O presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, enviará à Coreia do Sul uma equipe de especialistas para analisar os resultados da investigação internacional sobre o naufrágio da corveta sul-coreana Cheonan, que deixou 46 mortos, indicou o Kremlin em um comunicado.
"O presidente russo, respondendo a uma proposta da República da Coreia, tomou a decisão de enviar a esse país um grupo de especialistas russos altamente qualificados para analisar em detalhe os resultados da investigação e as provas coletadas", informou o Kremlin.
"Medvedev considera muito importante estabelecer a razão exata da perda da fragata, e revelar com precisão quem tem pessoalmente a responsabilidade pelo ocorrido", completou.
O Kremlin informou ainda que "quando houver informações fidedignas sobre a implicação de alguma parte no episódio, devem ser adotadas as medidas que a comunidade internacional considerar necessárias e adequadas".
A Coreia do Sul acusou formalmente na quinta-feira (20) a Coreia do Norte de atacar o navio de sua Marinha, em uma região disputada do mar Amarelo.
Uma investigação internacional sobre as causas do afundamento do Cheonan concluiu na semana passada que um submarino norte-coreano disparou um torpedo contra a embarcação.
O afundamento da corveta de 1.200 toneladas, perto da fronteira marítima com a Coreia do Norte, provocou a morte de 46 dos 104 marinheiros sul-coreanos.
Foi o incidente mais grave ocorrido na disputada fronteira marítima do mar Amarelo entre as duas Coreias desde o fim da guerra entre as duas nações, em 1953.
Sanções
Após expandir medidas punitivas contra o regime de Pyongyang, que incluem o corte de relações comerciais e fechamento de corredores marítimos, a Coreia do Sul indicou que vai buscar apoio internacional para aplicar sanções do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) contra o Norte.
Entre as medidas punitivas que o país pode fazer por conta própria, e que já foram implementadas desde o agravamento da tensão na península no início da semana, estão o corte de relações comerciais, a proibição do uso de corredores marítimos por navios comerciais norte-coreanos, e o reatamento da propaganda contra Pyongyang por meio de panfletos e alto-falantes colocados na zona desmilitarizada. Exercícios militares antissubmarinos também foram anunciados.
Segundo analistas, estas são as medidas que Seul pode adotar antes de um ataque militar de fato. A Coreia do Norte ameaçou retaliar com uma declaração de guerra caso novas sanções fossem impostas sobre o país.
EUA
Em visita a Seul, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, já manifestou endossar o pedido.
Para Hillary, as provas sobre o envolvimento da Coreia do Norte no naufrágio da corveta sul-coreana Cheonan são "arrasadoras" e a acusação contra Pyongyang é "ineludível".
"Uma provocação inaceitável da Coreia do Norte. A comunidade internacional tem a responsabilidade e o dever de responder", afirmou a secretária de Estado em entrevista coletiva junto ao chanceler sul-coreano, Yu Myung-hwan.
Hillary reiterou o apoio dos EUA a Seul. "A Coreia do Sul é um forte aliado, amigo e parceiro", declarou. Segundo ela, a segurança do país asiático é "um compromisso" e "uma responsabilidade" para Washington.
Ela também lembrou que a aliança bilateral remonta 60 anos, quando os EUA lutaram junto com os sul-coreanos contra as tropas comunistas do Norte na Guerra da Coreia (1950-1953), que provocou a atual divisão da península no paralelo 38.
Pyongyang
O regime de Kim Jong-il respondeu às medidas sul-coreanas com o rompimento de todas as relações com Seul e disse que não retomará nenhum diálogo intercoreano enquanto o conservador Lee Myung-bak ocupar a Presidência sul-coreana.
Após essa ameaça, Pyongyang expulsou nesta quarta-feira os oito funcionários sul-coreanos do parque industrial de Kaesong, um projeto empresarial conjunto em território norte-coreano e símbolo econômico de possível reunificação entre os dois países.
Além disso, a Coreia do Norte ameaçou disparar contra os alto-falantes sul-coreanos e "bloquear" os trabalhadores e veículos da Coreia do Sul em Kaesong caso este país siga a fazer propaganda contra o vizinho do Norte.
A crise na península coreana afastou as esperanças de que seja retomado o diálogo de seis lados para o desarmamento nuclear de Pyongyang, no qual participavam desde 2003 as duas Coreias, EUA, China, Rússia e Japão.
Fonte: France Presse