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segunda-feira, 14 de março de 2022

Alemanha vai de F-35?

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Será que o F-35 vai voar na Luftwaffe?

Após a invasão da Ucrânia pela Rússia, a Alemanha foi um dos vários países europeus que anunciaram que vão aumentar seus gastos com Defesa.

Rumores voltaram a circular de que a Alemanha poderia rever a decisão de adquirir caças F/A-18E/FSuper Hornet e aeronaves de guerra eletrônica EA-18G Growler em favor de caças F-35 e desenvolver o Eurofighter ECR para guerra eletrônica, permitindo assim que a Alemanha aposente de vez o vetusto Tornado, que já opera Luftwaffe (Força Aérea Alemã) há quatro décadas.

Após a posse do Primeiro Ministro Scholz, a Luftwaffe já tinha voltado a considerar o F-35, descartado pelo governo Merkel devido a receios de que não haveriam recursos o suficiente para adquirir os novos caças, desenvolver outra versão do Eurofighter e ainda investir no caça avançado europeu FCAS (Future Combat Air System).

O grande aumento previsto no orçamento militar alemão acabou por afastar tais receios.

O F-35 venceu diversas concorrências internacionais em que o Super Hornet era um dos candidatos, e ao que parece vai vencer mais uma, calando os críticos do programa.



*Renato Henrique Marçal de Oliveira é químico e trabalha na Embrapa com pesquisas sobre gases de efeito estufa. Entusiasta e estudioso de assuntos militares desde os 10 anos de idade, escreve principalmente sobre armas leves, aviação militar e as IDF (Forças de Defesa de Israel)

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sábado, 11 de janeiro de 2020

"Achtung Fulcrum!": O MiG-29 a serviço da Alemanha

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O Mikoyan MiG-29 (nome de relatório da OTAN: Fulcrum) é um avião a jato bimotor projetado na então União Soviética e até hoje construído e operado pela atual Rússia (em versões mais avançadas). Desenvolvido pelo escritório de design Mikoyan como caça de superioridade aérea durante os anos 1970, o MiG-29, juntamente com o maior Sukhoi Su-27 (ambos os primeiros caças de 4ª geração soviéticos), foi desenvolvido para combater os novos caças americanos, também de 4ª geração, como o McDonnell Douglas F-15 Eagle e o General Dynamics F-16 Fighting Falcon. O MiG-29 entrou em serviço em 1982.

Ao longo dos anos, o MiG-29 mostrou sua robustez e versatilidade operacional, sendo desenvolvida uma versão multimissão (MiG-29M), uma versão de operação embarcada (MiG-29K) e uma versão mais moderna e avançada (MiG-35), já considerada de 4,5ª geração. Foi exportada para vários países aliados da União Soviética, muitos desses países o utilizando até os dias de hoje. Mesmo com as mudanças ocorridas com o fim da Guerra Fria, a aeronave foi sempre passando dos antigos países para seus sucessores. O caso mais emblemático foi o da Alemanha, que mesmo após a unificação, a aeronave continuou sendo operada pelo país-membro da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

MiG-29A da Força Aérea da Alemanha Oriental
A República Democrática Alemã, também conhecida como Alemanha Oriental, então sob um governo comunista e completamente alinhado com a então União Soviética, adquiriu 24 aeronaves MiG-29 (sendo 20 MiG-29A monoplace e quatro MiG-29UB biplace), que foram recebidos e entraram em serviço entre o final de 1988 e o início de 1989, sendo as células distribuídas à unidade 1./JG3 “Wladimir Komarow”, baseado em Preschen, em Brandenburgo.
 
Após a queda do Muro de Berlim em novembro de 1989 e a reunificação da Alemanha em outubro de 1990, os MiG-29 e outras aeronaves das Forças Aéreas da Alemanha Oriental do Exército Popular Nacional foram integrados à Luftwaffe da República Federal Alemã, também conhecida como Alemanha Ocidental. Inicialmente o 1./JG3 manteve sua antiga designação. Em abril de 1991, os dois esquadrões de MiG-29 do 1./JG3 foram reorganizados na recém-criada “Ala de Teste do MiG-29” (“Erprobungsgeschwader MIG-29”), que se tornou o JG73 “Steinhoff” e foi transferido para a Base Aérea de Laage, perto de Rostock, em junho de 1993.
 
Após análises de técnicos alemães e norte-americanos, que tiveram acesso às aeronaves recém-incorporadas pela Luftwaffe, foi constatado que o MiG-29 é igual ou melhor que o F-15C em algumas áreas, como “dogfights” (curtos combates aéreos, geralmente, ao alcance visual) por causa do Sistema de Visão de Armas Montadas em Capacetes (HMS) e melhor manobrabilidade em baixas velocidades. Isso foi demonstrado quando os MiG-29 alemães participaram de exercícios conjuntos com caças dos EUA.

O HMS era de grande ajuda, permitindo que os alemães conseguissem travar qualquer alvo que o piloto pudesse ver dentro do campo de visão dos mísseis, incluindo aqueles a quase 45 graus de profundidade. No entanto, os pilotos alemães que pilotaram o MiG-29 admitiram que, embora o Fulcrum fosse mais manobrável em baixas velocidades do que o McDonnell Douglas F-15 Eagle, o Lockheed Martin F-16 Fighting Falcon, o Grumman F-14 Tomcat e o McDonnell Douglas F/A-18 Hornet e seu míssil de curto alcance Vympel R-73 foi considerado superior ao AIM-9 Sidewinder da época, todos os caças de fabricação americana possuíam aviônicos, radares e mísseis além do alcance visual (BVR) superiores.

MiG-29A ex-Alemanha Oriental já com as marcas da Luftwaffe.
Em compromissos que entraram na arena além do alcance visual, os pilotos alemães acharam difícil trancar e disparar várias tarefas o míssil Vympel R-27 do MiG-29 (os MiG-29 alemães não tiveram acesso ao míssil BVR Vympel R-77 mais avançado que equipa os MiG-29 de outras nações) enquanto tenta evitar o alcance mais longo e as capacidades avançadas de busca e rastreamento dos radares dos caças americanos e do AIM-120 AMRAAM. Os alemães também declararam que os combatentes americanos tinham a vantagem em condições de combate noturno e com mau tempo. A avaliação da Luftwaffe do MiG-29 foi de que o Fulcrum era melhor usado como interceptador de defesa de pontos sobre cidades e instalações militares; não para caças de caça sobre o espaço aéreo inimigo.
 
Essa avaliação levou a Alemanha a não enviar seus MiG-29 para a Guerra do Kosovo durante a Operação Allied Force, embora os pilotos da Luftwaffe que voaram contra o MiG-29 admitissem que, mesmo que tivessem permissão para voar em missões de combate na ex-Iugoslávia, eles seriam prejudicados pela falta de ferramentas de comunicações seguras específicas da OTAN e modernos sistemas de identificação amigo ou inimigo (IFF), mesmo o MiG-29 tendo sido atualizado para os padrões da OTAN, com o trabalho realizado pelo MiG Aircraft Product Support GmbH (MAPS), uma joint venture formada entre a MiG Moscow Aviation Production Association e a DaimlerChrysler Aerospace em 1993. Após a modernização a aeronave ficou conhecida como “MiG-29G” (monoplace) e “MiG-29GT” (biplace).
O já modernizado MiG-29G "29+21".

Durante o serviço na Luftwaffe, um MiG-29G (“29 + 09”) foi destruído durante um acidente em 25 de junho de 1996 devido a erro do piloto. Em 2003, os pilotos da Luftwaffe haviam voado mais de 30.000 horas no MiG-29. Em setembro de 2003, 22 das 23 máquinas sobreviventes foram vendidas para a Força Aérea Polonesa pelo preço simbólico de € 1 por aeronave. A última aeronave foi transferida para os poloneses em agosto de 2004. Um MiG-29G (“29 + 03”) ficou em Laage e foi preservado. Hoje essas aeronaves ainda continuam operacionais na Força Aérea Polonesa, aguardando uma provável substituição pelo Lockheed Martin F-35A Lightning II, nos quais os poloneses já encomendaram 32 unidades.

Mikoyan MiG-29G da Luftvaffe (1991-2004).

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Por Luiz Reis, Professor de História da Rede Oficial de Ensino do Estado do Ceará e da Prefeitura de Fortaleza, Historiador Militar, entusiasta da Aviação Civil e Militar, fotógrafo amador, brasiliense com alma paulista, reside em Fortaleza/CE. Luiz colaborou com o Canal Arte da Guerra e atuou nos blogs da Trilogia Forças de Defesa e do Blog Velho General, hoje faz parte da equipe do GBN Defense. Presta consultoria sobre História da Aviação.




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