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quarta-feira, 5 de maio de 2021

IMPRESSIONANTES IMAGENS DA GUERRA DAS MALVINAS

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Entre os meses de maio e junho de 1982 ocorreu a inesperada e curta, mas também brutal e violenta Guerra das Malvinas, até então um quase desconhecido arquipélago sob domínio britânico situado no gélido Atlântico Sul, entre a Argentina (que ocupou as ilhas durante a "Operação Rosário"), por ordens do chefe da Junta Militar que governava o país, o general Leopoldo Galtieri, e a Inglaterra (que efetuou a retomada das ilhas através da "Operação Corporate"), seguindo ordens da então primeira-ministra Margaret Thatcher.

Entre os quase 45 dias de combate, ocorreram ousadas ações de ambos os lados, como a "Operação Black Buck" por parte dos ingleses, com seus Avro Vulcan voando mais de 12 mil km para bombardear as ilhas, e os valentes ataques aéreos de aeronaves de alta performance dos argentinos (Dassault Mirage III e IAI Dagger) que, pelo fato dessas aeronaves não terem a capacidade de efetuar reabastecimento em voo, só poderiam permanecer sobre as ilhas apenas cinco minutos, senão não teriam combustível para retornar ao continente.

As quinze fotografias que estão nesse artigo, algumas inéditas no Brasil, foram cedidas gentilmente pelo Senhor Victor Hugo Martinón, um Veterano da Guerra das Malvinas (VGM) que lutou na guerra servindo a II Brigada Aérea, no Grupo I de Aerofotogrametria, originalmente situado na cidade de Paraná, Província de Entre Ríos, mas que estava destacado na BAM Comodoro Rivaldávia, onde também ele serviu no "Esquadrão Fênix", que operou aeronaves militares e civis em arriscadas missões de reconhecimento e despiste sobre o Oceano Atlântico e nas Malvinas.

O HMS Plymouth após ser atingido por tiros de 30 mm dos IAI Dagger.


O SS Atlantic Conveyor destruído após o incêndio causado pelo impacto do míssil Exocet argentino no dia 25/05/1982.

O Atlantic Conveyor acabou afundando três dias depois, no dia 28/05/1982, quando estava sendo rebocado.

O HMS Coventry aderna após ser atingido pelos A-4 Skyhawks argentinos no dia 25/05/1982.

O HMS Coventy, já emborcado, afunda lentamente. Foto tirada do HMS Broadsword.


O RFA Sir Galahad arde em chamas após o ataque argentino do dia 8 de junho.

O Sir Galahad foi consumido pelo fogo e destruído. Ele acabou sendo afundado dias depois.

O A-4 Skyhawk do Tenente Fausto Gavazzi atacando o HMS Glasgow com canhões de 20 mm. Observem a baixa altura da aeronave em relação ao mar. Foto tirada do HMS Brilliant, 12/05/1982.

O HMS Ardent afundando em chamas após o feroz ataque argentino do dia 21/05/1982.

Um soldado inglês posa em frente do navio RFA Sir Tristan, pesadamente danificada pelos argentinos. O navio foi recuperado e serviu até 2005. 

O HMS Glasgow retorna a Inglaterra danificado por uma bomba MK117 argentina que não explodiu mas que causou danos significativos.

Danos causados pelos projéteis de 30 mm dos canhões DEFA dos Daggers no HMS Arrow.

Extensos danos no HMS Glamorgan, atingido por um Exocet lançado improvisadamente de terra pelos argentinos no dia 12/06/1982. 


Foto inicial: O HMS Plymouth após ser atingido por bombas de 1000 libras de um Dagger argentino. Mesmo assim o navio sobreviveu a guerra.


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Por: Luiz Reis - Editor-Chefe do Canal Militarizando, Professor de História da Rede Oficial de Ensino do Estado do Ceará e da Prefeitura de Fortaleza, Historiador Militar, entusiasta da Aviação Civil e Militar, fotógrafo amador. Brasiliense com alma paulista, reside atualmente em Fortaleza-CE. Luiz colaborou com o Canal Arte da Guerra e o Blog Velho General e atua esporadicamente nos blogs da Trilogia Forças de Defesa, também fazendo parte da equipe de articulistas do GBN Defense. Contato: [email protected]


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segunda-feira, 3 de maio de 2021

O ATAQUE AO HMS SHEFFIELD

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O HMS Sheffield (D80), um destroier de mísseis guiados da Marinha Real Inglesa (Royal Navy) comissionado em 1975, foi atacado por mísseis Aerospatiale (hoje MBDA) AM 39 Exocet, lançados pelos Dassault Super Étendard da Aviação Naval Argentina (COAN) no dia 4 de maio de 1982, durante a Guerra das Malvinas. O ataque vitimou 20 membros da tripulação e deixou vários feridos. Dias depois, no dia 10 de maio, ao ser rebocado, o Sheffield acabou afundando. O ataque argentino entrou para a História por ser o primeiro a usar mísseis lançados por aviões contra navios. O ataque tornou famoso o míssil antinavio de origem francesa Exocet. O ataque também foi o batismo de fogo do COAN.

Antecedentes: a ação inglesa

Desde o início da “Operação Corporate” (a ação inglesa de retomada das Ilhas Malvinas, ocupadas pelos argentinos desde o dia 2 de abril de 1982) a Argentina havia sofrido a perda de várias aeronaves da Força Aérea Argentina (FAA) no dia 1º de maio (primeiro dia da operação) e a Marinha Argentina sofreu com a perda do cruzador ARA General Belgrano no dia 2 de maio e o ataque ao ARA Alférez Sobral no dia 3 de maio. Os argentinos então queriam encontrar uma forma de vingar essas perdas e iniciaram planejamentos visando atacar a Força-Tarefa inglesa usando seu moderníssimo míssil antinavio Exocet, nunca testado em combate real até então. Os argentinos tinham apenas cinco preciosas aeronaves de ataque (que poderiam lançar o míssil Exocet) Dassault Super Étendard, únicos equipados com o poderoso radar Agave de ataque, e cinco unidades do míssil, na versão AM 39 (ar-terra), então teriam de ser precisos.

O comandante da Força-Tarefa inglesa, almirante John Forster “Sandy” Woodward, esperava repetir o sucesso britânico ao abater muitas aeronaves argentinas como ocorreu no dia 1º de maio. A força naval, formada pelos porta-aviões HMS Hermes e HMS Invincible, suas escoltas e navios de apoio, navegou para o oeste, durante a noite do dia 3-4 de maio, posicionando a força a uma distância de cerca de 180 km ao sul do então Puerto Argentino (Port Stanley). Devido à falta de uma aeronave de alerta aéreo aproximado (AEW), três destroieres Tipo 42 (os HMS Glasgow, Coventry e Sheffield) foram então posicionados formando uma espécie de um “piquete aéreo” a uma distância de cerca de 40 km à frente da força principal, prontos para enfrentar a ameaça aérea argentina usando seus sistemas antiaéreos.

A política britânica era que qualquer navio da Royal Navy que suspeitasse estar sob ataque de mísseis virasse em direção à ameaça, acelerasse à velocidade máxima e atirasse chaff (tiras de alumínio para tentar desviar do alvo o míssil atacante) para evitar que o navio fosse pego indefeso. A palavra-código utilizada para iniciar este procedimento era “freio de mão”, que deveria ser transmitido assim que o sinal do radar Agave da aeronave Super Étendard fosse captado. Dentro da força-tarefa, a ameaça do submarino argentino Tipo 209 foi vista como uma prioridade mais alta do que a ameaça do ar. Após o naufrágio do General Belgrano, o Capitão James Salt, comandante do Sheffield, ordenou que o navio mudasse de curso a cada 90 segundos para conter qualquer ameaça potencial de submarino argentino.

 

Detectando a Força-Tarefa inglesa

O HMS Sheffield (Fonte: Wikipédia).


O Sheffield foi detectado pela primeira vez por uma aeronave de patrulha do COAN Lockheed SP-2H Neptune (matrícula 2-P-112) às 07:50h do dia 4 de maio de 1982. O Neptune manteve os navios britânicos sob vigilância, verificando a posição do Sheffield novamente às 08:14h e 08:43h. Uma ordem fragmentária de ataque então foi emitida pelo comando da Força-Tarefa 80 (que coordenava as aeronaves do COAN na guerra) e duas aeronaves Dassault Super Étendard do COAN, ambos armados com um Exocet AM39 na asa direita e um tanque de combustível na asa esquerda, para evitar assimetria, decolaram da base aérea naval de Río Grande, na Terra do Fogo, às 09:45h e em total silêncio-rádio e se encontraram com uma aeronave de reabastecimento em voo Lockheed KC-130H Hercules da FAA para serem reabastecidas às 10:00h. As duas aeronaves eram a 3-A-202, pilotada pelo comandante da missão Capitán de Corbeta Augusto Bedacarratz, e a 3-A-203, pilotada pelo Teniente de Navío Armando Mayora.

Um Dassault Super Étendard do COAN armado com um míssil antinavio Exocet. (Fonte: Blog Poder Naval)


Nas semanas que antecederam o ataque, os pilotos argentinos vinham praticando táticas contra seus próprios navios, pois os argentinos possuíam destroieres Tipo 42 da mesma classe do Sheffield e, portanto, conheciam bem o horizonte do radar, distâncias de detecção e tempos de reação do radar do navio, bem como o procedimento ideal para programar o míssil Exocet para um perfil de ataque bem-sucedido. A técnica que eles usaram é conhecida coloquialmente como “Pecking the Lobes” (“Bicando os Lóbulos”), em referência à aeronave sondando os lobos laterais do radar emissor usando o receptor de alerta do radar. A aeronave pode evitar a detecção evitando o lóbulo principal do radar emissor, além de voar bastante baixo sobre o mar (de 10 a 15 metros de altura) fazendo apenas uma pequena subida para ligar rapidamente o radar para conferir a navegação e se há algum alvo mais próximo.

 

O ataque

Posição da Força-Tarefa inglesa durante o ataque do dia 4 de maio de 1982. (Fonte Quora)


Às 10:35h, o Neptune subiu para 1.170 metros de altitude e detectou um contato grande e dois de tamanho médio. Poucos minutos depois, o Neptune atualizou os Super Étendard com as posições. Por volta das 10:50 ambos os Super Étendard subiram a 160 metros para verificar esses contatos, mas não conseguiram localizá-los e voltaram à baixa altitude. Mais tarde, eles subiram novamente e após alguns segundos de varredura, os alvos apareceram em suas telas de radar. Ambos os pilotos carregaram as coordenadas em seus sistemas de armas, voltaram ao nível baixo e, após verificações de última hora, cada um lançou seu míssil Exocet AM 39 às 11:04h, a uma distância de 32 a 48 km de seus alvos, e efetuaram o retorno ao continente ema alta velocidade. Os Super Étendard não precisaram ser reabastecidos pelo KC-130 no ponto onde eram esperados e pousaram sem problemas em Río Grande às 12:10h, com o Neptune pousando um pouco antes, às 12:04h, também em Río Grande. Um cumprimento de mão entre os dois pilotos encerrou a missão, sem no momento os argentinos saberem se haviam realmente acertado alguma coisa. Apoiando a missão também estavam um Learjet 35 como distração e dois IAI Dagger da FAA como escoltas do KC-130.

 

O alvo: o HMS Sheffield

Aproximadamente às 10:00h do dia 4 de maio, o Sheffield estava em prontidão de segundo grau, mais ao sul dos três destroieres Tipo 42 (os HMS Glasgow e Coventry) operando como um piquete antiaéreo avançado, formando um perímetro defensivo entre 29 a 48 km a oeste da força-tarefa principal, que ficava a sudeste das Malvinas. O tempo estava bom e o mar calmo, com ondas de dois metros. O HMS Invincible, que estava com a força-tarefa principal, era responsável pela Coordenação da Guerra Antiaérea (AAWC). O Sheffield havia acabado de substituir o Coventry na função, pois este estava tendo problemas técnicos com seu radar Tipo 965.

Antes do ataque, os operadores de radar do Sheffield estavam tendo dificuldades em distinguir as aeronaves inimigas, provavelmente pelo destróier não ter um IFF (identificação amigo-inimigo) eficaz ou ele estar sofrendo interferência do próprio radar do navio. Apesar das informações recebidas de inteligência que identificaram um ataque de mísseis Exocet lançados por aeronaves Super Étendard como possível, o Sheffield avaliou a ameaça dos Exocet como superestimada nos dois dias anteriores, e desconsiderou outro como um alarme falso.

Como o radar Tipo 965 não conseguia detectar aeronaves voando baixo, por causa da curvatura da Terra, as duas aeronaves inimigas em aproximação não foram detectadas mesmo voando a 30 metros de altura. As duas aeronaves foram detectadas a uma distância de apenas 74 km pelo UAA1, o sistema RWR (receptor alerta-radar) do navio. Isso foi então confirmado pelo radar de alerta de aeronaves de longo alcance 965M do Glasgow quando uma das aeronaves estava a 37 metros de altura efetuando uma verificação do seu radar a cerca de 83 km do navio. O Glasgow imediatamente entrou em alerta e comunicou a palavra-código de advertência “Freio de mão” pelo UHF e HF a todos os navios da força-tarefa. Os contatos de radar também foram vistos pelo Invincible, que vetorou duas aeronaves Sea Harrier em PAC (patrulha aérea de combate) para investigar, mas eles não detectaram nada. O AAWC em Invincible declarou os contatos do radar como falsos e deixou o nível de advertência em amarelo, em vez de aumenta-lo para vermelho.

Em resposta ao aviso do Glasgow, uma ordem de prontidão foi emitida para as tripulações do canhão de 4,5 polegadas, Sea Dart e canhões de 20 mm. As aeronaves foram detectadas no radar avançado Tipo 909, mas não no conjunto de popa. O sensor UAA1 de Sheffield foi então bloqueado por uma transmissão não autorizada pelos sistemas de comunicação por satélite da nave (SCOT). Nenhuma informação foi recebida via link de dados de Glasgow. Sete segundos depois, o primeiro míssil Exocet foi disparado, em resposta ao qual Glasgow começou a lançar chaffs para tentar despistar o míssil. A bordo do Sheffield, só quando a fumaça do míssil foi avistada pelos vigias é que a tripulação percebeu que estava sob ataque. Os oficiais da ponte não chamaram o capitão para a ponte, não fizeram chamadas para estações de ação, não tomaram medidas evasivas e não fizeram nenhum esforço para preparar o canhão de 4,5 polegadas, os mísseis SAM Sea Dart ou ao menos ordenar o disparo de chaffs. O oficial de guerra antiaéreo foi chamado à sala de operações pelo principal oficial de guerra, chegando pouco antes de o primeiro míssil atingir.

Um dos mísseis acabou errando o alvo, atingindo o mar a cerca de 800 metros à sua esquerda, sendo visto pela escolta Yarmouth. O outro Exocet atingiu o Sheffield à sua direita, no nível 2 do convés, penetrou o casco do navio e acabou rompendo a antepara da Sala de Máquinas Auxiliar de Vante/Sala de Máquinas de Vante 2,4 metros acima da linha de água, criando um buraco no casco de aproximadamente 1,2 metros por 3 metros. Aparentemente o míssil não explodiu, apesar de desativar os sistemas de distribuição elétrica do navio e rompendo o duto de água do mar pressurizado. Os danos ao sistema de incêndio prejudicaram gravemente qualquer resposta de combate a incêndios e, eventualmente, condenou o navio a ser consumido pelo fogo, iniciado pelo propelente do próprio míssil.

O fogo consome o Sheffield (Foto: Blog Poder Naval)


No momento do ataque, o capitão estava de folga em sua cabine após ter visitado anteriormente a sala de operações, enquanto o oficial de guerra antiaérea de Sheffield (AAWO) estava na sala dos oficiais conversando com os comissários e seu assistente estava na ponte. O Sheffield e Coventry estavam trocando informações em UHF e as comunicações cessaram e logo depois uma mensagem não identificada foi ouvida declarando categoricamente: “O Sheffield foi atingido!”

 

A reação inglesa

A nau capitânia da Força-Tarefa, HMS Hermes, despachou as suas escoltas Arrow e Yarmouth para o local do piquete para verificar o que havia ocorrido, e um helicóptero foi lançado para o local. Alguns minutos depois o helicóptero orgânico do Sheffield, um Westland Sea Lynx pousou inesperadamente a bordo do Hermes transportando o oficial de operações aéreas e o oficial de operações, confirmando o ataque. Os ingleses entraram em choque. Com os principais sistemas de combate a incêndios fora de ação devido à perda do duto principal de água, a tripulação do navio passou a combater o incêndio com mangueiras acionadas por bombas portáteis movidas a eletricidade e simples baldes de água. As escoltas Arrow e Yarmouth, logo que chegaram ao local, passaram a auxiliar no combate do fogo do lado de fora (com pouco efeito) posicionando-se a esquerda e a direita do Sheffield, respectivamente.

O ponto de impacto do Exocet no navio. (Foto: Blog Poder Naval)


A tripulação do Sheffield lutou por quase quatro horas para salvar o navio antes que o Capitão Salt tomasse a difícil decisão de abandonar o navio devido ao risco de os incêndios chegarem ao paiol ou aos mísseis do navio, como o grande Sea Dart, a perda da capacidade de combate do destróier e a exposição do Arrow e Yarmouth a um ataque aéreo inimigo. A maior parte da tripulação do Sheffield passou para a Arrow, alguns transferidos para a Yarmouth, enquanto os mortos e os feridos foram levados de helicóptero para o Hermes.

Nos seis dias seguintes, a partir de 4 de maio de 1982, enquanto o navio ainda flutuava, cinco inspeções foram feitas para ver se valia a pena salvar algum equipamento. Ordens foram emitidas para escorar o buraco no lado estibordo de Sheffield e rebocar o navio para a Geórgia do Sul. Antes que essas ordens fossem emitidas, o navio queimado estava sido rebocado pelo Yarmouth. O mar agitado por onde o navio foi rebocado causou uma inundação lenta pelo buraco onde o míssil entrou no costado do navio, causando uma inclinação para estibordo e que acabou fazendo o Sheffield capotar e afundar próximo a borda da Zona de Exclusão Total na posição 53º04’S 56º56’O no dia 10 de maio de 1982. Foi o primeiro navio da Royal Navy afundado em ação desde a Segunda Guerra Mundial.

Dos 281 membros da tripulação, 20 (principalmente em serviço na área da cozinha e na sala de informática) morreram no ataque e outros 26 ficaram feridos, principalmente por queimaduras, inalação de fumaça ou choque elétrico. Apenas um corpo foi recuperado. Os sobreviventes foram levados para a Ilha de Ascensão no navio-tanque RFA British Esk. O naufrágio é atualmente um túmulo de guerra e designado como local protegido ao abrigo da Lei de Proteção de Restos Militares de 1986.


Consequências

Um Conselho de Inquérito do Ministério da Defesa (MOD) foi convocado no HMS Nelson, no dia 7 de junho de 1982. Eles relataram suas descobertas em 28 de junho de 1982. O relatório do conselho criticou severamente o equipamento, o treinamento e os procedimentos de combate a incêndio do navio, identificando que os fatores críticos que levaram à perda de Sheffield foram, dentre outros, falta de preparo das equipes de defesa e sistemas eletrônicos do navio, falha do radar em detectar as aeronaves, ineficiência do sistema ECM (contramedidas eletrônicas), lenta resposta do radar de controle de fogo do Sea Dart a ameaça, deficiências no projeto do navio que dificultaram o combate do fogo, presença em excesso de material inflamável no navio e ausência de respiradores e outros equipamentos adequados para combater o fogo com eficácia.

As tentativas de salvar o navio foram infrutíferas. (Foto: Blog Poder Naval


O Capitão do navio, James Salt, foi isento de qualquer acusação, pois para o conselho, suas decisões após o impacto do míssil e de abandonar o navio foram corretas. Em 2006 ocorreu a liberação do relatório através da Lei de Liberdade de Informações do Reino, onde ocorreram acusações de negligência contra alguns dos tripulantes em comando do navio, que foi abafada pelo conselho em 1982. Em 2015, após uma revisão dos eventos ocorridos, foi descoberta que a ogiva do míssil Exocet realmente explodiu, com os resultados obtidos por modernos equipamentos de análise de danos, não disponíveis em 1982.

Já na Argentina as notícias de que o Sheffield fora atingido e posto fora de ação foram recebidas com muita satisfação pela Força-Tarefa 80, pela Força Aérea Sul (que gerenciava a Força Aérea Argentina na Guerra das Malvinas) e pelo povo argentino. Boatos de que no mesmo ataque foram atingidos outros navios e também o HMS Hermes ajudaram a levantar o moral das tropas nas ilhas, no continente e na população em geral. Mesmo assim o afundamento do HMS Sheffield mostrou que os argentinos não estavam mortos no conflito e ainda iriam dar muito trabalho aos ingleses.


Com informações retiradas da Wikipédia, Canal Militarizando, Revista Força Aérea e Blog Forças de Defesa.

*Foto de capa: Reprodução do momento em que os Dassault Super Étendard do COAN lançam seus mísseis antinavio Exocet contra o HMS Sheffield. (Fonte: Blog Poder Naval)

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Por: Luiz Reis - Editor-Chefe do Canal Militarizando, Professor de História da Rede Oficial de Ensino do Estado do Ceará e da Prefeitura de Fortaleza, Historiador Militar, entusiasta da Aviação Civil e Militar, fotógrafo amador. Brasiliense com alma paulista, reside atualmente em Fortaleza-CE. Luiz colaborou com o Canal Arte da Guerra e o Blog Velho General e atua esporadicamente nos blogs da Trilogia Forças de Defesa, também fazendo parte da equipe de articulistas do GBN Defense. Contato: [email protected]


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“CUMPRINDO COM O SEU DEVER PARA DEFENDER A PÁTRIA”: A FORÇA AÉREA SUL DA ARGENTINA DURANTE A GUERRA DAS MALVINAS

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A Guerra das Malvinas levou o terror e a morte ao Atlântico Sul, mas também foi um conflito onde inovadoras e criativas soluções foram criadas para lidar com as adversidades e as limitações presentes nas Forças de Defesa Argentinas ao longo do conflito.

Uma dessa ideias foi a criação da “Força Aérea Sul” (“Fuerza Aerea Sur”, em espanhol), que possuía a sigla “FAS” que seria a organização responsável por coordenar as aeronaves da Força Aérea Argentina (FAA) durante as operações militares na guerra.

O Comando Aéreo Estratégico argentino criou a Força Aérea Sul para conduzir operações militares no sul da Argentina. A criação formal ocorreu no dia 5 de abril de 1982. O então comandante da IV Brigada Aérea, brigadeiro Ernesto Crespo, tornou-se o comandante da FAS. O CAE, que respondia diretamente à Presidência da República da Argentina, era o único supervisor da FAS.

 A responsabilidade da FAS incluía operações aéreas estratégicas, táticas e de transporte no Teatro de Operações Sul e no Teatro de Operações Atlântico Sul. A Guarnição Militar de Malvinas dependia quase inteiramente da FAS para o apoio logístico que deveria ser realizado principalmente por via aérea, principalmente devido à Marinha Argentina ter mantido seus navios nos portos do continente devido ao afundamento do cruzador “General Belgrano” por um submarino nuclear inglês, logo no início da guerra. O início das operações ocorreu no dia 1º de maio de 1982.

 

ORGANIZAÇÃO DA FORÇA AÉREA SUL

 

Comando

Comandante: brigadier Ernesto Horacio Crespo

Vice Comandante: brigadier Roberto Fernando Camblo

Chefe de Estado Maior: comodoro José Antonio Juliá

Coordenador Geral: comodoro Correa Cuenca

Oficial de Operações de Defesa: comodoro Rodriguez

 

Estado Maior

Chefe do Departamento de Pessoal (A-1): comodoro Manuel R. Rivero

Chefe do Departamento de Inteligência (A-2): comodoro Jorge Alberto Espina

Chefe do Departamento Operacional (A-3): comodoro José Antonio Juliá

Chefe do Departamento de Material (A-4): comodoro José D. Marcantoni

Chefe do Departamento de Comunicações (A-5): vicecomodoro Antonio Maldonado

 

Seções Operacionais

Seção de Exploração y Reconhecimento: comodoro Ronaldo Ferri

Seção de Operações Eletrônicas: comodoro Ronaldo Ferri

Seção de Busca e Salvamento: mayor Norberto Héctor Barozza

Seção de Análise e Avaliação de Operações: vicecomodoro Torres

Seção de Vigilância e Controle Aéreo: comodoro Enrique Saavedra

Seção de Tráfego Aéreo: mayor Horacio A. Oréfice

Seção de Segurança Aérea e Interceptação: comodoro Tomás Rodríguez

Seção de Segurança e Serviços: vicecomodoro Aguirre

Seção de Meteorologia: primer teniente Viotti

 

BASES AÉREAS MILITARES DA FAS

 


Bases da Força Aérea Sul. (Fonte: FDRA Malvinas)


As seguintes unidades estavam sob o comando da Força Aérea do Sul:

 

Base Aérea Militar Trelew (BAM Trelew)

A FAA criou a BAM Trelew em 10 de abril de 1982 na Base Aérea Naval Almirante Zar do COAN da Marinha Argentina. Era a base mais distante das Malvinas (a 1.080 km das ilhas). Nessa base operaram os BAC Mk.62 Canberra do 1º Esquadrão de Bombardeiro, a aeronave de maior alcance do inventário das FAS. A BAM Trelew foi usada pela Força Aérea Sul como base de voos de guiagem e distração, bem como para voos de exploração e reconhecimento ou busca e salvamento no mar. Trelew também foi uma das bases do Esquadrão Fênix.

 

IX Brigada Aérea (BAM Comodoro Rivadavia)

Situada na cidade de Comodoro Rivadavia, distante cerca de 860 km das ilhas, já era uma Base Aérea Militar pertencente a FAA. Passada para o comando da FAS em abril de 1982, de lá partiram missões dos Fokker F27 Friendship, que lá serviam no 6º Esquadrão de Transporte. Também era sede do 4º Esquadrão de Ataque, que operava os bimotores de ataque FMA IA-58 Pucará, onde muitas dessas aeronaves foram destacadas para as ilhas. O Esquadrão Fênix também estava baseado em Comodoro Rivadavia, de onde guiavam os Pucará para operarem nas Malvinas.

 

Base Aérea Militar de San Julián (BAM San Julián)

Vista aérea da BAM San Julián no dia 9 de junho de 1982, perto do final da guerra. (Foto: Pinterest)


Foi criada ainda em 1978 por conta da crise do Canal de Beagle e a quase-guerra contra o Chile, lá situando um esquadrão de caças-bombardeiros Douglas A-4C Skyhawk. A FAA reativou a BAM San Julián (distante 700 km das ilhas) em abril de 1982 e a colocou subordinada a FAS para servir o 1º Esquadrão Móvel de Aeronaves A-4C e o 2º Esquadrão Móvel, equipados com os caças multifunção de origem israelense IAI Dagger do 6º Grupo de Caça. Este último foi transferido para a Base Aérea Militar de Río Gallegos em 9 de junho de 1982, quando o 1º e o 2º Esquadrões Móveis de A-4B deixaram essa base para se estabelecer em San Julián.

 

Base Aérea Militar de Santa Cruz (BAM Santa Cruz)

Também criada em 1978 por causa da crise entre Argentina e Chile de 1978, a BAM Santa Cruz abrigou parte do 3º Grupo de Ataque, equipado com IA-58 Pucará, que permaneceram na região até o final da crise. Em 1982, as FAA reativaram a base por causa do conflito do Atlântico Sul (a base fica a cerca de 790 km das ilhas). O 3º Grupo de Ataque desdobrou um Esquadrão composto por aeronaves IA-58 Pucará. Estes patrulhavam a costa por causa da ameaça britânica contra alvos na Patagônia.

 

Base Aérea Militar Río Gallegos (BAM Río Gallegos)

Um Dassault Mirage IIIEA decolando da BAM Río Gallegos durante a guerra. (Foto: Pinterest)


Uma das mais importantes bases militares da FAA na região, a BAM Río Gallegos ficava a 750 km das ilhas. O 5º Grupo de Caça (equipados com o Douglas A-4B Skyhawk) e o 8º Grupo de Caça (equipados com os interceptadores Dassault Mirage IIIEA) executaram suas operações de combate a partir da BAM Río Gallegos durante a Guerra das Malvinas, sob o Plano de Operações Nº 2/82 “Manutenção da Soberania”. De Río Gallegos também partiam voos dos Lockheed C-130 Hercules que ressupriam as tropas nas ilhas quantos os que realizavam o reabastecimento aéreo das aeronaves atacantes com essa capacidade (através da versão KC-130). A BAM Río Gallegos também abrigou o Comando da Força Aérea do Sul durante as hostilidades.

Aeronave Douglas A-4C Shyhawk canibalizada em Río Gallegos. A FAS enfrentou muitas dificuldades durante a guerra, principalmente falta de peças de reposição e suprimentos. (Foto: Pinterest)


Base Aérea Militar de Río Grande (BAM Río Grande)

Río Grande era o lar dos temíveis Dassault Super Étendard do COAN, que causaram temor aos ingleses por causa do seu poderoso míssil antinavio Exocet. (Reprodução Internet)


A Base Aérea Militar de Río Grande (distante cerca de 690 km das ilhas) também foi criada em abril de 1982 por causa do conflito no Atlântico Sul. Suas instalações eram vizinhas da Base Aérea Naval de Río Grande da Marinha Argentina. O 1º Esquadrão Móvel do 6º Grupo de Caça, equipados com os caças IAI Dagger, realizou suas operações em direção as ilhas a partir da base.

 

A “Força-Tarefa 80”

O Comando da Aviação Naval da Argentina (COAN) também teve o seu desdobramento no sul do país para o conflito. Tal missão seria responsabilidade da chamada “Força-Tarefa Aeronaval” ou “Força-Tarefa 80” (“Fuerza de Tareas Aeronaval” ou “Fuerza de Tareas 80”, em espanhol). Essa unidade também foi conhecida pela sigla “FT 80”, e também operou com várias aeronaves, dente elas os recém-adquiridos Dassault Super Étendard, que poderiam lançar os mísseis antinavio Exocet.

 

APÓS A GUERRA

O Brigadeiro Ernesto Crespo, Comandante da FAS. (Reprodução Wikipédia)


Após o fim das hostilidades, a FAS foi extinta. As aeronaves sobreviventes do conflito voltaram para suas bases de origem, a BAM San Julián e a BAM Santa Cruz voltaram a se tornar aeroportos civis e a FAA abandonou as Bases Navais de Trelew e de Río Grande. O brigadeiro Ernesto Crespo, que cumpriu com honra o seu dever, anos depois acabou se tornando o Comandante-Geral da Força Aérea Argentina. O Brigadeiro Crespo faleceu no dia 6 de março de 2019.


Com informações retiradas da Wikipédia, Canal Militarizando, Revista Força Aérea e Blog Forças de Defesa.


*Foto de Capa: O IAI Dagger C-421, veterano da Guerra das Malvinas, "espetado" próximo ao Aeroporto de Puerto San Julián, uma das bases da Força Aérea Sul durante o conflito em 1982. (Foto: Pinterest)

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Por: Luiz Reis - Editor-Chefe do Canal Militarizando, Professor de História da Rede Oficial de Ensino do Estado do Ceará e da Prefeitura de Fortaleza, Historiador Militar, entusiasta da Aviação Civil e Militar, fotógrafo amador. Brasiliense com alma paulista, reside atualmente em Fortaleza-CE. Luiz colaborou com o Canal Arte da Guerra e o Blog Velho General e atua esporadicamente nos blogs da Trilogia Forças de Defesa, também fazendo parte da equipe de articulistas do GBN Defense. Contato: [email protected]



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sexta-feira, 5 de junho de 2020

DASSAULT SUPER ÉTENDARD: "O TERROR DAS MALVINAS"- CONHEÇA A AERONAVE

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O Dassault-Breguet Super Étendard (“Étendard” em francês significa “Bandeira de Batalha”) é uma aeronave de ataque, capaz de realizar missões ar-ar como papel secundário), desenvolvido para operar embarcado nos navios-aeródromos da Marine Nationale (Marinha Francesa).

A aeronave é uma versão avançada do Étendard IVM, o qual substituiu. O Super Étendard voou pela primeira vez em outubro de 1974 e entrou para o serviço francês em junho de 1978. O Super Étendard participou em vários conflitos, desde operações no Oriente Médio, a guerra do Kosovo, guerra no Afeganistão e a mais recente intervenção militar na Líbia.

O Super Étendard também foi operado temporariamente pelo Iraque e pela Argentina, que a batizaram em combate real. O Super Étendard foi usado pelo Iraque para atacar petroleiros e navios mercantes no Golfo Pérsico durante a Guerra Irã-Iraque. O uso do Super Étendard empregando o míssil antinavio Exocet pela Argentina durante a Guerra das Malvinas em 1982, levaram a aeronave e o míssil a se tornarem famosos mundialmente, sendo uma dupla letal. Na França, o Super Étendard deu lugar ao Dassault Rafale em 2016.

DESENVOLVIMENTO

O Super Étendard teve como ponto de partida o antigo Étendard IVM, desenvolvido nos anos 50. O Étendard IVM deveria ter sido substituído por uma versão navalizada do SEPECAT Jaguar, o qual seria designado como Jaguar M (Marine); no entanto, o projeto Jaguar M foi paralisado por uma combinação de fatores políticos e técnicos, durante a fase de implantação nas operações embarcadas. 

Especificamente, o Jaguar M tinha apresentado problemas de controle quando operado no modo monomotor, apresentando um baixo tempo de resposta das manetes de aceleração, o que dificultaria o pouso a bordo de um navio-aeródromo em caso de falha em um dos motores. Assim, no ano de 1973, todo o trabalho de desenvolvimento do Jaguar M foi formalmente cancelado pelo governo francês.

Haviam vários aviões cotados para substituir o Jaguar M, estes incluíram o LTV A-7 Corsair II (uma versão do Vought Crusader usado pelos franceses) e o Douglas A-4 Skyhawk. Diante desta lacuna aberta com cancelamento do Jaguar M, a Dassault iniciou conversações com governo francês, apresentando sua proposta para atender as necessidades da Marine Nationale. 

Segundo alguns analistas internacionais, a Dassault teve um papel significativo no fracasso do Jaguar M, tendo como objetivo criar uma oportunidade para alavancar um novo contrato com governo francês, com sua aeronave proposta – o Super Étendard.

O Super Étendard era essencialmente uma versão melhorada do já existente Étendard IVM, equipado com um motor mais potente, uma nova asa e aviônicos melhorados. A Dassault vendeu seu avião como único candidato 100% francês e com custos operacionais bem mais baixos que os concorrentes, já que usava tecnologia moderna, testada e usada nos aviões da Dassault. 

A proposta do Super Étendard foi aceita pela Marinha Francesa em 1973, levando a uma série de protótipos rapidamente construídos, com o primeiro dos três protótipos, um Étendard IVM que havia sido modificado, recebendo um novo motor e novos aviônicos, fez seu voo inaugural em 28 de outubro de 1974. 

A intenção original da Marinha Francesa era encomendar um total de 100 Super Étendards, no entanto, as encomendas ficou em 60 aeronaves com opções para mais 20; cortes orçamentários adicionais e um aumento no preço unitário da aeronave acabaram levando a aquisição de apenas 71 Super Étendards, os quais começaram a ser entregues em junho de 1978.

No primeiro ano de produção, 15 células foram produzidas, permitindo a formação do primeiro esquadrão já em 1979. A Dassault produziu a aeronave a uma taxa aproximada de dois exemplares por mês. A Marinha argentina foi único cliente de exportação, realizando um pedido de 14 aeronaves, destinadas a operar no seu único porta-aviões, o “ARA Vientecinco de Mayo”. Em 1983 a linha de produção da aeronave foi encerrada, com a última entrega à Marinha Francesa ocorrendo ainda naquele ano.

DESIGN E CARACTERÍSTICAS

O Super Étendard é um pequeno avião monomotor de asa média com estrutura toda em metal. Tanto as asas quanto os estabilizadores horizontais tem uma grande envergadura, com a ponta das asas dobráveis em 45 graus, enquanto a aeronave é movida por um turbojato SNECMA Atar 8K-50 sem pós-combustão, gerando 49 kN (11.025 lbf) de potência. Seu desempenho não foi muito melhor do que o Étendard IV oferecia, mas seus sensores foram significativamente melhorados.

A principal arma do Super Étendard é poderoso míssil ar-superfície francês, o Aérospatiale (hoje MDBA) AM39 Exocet. Conta com radar Thomson-CSF Agave, que entre outras funções, era essencial para lançar o Exocet. 

Um dos principais avanços técnicos do Super Étendard era o computador central UAT-40, responsável por gerenciar a maioria dos sistemas críticos de missão, integrando dados e funções de navegação, informações e exibição de radar, direcionamento e controle de armas.

Um Super Étendard da Aviação Naval Argentina equipado com o míssil antinavio Exocet. (Reprodução Internet)

Na década de 1990, modificações significativas e atualizações foram feitas na aeronave, incluindo um computador atualizado UAT-90 e um novo radar, o Thomson-CSF Anemone, que forneceu quase o dobro do alcance do radar anterior. 

Outras atualizações incluíram um cockpit extensivamente redesenhado com controles HOTAS, e trabalho de extensão de vida da célula, com total de 48 aeronaves incorporando essas melhorias. Tal programa de modernização levou a redesignar tais aeronaves como Super Étendard Modernisé (SEM)

Durante a década de 2000, outras melhorias incluíram uma capacidade de contramedidas eletrônicas (ECM) de autodefesa significativamente melhorada para evitar detecção e ataques inimigos, o cockpit foi compatibilizado com emprego de óculos de visão noturna (OVN), um novo sistema de dados inercial integrando GPS e a integraçáo com o pod de designação laser Damocles.

O Super Étendard também desde o início tinha capacidade de lançar armas nucleares táticas; inicialmente eram bombas gravitacionais não guiadas, no entanto, durante os anos 90 o Super Étendard foi extensivamente atualizado, permitindo a implantação da capacidade de lançar o míssil ramjet nuclear Air-Sol Moyenne Portée (ASMP). A aeronave recebeu aperfeiçoamentos tornando capaz de empregar uma série de bombas guiadas a laser e, para permitir que o tipo substituísse o aposentado Étendard IV na missão de reconhecimento, o Super Étendard também foi equipado com um casulo de reconhecimento especializado. No entanto, a aeronave é incapaz de realizar pousos navais sem descartar armamento não utilizados.

USO OPERACIONAL

Argentina

Um Super Étendard argentino pousando no Porta-Aviões USS Ronald Reagan da Marinha dos EUA (US Navy) durante exercício. (Reprodução Wikipedia)
O Comando da Aviação Naval Argentina (COAN) decidiu comprar 14 Super-Étendards em 1979, depois que os Estados Unidos impuseram um embargo de armas devido à "Guerra Suja", se recusando a fornecer peças de reposição para os Douglas A-4Q Skyhawks. 

Entre agosto e novembro de 1981, cinco aeronaves e cinco mísseis MAS AM39 Exocet foram enviados para a Argentina. Os Super Étendards, armados com os Exocet, teriam um papel fundamental na Guerra das Malvinas, travada entre Argentina e Reino Unido nos idos de 1982. 

O 2º Esquadrão Naval estava situado na base de Río Grande, a cerca de 800 km das ilhas. Durante o conflito, a ameaça imposta às forças navais britânicas levou ao planejamento da "Operação Mikado", dentre outras missões de infiltração propostas para invadir a base aérea, com o objetivo de destruir os Super Étendards impedindo seu emprego contra os ingleses.

Um total de quatro Super-Étendards estavam operacionais durante o conflito (um foi canibalizado para manter as outras unidades voando)

Uma primeira tentativa de atacar a frota britânica foi realizada em 2 de maio de 1982, mas foi abandonada devido a problemas no reabastecimento em voo. Mas, no dia 4 de maio, dois Super Étendards, vetorados por um Lockheed SP-2H Neptune, lançaram um ataque com missil Exocet contra o destróier britânico HMS Sheffield, que fazia piquete-radar protegendo a Força-Tarefa Britânica, resultando num incêndio que tirou o navio de combate, posteriormente o Sheffield afundou em 10 de maio. 

No dia 25 de maio (data magna da Argentina), outro ataque lançado por um elemento composto por dois Super Étendards, resultou no navio mercante Atlantic Conveyor, que transportava helicópteros e vários outros suprimentos para a linha de frente, sendo atingido por dois Exocet. Curiosamente, os mísseis que atingiram o Atlantic Conveyor, foram inadvertidamente redirecionados pelas medidas defensivas lançadas pelos navios ingleses para o mercante. Após o ataque o Atlantic Conveyor pegou fogo e acabou indo a pique.

Dois anos após o fim do conflito, em 1984 a Argentina conseguiu completar a entrega dos 14 Super Étendards encomendados, bem como os Exocet. Os Super-Étendards operaram no porta-aviões ARA Vientecinco de Mayo até sua aposentadoria nos anos 90. 

Após o descomissionamento do seu NAe, os pilotos argentinos em 1993, passaram a praticar a bordo do NAeL Minas Gerais pertencente a Marinha do Brasil, posteriormente realizaram exercicios a bordo do NAe São Paulo. Os exercícios de pouso “touch-and-go” também eram comuns em porta-aviões da US Navy durante manobras “Gringo-Gaúchas” e exercícios conjuntos.

Em 2009, um acordo foi assinado entre a Argentina e a França para atualizar a frota de Super Étendards da Argentina. Uma proposta anterior para adquirir antigas aeronaves da França foi rejeitada devido aos altos níveis de horas de voo acumuladas; em vez disso, o equipamento e o hardware seriam removidos das células francesas e instaladas em aeronaves argentinas, atualizando-as efetivamente para o padrão Super Étendard Modernisé (SEM). Esse acordo acabou sendo adiado, devido a questões políticas e econômicas. Devido a esse atraso e a crise da Argentina, a frota de Super Étendard acabou sendo paralisada no início da década de 2010.

Em 2017, cinco Super Étendard Modernisé, recém-desativados, foram comprados junto a França por 12,5 milhões de Euros, visando reforçar a frota, juntamente com um simulador, oito motores sobressalentes e um grande lote de peças de reposição e ferramentas. No entanto, não estava claro se a Argentina vai colocar em operação as cinco aeronaves recém-compradas usadas ou usar como reserva de peças sobressalentes para células antigas.

Reprodução do vídeo da Aviação Naval Argentina que mostra um Super Éterndard Modernisé (SEM) ex-Marinha Francesa em testes de motor. (Reprodução: Poder Naval)
No dia 14 de maio de 2020 foi noticiado que um dos cinco SEM comprados pela Argentina realizou testes de motor. A aeronave mostrada era a ex-Marine Nationale “44”, que já estava com aa marcações da Aviação Naval Argentina, indicando que a mesma, provavelmente junto com as outras adquiridas da França, se juntarão à “2ª Esquadrilha Aeronaval de Caça e Ataque”, que foi recentemente reativada.

França

Um Super Étendard Modernisé da Marinha Francesa prestes a pousar no. Porta-Aviões Charles de Gaulle.
As entregas do Super Étendard para a Marinha Francesa começaram em 1978, com o primeiro esquadrão, Flottille 11F, a tornar-se operacional em fevereiro de 1979. Como não ofereciam capacidade de combate aéreo, a França teve de prolongar a vida útil dos seus veteranos caças Vought F-8 Crusader, pois não foi encontrada nenhuma opção de substituição que satisfizesse a Marinha Francesa. Os EUA ofereceram um lote do então novo caça naval McDonnell Douglas F/A-18 Hornet, mas os franceses recusaram.

No total, três esquadrões operacionais e uma unidade de treinamento foram equipados com o Super Étendard. Os Super-Étendards operariam a partir de ambos os porta-aviões da França naquela época, Clemenceau e Foch; uma ala aérea de combate embarcada normalmente compreendia 16 Super-Étendards, 10 F-8 Crusaders, 3 Étendard IVPs, 7 aeronaves antissubmarinas Breguet Alizé, além de numerosos helicópteros.

As primeiras missões operacionais de combate ocorreram no Líbano durante a “Operação Olifant”. Em 22 de setembro de 1983, Super Étendards operando a partir do porta-aviões Foch bombardeou e destruiu as posições das forças sírias depois que algumas salvas de artilharia foram disparadas contra as forças de paz francesas. Em 10 de novembro, um Super Étendard escapou de ser atingido por um míssil sírio lançado no ombro da SA-7 perto de Bourj el-Barajneh. Em 17 de novembro de 1983, os mesmos aviões atacaram e destruíram um campo de treinamento islâmico, como retaliação ao ataque terrorista aos paraquedistas franceses em Beirute.

A partir de 1991, a aeronave de ataque Étendard IVM foi retirada do serviço francês, embora a versão de reconhecimento do Étendard IV, o IVP, permanecesse em serviço até julho de 2000. Em resposta, os Super Étendards passaram por uma série de atualizações nos anos 90 para adicionar novos recursos e atualizar os sistemas existentes para uso no moderno campo de batalha. O agora Super Étendard Modernisé (SEM) teve as primeiras missões de combate ocorridas durante as operações da Força Aliada da OTAN sobre a Sérvia em 1999; foi relatado que mais de 400 missões de combate foram realizadas com 73% dos objetivos atribuídos destruídos.

Um SEM equipado com o pod Damocles prestes a ser catapultado do Charles de Gaulle.
O SEM também voou missões de ataque na Operação Enduring Freedom. A Missão Héraclès, a partir de 21 de novembro de 2001, viu o desdobramento do porta-aviões Charles de Gaulle e seus Super-Étendards no Afeganistão. A Operação Anaconda, a partir de 2 de março de 2002, fez uso extensivo do Super Étendard em apoio às tropas terrestres francesas e aliadas. Os Super Étendards retornaram às operações no Afeganistão em 2004, 2006, 2007, 2008 e 2010–2011. Um de seus principais papéis era levar pods de designação a laser para iluminar os alvos do Dassault Rafale M.

O Super Étendard e seu substituto na Marinha Francesa, o Dassault Rafale M,  voando em formação.
Em março de 2011, os SEM foram destacados como parte da Força-Tarefa 473, durante a “Opération Harmattan” da França, em apoio à resolução 1973 da ONU durante o conflito na Líbia. Eles foram pareados novamente com o Dassault Rafale em missões de interdição. Os últimos SEM da aviação naval francesa estavam reunidos em um “flottille” (esquadrão) chamado flottille 17F. Todos os Super Étendards foram aposentados do serviço francês em 12 de julho de 2016 para serem substituídos pelo Dassault Rafale M, 42 anos depois que o jato de ataque subsônico realizou seu primeiro voo. O último destacamento operacional do Super Étendard de Charles de Gaulle foi em apoio à “Opération Chammal” contra militantes do Estado Islâmico no Iraque e na Síria, que começaram no final de 2015. Em 16 de março de 2016, a aeronave realizou seu lançamento final de Charles de Gaulle antes de sua retirada final do serviço em julho.

Iraque

Representação de um Super Étendard que operou no Iraque na década de 1980. Eles não receberam marcas da Força Aérea Iraquiana.

Um total de cinco Super Étendards foram emprestados ao Iraque em 1983, enquanto o país aguardava as entregas do Dassault Mirage F1, equipados com o radar Agave. 

A primeira dessas aeronaves chegou ao Iraque em 8 de outubro de 1983. A cessão dos Super Étendards ao Iraque foi politicamente controversa, pois Estados Unidos e o rival Irã manifestaram sua oposição, enquanto a Arábia Saudita apoiou o empréstimo; a aeronave era vista como um fator de influência na guerra Irã-Iraque entre 1980 e 1988, pois eles poderiam lançar ataques com Exocet contra os navios mercantes iranianos que atravessavam o Golfo Pérsico. 

Os Super Étendards iniciaram operações marítimas no Golfo Pérsico em março de 1984; um total de 34 ataques foram realizados em navios iranianos durante o resto de 1984. Navios-tanque de qualquer nacionalidade que transportassem petróleo bruto iraniano também estavam sujeitos a ataques iraquianos.

O Iraque tipicamente operava os Super Étendards em pares, escoltados por caças Mirage F1 de bases no sul do Iraque; uma vez dentro da zona de missão, os Super Étendards procurariam por alvos usando seu radar a bordo e atacariam navios-tanques suspeitos a longa distância sem identificação visual. Enquanto os petroleiros normalmente seriam atingidos por um Exocet lançado, eles geralmente eram levemente danificados. Em abril de 1984, um McDonnell Douglas F-4 Phantom II iraniano relatou ter abatido um Super Étendard iraquiano na ilha de Kharg. Separadamente, em 26 de julho e 7 de agosto de 1984, as alegações de perdas de Super Étendards para os Grumman F-14 Tomcats iranianos foram divulgadas. O Irã afirmou que um total de três Super Étendards foram abatidos por interceptadores iranianos, mas os franceses afirmaram que quatro dos cinco aviões arrendados foram devolvidos à França em 1985.

OPERADORES

Argentina

A Marinha Argentina recebeu originalmente 14 aeronaves, das quais nenhuma está atualmente em operação. Mais cinco aeronaves da Marinha Francesa foram adquiridas para treinamento e/ou peças sobressalentes em 2017. Em 2020 foi verificado que as aeronaves ex-Marinha Francesa podem operar.

França

A Marinha Francesa recebeu 71 aeronaves. Foram retiradas do serviço ativo em 12 de julho de 2016.

Iraque

A Força Aérea Iraquiana recebeu cinco aeronaves emprestadas entre 1983 e 1985; um foi perdida durante a guerra Irã-Iraque, o restante retornou à França em 1985.

ESPECIFICAÇÕES


Características Gerais

Tripulação: 1 piloto
Comprimento: 14,31 m (45 pés 11½ in)
Envergadura: 9,60 m (31 pés e 6 pol)
Altura: 3,86 m (12 pés e 8 pol)
Área das asas: 28,4 m² (306,7 pés²)
Peso vazio: 6.500 kg (14.330 lb)
Max. peso de decolagem: 12.000 kg (26.455 lb)
Powerplant: 1 × Snecma Atar 8K-50 turbojato, 49,0 kN (11,025 lbf)

Desempenho

Velocidade máxima: 1205 km/ h (651 nós, 749 mph)
Alcance máximo: 1,820 km (983 nmi, 1.130 mi)
Raio de combate: 850 km (460 nmi, 530 mi) com um míssil AM 39 Exocet, num pilone numa asa e um tanque alijável num pilone na outra asa, perfil hi-lo-hi (alto-baixo-alto).
Teto de serviço: 13.700 m (44.900 pés)
Taxa de subida: 100 m/s (19.700 pés/min)
Carregamento de asa: 423 kg/m² (86,3 lb/ft²)
Relação empuxo/peso: 0,42

Armamento

Armas: 2 × 30 mm (1.18 in) DEFA 552 canhões com 125 voltas por arma
Pilones: 4 × sob as asas e 2 × sob a fuselagem com uma capacidade de 2.100 kg (4.600 lb) no máximo
Foguetes: 4 × foguetes Matra com foguetes 18 × SNEB 68 mm cada
Mísseis:
1 × AM 39 Exocet Míssil antinavio, ou
1 × míssil ramjet nuclear Air-Sol Moyenne Portée (ASMP), ou
2 × AS-30L, ou
2 × Matra Magic 2 míssil ar-ar
Bombas: bombas convencionais não guiadas ou guiadas por laser, capacidade de uso de bomba nuclear de queda livre 1 × AN-52, capacidade de reabastecimento de ar através do sistema “buddy-buddy”.



FOTO DE CAPA: Um SEM decolando do Charles de Gaulle. (Foto: Marinha Francesa)

Com informações retiradas da Wikipedia.


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Por Luiz Reis, Professor de História da Rede Oficial de Ensino do Estado do Ceará e da Prefeitura de Fortaleza, Historiador Militar, entusiasta da Aviação Civil e Militar, fotógrafo amador. Brasiliense com alma paulista, reside em Fortaleza-CE. Luiz colaborou com o Canal Arte da Guerra e o Blog Velho General e atua esporadicamente nos blogs da Trilogia Forças de Defesa, também fazendo parte da equipe de articulistas do GBN Defense. Presta consultoria sobre História da Aviação, Aviação Militar e Comercial. Contato: [email protected]


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