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domingo, 8 de setembro de 2013

Brasil tem 5ª maior inflação do G-20

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Entre as 20 mais poderosas economias do mundo, o Brasil ostenta hoje a quinta maior inflação medida em 12 meses – 6,09%, conforme divulgou o IBGE nesta sexta-feira. O índice nacional fica atrás apenas dos 25,0% da Argentina; dos 10,8% da Índia; dos 8,6% da Indonésia; e dos 6,4% de África do Sul e Rússia.

O Brasil tem somente a 56ª economia mais competitiva do mundo atualmente, após perder oito posições em ranking divulgado neste ano. Para Carlos Rodofolfo Schneider, coordenador do Movimento Brasil Eficiente, a inflação nacional explica em grande parte o atual momento.

“E o que explica essa inflação são os grandes gastos do governo, que investe pouco”, diz ele.

De acordo com o empresário, a atual política econômica expansionista dos últimos anos mantém nas alturas o custo Brasil – termo empregado para os estraves estruturais, burocráticos e econômicos que encarecem o investimento no País.
 
Com a inibição do investimento em infraestrutura e logística, diz ele, a produtividade também cai. E, caindo a produtividade, consequentemente, um país não tem como competir de igual para igual com as demais economias.
“Entramos num clico ruim que mina a competitividade nocional”, afirma Schneider. “E a inflação está na ponta desse processo.”
Mas a inflação, por si só, não diz nada. Caso um país consiga crescer com altos índices de preços, ela não pesa tanto assim – diz Samy Dana, professor da Fundação Getulio Vargas. Mas, como lembra, a inflação no Brasil hoje é quase três vezes maior do que o ritmo de crescimento da produção nacional de bens e serviços.
Embora, em geral, o panorama econômico do Brasil – de baixo crescimento e inflação constantemente elevada – seja atribuído pelo governo federal à crise internacional, números bem inferiores são registrados onde estão seus principais focos. Nos Estados Unidos, a alta de preços em 12 meses é de 2,0%; na União Europeia, é de 1,6%.
No entanto, toda a responsabilidade da inflação convertida em baixo investimento não cabe só ao governo. Em apenas dois anos, entre 2010 e 2012, a participação da Formação Bruta de Capital Fixo (bens de capital) e Estoque das empresas caiu de 20,2% para 17,6% no PIB do Brasil. Ao mesmo tempo, o consumo das famílias subiu de 59,3% para 62,3%.
Ou seja, enquanto as empresas investem cada vez menos, as famílias consomem cada vez mais. “O problema não é de consumo elevado, mas de oferta baixa”, diz Dana. “E os problemas de gestão das empresas impedem que esse descompasso diminua.”
O custo Brasil, segundo ele, incentivado pelos gastos do governo, inibe, sim, os investimentos. Mas, por outro lado, a falta de eficiência do empresário também pesa para elevar os preços e diminuir a produtividade. “A gente ainda não está preparado para um mundo competitivo”, diz.
 
Fonte: Estadão
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quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Prioridades alteradas da cúpula do G20

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A crise síria alterou as prioridades da cúpula do G20 em São Petersburgo. O encontro de gala dos líderes das principais economias do mundo transforma-se numa discussão complexa sobre o direito internacional e o bom senso.
 
Para manter a imagem, Obama comporta-se como herói de um western. Nessa situação, muitos peritos depositam grandes esperanças no encontro do Grupo dos Vinte em São Petersburgo. De qualquer modo, os colegas do presidente dos Estados Unidos têm mais capacidades de convencê-lo de não cometer ações suicidas. Fala o diretor do Centro de Parceria de Civilizações do Instituto de Relações Internacionais de Moscou, Veniamin Popov:
 
"Hoje, a situação no mundo mudou tanto que até os Estados Unidos duvidam se for necessário ou não realizar golpes. Há dez anos, os EUA, sem consultar alguém, ocuparam o Iraque em conjunto com a Inglaterra. As consequências foram terríveis. Até hoje o país não pode voltar a si. Vimos o mesmo em relação à Líbia. Atualmente, assiste-se a uma situação paradoxal. A operação militar é apoiada apenas por dirigentes dos Estados Unidos e da França. Os restantes – mesmo aliados da OTAN – preferem abster-se. No mundo islâmico, os Estados Unidos e a França são apoiados só pela Arábia Saudita, o Qatar e a Turquia. Os outros não os apoiam. Esta é uma nova distribuição das forças no planeta."
 
Os EUA devem dar provas de precaução, atuando em relação à Síria, para não prejudicar suas relações com Moscou. Tal posição foi expressa pelo secretário de Estado americano, John Kerry, no Comitê de Relações Internacionais do Congresso dos EUA. O secretário de Estado espera que a Rússia altere sua posição no quadro do fórum em São Petersburgo, dando a entender que Barack Obama pode apresentar ao seu colega russo, Vladimir Putin, provas da utilização de armas químicas pelas forças governamentais.
 
Não é de excluir que essas provas satisfaçam Vladimir Putin. Nas palavras do presidente russo, Moscou será satisfeita por uma investigação objetiva profunda da questão e a apresentação de verdadeiras provas que sejam convincentes e que demostrem com toda a evidência quem foi e que meios foram utilizadas. De seguida, estaremos prontos para agir de forma decisiva, declarou o presidente russo.
 
É muito importante compreender que a Rússia na Síria não defende Bashar Assad, mas sim as normas e princípios do direito internacional, a ordem mundial contemporânea que obriga, em particular, a resolver todas as questões ligadas ao usa da força exclusivamente no quadro do Conselho de Segurança da ONU. Entretanto, há opinião de que Obama já tenha resolvido tudo para si e não pretende levar em consideração argumentos sensatos. Neste caso, a comunidade internacional irá deparar com certos problemas, considera o dirigente do Centro de Estado do Oriente Próximo Contemporâneo de São Petersburgo, Gumer Issaev:
 
"A economia mundial sempre reage claramente aos acontecimentos que ocorrem no Próximo Oriente. A intervenção fará subir os preços do petróleo, embora a Síria não disponha de grandes reservas desse combustível como, por exemplo, os países do Golfo Pérsico e o Irã. Este é o prognóstico mais evidente. É evidente também que o cenário sírio não é tão importante para a economia mundial que- continuará a avançar. Mas ao lado encontram-se o Iraque, os principais países árabes. Por isso a instabilidade na Síria influirá negativamente na situação geral."

Após a intervenção americana, no mundo haverá mais um país pobre, atomizado. Para que isso será necessário, em primeiro lugar para os próprios NORTE-americanos – esta é uma pergunta que será feita quase com certeza a Obama no quadro do encontro de cúpula do Grupo dos Vinte em São Petersburgo

Fonte: Voz da Rússia
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terça-feira, 3 de setembro de 2013

Síria e espionagem azedam cúpula de países do G20

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A presidente Dilma Rousseff chegou esta noite (à tarde no Brasil) a São Petersburgo, para participar quinta e sexta-feira da oitava cúpula do G20, o clubão das maiores economias do planeta.
 
Mas o encontro deste ano se dá em um ambiente completamente oposto daquele em que nasceram as cúpulas, em 2008: na esteira da profunda crise instalada então, os governantes deram rara demonstração de absoluta unidade e costuraram respostas que evitaram que o mundo caísse numa depressão.
 
Em 2013, no entanto, unidade é tudo o que falta ao grupo, não por motivos econômicos, mas políticos.
 
Dilma chegou irritada com o fato de o governo norte-americano ter bisbilhotado suas comunicações, o que promete tornar tenso o encontro com Barack Obama, que se dará de qualquer forma.
 
Ou bilateralmente, conforme se negociava antes da revelação mais recente de espionagem, ou na sessão plenária em que os governantes ficam conversando entre eles, antes dos pronunciamentos oficiais.
 
É razoável especular que Dilma tente cobrar diretamente de Obama as explicações que a chancelaria brasileira solicitou anteontem ao embaixador Thomas Shannon.
 
O novo lance da espionagem norte-americana turva a intenção prévia do Palácio do Planalto de evitar aprofundar o contencioso com os Estados Unidos surgido com as primeiras revelações sobre a mega-espionagem e sobre os "grampos" na representação brasileira junto às Nações Unidas.
 
"Não nos interessa discutir contenciosos com ninguém", disse à Folha, na semana passada, o assessor diplomático Marco Aurélio Garcia.
 
Mas as novas revelações jogam a iniciativa para o lado norte-americano, que terá que dar explicações suficientes para acalmar a irritação da presidente.
 
Obama terá que acalmar também outra das lideranças presentes ao G20, a alemã Angela Merkel. O pior momento da chanceler alemã no debate de domingo com seu adversário Peer Steinbruck (social-democrata) foi justamente quando Steinbruck a apertou sobre o esquema de espionagem dos EUA que teve a Alemanha igualmente como alvo prioritário.
 
Sem falar do mexicano Enrique Peña Nieto, vítima, como Dilma, de espionagem específica, quando ainda era candidato à Presidência. O México é um dos três latino-americanos membros do G20, ao lado de Brasil e Argentina.
 
A espionagem é o foco também do desconforto de Obama com os anfitriões russos do G20. O presidente norte-americano cancelou uma visita bilateral à Rússia, prevista para antes do G20, como sinal de repúdio ao asilo dado da Edward Snowden, o funcionário terceirizado que revelou a mega-espionagem e é, portanto, o pivô de todas as irritações.
 
SÍRIA
 
Além disso, Vladimir Putin, o presidente russo, nega-se a aceitar a versão norte-americana de que o ditador sírio Bashar al-Assad empregou armas químicas em ataque aos rebeldes no dia 21 e, por isso, precisa sofrer algum tipo de retaliação.
 
Obama tende a usar a cúpula do G20 como palco para tentar convencer outros países a aliar-se ao plano norte-americano de atacar a Síria em algum momento. É o palco ideal: nenhum outro grupo reúne tantos países de primeira linha no planeta, a ponto de representarem 90% de tudo o que o mundo produz de bens e serviços e 2/3 da população mundial.
 
Mas Angela Merkel já afastou a participação de seu país: "Dizemos claramente que a Alemanha não participará de ação militar na Síria", afirmou hoje. Acrescentou no entanto, que o G20 é um fórum para "buscar uma resposta unida da comunidade internacional". Qual, ela não antecipou.
 
Síria e espionagem acabaram desviando o foco original do G20, que se autobatizou de "primeiro foro global para cooperação internacional", centrada na economia.
 
Não que a economia vá ficar de fora, mas o que absorve a atenção dos participantes é a turbulência cambial nos países emergentes, provocada pelo anúncio de suspensão mais ou menos iminente do programa de estímulos à economia adotado pelos EUA.
 
Nesse capítulo, admitem negociadores, o máximo que o G20 pode fazer, coletivamente, é recomendar que o programa seja desativado com o máximo de cuidados para não aumentar a turbulência.
 
Síria e espionagem acabam, portanto, sendo temas mais emocionantes e urgentes.
 
Fonte: Folha
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sexta-feira, 20 de maio de 2011

Celso Amorim critica europeus e defende emergente à frente do FMI

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Diante da possível substituição de Dominique Strauss-Kahn na chefia do Fundo Monetário Internacional, países emergentes ofereceriam os melhores candidatos, afirma o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim.

Em conversa com a Deutsche Welle, Celso Amorim defende que o FMI deveria ser chefiado por líderes de países emergentes. O diplomata, ex-ministro brasileiro das Relações Exteriores, é categórico ao afirmar que a instituição precisa de ideias novas, mentalidade nova e, "por que não, de um brasileiro" no seu comando.

Amorim ressalta que as soluções tradicionais europeias não funcionam mais, e critica a posição de Angela Merkel, que defende um europeu no cargo. Para o diplomata, além de estar atento às questões de crescimento e finanças, o novo diretor-gerente do FMI terá que olhar para as questões sociais, que foram responsáveis, entre outras, pelas recentes explosões no mundo árabe.

Deutsche Welle: Qual sua opinião sobre esse acordo de cavalheiros vigente entre Estados Unidos e Europa, de que a direção do FMI deve permanecer em mãos europeias e a do Banco Mundial com os norte-americanos?

Celso Amorim: Acho que isso é o reflexo de uma época totalmente superada na nossa história. Isso aí poderia fazer algum sentido quando a governança global era assegurada pelo G7, quando o único país de fora da Europa – além dos Estados Unidos – era o Japão, e que, por sua vez, aceitava mais ou menos essa divisão.

Hoje em dia isso não tem mais sentido. Temos os quatro Bric originais, sem a África do Sul, que estão entre os dez maiores cotistas do FMI, vários deles estão entre as dez maiores economias do mundo, seguramente o Brasil é um deles. Lemos notícias que eles são os motores do crescimento do mundo, da economia. Temos a nossa moeda fortíssima, até mais forte do que desejaríamos...

Obviamente a China tem uma posição fortíssima no mercado internacional, então acho que é mais do que natural que houvesse um diretor do FMI que pudesse dar, inclusive, uma feição nova à organização. Que pudesse atacar essa questão do equilíbrio monetário, que é muito importante hoje em dia, porque diz respeito ao comércio. Veja bem, as negociações da Rodada Doha estão paralisadas, e não vão andar enquanto não houver uma solução para esse problema monetário.

O FMI tem que se transformar num instrumento de ajuda aos países em desenvolvimento para enfrentar a crise, e que saiba também policiar os países desenvolvidos, coisa que o FMI nunca fez, e a maior crise que tivemos recentemente veio, justamente, dos países desenvolvidos.

Acho que é mais que natural que venha alguém de um país em desenvolvimento. Eu não tenho nenhum preconceito a favor ou contra nenhum deles. Mas acho, por exemplo, que se fosse a China seria forte demais.

Então, nesse contexto, o próximo chefe do FMI deveria vir de um país emergente?Talvez do Brasil?

Por que não um brasileiro? Não precisa ser só um brasileiro, pode ser um indiano, ou algum outro. É muito importante também que seja uma pessoa que esteja entrosada com, digamos, essas mudanças que ocorreram. Não adianta pegar um latino-americano com pensamento da época do consenso de Washington. Aí é melhor até que não seja!

O senhor arriscaria algum nome?

Acho muito difícil fazer isso porque nem sei se há pessoas que querem ou não assumir essa posição... Há, de fato, muitos brasileiros competentes. Nós mesmos temos um lá, que é o Paulo Nogueira Batista Júnior, que poderia ser um nome.

Pode ser que haja indiano, ou alguém de outra nacionalidade. Acho importante que seja alguém que tenha essa percepção do mundo emergente e a percepção dessas mudanças que estão ocorrendo no mundo, o que é fundamental.

Angela Merkel defende que o próximo chefe seja um europeu porque alguns países da zona do euro enfrentam problemas graves e que, portanto, precisam da ajuda do FMI.

Se fosse assim, nós teríamos que ter tido um diretor da América Latina durante toda a década de 1970, 1980 e 1990, se fôssemos seguir esse raciocínio. Ou um asiático na década de 1990. Esse é um raciocínio que, sinceramente, com todo respeito à senhora Merkel, não tem nenhum fundamento.

Nós tivemos todo um período de crise na América Latina, de crise asiática, nem por isso reivindicamos, naquela época, um diretor-gerente latino-americano. Acho, na verdade, o contrário, que temos que seguir quem aponta soluções. E pelo que tenho sentido, as soluções tradicionais europeias, inclusive para os problemas europeus, não têm funcionado.

Volto a dizer, não sou economista, não vou julgar os detalhes, mas o que se vê, acompanhando a própria imprensa especializada, é a Grécia em muito má situação, temores que Portugal, mesmo com o empréstimo, vá passar por uma recessão nos próximos três anos... Enfim, não vejo que a Europa esteja trazendo grandes soluções, para falar a verdade.

Acho que a Europa é fundamental no contexto, isso é óbvio. Mas talvez a gente precise de ideias novas. E também não podemos pensar num FMI que esteja voltado apenas para os problemas europeus porque o mundo continuará a ter problemas. O mundo continuará a ter problemas de alinhamento monetário, como hoje acontece com o real em função de uma política monetária norte-americana muito frouxa, entre outras coisas.

Então é preciso alguém que tenha capacidade de olhar para esses problemas, e falar sobre eles verdadeiramente e corajosamente, porque isso também é necessário. E é perfeitamente possível encontrar um brasileiro, ou indiano, ou um chinês, e eu não estou querendo excluir ninguém a princípio, que tenha esse perfil.

Diante de toda essa crise, gerada por um escândalo privado, o senhor acredita numa mudança de rumo, de fato, no FMI?

Não podemos nos precipitar e fazer julgamento sobre as pessoas, o caso ainda será julgado. Naturalmente, a situação política já se criou e acho muito difícil que Strauss-Kahn volte ao comando, com base no que leio nos jornais.

Isso não afeta em nada a instituição. O Banco Mundial teve um problema parecido e nem por isso entrou em crise. Acho que, tanto o FMI quanto o Banco Mundial precisam de pessoas novas, com visão nova de mundo. Afinal, não vivemos mais o pós-Segunda Guerra, não vivemos mais a época do Muro de Berlim, e nem o pós-Muro de Berlim.

Vivemos numa época nova. Vivemos a era do G20. Há outros países do G20 que poderiam ser considerados, mas acho que um dos grandes emergentes seria a melhor solução.

Fonte: Deutsche Welle
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terça-feira, 16 de novembro de 2010

A História da Austeridade

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A recente reunião do G-20 em Seul foi um fracasso total. Chegou a ser constrangedora a perda de credibilidade dos EUA, como suposta economia mais poderosa do mundo, e o modo como tentaram acusar a China de comportamentos monetários afinal tão protecionistas quanto os dos EUA. A reunião mostrou que a “ordem” econômico-financeira, criada no final da Segunda Guerra Mundial e já fortemente abalada depois da década de 1970, está a colapsar, sendo de prever a emergência de conflitos comerciais e monetários graves. Mas curiosamente estas divergências não têm eco na opinião pública mundial e, pelo contrário, um pouco por toda a parte os cidadãos vão sendo bombardeados pelas mesmas ideias de crise, de tempo de austeridade, de sacrificos repartidos. Há que analisar o que se esconde por detrás deste unanimismo.

Quem tomar por realidade o que lhe é servido como tal pelos discursos das agências financeiras internacionais e da grande maioria dos Governos nacionais nas diferentes regiões do mundo tenderá a ter sobre a crise econômica e financeira e sobre o modo como ela se repercute na sua vida as seguintes ideias: todos somos culpados da crise porque todos, cidadãos, empresas e Estado, vivemos acima das nossas posses e endividamo-nos em excesso; as dívidas têm de ser pagas e o Estado deve dar o exemplo; como subir os impostos agravaria a crise, a única solução será cortar as despesas do Estado reduzindo os serviços públicos, despedindo funcionários, reduzindo os seus salários e eliminando prestações sociais; estamos num periodo de austeridade que chega a todos e para a enfrentar temos que aguentar o sabor amargo de uma festa em que nos arruinamos e agora acabou; as diferenças ideológicas já não contam, o que conta é o imperativo de salvação nacional, e os políticos e as políticas têm de se juntar num largo consenso, bem no centro do espectro político.

Esta “realidade” é tão evidente que constitui um novo senso comum. E, no entanto, ela só é real na medida em que encobre bem outra realidade de que o cidadão comum tem, quando muito, uma ideia difusa e que reprime para não ser chamado ignorante, pouco patriótico ou mesmo louco. Essa outra realidade diz-nos o seguinte. A crise foi provocada por um sistema financeiro empolado, desregulado, chocantemente lucrativo e tão poderoso que, no momento em que explodiu e provocou um imenso buraco financeiro na economia mundial, conseguiu convencer os Estados (e, portanto, os cidadãos) a salvá-lo da bancarrota e a encher-lhe os cofres sem lhes pedir contas. Com isto, os Estados, já endividados, endividaram-se mais, tiveram de recorrer ao sistema financeiro que tinham acabado de resgatar e este, porque as regras de jogo não foram entretanto alteradas, decidiu que só emprestaria dinheiro nas condições que lhe garantissem lucros fabulosos até à próxima explosão. A preocupação com as dívidas é importante mas, se todos devem (famílias, empresas e Estado) e ninguém pode gastar, quem vai produzir, criar emprego e devolver a esperança às famílias?

Neste cenário, o futuro inevitável é a recessão, o aumento do desemprego e a miséria de quase todos. A história dos anos de 1930 diz-nos que a única solução é o Estado investir, criar emprego, tributar os super-ricos, regular o sistema financeiro. E quem fala de Estado, fala de conjuntos de Estados, como a União Europeia e o Mercosul. Só assim a austeridade será para todos e não apenas para as classes trabalhadoras e médias que mais dependem dos serviços do Estado.

Porque é que esta solução não parece hoje possível? Por uma decisão política dos que controlam o sistema financeiro e, indiretamente, os Estados. Consiste em enfraquecer ainda mais o Estado, liquidar o Estado de bem-estar onde ele ainda existe, debilitar o movimento operário ao ponto de os trabalhadores terem de aceitar trabalho nas condições e com a remuneração unilateralmente impostas pelos patrões. Como o Estado tende a ser um empregador menos autônomo e como as prestações sociais (saúde, educação, pensões, previdencia social) são feitas através de serviços públicos, o ataque deve ser centrado na função pública e nos que mais dependem dos serviços públicos. Para os que neste momento controlam o sistema financeiro é prioritário que os trabalhadores deixem de exigir uma parcela decente do rendimento nacional, e para isso é necessário eliminar todos os direitos que conquistaram depois da Segunda Guerra Mundial. O objetivo é voltar à política de classe pura e dura, ou seja, ao século XIX.

A política de classe conduz inevitávelmente à confrontação social e à violência. Como mostram bem a recentes eleições nos EUA, a crise econômica, em vez de impelir as divergências ideológicas a dissolverem-se no centro político, agrava-as e empurra-as para os extremos. Os políticos centristas (em que se incluem os políticos que se inspiraram na social democracia europeia) seriam prudentes se pensassem que na vigência do modelo que agora domina não há lugar para eles. Ao abraçarem o modelo estão a cometer suicídio. Temos de nos preparar para uma profunda reconstituição das forças políticas, para a reinvenção da mobilização social da resistência e da proposição de alternativas e, em última instância, para a reforma política e para a refundação democrática do Estado.

Por Boaventura de Sousa Santos, sociólogo e professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (Portugal).

Fonte: Carta Maior
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sábado, 23 de outubro de 2010

G20 chega a acordo para que emergentes tenham mais poder no FMI

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Países emergentes ganharão mais poder de decisão. Proposta também visa aumentar o capital do FMI.

Os ministros de Finanças e presidentes de Bancos Centrais do G20 – grupo que reúne os países ricos e as potências emergentes. - decidiram neste sábado (23), em Gyeongjuna, na Coreia do Sul, que o Fundo Monetário Internacional (FMI) deve passar por uma grande reforma.

Dentre as principais mudanças acertadas na reunião está a transferência de maior poder de decisão aos países emergentes. Foi decidido também que haverá uma reestruturação no sistema bancário e a nas instituições financeiras dos países desenvolvidos, responsáveis pela crise econômica mundial de 2009.

O diretor-geral do FMI, o francês Dominique Strauss-Kahn, classificou a reforma como "a mais importante já adotada no governo do Fundo Monetário Internacional". A alteração proposta também visa aumentar o capital do FMI.

A União Europeia se comprometeu a ceder dois dos nove assentos a que tem direito no diretório do organismo, composto por 24 membros. Ainda não há definição, no entanto, de como serão distribuídas essas duas cadeiras.

Câmbio Ao longo da sexta-feira, a “guerra cambial” e, na esteira dela, a proposta dos Estados Unidos de estabelecer limites para os desequilíbrios externos, como maneira de pressionar os países com superávit a deixar que suas moedas se valorizem foram os destaques do encontro.

Em uma carta aos ministros participantes do encontro, o secretário do Tesouro norte-americano, Timothy Geithner, afirmou que os países deveriam implementar políticas para reduzir os desequilíbrios em conta corrente para um nível inferior a determinada parcela do Produto Interno Bruto (PIB).

O ministro de Finanças do Japão, Yoshihiko Noda, disse que Geithner propôs limitar os superávits e déficits em conta corrente a 4% do PIB.

Esse clima destacou as dificuldades que o G20 enfrenta, à medida que tenta colocar a economia mundial em um ritmo mais estável e acalmar as tensões cambiais.

Embora o G20 tenha sido parabenizado pela coordenação de pacotes de estímulo durante a crise financeira global, sua unidade tem sido testada por baixo crescimento nos países ricos e tentativas de algumas economias emergentes de preservar sua competitividade comercial mantendo as moedas desvalorizadas.

Histórico O G20 foi criado em 1999, na esteira da crise financeira asiática de 1997, para reunir as principais economias ricas e emergentes para estabilizar o mercado financeiro global.

Desde a sua criação, o G20 realiza reúne os ministros das Finanças e presidentes dos Bancos Centrais destes países para discutir medidas para promover a estabilidade financeira do mundo e alcançar um crescimento sustentável e equilibrado.


Fonte: Portal G1
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terça-feira, 12 de outubro de 2010

Coreia do Sul quer solução do G20 para "guerra cambial"

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A Coreia do Sul, anfitriã da reunião de novembro do G20, advertiu os países ricos e emergentes que a ausência de solução para a "guerra cambial" pode reforçar o protecionismo e prejudicar a recuperação mundial.

O presidente sul-coreano Lee Myung-Bak estimulou os dirigentes do G20 a não tratar apenas dos interesses nacionais, um mês antes da reunião de cúpula de Seul.

"Se o mundo não conseguir alcançar um acordo para questões como a política das taxas cambiais e insistir em seus próprios interesses no momento em que a economia mundial se encontra em fase de recuperação, isto provocará um protecionismo e criará graves problemas para a economia mundial", declarou Lee.

O presidente sul-coreano, no entanto, não mencionou nenhuma moeda de forma explícita.

Vários países, especialmente os Estados Unidos, exigem a valorização do yuan, a moeda chinesa.

No sábado, os países membros do FMI (Fundo Monetário Internacional) pediram ao organismo que aprofunde o trabalho sobre os desequilíbrios cambiais mundiais.

A advertência de uma "guerra cambial" foi feita há duas semanas pelo ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, preocupado com a contínua valorização do real e com as manobras de outros países para controlar suas divisas.

Fonte: France Presse
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segunda-feira, 28 de junho de 2010

Brasil diz que países terão "dificuldades" para cumprir meta de déficit

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O ministro das Finanças, Guido Mantega, disse hoje que alguns países desenvolvidos terão "dificuldades" para cumprir a meta de reduzir o déficit à metade para o ano de 2013 fixada hoje pelo Grupo dos Vinte (G20, principais países ricos e emergentes).

"Eu acho que alguns países terão dificuldades. Outros países irão conseguir", afirmou Mantega, que disse acreditar que a Alemanha e a França serão alguns dos que alcançarão o objetivo.

"Não vou dizer os que não vão conseguir", disse o ministro, que representou o Brasil no G20 perante a ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que cancelou a viagem devido às inundações no nordeste.

O comunicado emitido hoje pelo G20 no final de sua reunião reflete o compromisso dos "países desenvolvidos" de reduzir os déficits "pelo menos à metade" para o ano de 2013 e de "estabilizar ou reduzir a dívida governamental como percentagem do Produto Interno Bruto (PIB) para o ano 2016".

O Japão foi excluído desse compromisso perante seus estratosféricos níveis de dívida.

"Eu sigo considerando que é uma proposta, vamos chamá-la assim, ambiciosa", insistiu o ministro.

Ele precisou, de todos os modos, que se os países desenvolvidos conseguirem estimular o crescimento e seu PIB aumentar então o déficit será reduzido em termos relativos já que o déficit "é déficit sobre o PIB".

Fonte: EFE
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domingo, 27 de junho de 2010

G20 entra em sessão plenária com clara tensão entre membros

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O Grupo dos Vinte (G20, países mais ricos e principais emergentes) realiza hoje sua reunião plenária, em Toronto, com diferenças claras entre os membros em assuntos como gastos públicos e a proposta de nova taxação a bancos.

Os países-membros concordam sobre a necessidade de cortar déficit e dívida, mas discordam no montante e na velocidade desses cortes.

Essas e outras diferenças, como a proposta de impor impostos aos bancos em caso de novos resgates futuros do setor, prometem gerar hoje um debate acalorado na cidade canadense.

O dia começará com uma sessão plenária que terá a recessão e a recuperação como temas. O conferente principal será o secretário-geral da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), Ángel Gurría.

Na segunda parte, os integrantes do G20 tratarão da situação nos mercados financeiros e da regulação do setor. E o dia termina uma sessão de trabalho sobre o futuro da cooperação em temas empresariais no G20.


Fonte: EFE
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