Durante a reunião do Conselho Otan-Rússia em Bruxelas, na semana passada, o ministro da Defesa da Rússia, Serguêi Choigu, propôs a criação de um sistema de formação de sapadores (engenheiros de combate) afegãos para complementar a formação de especialistas destinados à Força Aérea afegã, que estão realizando um treinamento em instituições russas na Sibéria, e dos policiais que vêm se especializando no combate ao narcotráfico.
As ideias apresentadas por Choigu na luta contra o terrorismo internacional, particularmente no Afeganistão, de onde a Aliança internacional irá retirar as suas forças principais no próximo ano, foram bem recebidas por praticamente todos os participantes do conselho.
Além de ajudar a livrar o país das minas e projéteis não detonados, a formação de tais sapadores irá fornecer um trabalho digno para um grande número de jovens afegãos que, caso contrário, poderiam preencher as fileiras dos terroristas.
Choigu também ofereceu à comunidade internacional o auxílio de especialistas militares russos na destruição das armas químicas sírias e manifestou a esperança de que, no próximo ano, o projeto conjunto para a destruição ecologicamente correta de munições obsoletas na região de Kaliningrado, com base na tecnologia desenvolvida em países da Otan, entrará em sua fase operacional.
“Se avaliarmos de uma maneira geral a nossa ação conjunta, então podemos afirmar que os participantes da reunião do conselho foram unânimes na opinião que, ultimamente, a cooperação entre a Rússia e a Otan avançou significativamente, apesar da presença de problemas prementes”, disse Choigu durante a coletiva final.
Confiança em dia...
Na véspera da reunião do Conselho OTAN-Rússia, o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, realizou uma coletiva exclusiva com jornalistas russos, na qual havia destacado “maior franqueza, previsibilidade e confiança”na relação entre as partes do conselho.
Rasmussen não apenas elogiou a transparência das Forças Armadas russas durante a realização dos exercícios “Zapad-2013”, aos quais tiveram acesso mais de 80 representantes de Estados estrangeiros, mas também prometeu a mesma transparência nos exercícios da Otan que serão realizados no território da Polônia e dos Países Bálticos, no início de novembro.
...mas nem tanto
Depois da reunião em Bruxelas, Choigu falou sobre os “cenários desajeitados” que freiam a cooperação entre a Rússia e a Aliança ocidental, como as tentativas de reviver o antigo Tratado Sobre Forças Armadas Convencionais na Europa (CFE), o avanço da infraestrutura militar da Otan em direção às fronteiras russas e a política de ampliação da Aliança, que poderá incluir Geórgia e Ucrânia a partir de 2014. Mas a ênfase maior foi dada à polêmica implantação de um escudo antimíssil na Europa.
"Não estamos conseguindo realizar um trabalho conjunto em relação ao Programa de Defesa Antimíssil na Europa”, disse Choigu. “Gostaria de salientar que continuamos defendendo a proposta de uma cooperação mutuamente vantajosa no campo da defesa antimíssil. No entanto, antes de iniciar a elaboração de projetos de defesa antimíssil comuns precisamos de garantias legais sólidas e confiáveis de que o sistema antimíssil americano não será usado contra a força de dissuasão nuclear da Rússia”, acrescentou o ministro russo.
Fontes nas Forças Armadas russas garantem que a questão do escudo antimíssil carrega uma grande carga política, dificultando que as partes cheguem a um acordo sobre algum de seus pontos. Enquanto algumas acreditam que especialistas encontrarão uma opção viável técnica e tecnologicamente, outras sugerem que é preciso buscar uma solução para o problema no nível Moscou-Washington, e não Moscou-Bruxelas.
Fonte: Gazeta Russa