los no governo afegão, com todas as suas milícias, e também dentro do Talibã, com seus teimosos governadores ou comandantes ocidentais no terreno ”, disse Bette Dam, jornalista e autora focada no Afeganistão. “A verdadeira questão é: se algo acontecer, estamos prontos para descobrir, rapidamente, qual é a história real? Eu não acho que somos, e acho isso muito perigoso.

por: Emran Feroz é jornalista freelancer, autor e fundador do Drone Memorial, um memorial virtual para vítimas civis de ataques de drones. 

Fonte: FP

Tradução e Adaptação: Angelo Nicolaci - GBN Defense
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segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Quem são os rebeldes na Síria?

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A transformação da revolução síria em jihad é um fato consumado. A maioria dos que foram apresentados pelo Ocidente como “forças laicas” que combatem sob os slogans da “liberdade e democracia” pela “libertação da Síria de um regime tirânico” neste momento já declararam abertamente a sua unidade com a Al-Qaeda ou então têm pontos de vista semelhantes sobre o futuro desse país.
 
No dia 24 de setembro em Alepo 13 grupos islamitas, incluindo a Jаubhat al-Nusrah, uma filial da Al-Qaeda, anunciaram a sua fusão numa nova aliança – a Coalizão Islâmica, e a sua ruptura total com a oposição “laica” apoiada pelo Ocidente e representada pela Coalizão Nacional Síria da Oposição e das Forças Revolucionárias e pelo seu Exército Livre da Síria (ELS).
 
Isso foi o fim definitivo do mito difundido no Ocidente sobre a unidade existente no ELS. A coalizão incluiu as “unidades militares” mais operacionais do ELS: o Ahrar ash-Sham e o Liwaa at-Tawheed. Além disso, a Coalizão Islâmica recusou o auxílio do Ocidente. A declaração pela Al-Qaeda de uma guerra aberta pelo poder na Síria foi uma notícia desagradável tanto para os EUA como para a Arábia Saudita.
 
A resposta dos sauditas era previsível. No dia 29 de setembro outros 43 destacamentos islamitas anunciaram, já às portas de Damasco, a criação do Exército do Islã (Jaysh al-Islam). O comandante desse “exército” passou a ser Zahran Alloush, antigo comandante do grupo Liwaa al-Islam. A sua “brigada” também fez anteriormente parte do ELS. Agora é precisamente o Exército do Islã que é apresentado pela Arábia Saudita como a força principal da oposição que poderá vencer tanto o regime de Assad como a Al-Qaeda. Será que consegue?
 
Mesmo para o grupo de combatentes da região de Damasco a criação do Exército do Islã não terá qualquer importância estratégica séria: ele continua a ser apenas mais um dos vários grupos aqui presentes. Nem as suas forças aumentaram. As quarenta “brigadas” e “batalhões” referidos na sua declaração já existiam na realidade sob a bandeira do Liwaa al-Islam. Os nomes de dois ou três eram até então completamente desconhecidos e as restantes “novas brigadas” são pouco numerosas.
 
Mas será possível que o Exército do Islã atraia para as suas fileiras milhares de verdadeiros patriotas sírios cansados do domínio do terror e da injustiça? Dificilmente.
 
Numa recente entrevista ao canal televisivo Al Jazeera, Zahran Alloush expressou abertamente o seu ponto de vista sobre o futuro da Síria. Na sua opinião ele consiste no “restabelecimento do Império dos Omíadas” (o segundo califado islâmico com capital em Damasco) e na “limpeza” da Síria dos iranianos, xiitas e alauitas. Tal como a maioria dos líderes rebeldes, ele considera as minorias religiosas da Síria como infiéis (cafres) que devem aceitar a sua interpretação salafita do Islã ou ser mortos. Relativamente a uma sociedade civil e à democracia Alloush foi ainda mais determinado: “O Islã não pode chegar ao poder pela democracia, as uvas não podem crescer dos espinhos. Tal como a verdade não pode ser misturada com a mentira, assim o Islã não pode conviver com o secularismo”.
 
Parece que o projeto saudita em criar a sua versão de um “exército de libertação” na Síria ainda é mais utópico que o projeto ocidental do desmembrado ELS. A história da Síria lembra cada vez mais a substituição regular e inútil de “patrocinadores” no Afeganistão. Neste país é evidente o resultado de um fluxo interminável de dinheiro e armas para todas as partes em confronto: é uma guerra sem fim à vista. Será que mais uma “guerra infindável” é precisamente o tal objetivo estratégico?
 
Os comandantes operacionais gostam desse tipo de objetivo. Segundo declarou um alto dignitário ocidental, “o aspecto militar (da criação do Exército do Islã) não tem importância. Esse passo é político. Todos esses novos grupos rebeldes apenas alteram os seus nomes e criam novas estruturas dirigentes. Isso faz parte dos jogos políticos internos cujo objetivo principal é a luta pelos recursos”.
 
Assim, as direções dos novos “exércitos” recebem grandes fortunas, os combatentes das fileiras – a morte, e a população da Síria – sofrimento e medo. E não haverá quaisquer negociações enquanto a Síria não se tornar num emirado islâmico da Al-Qaeda ou em um “califado” salafita.
 
Claro que isso não irá acontecer, mas enquanto se investe na guerra haverá sempre motivos para continuá-la.
Fonte: Voz da Rússia
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sábado, 5 de outubro de 2013

Ataque a posto militar mata 15 no sudoeste de Tripoli

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Homens armados atacaram neste sábado um posto militar localizado a sudoeste de Tripoli, matando 15 soldados e ferindo outros cinco, informou a agência estatal de notícias da Líbia. De acordo com uma autoridade do exército, os agressores estavam em veículos equipados com metralhadoras.
 
A estrada que liga as cidades de Tarhuna e Bani Walid, onde fica o posto militar, foi fechada imediatamente depois do atentado, na tentativa de rastreá-los. A autoridade informou que o ataque ocorreu na área de Wishtata, a cerca de 60 quilômetros da entrada de Bani Walid. A cidade foi um dos últimos redutos de partidários do ditador Muamar Kadafi durante a guerra civil de 2011 e foi tomada por milícias pró-governo no ano passado.
 
Mais recentemente, a Líbia enfrentou uma onda de ataques contra autoridades militares, ativistas, juízes e agentes de segurança. Boa parte da violência é infligida por grupos armados com origens no movimento anti-Kadafi.
 
Fonte: Associated Press.
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quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Rebeldes sírios rejeitam coalizão e querem liderança islâmica

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Milhares de rebeldes sírios romperam com a coalizão de oposição apoiada pelo Ocidente e pediram a formação de uma nova frente islâmica, enfraquecendo os esforços internacionais para organizar uma força militar pró-ocidental para substituir o presidente Bashar al-Assad.
Ainda mais dividida no campo de batalha, onde as tropas de Assad mais bem armadas vêm ganhando terreno, aliados do Exército Sírio Livre (ESL) estão entre as 13 facções rebeldes diferentes que repudiaram a liderança no exílio e formaram uma aliança islâmica que inclui a Frente Nusra, ligada à Al-Qaeda, disseram comandantes nesta terça-feira.
Não ficou claro os detalhes sobre o número de combatentes envolvidos e como eles cooperariam entre si. Mas, em um vídeo publicado na Internet, o líder da Brigada Islâmica Tawheed disse que o grupo rejeita a autoridade da Coalizão Nacional Síria (CNS) e do Ocidente - e a administração no exílio de Ahmad Tumeh, apoiada pela Arábia Saudita.
Uma porta-voz do presidente da CNS, Ahmed Jarba, presente na Assembleia-Geral da ONU em Nova York, disse que Jarba iria para a Síria na quinta-feira dar uma resposta: "Nós não vamos negociar com grupos individuais. Vamos criar uma estrutura melhor para organizar as forças combatentes", disse o porta-voz Loay Safi.
 
A medida significa um retrocesso para líderes estrangeiros que tentam impulsionar grupos rebeldes mais seculares, de modo a tranquilizar seus eleitores a respeito de um envolvimento maior na guerra civil da Síria. Alguns podem repensar sua ajuda aos militantes, que vai desde o fornecimento de armamento pelo Golfo a uma ajuda não-letal da Europa e EUA.
Para Assad, incentivado pela assistência diplomática russa que enfraqueceu os planos dos EUA para bombardear suas forças após um ataque com gás letal, qualquer coalizão rebelde mais poderosa poderia desafiar o avanço de seu Exército no campo de batalha. Mas isso poderia ser mais do que compensado pelo enfraquecimento do apoio internacional a seus inimigos.
Embora alguns combatentes islâmicos moderados tenham negado que a medida seja uma abordagem mais radical e sectária, um papel de maior destaque para islâmicos mais radicais em detrimento da CNS pode reforçar o argumento de Assad de que a alternativa para o seu governo é uma Síria administrada pela Al-Qaeda.
A facção de militância islâmica mais radical, o Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), da Al-Qaeda, responsável por convergir um elevado número de jihadistas estrangeiros para a Síria, não está entre as signatários do novo pacto. Não ficou claro, no entanto, se havia rejeitado se envolver ou se não havia sido convidada.
Os 13 grupos que assinaram o comunicado convocam a oposição a se reorganizar sob uma estrutura islâmica e a ser conduzida somente por grupos que lutam em território sírio. Os signatários vão desde extremistas como a Frente Nusra a grupos mais moderados, como a Brigada Tawheed e a Brigada Islâmica.
"Essas forças sentem que todos os grupos formados no estrangeiro sem ter voltado ao país não os representam, então as forças não os reconhecem", diz o comunicado lido em um vídeo publicado na Internet por Abdulaziz Salameh, líder político da Brigada Tawheed. "Sendo assim, a Coalizão Nacional e seu suposto governo liderado por Ahmad Tumeh não os representam e não vão ser reconhecidos", acrescentou.
 
Fonte: Reuters
 
Nota do GBN: Estão preparando um novo país falido, pois tal experiência em apoiar grupos rebeldes, ainda mais amparados por extremistas islâmicos, só resultaram em fracasso no que diz respeito á criação de um estado democratico estável, onde assistimos hoje o resultado desta mesma postura no Iraque e Líbia.
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terça-feira, 24 de setembro de 2013

Sírios vivem entre o horror da guerra civil e a quase normalidade

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Para muitos na Síria, os combates se tornaram parte da rotina diária, trazendo morte e privação. Outros mantêm uma vida relativamente tranquila. Distância que separa a guerra da normalidade pode ser de meros 50 metros.
 
"Aqui não há problema", afirma Nelly Najar ao telefone, de Damasco."Cheguei do trabalho agora e já vamos sair para fumar um narguilé", referindo-se ao cachimbo de água que, em muitos países árabes, é expressão de relaxamento total. Ou seja: a vida corre normalmente em Damasco, sem guerra ou tiroteios nem violência nas ruas. Portanto, nada daquilo que a mídia ocidental noticia diariamente a respeito da capital síria.
 
De fato, isso é possível, confirma Ahmad Hissou, redator da DW para a Síria. Quando as linhas de comunicação estão funcionando, ele telefona e envia e-mails diariamente para o país. Porém, sobretudo nos subúrbios da capital e nas regiões controladas pelos rebeldes, as ligações são constantemente interrompidas e muitas vezes as redes de telefonia estão fora do ar. O maior atingido é o abastecimento de energia, que falha por horas, às vezes dias a fio.
 
50 metros separando dois mundos
 
Hissou conta ter ouvido muitas histórias vindas de Damasco que relatam uma realidade diferente daquela descrita por Najar: bombardeios, atiradores, mercados esvaziados, longas filas diante das padarias. "São mundos completamente diferentes, muitas vezes separados por apenas 50 metros de distância."

Martin Glasenapp, que atravessou recentemente a Síria para a organização humanitária Medico International, ratifica: "Quem mora nas áreas onde a maioria é leal ao governo pode ter uma vida relativamente pacífica".

Nesses bairros sob forte vigilância das tropas do governo, as escolas, repartições públicas e hospitais funcionam quase como se tudo estivesse normal. "Aqui, pode-se comprar de tudo", relata Najar, "só que tudo está mais caro, os preços são o triplo de antes".

Em busca de um lugar seguro

Mas mesmo os distritos mais abastados e protegidos de Damasco não estão inteiramente a salvo da guerra. Refugiados afluem para essas áreas, vindos de todas as partes do país.

"Os hotéis estão superlotados", explica Glasenapp. De uma população total de 23 milhões, 6 milhões de sírios migraram em busca de segurança. Destes, apenas um terço escapou para o exterior: os demais procuram relativa proteção dentro do próprio país, como no bairro onde mora Najar.
Há poucos dias, muitos temiam que a proximidade com o governo pudesse se tornar fatídica para eles. Foi quando tudo indicava que os Estados Unidos fossem bombardear os edifícios do governo na capital, a qualquer momento. Súbito, cidadãos abastados se encontravam no mesmo barco que os refugiados.
 
Quem tinha meios, escapou com a família para os países vizinhos – como os 30 mil que, segundo se estima, foram para a Jordânia. Najar também chegou a considerar brevemente essa possibilidade, como revela à DW. No entanto, "desde que os ataques foram adiados, estamos de novo melhor".
 
Medo constante
 
Contudo, a apenas algumas ruas de distância, a situação é bem diferente, observa Glasenapp. "Quem mora nos subúrbios, especialmente nas disputadas zonas sunitas – onde, de fato, reina a guerra civil –, vive sob a permanente ameaça de ser bombardeado ou de se tornar vítima de franco-atiradores."
 
Isso não é um fenômeno exclusivo de Damasco. O país inteiro está permeado por zonas sob fogo ou dos rebeldes ou das tropas de Assad. Há também outras regiões onde a situação é relativamente calma, como o litoral do país. Lá, a guerra é sentida principalmente em suas drásticas consequências econômicas, como o desemprego e o mau abastecimento.
 
"As rotas de abastecimento estão bloqueadas, como por exemplo, a da produção de petróleo, que ocorre no nordeste curdo", analisa Glasenapp. "As fontes de petróleo estão nas mãos das milícias curdas, mas elas não podem produzir gasolina, porque as refinarias estão no litoral."
 
Solidariedade sobrevive
 
Surpreendente para o funcionário da Medico Internacional é que até agora não haja uma crise de alimentos. Sua explicação é o senso comunitário, que se mantém intacto. "As pessoas tentam, juntas, manter as padarias em funcionamento e organizar todo o necessário para a vida diária." Entretanto, a situação fica cada vez mais difícil. "Ocorrem os primeiros casos de fome, mas essa sociedade continua se esforçando para se manter solidária."
 
Quanto mais durarem os combates, mais difícil será para a população síria. Não apenas devido ao enfraquecimento progressivo da economia, mas também porque os rebeldes que avançam, caem cada vez mais na influência de grupos religiosos radicais. Estima-se que em torno de 40% dos 100 mil rebeldes armados sejam agora fundamentalistas islâmicos.
 
Para ilustrar os efeitos disso sobre a população, Glasenapp cita uma pequena cidade na fronteira com a Turquia. Embora só conte 50 mil habitantes, nela estão presentes mais de 150 diferentes tropas armadas de rebeldes. "Nem mesmo os grupos locais de cidadãos conseguem formar unidades policiais próprias, porque os grupos fundamentalistas querem ter a sua polícia religiosa."
 
Fonte: Deutsche Welle
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quarta-feira, 8 de maio de 2013

Bombardeios israelenses sugerem que o espaço aéreo de Assad não é tão impenetrável

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A aparente tranquilidade com que Israel atacou depósitos de mísseis e, segundo relatos sírios, um grande centro de pesquisa militar perto de Damasco nos últimos dias instigou o debate em Washington sobre se ataques aéreos liderados pelos EUA são o passo lógico para obstruir a capacidade do presidente Bashar Assad de conter as forças rebeldes ou de usar armas químicas.
Essa opção estava sendo debatida em segredo por EUA, Grã-Bretanha e França dias antes dos ataques israelenses. No domingo, o senador John McCain, que durante muito tempo defendeu um papel americano mais ativo na guerra civil síria, argumentou que os ataques israelenses - dos quais ao menos um parece ter sido feito do espaço aéreo sírio - contrariam o argumento de que o sistema de defesa da Síria seria um grande empecilho.
"Os israelenses parecem capazes de burlá-lo com muita facilidade", disse McCain ao programa Fox News Sunday. Ele prosseguiu dizendo que os EUA poderiam "neutralizar as defesas aéreas sírias em solo com mísseis de cruzeiro e esburacar pistas de pouso, pelas quais estão chegando por ar esses suprimentos do Irã e da Rússia". McCain defendeu que as baterias de mísseis antimísseis instaladas na Turquia poderiam defender uma zona capaz de abrigar rebeldes e refugiados.
Relutância. O Pentágono desenvolveu essas opções meses atrás, mas, nas últimas semanas, elas foram refinadas. Segundo várias autoridades do governo, estudou-se como os ataques seriam coordenados com os aliados - assim como nos dias iniciais das ações na Líbia, que acabaram derrubando Muamar Kadafi do poder. No entanto, o presidente Barack Obama tem mostrado relutância em seguir o curso que adotou naquele caso, segundo assessores, em parte por temer a capacidade das defesas aéreas da Síria e em parte porque as forças de oposição incluem muitos elementos jihadistas.
Por enquanto, Obama disse que só interviria se a Síria tivesse usado armas químicas - a atual investigação sobre o uso de gás sarin está concentrada em Alepo e em Damasco - ou se esse uso fosse iminente. Agora, um consultor de Obama disse: "Ficou muito claro para todos que Assad está calculando se essas armas poderiam salvá-lo".
O resultado é que o objetivo específico de impedir o uso de armas químicas está começando a se fundir com metas mais amplas de derrubar Assad e dar um fim a uma carnificina que já é bem maior do que a da Líbia, quando Obama justificou a intervenção americana utilizando o argumento humanitário.
Obama excluiu totalmente enviar forças de terra americanas à Síria, o que pareceu eliminar a opção de lançar paraquedistas para tomar os 15 a 20 locais onde há armas químicas. Isso torna mais prováveis ataques como os conduzidos por Israel, mas dirigidos aos vetores de armas químicas: mísseis e aviões.
No domingo, uma autoridade de alto escalão do governo americano disse: "Há muitas opções sem envolver soldados americanos em solo e não há nenhuma inclinação para alguma ação no atual estágio". Essas questões certamente virão à tona após a visita de dois dias do secretário de Estado John Kerry a Moscou - na qual, segundo William Burns, vice-secretário de Estado, os EUA argumentariam que a antiga aliança entre Rússia e Assad está se voltando contra os interesses do Kremlin. E um conflito prolongado só vai piorar os riscos de que a guerra síria se amplie e promova o extremismo islâmico.
A Rússia quase certamente seguirá vetando todos os esforços para que se obtenha autorização do Conselho de Segurança da ONU para empreender uma ação militar. Por enquanto, Obama evitou a busca de tal autorização e essa é uma razão pela qual o uso de armas químicas poderia servir de argumento legal para os ataques, desde que eles fossem limitados a reduzir a capacidade de usar essas armas.
Até agora, entre os membros do governo mais relutantes em intervir pesadamente na Síria está o próprio Obama. Ele não quis armar os rebeldes no ano passado, apesar das pressões da então secretária de Estado, Hillary Clinton, e do diretor da CIA, David Petraeus.
Na semana passada, o secretário de Defesa, Chuck Hagel, disse que a opção de armar os rebeldes estava sendo analisada. Aliás, esse debate tem levado à opção de agir mais, segundo funcionários do governo.
O fraseado legalista de Obama - sobre se a "linha vermelha" de intervenção foi ou não cruzada quando surgiram evidências de um uso limitado de gás sarin - levou muitos de seus aliados, liderados pelos israelenses, a questionar a credibilidade de suas advertências.
Uma funcionário do governo americano reconheceu, no fim da semana passada, que as críticas haviam "começado a incomodar". Obama, porém, está determinado a avançar aos poucos, à espera de um relatório definitivo de inteligência sobre quem foi responsável pelo uso de gás sarin, antes de decidir dar o próximo passo.
 
Fonte: Estadão
 
Nota do GBN: O Pantsir é um dos sistemas antiaéreos em serviço nas forças sírias.
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Após as experiências no Iraque e Afeganistão, EUA temem entrar em novo conflito

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Um amigo árabe comentou comigo que assistir ao debate que se desenrola nos Estados Unidos para decidir até que ponto deve ir seu envolvimento na Síria o fez lembrar de um provérbio árabe: "Se você queima a língua uma vez tomando sopa, pelo resto da vida soprará o iogurte".
Depois que queimamos a língua no Iraque e no Afeganistão, e observamos com crescente angústia as consequências da revolução na Líbia, Tunísia e Egito, o presidente Barack Obama tem toda a razão em mostrar-se cauteloso para não se queimar em Damasco. Já vimos o suficiente dessas transições árabes depois dos respectivos governos autocratas para extrairmos algumas lições cruciais quanto ao que é preciso fazer para apoiar mudanças positivas nesses países. Se ignoramos as lições, será por nossa conta e risco - particularmente a lição do Iraque, que todo mundo quer esquecer embora seja da maior importância.
A Síria é um país gêmeo do Iraque: um Estado criado artificialmente que também nasceu depois da 1.ª Guerra obedecendo às linhas estabelecidas pelas potências imperiais. Assim como o Iraque, as comunidades que constituem a Síria - sunitas, alauitas/xiitas, curdos, drusos, cristãos - jamais se dispuseram de livre e espontânea vontade a conviver de acordo com leis já fixadas.
Portanto, como o Iraque, a Síria tem sido governada durante a maior parte de sua história moderna por uma potência colonial ou por um autocrata com punho de ferro. No Iraque, esperava-se que, quando nós derrubássemos o ditador do punho de ferro, haveria uma transição persistente para uma democracia multipartidária e multissectária. O mesmo diga-se de Egito, Líbia, Tunísia e Iêmen.
Diferença. Mas agora nos damos conta da enorme diferença entre a Europa Oriental de 1989 e o mundo árabe em 2013. Na maior parte da Europa Oriental, a opressão do governo autoritário comunista suprimira amplas aspirações democráticas profundamente arraigadas. Portanto, quando a opressão foi aniquilada, a maior parte desses países adotou com relativa rapidez governos livremente eleitos - ajudados e inspirados pela União Europeia.
Em contraposição, no mundo árabe, a pesada opressão do autoritarismo suprimia aspirações democráticas, sectárias, tribais, islamistas.
Portanto, quando a opressão foi abolida, todas essas aspirações vieram à luz. Mas a tendência islamista foi a mais vigorosa - ajudada e inspirada não pela UE, mas pelas mesquitas e as organizações de caridade islamistas do Golfo Pérsico - enquanto a aspiração democrática revelou-se a menos organizada, a mais pobre e a mais frágil. Em suma, a maior parte dos países da Europa Oriental mostrou ser semelhante à Polônia depois do fim do comunismo, e a maioria dos países árabes se revelou como a Iugoslávia depois do fim do comunismo.
Como disse, nossa esperança e a esperança dos corajosos democratas árabes que deram início a essas revoluções, era que esses países árabes realizassem uma transição de Saddam a Jefferson sem esbarrar em Khomeini ou Hobbes - indo da autocracia para a democracia sem esbarrar no islamismo ou no anarquismo.
Mas, para isso, eles precisariam de um elemento externo que agisse como juiz entre todas suas comunidades (que jamais demonstraram a menor confiança mútua) para tentar substituir o sectarismo, o islamismo e o tribalismo com um espírito de cidadania democrática, ou então do seu próprio Nelson Mandela. Ou seja, uma figura carismática nativa que tivesse condições de liderar, inspirar e conduzir uma transição democrática que inclua todas as comunidades.
Todos sabemos que os EUA desempenharam o papel de juízes no Iraque - extremamente ineptos no começo. Mas, com o tempo, os EUA e os iraquianos moderados conseguiram escapar da beira do abismo, rechaçaram os violentos extremistas sunitas e xiitas, redigiram uma Constituição, e realizaram várias eleições livres, na esperança de ver nascer o Mandela iraquiano. Infelizmente, o resultado foi Nuri al-Maliki, um xiita que, em vez de promover a confiança entre as diversas comunidades, está novamente semeando a divisão sectária.
Acredito que se quiséssemos pôr fim à guerra civil síria e obrigar a Síria a seguir um caminho democrático, seria necessária uma força internacional para ocupar todo o país, garantir a segurança das fronteiras, desarmar todas as milícias e ajudar na transição para a democracia. Mas na ausência de um líder sírio capaz de conciliar, e não de dividir, todas as suas comunidades, não existindo uma força externa capaz de reconstruir a Síria do zero, qualquer outra iniciativa levaria ao fracasso.
Como não há outros países que se disponham a esse papel (e certamente não estou me referindo aos EUA), acredito que a luta na Síria continuará até o esgotamento total das partes.
 
por: THOMAS L., FRIEDMAN, THE NEW YORK TIMES
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Rebeldes sírios capturam 4 observadores da ONU nas Colinas de Golã

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Um grupo rebelde sírio deteve quatro capacetes-azuis da Organização das Nações Unidas (ONU) nas Colinas de Golã, região tensa que separa a Síria de Israel. Esta é a segunda vez em dois meses que observadores militares desarmados da ONU são feitos reféns pelas Brigadas de Mártires Yarmouk, o que mostra a vulnerabilidade da missão de manutenção de paz da organização em meio à expansão da guerra na Síria.
 
A zona de separação nas Colinas de Golã deveria ser um local livre de grupos armados, mas nos últimos meses tem sido palco de confrontos entre forças do governo sírio e combatentes rebeldes.
Kieran Dwyer, porta-voz do departamento de mantenedores de paz da ONU, disse que os quatro capacetes-azuis - todos filipinos - foram levados nesta terça-feira, 7, por um grupo armado nas proximidades de Jamla e que "há esforços em vigor para garantir sua libertação agora."
Martin Nesirky, porta-voz da ONU, disse mais tarde que as Brigadas Yarmouk assumiram a autoria do sequestro. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, condenou a prisão dos mantenedores de paz e pediu sua libertação imediata, afirmou Nesirky.
Um porta-voz do grupo rebelde disse em entrevista por telefone à Associated Press que as Brigadas de Mártires Yarmouk, que operam nas Colinas de Golã, mantém os soldados em seu poder. Ele falou em condição de anonimato porque está fora da Síria e atua como mediador de questões de paz relativas ao grupo.
Em comunicado postado na página do grupo no Facebook, as Brigadas de Mártires Yarmouk disseram que os capacetes-azuis não são seus reféns, mas são mantidos com os rebeldes para a própria segurança deles.
No início de março, o mesmo grupo deteve 21 capacetes-azuis filipinos por quatro dias antes de libertá-los, após duras negociações. O grupo diz suspeitar que os mantenedores da paz estão protegendo as tropas do presidente Bashar Assad que, segundo os rebeldes, mataram civis durante uma varredura do Exército em Wadi Raqat, cidade do sul da Síria.
 
Fonte: Estadão
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domingo, 5 de maio de 2013

Israel volta a atacar Síria e tem pilotos abatidos

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Israel voltou a realizar ataques neste domingo á instalações sírias sob alegação de ataque teria por objetivo evitar que o Hezbollah venha a receber armamentos de origem iraniana como mísseis FATEH 110.
 
A onde de incursões e ataques de Israel iniciou-se na última sexta (3), quando posições sírias foram bombardeadas, resultando em várias vítimas fatais e feridos. Neste domingo (5) os ataques se concentraram na capital Damasco e suas proximidades, onde várias explosões foram registradas e há relatos de que o governo da Síria capturou dois pilotos israelenses que foram abatidos durante a incursão.
 
Em paralelo aos ataques israelenses forças rebeldes atacaram instalações militares, levantando a suspeita de apoio por parte de Israel ao opositores do regime do presidente Bashar Al Assad, atitude que pode aumentar as proporções do conflito interno sírio para um conflito de maiores dimensões no Oriente Médio. Segundo pronunciamento do governo dos EUA, não há pretenções do país em se envolver no conflito civil que aflige a Síria.
 
O apoio de países europeus e mesmo dos EUA aos rebeldes que tentam a todo custo derrubar o governo Sírio é claro, embora nenhuma nação tenh assumido oficialmente apoio militar ou fornecimento de material para o conflito que se arrasta por meses e vem causando muitas baixas civis.
 
Fonte: GBN-GeoPolítica Brasil com agências de notícias 
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