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quarta-feira, 5 de maio de 2021

IMPRESSIONANTES IMAGENS DA GUERRA DAS MALVINAS

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Entre os meses de maio e junho de 1982 ocorreu a inesperada e curta, mas também brutal e violenta Guerra das Malvinas, até então um quase desconhecido arquipélago sob domínio britânico situado no gélido Atlântico Sul, entre a Argentina (que ocupou as ilhas durante a "Operação Rosário"), por ordens do chefe da Junta Militar que governava o país, o general Leopoldo Galtieri, e a Inglaterra (que efetuou a retomada das ilhas através da "Operação Corporate"), seguindo ordens da então primeira-ministra Margaret Thatcher.

Entre os quase 45 dias de combate, ocorreram ousadas ações de ambos os lados, como a "Operação Black Buck" por parte dos ingleses, com seus Avro Vulcan voando mais de 12 mil km para bombardear as ilhas, e os valentes ataques aéreos de aeronaves de alta performance dos argentinos (Dassault Mirage III e IAI Dagger) que, pelo fato dessas aeronaves não terem a capacidade de efetuar reabastecimento em voo, só poderiam permanecer sobre as ilhas apenas cinco minutos, senão não teriam combustível para retornar ao continente.

As quinze fotografias que estão nesse artigo, algumas inéditas no Brasil, foram cedidas gentilmente pelo Senhor Victor Hugo Martinón, um Veterano da Guerra das Malvinas (VGM) que lutou na guerra servindo a II Brigada Aérea, no Grupo I de Aerofotogrametria, originalmente situado na cidade de Paraná, Província de Entre Ríos, mas que estava destacado na BAM Comodoro Rivaldávia, onde também ele serviu no "Esquadrão Fênix", que operou aeronaves militares e civis em arriscadas missões de reconhecimento e despiste sobre o Oceano Atlântico e nas Malvinas.

O HMS Plymouth após ser atingido por tiros de 30 mm dos IAI Dagger.


O SS Atlantic Conveyor destruído após o incêndio causado pelo impacto do míssil Exocet argentino no dia 25/05/1982.

O Atlantic Conveyor acabou afundando três dias depois, no dia 28/05/1982, quando estava sendo rebocado.

O HMS Coventry aderna após ser atingido pelos A-4 Skyhawks argentinos no dia 25/05/1982.

O HMS Coventy, já emborcado, afunda lentamente. Foto tirada do HMS Broadsword.


O RFA Sir Galahad arde em chamas após o ataque argentino do dia 8 de junho.

O Sir Galahad foi consumido pelo fogo e destruído. Ele acabou sendo afundado dias depois.

O A-4 Skyhawk do Tenente Fausto Gavazzi atacando o HMS Glasgow com canhões de 20 mm. Observem a baixa altura da aeronave em relação ao mar. Foto tirada do HMS Brilliant, 12/05/1982.

O HMS Ardent afundando em chamas após o feroz ataque argentino do dia 21/05/1982.

Um soldado inglês posa em frente do navio RFA Sir Tristan, pesadamente danificada pelos argentinos. O navio foi recuperado e serviu até 2005. 

O HMS Glasgow retorna a Inglaterra danificado por uma bomba MK117 argentina que não explodiu mas que causou danos significativos.

Danos causados pelos projéteis de 30 mm dos canhões DEFA dos Daggers no HMS Arrow.

Extensos danos no HMS Glamorgan, atingido por um Exocet lançado improvisadamente de terra pelos argentinos no dia 12/06/1982. 


Foto inicial: O HMS Plymouth após ser atingido por bombas de 1000 libras de um Dagger argentino. Mesmo assim o navio sobreviveu a guerra.


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Por: Luiz Reis - Editor-Chefe do Canal Militarizando, Professor de História da Rede Oficial de Ensino do Estado do Ceará e da Prefeitura de Fortaleza, Historiador Militar, entusiasta da Aviação Civil e Militar, fotógrafo amador. Brasiliense com alma paulista, reside atualmente em Fortaleza-CE. Luiz colaborou com o Canal Arte da Guerra e o Blog Velho General e atua esporadicamente nos blogs da Trilogia Forças de Defesa, também fazendo parte da equipe de articulistas do GBN Defense. Contato: [email protected]


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segunda-feira, 3 de maio de 2021

O ATAQUE AO HMS SHEFFIELD

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O HMS Sheffield (D80), um destroier de mísseis guiados da Marinha Real Inglesa (Royal Navy) comissionado em 1975, foi atacado por mísseis Aerospatiale (hoje MBDA) AM 39 Exocet, lançados pelos Dassault Super Étendard da Aviação Naval Argentina (COAN) no dia 4 de maio de 1982, durante a Guerra das Malvinas. O ataque vitimou 20 membros da tripulação e deixou vários feridos. Dias depois, no dia 10 de maio, ao ser rebocado, o Sheffield acabou afundando. O ataque argentino entrou para a História por ser o primeiro a usar mísseis lançados por aviões contra navios. O ataque tornou famoso o míssil antinavio de origem francesa Exocet. O ataque também foi o batismo de fogo do COAN.

Antecedentes: a ação inglesa

Desde o início da “Operação Corporate” (a ação inglesa de retomada das Ilhas Malvinas, ocupadas pelos argentinos desde o dia 2 de abril de 1982) a Argentina havia sofrido a perda de várias aeronaves da Força Aérea Argentina (FAA) no dia 1º de maio (primeiro dia da operação) e a Marinha Argentina sofreu com a perda do cruzador ARA General Belgrano no dia 2 de maio e o ataque ao ARA Alférez Sobral no dia 3 de maio. Os argentinos então queriam encontrar uma forma de vingar essas perdas e iniciaram planejamentos visando atacar a Força-Tarefa inglesa usando seu moderníssimo míssil antinavio Exocet, nunca testado em combate real até então. Os argentinos tinham apenas cinco preciosas aeronaves de ataque (que poderiam lançar o míssil Exocet) Dassault Super Étendard, únicos equipados com o poderoso radar Agave de ataque, e cinco unidades do míssil, na versão AM 39 (ar-terra), então teriam de ser precisos.

O comandante da Força-Tarefa inglesa, almirante John Forster “Sandy” Woodward, esperava repetir o sucesso britânico ao abater muitas aeronaves argentinas como ocorreu no dia 1º de maio. A força naval, formada pelos porta-aviões HMS Hermes e HMS Invincible, suas escoltas e navios de apoio, navegou para o oeste, durante a noite do dia 3-4 de maio, posicionando a força a uma distância de cerca de 180 km ao sul do então Puerto Argentino (Port Stanley). Devido à falta de uma aeronave de alerta aéreo aproximado (AEW), três destroieres Tipo 42 (os HMS Glasgow, Coventry e Sheffield) foram então posicionados formando uma espécie de um “piquete aéreo” a uma distância de cerca de 40 km à frente da força principal, prontos para enfrentar a ameaça aérea argentina usando seus sistemas antiaéreos.

A política britânica era que qualquer navio da Royal Navy que suspeitasse estar sob ataque de mísseis virasse em direção à ameaça, acelerasse à velocidade máxima e atirasse chaff (tiras de alumínio para tentar desviar do alvo o míssil atacante) para evitar que o navio fosse pego indefeso. A palavra-código utilizada para iniciar este procedimento era “freio de mão”, que deveria ser transmitido assim que o sinal do radar Agave da aeronave Super Étendard fosse captado. Dentro da força-tarefa, a ameaça do submarino argentino Tipo 209 foi vista como uma prioridade mais alta do que a ameaça do ar. Após o naufrágio do General Belgrano, o Capitão James Salt, comandante do Sheffield, ordenou que o navio mudasse de curso a cada 90 segundos para conter qualquer ameaça potencial de submarino argentino.

 

Detectando a Força-Tarefa inglesa

O HMS Sheffield (Fonte: Wikipédia).


O Sheffield foi detectado pela primeira vez por uma aeronave de patrulha do COAN Lockheed SP-2H Neptune (matrícula 2-P-112) às 07:50h do dia 4 de maio de 1982. O Neptune manteve os navios britânicos sob vigilância, verificando a posição do Sheffield novamente às 08:14h e 08:43h. Uma ordem fragmentária de ataque então foi emitida pelo comando da Força-Tarefa 80 (que coordenava as aeronaves do COAN na guerra) e duas aeronaves Dassault Super Étendard do COAN, ambos armados com um Exocet AM39 na asa direita e um tanque de combustível na asa esquerda, para evitar assimetria, decolaram da base aérea naval de Río Grande, na Terra do Fogo, às 09:45h e em total silêncio-rádio e se encontraram com uma aeronave de reabastecimento em voo Lockheed KC-130H Hercules da FAA para serem reabastecidas às 10:00h. As duas aeronaves eram a 3-A-202, pilotada pelo comandante da missão Capitán de Corbeta Augusto Bedacarratz, e a 3-A-203, pilotada pelo Teniente de Navío Armando Mayora.

Um Dassault Super Étendard do COAN armado com um míssil antinavio Exocet. (Fonte: Blog Poder Naval)


Nas semanas que antecederam o ataque, os pilotos argentinos vinham praticando táticas contra seus próprios navios, pois os argentinos possuíam destroieres Tipo 42 da mesma classe do Sheffield e, portanto, conheciam bem o horizonte do radar, distâncias de detecção e tempos de reação do radar do navio, bem como o procedimento ideal para programar o míssil Exocet para um perfil de ataque bem-sucedido. A técnica que eles usaram é conhecida coloquialmente como “Pecking the Lobes” (“Bicando os Lóbulos”), em referência à aeronave sondando os lobos laterais do radar emissor usando o receptor de alerta do radar. A aeronave pode evitar a detecção evitando o lóbulo principal do radar emissor, além de voar bastante baixo sobre o mar (de 10 a 15 metros de altura) fazendo apenas uma pequena subida para ligar rapidamente o radar para conferir a navegação e se há algum alvo mais próximo.

 

O ataque

Posição da Força-Tarefa inglesa durante o ataque do dia 4 de maio de 1982. (Fonte Quora)


Às 10:35h, o Neptune subiu para 1.170 metros de altitude e detectou um contato grande e dois de tamanho médio. Poucos minutos depois, o Neptune atualizou os Super Étendard com as posições. Por volta das 10:50 ambos os Super Étendard subiram a 160 metros para verificar esses contatos, mas não conseguiram localizá-los e voltaram à baixa altitude. Mais tarde, eles subiram novamente e após alguns segundos de varredura, os alvos apareceram em suas telas de radar. Ambos os pilotos carregaram as coordenadas em seus sistemas de armas, voltaram ao nível baixo e, após verificações de última hora, cada um lançou seu míssil Exocet AM 39 às 11:04h, a uma distância de 32 a 48 km de seus alvos, e efetuaram o retorno ao continente ema alta velocidade. Os Super Étendard não precisaram ser reabastecidos pelo KC-130 no ponto onde eram esperados e pousaram sem problemas em Río Grande às 12:10h, com o Neptune pousando um pouco antes, às 12:04h, também em Río Grande. Um cumprimento de mão entre os dois pilotos encerrou a missão, sem no momento os argentinos saberem se haviam realmente acertado alguma coisa. Apoiando a missão também estavam um Learjet 35 como distração e dois IAI Dagger da FAA como escoltas do KC-130.

 

O alvo: o HMS Sheffield

Aproximadamente às 10:00h do dia 4 de maio, o Sheffield estava em prontidão de segundo grau, mais ao sul dos três destroieres Tipo 42 (os HMS Glasgow e Coventry) operando como um piquete antiaéreo avançado, formando um perímetro defensivo entre 29 a 48 km a oeste da força-tarefa principal, que ficava a sudeste das Malvinas. O tempo estava bom e o mar calmo, com ondas de dois metros. O HMS Invincible, que estava com a força-tarefa principal, era responsável pela Coordenação da Guerra Antiaérea (AAWC). O Sheffield havia acabado de substituir o Coventry na função, pois este estava tendo problemas técnicos com seu radar Tipo 965.

Antes do ataque, os operadores de radar do Sheffield estavam tendo dificuldades em distinguir as aeronaves inimigas, provavelmente pelo destróier não ter um IFF (identificação amigo-inimigo) eficaz ou ele estar sofrendo interferência do próprio radar do navio. Apesar das informações recebidas de inteligência que identificaram um ataque de mísseis Exocet lançados por aeronaves Super Étendard como possível, o Sheffield avaliou a ameaça dos Exocet como superestimada nos dois dias anteriores, e desconsiderou outro como um alarme falso.

Como o radar Tipo 965 não conseguia detectar aeronaves voando baixo, por causa da curvatura da Terra, as duas aeronaves inimigas em aproximação não foram detectadas mesmo voando a 30 metros de altura. As duas aeronaves foram detectadas a uma distância de apenas 74 km pelo UAA1, o sistema RWR (receptor alerta-radar) do navio. Isso foi então confirmado pelo radar de alerta de aeronaves de longo alcance 965M do Glasgow quando uma das aeronaves estava a 37 metros de altura efetuando uma verificação do seu radar a cerca de 83 km do navio. O Glasgow imediatamente entrou em alerta e comunicou a palavra-código de advertência “Freio de mão” pelo UHF e HF a todos os navios da força-tarefa. Os contatos de radar também foram vistos pelo Invincible, que vetorou duas aeronaves Sea Harrier em PAC (patrulha aérea de combate) para investigar, mas eles não detectaram nada. O AAWC em Invincible declarou os contatos do radar como falsos e deixou o nível de advertência em amarelo, em vez de aumenta-lo para vermelho.

Em resposta ao aviso do Glasgow, uma ordem de prontidão foi emitida para as tripulações do canhão de 4,5 polegadas, Sea Dart e canhões de 20 mm. As aeronaves foram detectadas no radar avançado Tipo 909, mas não no conjunto de popa. O sensor UAA1 de Sheffield foi então bloqueado por uma transmissão não autorizada pelos sistemas de comunicação por satélite da nave (SCOT). Nenhuma informação foi recebida via link de dados de Glasgow. Sete segundos depois, o primeiro míssil Exocet foi disparado, em resposta ao qual Glasgow começou a lançar chaffs para tentar despistar o míssil. A bordo do Sheffield, só quando a fumaça do míssil foi avistada pelos vigias é que a tripulação percebeu que estava sob ataque. Os oficiais da ponte não chamaram o capitão para a ponte, não fizeram chamadas para estações de ação, não tomaram medidas evasivas e não fizeram nenhum esforço para preparar o canhão de 4,5 polegadas, os mísseis SAM Sea Dart ou ao menos ordenar o disparo de chaffs. O oficial de guerra antiaéreo foi chamado à sala de operações pelo principal oficial de guerra, chegando pouco antes de o primeiro míssil atingir.

Um dos mísseis acabou errando o alvo, atingindo o mar a cerca de 800 metros à sua esquerda, sendo visto pela escolta Yarmouth. O outro Exocet atingiu o Sheffield à sua direita, no nível 2 do convés, penetrou o casco do navio e acabou rompendo a antepara da Sala de Máquinas Auxiliar de Vante/Sala de Máquinas de Vante 2,4 metros acima da linha de água, criando um buraco no casco de aproximadamente 1,2 metros por 3 metros. Aparentemente o míssil não explodiu, apesar de desativar os sistemas de distribuição elétrica do navio e rompendo o duto de água do mar pressurizado. Os danos ao sistema de incêndio prejudicaram gravemente qualquer resposta de combate a incêndios e, eventualmente, condenou o navio a ser consumido pelo fogo, iniciado pelo propelente do próprio míssil.

O fogo consome o Sheffield (Foto: Blog Poder Naval)


No momento do ataque, o capitão estava de folga em sua cabine após ter visitado anteriormente a sala de operações, enquanto o oficial de guerra antiaérea de Sheffield (AAWO) estava na sala dos oficiais conversando com os comissários e seu assistente estava na ponte. O Sheffield e Coventry estavam trocando informações em UHF e as comunicações cessaram e logo depois uma mensagem não identificada foi ouvida declarando categoricamente: “O Sheffield foi atingido!”

 

A reação inglesa

A nau capitânia da Força-Tarefa, HMS Hermes, despachou as suas escoltas Arrow e Yarmouth para o local do piquete para verificar o que havia ocorrido, e um helicóptero foi lançado para o local. Alguns minutos depois o helicóptero orgânico do Sheffield, um Westland Sea Lynx pousou inesperadamente a bordo do Hermes transportando o oficial de operações aéreas e o oficial de operações, confirmando o ataque. Os ingleses entraram em choque. Com os principais sistemas de combate a incêndios fora de ação devido à perda do duto principal de água, a tripulação do navio passou a combater o incêndio com mangueiras acionadas por bombas portáteis movidas a eletricidade e simples baldes de água. As escoltas Arrow e Yarmouth, logo que chegaram ao local, passaram a auxiliar no combate do fogo do lado de fora (com pouco efeito) posicionando-se a esquerda e a direita do Sheffield, respectivamente.

O ponto de impacto do Exocet no navio. (Foto: Blog Poder Naval)


A tripulação do Sheffield lutou por quase quatro horas para salvar o navio antes que o Capitão Salt tomasse a difícil decisão de abandonar o navio devido ao risco de os incêndios chegarem ao paiol ou aos mísseis do navio, como o grande Sea Dart, a perda da capacidade de combate do destróier e a exposição do Arrow e Yarmouth a um ataque aéreo inimigo. A maior parte da tripulação do Sheffield passou para a Arrow, alguns transferidos para a Yarmouth, enquanto os mortos e os feridos foram levados de helicóptero para o Hermes.

Nos seis dias seguintes, a partir de 4 de maio de 1982, enquanto o navio ainda flutuava, cinco inspeções foram feitas para ver se valia a pena salvar algum equipamento. Ordens foram emitidas para escorar o buraco no lado estibordo de Sheffield e rebocar o navio para a Geórgia do Sul. Antes que essas ordens fossem emitidas, o navio queimado estava sido rebocado pelo Yarmouth. O mar agitado por onde o navio foi rebocado causou uma inundação lenta pelo buraco onde o míssil entrou no costado do navio, causando uma inclinação para estibordo e que acabou fazendo o Sheffield capotar e afundar próximo a borda da Zona de Exclusão Total na posição 53º04’S 56º56’O no dia 10 de maio de 1982. Foi o primeiro navio da Royal Navy afundado em ação desde a Segunda Guerra Mundial.

Dos 281 membros da tripulação, 20 (principalmente em serviço na área da cozinha e na sala de informática) morreram no ataque e outros 26 ficaram feridos, principalmente por queimaduras, inalação de fumaça ou choque elétrico. Apenas um corpo foi recuperado. Os sobreviventes foram levados para a Ilha de Ascensão no navio-tanque RFA British Esk. O naufrágio é atualmente um túmulo de guerra e designado como local protegido ao abrigo da Lei de Proteção de Restos Militares de 1986.


Consequências

Um Conselho de Inquérito do Ministério da Defesa (MOD) foi convocado no HMS Nelson, no dia 7 de junho de 1982. Eles relataram suas descobertas em 28 de junho de 1982. O relatório do conselho criticou severamente o equipamento, o treinamento e os procedimentos de combate a incêndio do navio, identificando que os fatores críticos que levaram à perda de Sheffield foram, dentre outros, falta de preparo das equipes de defesa e sistemas eletrônicos do navio, falha do radar em detectar as aeronaves, ineficiência do sistema ECM (contramedidas eletrônicas), lenta resposta do radar de controle de fogo do Sea Dart a ameaça, deficiências no projeto do navio que dificultaram o combate do fogo, presença em excesso de material inflamável no navio e ausência de respiradores e outros equipamentos adequados para combater o fogo com eficácia.

As tentativas de salvar o navio foram infrutíferas. (Foto: Blog Poder Naval


O Capitão do navio, James Salt, foi isento de qualquer acusação, pois para o conselho, suas decisões após o impacto do míssil e de abandonar o navio foram corretas. Em 2006 ocorreu a liberação do relatório através da Lei de Liberdade de Informações do Reino, onde ocorreram acusações de negligência contra alguns dos tripulantes em comando do navio, que foi abafada pelo conselho em 1982. Em 2015, após uma revisão dos eventos ocorridos, foi descoberta que a ogiva do míssil Exocet realmente explodiu, com os resultados obtidos por modernos equipamentos de análise de danos, não disponíveis em 1982.

Já na Argentina as notícias de que o Sheffield fora atingido e posto fora de ação foram recebidas com muita satisfação pela Força-Tarefa 80, pela Força Aérea Sul (que gerenciava a Força Aérea Argentina na Guerra das Malvinas) e pelo povo argentino. Boatos de que no mesmo ataque foram atingidos outros navios e também o HMS Hermes ajudaram a levantar o moral das tropas nas ilhas, no continente e na população em geral. Mesmo assim o afundamento do HMS Sheffield mostrou que os argentinos não estavam mortos no conflito e ainda iriam dar muito trabalho aos ingleses.


Com informações retiradas da Wikipédia, Canal Militarizando, Revista Força Aérea e Blog Forças de Defesa.

*Foto de capa: Reprodução do momento em que os Dassault Super Étendard do COAN lançam seus mísseis antinavio Exocet contra o HMS Sheffield. (Fonte: Blog Poder Naval)

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Por: Luiz Reis - Editor-Chefe do Canal Militarizando, Professor de História da Rede Oficial de Ensino do Estado do Ceará e da Prefeitura de Fortaleza, Historiador Militar, entusiasta da Aviação Civil e Militar, fotógrafo amador. Brasiliense com alma paulista, reside atualmente em Fortaleza-CE. Luiz colaborou com o Canal Arte da Guerra e o Blog Velho General e atua esporadicamente nos blogs da Trilogia Forças de Defesa, também fazendo parte da equipe de articulistas do GBN Defense. Contato: [email protected]


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quinta-feira, 4 de junho de 2020

A TURBULENTA HISTÓRIA DO IAI NESHER-DAGGER-FINGER: O CAVALO DE BATALHA DA GUERRA DO YOM KIPPUR E DA GUERRA DAS MALVINAS

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A aeronave Israel Aircraft Industries (IAI) Nesher (que significa em hebraico “abutre de grifo”, mas muitas vezes é mal traduzido para “águia”) foi a versão israelense do caça com asa em delta multifunção francês Dassault Mirage 5, que foi uma evolução do famoso Dassault Mirage III. O Nesher foi uma aeronave que participou de dois grandes conflitos do século XX: a Guerra do Yom Kippur, a serviço da Força Aérea Israelense (IAF) e a Guerra das Malvinas/Falklands, a serviço da Força Aérea Argentina (FAA).

Sua origem remonta à necessidade dos israelenses de reporem urgentemente as perdas de diversas aeronaves durante a Guerra dos Seis Dias de 1967 e também durante a Guerra de Atrito travada durante o final da década de 1960. Com tais perdas, a Força Aérea Israelense (IAF) procurou obter uma variante melhorada e mais adequada ao clima e as peculiaridades da região do bem-sucedido caça de combate Dassault Mirage III.

Enquanto uma parceria para produzir tal aeronave, a Mirage 5, foi formada entre a fabricante francesa Dassault Aviation e a empresa israelense aeroespacial Israel Aircraft Industries (IAI), em janeiro de 1969, em resposta à invasão israelense de 1968 ao Líbano, o governo francês anunciou que iria impor um embargo de armas a Israel. Em resposta ao embargo, Israel decidiu prosseguir com o empreendimento, mas fabricar internamente as fuselagens.

Em 1969, a IAI iniciou o trabalho de fabricação do tipo. Segundo fontes oficiais, Israel já havia obtido um conjunto completo de desenhos e informações detalhadas do Mirage 5 francês antes da promulgação dos embargos. A estrutura do Nesher era idêntica ao Mirage 5, mas foi reformada com aviônicos fabricados em Israel, um assento ejetável zero-zero da Martin-Baker e provisões para uma gama mais ampla de mísseis ar-ar, incluindo o primitivo míssil israelense. Shafrir 1, de orientação infravermelha.

Em setembro de 1969, o primeiro protótipo do Nesher realizou seu primeiro voo. Em maio de 1971, o primeiro modelo de produção foi entregue a IAF. Em novembro de 1971, a aeronave foi oficialmente batizada como Nesher. O ponto alto da carreira de Nesher na IAF foi durante a Guerra do Yom Kippur em 1973. A aeronave supostamente teve um bom desempenho durante o conflito, os pilotos da IAF que voaram no tipo reivindicaram mais de cem abates aéreos contra os árabes e seus aliados.

Em 1974, a produção do Nesher foi encerrada em favor de mais um derivado do Mirage mais avançado, com turbina mais potente e aviônicos mais modernos, que havia sido planejado juntamente com o Nesher, conhecido depois como IAI Kfir. A IAF retirou o Nesher de serviço durante a década de 1970, estocando as células. As aeronaves foram depois vendidas para a Força Aérea Argentina, onde foram operadas sob o nome de Dagger (“Punhal” ou “Adaga”, em tradução livre). As primeiras aeronaves chegaram ao país platino em 1978.

No mesmo ano, a Argentina enviou com urgência seus primeiros Daggers para a Patagônia (sul do país) devido ao conflito de Beagle, uma disputa territorial que quase provocou uma guerra entre a Argentina e o vizinho Chile. Os Daggers também foram intensamente usados durante a Guerra das Malvinas/Falklands em 1982 entre a Argentina e o Reino Unido, realizando um total de 153 surtidas contra alvos terrestres e navais durante os 45 dias de operações de combate. Durante seus ataques antinavio, eles foram supostamente responsáveis por danificar vários navios, incluindo o HMS Antrim, o Brilliant, o Broadsword, o Ardent, o Arrow e o Plymouth. No total, onze Daggers foram perdidos em combate com os britânicos. O restante da aeronave foi posteriormente atualizado para o padrão Finger (“Dedo”, em tradução livre), o padrão definitivo da aeronave.

Há supostos relatos que a Força Aérea da África do Sul (SAAF) recebeu uma pequena quantidade de células do Nesher, que serviram de base para o desenvolvimento da aeronave localmente produzida Atlas Cheetah.

ORIGENS

No início de 1962, a Força Aérea de Israel (IAF) introduziu o primeiro dos seus aviões de combate Dassault Mirage IIICJ. Nas próximas duas décadas, seria usado como uma plataforma de supremacia aérea, protegendo os céus de aeronaves hostis e alcançando um impressionante recorde de abates durante sua vida operacional. O desempenho do Mirage IIICJ logo foi considerado altamente positivo (atraindo a atenção de vários países, incluindo o Brasil, que futuramente iria adquirir um lote de caças Mirage IIIEBR/DBR), levando o tipo a ser considerado como um forte candidato a um maior e melhor desenvolvimento.

Durante o final da década de 1960, a IAF foi obrigada a adquirir aeronaves adicionais com a finalidade de substituir mais de sessenta aviões de combate que haviam sido perdidos durante os vários conflitos entre Israel e seus hostis vizinhos, incluindo a Guerra dos Seis Dias de 1967 e a Guerra de Atrito que se seguiu imediatamente e continuou até 1970. Além disso, uma grande corrida armamentista estava surgindo entre Israel e vários de seus vizinhos, como a Síria e o Egito, que estavam recebendo armamentos cada vez mais avançados da União Soviética durante esse período.

Assim, durante o mês de julho de 1970, Israel havia começado a trabalhar em um esforço conjunto com a fabricante de aviões francesa Dassault Aviation para desenvolver e produzir uma versão mais avançada de seu avião de combate Mirage III. O produto deste programa tornou-se conhecido como o Mirage 5 (ou V) e seria construído inicialmente pela França, mas também com a fabricação em Israel sob licença, onde seria chamado de Ra’am (“Trovão” em hebraico).

A Dassault havia prosseguido o desenvolvimento do Mirage 5 a pedido dos israelenses, que eram os principais clientes estrangeiros do Mirage III e davam preferência a França como fornecedor militar nessa época. Os requisitos específicos estabelecidos pelo IAF para a próxima versão do tipo eram para diminuir a ênfase à capacidade para todos os climas da aeronave e excluir seu principal sistema de radar em troca de maior capacidade e alcance de transporte de artilharia; isso foi possível graças ao clima predominantemente claro e às condições climáticas típicas presentes no Oriente Médio.

Mesmo antes do voo inaugural do protótipo, Israel fez um pedido para um lote de 50 aeronaves, bem como um par de aeronaves de treinamento do tipo, que eram destinadas à IAF. No entanto, o programa foi descontinuado durante janeiro de 1969, quando, em resposta à invasão israelense de 1968 no Líbano, o governo francês anunciou que estaria impondo um embargo de armas a Israel e a outros países do Oriente Médio.

A promulgação do embargo impediu a entrega das primeiras 30 aeronaves Mirage 5, que já tinham sido pagas por Israel, além das opções para mais 20 do tipo. Além de impedir novas entregas, também cortou todo o apoio francês para operar a frota de Mirage IIICJ existente da IAF. Estrategicamente, o embargo deu um grande impulso a Israel para desenvolver as capacidades de sua própria indústria doméstica de armas, a fim de atender às suas demandas.

Dassault Mirage 5F, do mesmo lote dos que foram embargados para Israel. (Reprodução Flickr)

O embargo francês foi um grande revés para a IAF, que estava interessada em introduzir a nova variante Mirage 5 para compensar as perdas operacionais durante a Guerra dos Seis Dias e complementar a atuação do Mirage IIICJ, que com o embargo começou a sofrer com a falta de peças de reposição. Em resposta à decisão francesa, Israel decidiu fabricar localmente as fuselagens (conhecidas inicialmente como projeto Ra’am A e B); supostamente Israel já possuía as plantas e os ferramentais necessários para a fabricação da aeronave, embora Israel não tenha obtido oficialmente uma licença de produção da Dassault. De acordo com algumas fontes, especula-se que a agência de inteligência israelense Mossad tenha desempenhado um papel fundamental na obtenção de algumas informações de fabricação, enquanto outras fontes alegam que o próprio fundador da Dassault, Marcel Dassault, pode ter fornecido informações sobre o projeto.

PRODUÇÃO

De acordo com tais fontes, a Dassault forneceu discretamente os gabaritos, fixadores e uma grande quantidade de componentes de aeronaves para Israel através de uma triangulação industrial da empresa israelense aeroespacial Israel Aircraft Industries e da norte-americana North American Rockwell, na qual foi concedida uma licença de fabricação em janeiro de 1968. Consequentemente, as primeiras fuselagens limpas, sem armas, eletrônica, assento ejetável ou motor foram entregues diretamente da Dassault na França e enviadas de navio para Israel. Ainda tais fontes alegaram que informações detalhadas sobre a turbina Atar da aeronave foram obtidas através do fabricante industrial suíço Sulzer, que havia produzido o motor para os Mirages da Força Aérea Suíça; com a obtenção desses projetos e possuindo vários motores Atar dos Mirages existentes da IAF para engenharia reversa, Israel foi capaz de fabricar seus próprios motores de forma independente.

Durante 1969, o IAI iniciou a fabricação do projeto. Oficialmente, Israel fabricou a aeronave depois de ter obtido um conjunto completo de desenhos e ferramentais. No entanto, algumas fontes afirmaram alternadamente que Israel recebeu 50 Mirage 5 desmontados e enviados em caixotes diretamente da Força Aérea Francesa (AdlA), enquanto a AdlA passou a assumir as 50 aeronaves que foram originalmente destinadas aos israelenses. Em setembro de 1969, o primeiro protótipo Nesher realizou seu primeiro voo. Em maio de 1971, o primeiro Ra’am A foi entregue ao IAF. Em novembro de 1971, a aeronave mudou de nome e passou a ser chamada de “Nesher”.

A estrutura básica do Nesher era idêntica à do Mirage 5, mas seus aviônicos foram desenvolvidos em Israel, juntamente com a adoção de um assento de ejeção zero-zero da Martin-Baker, e capacidade para operar uma ampla gama de mísseis ar-ar, incluindo o míssil israelense infravermelho Shafrir 1. No total, 51 caças Nesher (Nesher S) e dez Nesher (Nesher T) foram construídos pela IAI. O Nesher apresentava aviônicos mais simples do que o Mirage IIICJ da IAF, além de ser um pouco menos manobrável. No entanto, ele possuía um longo raio de alcance de combate e a capacidade de uma carga útil maior. A pouca manobrabilidade da aeronave não a impediu de ter um bom desempenho em combate aéreo durante a Guerra do Yom Kippur de 1973.

Em 1974, a produção do Nesher foi abandonada em favor de um derivado do Mirage mais avançado que havia sido planejado em paralelo ao Nesher (o projeto Ra’am B). A principal diferença dessa aeronave foi a substituição do motor Atar por um motor General Electric J79, construído sob licença em Israel. O J79 era um popular e confiável motor turbojato norte-americano para aviões de combate, já tendo sido usado em caças como o Lockheed F-104 Starfighter e o McDonnell Douglas F-4 Phantom II. A aeronave resultante recebeu o nome IAI Kfir.

USO OPERACIONAL

Israel

Linha de voo dos IAI Nesher da IAF durante os anos 70. (Reprodução Internet)

Em maio de 1971, o primeiro Ra’am A foi entregue ao IAF. A fabricação da aeronave continuou até fevereiro de 1974. Um total de 51 caças monopostos Nesher S e 10 treinadores Nesher T de dois lugares foram produzidos e entregues à IAF.

O ponto alto da carreira do Nesher na IAF ocorreu durante a Guerra do Yom Kippur de 1973, quando participou do conflito operado por quatro esquadrões da IAF, o 101 Squadron (“First Fighter”), o 117 Squadron (“First Jet”), o 113 Squadron (“Hornet”) e o 144 Squadron (“Guardians of the Arava”). A aeronave supostamente teve bom desempenho durante o conflito, os pilotos da IAF que voaram no modelo relataram que acumularam mais de cem vitórias aéreas, com cerca de quatro perdas.

IAI Nesher S em ação durante a Guerra do Yom Kippur.
(Reprodução Wikipedia)

Logo após o conflito, o governo israelense resolveu aposentar prematuramente o Nesher. A introdução do Kfir, mais capaz, havia diminuído a importância do Nesher, e seu agressivo envolvimento em operações ofensivas resultou no envelhecimento rápido das células. Após a retirada do serviço com a IAF, a maioria dos Neshers remanescentes foram vendidos para a Argentina, onde passou a ser conhecido como Dagger. Um pequeno lote foi repassado à África do Sul, que assim como Israel anteriormente, estava vivendo um embargo de armas devido ao regime do Apartheid.

Argentina

IAI Dagger A da Força Aérea Argentina (FAA) com a pintura azul aplicada durante a Guerra das Malvinas, para que os atiradores da Artilharia Anti-Aérea (AAA) não os confundisse com os ingleses. (Reprodução Pinterest)

Após a retirada do serviço na IAF, as aeronaves israelenses remanescentes foram reformadas e exportadas para a Força Aérea Argentina (FAA) em dois lotes, 26 caças foram entregues em 1978 e mais 13 em 1980. No serviço argentino, a aeronave inicialmente foi operada sob o nome de Dagger; no seu auge, a Argentina operava um total de 35 Dagger A de um único assento e quatro Dagger B de dois lugares. Em 1978 a aeronave foi usada para formar uma nova unidade aérea, a 6ª Brigada Aérea; esta unidade foi imediatamente formada e estruturada com o apoio da 8ª Brigada Aéreo (que operava o Dassault Mirage IIIEA) e da Força Aérea do Peru, que já era um usuário experimentado do Mirage 5. A urgência de sua implantação inicial foi consequência do conflito de Beagle, uma disputa territorial e uma crise diplomática entre a Argentina e o vizinho Chile durante aquele ano.

Durante a Guerra das Malvinas em 1982 entre a Argentina e o Reino Unido, os Daggers foram posicionados na base aérea naval do sul de Río Grande, na Terra do Fogo, e em um campo de pouso civil em Puerto San Julián. Apesar da falta de capacidade de reabastecimento aéreo e da grande distância de seus alvos, sendo as forças britânicas nas Malvinas/Falklands e as embarcações da Marinha Real, a aeronave conseguiu realizar um total de 153 surtidas contra alvos terrestres e navais através dos 45 dias de operações de combate. Durante seus ataques antinavio usando bombas e seus canhões de 30 mm, eles foram supostamente responsáveis por danificar vários navios, incluindo os HMS Antrim, Brilliant, Broadsword, Ardent, Arrow e Plymouth. No total, 11 Daggers foram perdidos em combate, com a morte de cinco pilotos; nove deles foram atribuídos a abates conseguidos via mísseis ar-ar AIM-9L Sidewinders disparados dos Sea Harriers e dois por mísseis superfície-ar (SAM), um Sea Wolf disparado pelo HMS Broadsword e um por SAM Rapier disparado por tropas terrestres.

Como parte do contrato de 1979 com a IAI, a Força Aérea Argentina estipulou que os Daggers seriam equipados com novos sistemas aviônicos e visor de alerta ao nível da cabeça – em inglês, Head Up Display (HUD), permitindo que eles se aproximassem ao padrão da nova aeronave IAI Kfir C.2. O programa, que se chamava Finger, já estava em andamento em 1982, quando eclodiu a Guerra das Malvinas. Embora o conflito tenha sido relativamente breve, uma das consequências da guerra foi que, como alguns desses sistemas foram feitos pela britânica Marconi Electronic Systems, tornou-se necessário substituir os sistemas construídos pelos britânicos após o embargo de armas imposto pelo governo do Reino Unido logo após o final da guerra. O trabalho correspondente para substituir tais sistemas levou os aviões a serem modificados para o padrão final “Finger IIIA” (Caça) e “Finger IIIB” (Treinamento). Esses modelos diferiam principalmente do padrão original do Finger na substituição de equipamentos de origem britânica por similares de fabricação francesa, em grande parte da Thomson-CSF.
 
IAI Dagger da FAA em rota para as Ilhas Malvinas no dia 21 de maio de 1982. (Foto: Sr. Victor Hugo Martinón)

Após o final da guerra e da elevação de todos os Daggers sobreviventes para o padrão Finger, as aeronaves participaram ativamente de diversos exercícios militares, tanto da Força Aérea Argentina, quanto combinados com outras forças aéreas amigas, como o exercício ÁGUILA junto com os caças Lockheed Martin A-4AR Fightinghawk da Força Aérea Argentina e o Lockheed Martin F-16A/B Fighting Falcon da Guarda Nacional Aérea dos Estados Unidos (ANG), a CRUZEX no Brasil, CEIBO, na Argentina, dentre outras operações.

Finalmente, no dia 29 de novembro de 2015, em uma cerimônia formal, os Finger foram aposentados, juntamente com o restante das aeronaves da família Mirage ainda operacionais, após trinta e sete anos de serviço ativo.

PERDAS DO IAI DAGGER DURANTE A GUERRA DAS MALVINAS/FALKLANDS
NÚMERO
DATA
CAUSADOR
PILOTO/FATO
C-433
1º de maio
Sea Harrier XZ455 / “12”
Tenente Ardiles / morto
C-428
21 de maio
Sea Wolf do HMS Broadsword
Tenente Bean / morto
C-403
21 de maio
Sea Harrier ZA190 / “009”
Capitão Donadille / ejetou
C-404
21 de maio
Sea Harrier ZA190 / “009”
Major Piuma / ejetou
C-407
21 de maio
Sea Harrier ZA175 / “004”
Tenente Senn / ejetou
C-409
21 de maio
Sea Harrier XZ455 / “12”
Tenente Luna / ejetou
C-437
23 de maio
Sea Harrier ZA194 / “54”
Tenente Volponi / morto
C-410
24 de maio
Sea Harrier ZA193 / “93”
Tenente Castillo / morto
C-419
24 de maio
Sea Harrier XZ457 / “14”
Major Puga / ejetou
C-430
24 de maio
Sea Harrier XZ457 / “14”
Capitão Diaz / ejetou
C-436
29 de maio
SAM Rapier de tropas em terra
Tenente Bernhardt / morto

África do Sul

Atlas Cheetah E, da Força Aérea da África do Sul (SAAF). (Reprodução Wikipedia)

O embargo de armas imposto pela Resolução 418 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, iniciado em novembro de 1977 devido a política racista do governo sul-africano, chamado de Apartheid, impediu a África do Sul de comprar novas aeronaves (e outros equipamentos militares) de outros países, tornando assim a modernização das aeronaves existentes a única opção.

Na época, a frota de jatos de alta performance da Força Aérea da África do Sul (SAAF) era composta por uma boa quantidade de aeronaves Dassault Mirage III (EZ/CZ/BZ/DZ/D2Z/RZ/R2Z) e Mirage F1 (AZ/CZ). Embora os Mirage F1 fossem os mais modernos da frota, tendo sido entregues a partir de 1977 (pouco antes do início do embargo), eles eram o elemento primário da frota de defesa aérea e de ataque da África do Sul e retirá-los para uma atualização teria deixado uma lacuna inaceitável em sua defesa aérea e capacidade de ataque.

Além disso, os recursos poderiam ser integrados ao Mirage III de upgrades pré-existentes relacionados a aeronaves relacionadas, como a família Mirage V/Nesher/Kfir e o projeto Mirage 3NG (baseado no Mirage III). Consequentemente, a frota Mirage III da SAAF foi escolhida como base para a atualização, a ser conhecida inicialmente como “Projeto Cushion” (Almofada, em tradução livre)

Israel já estava vendendo tecnologia militar para a África do Sul por meio do polêmico Acordo Israel-África do Sul. Por exemplo, as peças de reposição dos Mirage III sul-africanos foram compradas em Israel e os assessores militares israelenses foram incorporados nas unidades da SAAF.

Devido a tais fatores, algumas publicações de aviação suspeitam que a Israel Aircraft Industries esteve diretamente envolvida em pelo menos nos estágios iniciais da atualização do Projeto Cushion, e que alguns componentes foram adquiridos diretamente de Israel. Cinco caças IAI Nesher podem ter sido adquiridos da Força Aérea de Israel para os testes da aeronave, que posteriormente se tornou o Atlas Cheetah, e depois as peças restantes foram absorvidas pela frota existente.

O trabalho foi realizado pela Atlas Aviation (antiga Atlas Aircraft Corporation e depois Denel Aviation). A Atlas também conseguiu adquirir técnicos qualificados com conhecimento relevante de Israel, após o cancelamento do projeto avançado de combate israelense, conhecido como IAI Lavi, nos anos 1980.

O Atlas Cheetah operou na SAAF até 2008 e depois foram transferidos para o Equador (10 aeronaves em 2010), para a operadora privada com sede nos Estados Unidos Draken International (12 aeronaves adquiridas em 2017) e duas aeronaves que são usadas pela Denel Aviation para testes.

MODELOS

Nesher S: Versão de caça de um único assento para a Força Aérea Israelense.
Nesher T: Versão de treinamento de dois lugares para a Força Aérea Israelense.
Dagger A: Versão de caça de um único assento reformada para a Força Aérea Argentina.
Dagger B: Versão de treinamento de dois lugares reformada para a Força Aérea Argentina.
Finger: Versão proposta do Dagger modernizado com equipamentos ingleses, não construído.
Finger IIIA: Versão modernizada com equipamentos franceses do Dagger A.
Finger IIIB: Versão modernizada com equipamentos franceses do Dagger B.

OPERADORES

África do Sul
Força Aérea da África do Sul (SAAF): 05 Nesher S na década de 1980, apenas para testes (nunca operacionais).

Argentina
Força Aérea Argentina (FAA): 35 Nesher S e 04 Nesher T recebidos entre 1978 e 1981, convertidos para o padrão Dagger A e B, os sobreviventes da Guerra das Malvinas/Falklands depois foram convertidos para o padrão Finger IIIA/B todos retirados de serviço em 2015.

Israel
Força Aérea de Israel (IAF): 61 Nesher S e 10 Nesher T, operados entre 1971 e 1977.

ESPECIFICAÇÕES (IAI FINGER IIIA/B)


Características gerais

Tripulação: 1 × piloto em versões de um assento, 2 × pilotos em versões de dois assentos
Comprimento: 15,6 m (51 pés)
Envergadura: 8,2 m (27 pés)
Altura: 4,3 m (13,9 pés)
Superfície Alar: 34,8 m² (374,6 pés²)
Peso vazio: 6 570 kg (14 480,3 lb)
Peso carregado: 10 770 kg (23 737,1 lb)
Peso útil: 6 930 kg (15 273,7 lb)
Peso máximo de decolagem: 13.500 kg (29 754 lb)
Motor: 1 × turbojato Snecma Atar 9C-5.
Empuxo normal: 42 kN (4 283 kgf; 9 442 lbf) empuxo.
Empurre com pós-combustor: 60,8 kN (6 200 kgf; 13 668 lbf) de empuxo.

Desempenho

Velocidade máxima de operação: 2 350 km/h (1 460 MPH, 1 269 kt) a 12.000 m (39 370 pés) de altitude
Velocidade de cruzeiro: 956 km/h (594 MPH, 516 kt)
Alcance: 1.300 km (1186 km com 4.700 litros de combustível auxiliar em 2 tanques externos mais 2 mísseis ar-ar e 2600 lb de bombas)
Teto de serviço: 17.680 m (58.005 pés)
Regime de subida: 83 m/s (16 338 pés/min)

Armamento

Canhões: 2 × DEFA 552 30 mm (1,1811 polegadas) com 125 munições cada
Pontos de ancoragem: 7 (6 subalares e 1 sob a fuselagem) com uma capacidade de 4200 kg (9 259,4 lb), para carregar uma combinação de:
Bombas: 4 × Bombas Mark 81 de uso geral de 113 kg (250 lb); 2 × Mark 82 de uso geral de 227 kg (500 lb) ou Mark 83 de 460 kg (1.000 lb)
Foguete: 2 × recipientes LAU-61/A com 19 × FFAR 70 mm (2,7 polegadas) cada
Mísseis: 2 × mísseis ar-ar Rafael Shafrir 2 ou AIM-9D Sidewinder
Outros: até 3 × tanques de combustível externos

Aviônicos

Thompson CSF head-up display
Radar telemétrico Elta EL/M-2001B



FOTO DE CAPA: IAI Nesher T da Força Aérea de Israel durante a Guerra do Yom Kippur, em 1973. (Reprodução Internet

Com informações retiradas da Wikipedia.


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Por Luiz Reis, Professor de História da Rede Oficial de Ensino do Estado do Ceará e da Prefeitura de Fortaleza, Historiador Militar, entusiasta da Aviação Civil e Militar, fotógrafo amador. Brasiliense com alma paulista, reside em Fortaleza-CE. Luiz colaborou com o Canal Arte da Guerra e o Blog Velho General e atua esporadicamente nos blogs da Trilogia Forças de Defesa, também fazendo parte da equipe de articulistas do GBN Defense. Presta consultoria sobre História da Aviação, Aviação Militar e Comercial. Contato: [email protected]


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