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sexta-feira, 5 de junho de 2020

DASSAULT SUPER ÉTENDARD: "O TERROR DAS MALVINAS"- CONHEÇA A AERONAVE

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O Dassault-Breguet Super Étendard (“Étendard” em francês significa “Bandeira de Batalha”) é uma aeronave de ataque, capaz de realizar missões ar-ar como papel secundário), desenvolvido para operar embarcado nos navios-aeródromos da Marine Nationale (Marinha Francesa).

A aeronave é uma versão avançada do Étendard IVM, o qual substituiu. O Super Étendard voou pela primeira vez em outubro de 1974 e entrou para o serviço francês em junho de 1978. O Super Étendard participou em vários conflitos, desde operações no Oriente Médio, a guerra do Kosovo, guerra no Afeganistão e a mais recente intervenção militar na Líbia.

O Super Étendard também foi operado temporariamente pelo Iraque e pela Argentina, que a batizaram em combate real. O Super Étendard foi usado pelo Iraque para atacar petroleiros e navios mercantes no Golfo Pérsico durante a Guerra Irã-Iraque. O uso do Super Étendard empregando o míssil antinavio Exocet pela Argentina durante a Guerra das Malvinas em 1982, levaram a aeronave e o míssil a se tornarem famosos mundialmente, sendo uma dupla letal. Na França, o Super Étendard deu lugar ao Dassault Rafale em 2016.

DESENVOLVIMENTO

O Super Étendard teve como ponto de partida o antigo Étendard IVM, desenvolvido nos anos 50. O Étendard IVM deveria ter sido substituído por uma versão navalizada do SEPECAT Jaguar, o qual seria designado como Jaguar M (Marine); no entanto, o projeto Jaguar M foi paralisado por uma combinação de fatores políticos e técnicos, durante a fase de implantação nas operações embarcadas. 

Especificamente, o Jaguar M tinha apresentado problemas de controle quando operado no modo monomotor, apresentando um baixo tempo de resposta das manetes de aceleração, o que dificultaria o pouso a bordo de um navio-aeródromo em caso de falha em um dos motores. Assim, no ano de 1973, todo o trabalho de desenvolvimento do Jaguar M foi formalmente cancelado pelo governo francês.

Haviam vários aviões cotados para substituir o Jaguar M, estes incluíram o LTV A-7 Corsair II (uma versão do Vought Crusader usado pelos franceses) e o Douglas A-4 Skyhawk. Diante desta lacuna aberta com cancelamento do Jaguar M, a Dassault iniciou conversações com governo francês, apresentando sua proposta para atender as necessidades da Marine Nationale. 

Segundo alguns analistas internacionais, a Dassault teve um papel significativo no fracasso do Jaguar M, tendo como objetivo criar uma oportunidade para alavancar um novo contrato com governo francês, com sua aeronave proposta – o Super Étendard.

O Super Étendard era essencialmente uma versão melhorada do já existente Étendard IVM, equipado com um motor mais potente, uma nova asa e aviônicos melhorados. A Dassault vendeu seu avião como único candidato 100% francês e com custos operacionais bem mais baixos que os concorrentes, já que usava tecnologia moderna, testada e usada nos aviões da Dassault. 

A proposta do Super Étendard foi aceita pela Marinha Francesa em 1973, levando a uma série de protótipos rapidamente construídos, com o primeiro dos três protótipos, um Étendard IVM que havia sido modificado, recebendo um novo motor e novos aviônicos, fez seu voo inaugural em 28 de outubro de 1974. 

A intenção original da Marinha Francesa era encomendar um total de 100 Super Étendards, no entanto, as encomendas ficou em 60 aeronaves com opções para mais 20; cortes orçamentários adicionais e um aumento no preço unitário da aeronave acabaram levando a aquisição de apenas 71 Super Étendards, os quais começaram a ser entregues em junho de 1978.

No primeiro ano de produção, 15 células foram produzidas, permitindo a formação do primeiro esquadrão já em 1979. A Dassault produziu a aeronave a uma taxa aproximada de dois exemplares por mês. A Marinha argentina foi único cliente de exportação, realizando um pedido de 14 aeronaves, destinadas a operar no seu único porta-aviões, o “ARA Vientecinco de Mayo”. Em 1983 a linha de produção da aeronave foi encerrada, com a última entrega à Marinha Francesa ocorrendo ainda naquele ano.

DESIGN E CARACTERÍSTICAS

O Super Étendard é um pequeno avião monomotor de asa média com estrutura toda em metal. Tanto as asas quanto os estabilizadores horizontais tem uma grande envergadura, com a ponta das asas dobráveis em 45 graus, enquanto a aeronave é movida por um turbojato SNECMA Atar 8K-50 sem pós-combustão, gerando 49 kN (11.025 lbf) de potência. Seu desempenho não foi muito melhor do que o Étendard IV oferecia, mas seus sensores foram significativamente melhorados.

A principal arma do Super Étendard é poderoso míssil ar-superfície francês, o Aérospatiale (hoje MDBA) AM39 Exocet. Conta com radar Thomson-CSF Agave, que entre outras funções, era essencial para lançar o Exocet. 

Um dos principais avanços técnicos do Super Étendard era o computador central UAT-40, responsável por gerenciar a maioria dos sistemas críticos de missão, integrando dados e funções de navegação, informações e exibição de radar, direcionamento e controle de armas.

Um Super Étendard da Aviação Naval Argentina equipado com o míssil antinavio Exocet. (Reprodução Internet)

Na década de 1990, modificações significativas e atualizações foram feitas na aeronave, incluindo um computador atualizado UAT-90 e um novo radar, o Thomson-CSF Anemone, que forneceu quase o dobro do alcance do radar anterior. 

Outras atualizações incluíram um cockpit extensivamente redesenhado com controles HOTAS, e trabalho de extensão de vida da célula, com total de 48 aeronaves incorporando essas melhorias. Tal programa de modernização levou a redesignar tais aeronaves como Super Étendard Modernisé (SEM)

Durante a década de 2000, outras melhorias incluíram uma capacidade de contramedidas eletrônicas (ECM) de autodefesa significativamente melhorada para evitar detecção e ataques inimigos, o cockpit foi compatibilizado com emprego de óculos de visão noturna (OVN), um novo sistema de dados inercial integrando GPS e a integraçáo com o pod de designação laser Damocles.

O Super Étendard também desde o início tinha capacidade de lançar armas nucleares táticas; inicialmente eram bombas gravitacionais não guiadas, no entanto, durante os anos 90 o Super Étendard foi extensivamente atualizado, permitindo a implantação da capacidade de lançar o míssil ramjet nuclear Air-Sol Moyenne Portée (ASMP). A aeronave recebeu aperfeiçoamentos tornando capaz de empregar uma série de bombas guiadas a laser e, para permitir que o tipo substituísse o aposentado Étendard IV na missão de reconhecimento, o Super Étendard também foi equipado com um casulo de reconhecimento especializado. No entanto, a aeronave é incapaz de realizar pousos navais sem descartar armamento não utilizados.

USO OPERACIONAL

Argentina

Um Super Étendard argentino pousando no Porta-Aviões USS Ronald Reagan da Marinha dos EUA (US Navy) durante exercício. (Reprodução Wikipedia)
O Comando da Aviação Naval Argentina (COAN) decidiu comprar 14 Super-Étendards em 1979, depois que os Estados Unidos impuseram um embargo de armas devido à "Guerra Suja", se recusando a fornecer peças de reposição para os Douglas A-4Q Skyhawks. 

Entre agosto e novembro de 1981, cinco aeronaves e cinco mísseis MAS AM39 Exocet foram enviados para a Argentina. Os Super Étendards, armados com os Exocet, teriam um papel fundamental na Guerra das Malvinas, travada entre Argentina e Reino Unido nos idos de 1982. 

O 2º Esquadrão Naval estava situado na base de Río Grande, a cerca de 800 km das ilhas. Durante o conflito, a ameaça imposta às forças navais britânicas levou ao planejamento da "Operação Mikado", dentre outras missões de infiltração propostas para invadir a base aérea, com o objetivo de destruir os Super Étendards impedindo seu emprego contra os ingleses.

Um total de quatro Super-Étendards estavam operacionais durante o conflito (um foi canibalizado para manter as outras unidades voando)

Uma primeira tentativa de atacar a frota britânica foi realizada em 2 de maio de 1982, mas foi abandonada devido a problemas no reabastecimento em voo. Mas, no dia 4 de maio, dois Super Étendards, vetorados por um Lockheed SP-2H Neptune, lançaram um ataque com missil Exocet contra o destróier britânico HMS Sheffield, que fazia piquete-radar protegendo a Força-Tarefa Britânica, resultando num incêndio que tirou o navio de combate, posteriormente o Sheffield afundou em 10 de maio. 

No dia 25 de maio (data magna da Argentina), outro ataque lançado por um elemento composto por dois Super Étendards, resultou no navio mercante Atlantic Conveyor, que transportava helicópteros e vários outros suprimentos para a linha de frente, sendo atingido por dois Exocet. Curiosamente, os mísseis que atingiram o Atlantic Conveyor, foram inadvertidamente redirecionados pelas medidas defensivas lançadas pelos navios ingleses para o mercante. Após o ataque o Atlantic Conveyor pegou fogo e acabou indo a pique.

Dois anos após o fim do conflito, em 1984 a Argentina conseguiu completar a entrega dos 14 Super Étendards encomendados, bem como os Exocet. Os Super-Étendards operaram no porta-aviões ARA Vientecinco de Mayo até sua aposentadoria nos anos 90. 

Após o descomissionamento do seu NAe, os pilotos argentinos em 1993, passaram a praticar a bordo do NAeL Minas Gerais pertencente a Marinha do Brasil, posteriormente realizaram exercicios a bordo do NAe São Paulo. Os exercícios de pouso “touch-and-go” também eram comuns em porta-aviões da US Navy durante manobras “Gringo-Gaúchas” e exercícios conjuntos.

Em 2009, um acordo foi assinado entre a Argentina e a França para atualizar a frota de Super Étendards da Argentina. Uma proposta anterior para adquirir antigas aeronaves da França foi rejeitada devido aos altos níveis de horas de voo acumuladas; em vez disso, o equipamento e o hardware seriam removidos das células francesas e instaladas em aeronaves argentinas, atualizando-as efetivamente para o padrão Super Étendard Modernisé (SEM). Esse acordo acabou sendo adiado, devido a questões políticas e econômicas. Devido a esse atraso e a crise da Argentina, a frota de Super Étendard acabou sendo paralisada no início da década de 2010.

Em 2017, cinco Super Étendard Modernisé, recém-desativados, foram comprados junto a França por 12,5 milhões de Euros, visando reforçar a frota, juntamente com um simulador, oito motores sobressalentes e um grande lote de peças de reposição e ferramentas. No entanto, não estava claro se a Argentina vai colocar em operação as cinco aeronaves recém-compradas usadas ou usar como reserva de peças sobressalentes para células antigas.

Reprodução do vídeo da Aviação Naval Argentina que mostra um Super Éterndard Modernisé (SEM) ex-Marinha Francesa em testes de motor. (Reprodução: Poder Naval)
No dia 14 de maio de 2020 foi noticiado que um dos cinco SEM comprados pela Argentina realizou testes de motor. A aeronave mostrada era a ex-Marine Nationale “44”, que já estava com aa marcações da Aviação Naval Argentina, indicando que a mesma, provavelmente junto com as outras adquiridas da França, se juntarão à “2ª Esquadrilha Aeronaval de Caça e Ataque”, que foi recentemente reativada.

França

Um Super Étendard Modernisé da Marinha Francesa prestes a pousar no. Porta-Aviões Charles de Gaulle.
As entregas do Super Étendard para a Marinha Francesa começaram em 1978, com o primeiro esquadrão, Flottille 11F, a tornar-se operacional em fevereiro de 1979. Como não ofereciam capacidade de combate aéreo, a França teve de prolongar a vida útil dos seus veteranos caças Vought F-8 Crusader, pois não foi encontrada nenhuma opção de substituição que satisfizesse a Marinha Francesa. Os EUA ofereceram um lote do então novo caça naval McDonnell Douglas F/A-18 Hornet, mas os franceses recusaram.

No total, três esquadrões operacionais e uma unidade de treinamento foram equipados com o Super Étendard. Os Super-Étendards operariam a partir de ambos os porta-aviões da França naquela época, Clemenceau e Foch; uma ala aérea de combate embarcada normalmente compreendia 16 Super-Étendards, 10 F-8 Crusaders, 3 Étendard IVPs, 7 aeronaves antissubmarinas Breguet Alizé, além de numerosos helicópteros.

As primeiras missões operacionais de combate ocorreram no Líbano durante a “Operação Olifant”. Em 22 de setembro de 1983, Super Étendards operando a partir do porta-aviões Foch bombardeou e destruiu as posições das forças sírias depois que algumas salvas de artilharia foram disparadas contra as forças de paz francesas. Em 10 de novembro, um Super Étendard escapou de ser atingido por um míssil sírio lançado no ombro da SA-7 perto de Bourj el-Barajneh. Em 17 de novembro de 1983, os mesmos aviões atacaram e destruíram um campo de treinamento islâmico, como retaliação ao ataque terrorista aos paraquedistas franceses em Beirute.

A partir de 1991, a aeronave de ataque Étendard IVM foi retirada do serviço francês, embora a versão de reconhecimento do Étendard IV, o IVP, permanecesse em serviço até julho de 2000. Em resposta, os Super Étendards passaram por uma série de atualizações nos anos 90 para adicionar novos recursos e atualizar os sistemas existentes para uso no moderno campo de batalha. O agora Super Étendard Modernisé (SEM) teve as primeiras missões de combate ocorridas durante as operações da Força Aliada da OTAN sobre a Sérvia em 1999; foi relatado que mais de 400 missões de combate foram realizadas com 73% dos objetivos atribuídos destruídos.

Um SEM equipado com o pod Damocles prestes a ser catapultado do Charles de Gaulle.
O SEM também voou missões de ataque na Operação Enduring Freedom. A Missão Héraclès, a partir de 21 de novembro de 2001, viu o desdobramento do porta-aviões Charles de Gaulle e seus Super-Étendards no Afeganistão. A Operação Anaconda, a partir de 2 de março de 2002, fez uso extensivo do Super Étendard em apoio às tropas terrestres francesas e aliadas. Os Super Étendards retornaram às operações no Afeganistão em 2004, 2006, 2007, 2008 e 2010–2011. Um de seus principais papéis era levar pods de designação a laser para iluminar os alvos do Dassault Rafale M.

O Super Étendard e seu substituto na Marinha Francesa, o Dassault Rafale M,  voando em formação.
Em março de 2011, os SEM foram destacados como parte da Força-Tarefa 473, durante a “Opération Harmattan” da França, em apoio à resolução 1973 da ONU durante o conflito na Líbia. Eles foram pareados novamente com o Dassault Rafale em missões de interdição. Os últimos SEM da aviação naval francesa estavam reunidos em um “flottille” (esquadrão) chamado flottille 17F. Todos os Super Étendards foram aposentados do serviço francês em 12 de julho de 2016 para serem substituídos pelo Dassault Rafale M, 42 anos depois que o jato de ataque subsônico realizou seu primeiro voo. O último destacamento operacional do Super Étendard de Charles de Gaulle foi em apoio à “Opération Chammal” contra militantes do Estado Islâmico no Iraque e na Síria, que começaram no final de 2015. Em 16 de março de 2016, a aeronave realizou seu lançamento final de Charles de Gaulle antes de sua retirada final do serviço em julho.

Iraque

Representação de um Super Étendard que operou no Iraque na década de 1980. Eles não receberam marcas da Força Aérea Iraquiana.

Um total de cinco Super Étendards foram emprestados ao Iraque em 1983, enquanto o país aguardava as entregas do Dassault Mirage F1, equipados com o radar Agave. 

A primeira dessas aeronaves chegou ao Iraque em 8 de outubro de 1983. A cessão dos Super Étendards ao Iraque foi politicamente controversa, pois Estados Unidos e o rival Irã manifestaram sua oposição, enquanto a Arábia Saudita apoiou o empréstimo; a aeronave era vista como um fator de influência na guerra Irã-Iraque entre 1980 e 1988, pois eles poderiam lançar ataques com Exocet contra os navios mercantes iranianos que atravessavam o Golfo Pérsico. 

Os Super Étendards iniciaram operações marítimas no Golfo Pérsico em março de 1984; um total de 34 ataques foram realizados em navios iranianos durante o resto de 1984. Navios-tanque de qualquer nacionalidade que transportassem petróleo bruto iraniano também estavam sujeitos a ataques iraquianos.

O Iraque tipicamente operava os Super Étendards em pares, escoltados por caças Mirage F1 de bases no sul do Iraque; uma vez dentro da zona de missão, os Super Étendards procurariam por alvos usando seu radar a bordo e atacariam navios-tanques suspeitos a longa distância sem identificação visual. Enquanto os petroleiros normalmente seriam atingidos por um Exocet lançado, eles geralmente eram levemente danificados. Em abril de 1984, um McDonnell Douglas F-4 Phantom II iraniano relatou ter abatido um Super Étendard iraquiano na ilha de Kharg. Separadamente, em 26 de julho e 7 de agosto de 1984, as alegações de perdas de Super Étendards para os Grumman F-14 Tomcats iranianos foram divulgadas. O Irã afirmou que um total de três Super Étendards foram abatidos por interceptadores iranianos, mas os franceses afirmaram que quatro dos cinco aviões arrendados foram devolvidos à França em 1985.

OPERADORES

Argentina

A Marinha Argentina recebeu originalmente 14 aeronaves, das quais nenhuma está atualmente em operação. Mais cinco aeronaves da Marinha Francesa foram adquiridas para treinamento e/ou peças sobressalentes em 2017. Em 2020 foi verificado que as aeronaves ex-Marinha Francesa podem operar.

França

A Marinha Francesa recebeu 71 aeronaves. Foram retiradas do serviço ativo em 12 de julho de 2016.

Iraque

A Força Aérea Iraquiana recebeu cinco aeronaves emprestadas entre 1983 e 1985; um foi perdida durante a guerra Irã-Iraque, o restante retornou à França em 1985.

ESPECIFICAÇÕES


Características Gerais

Tripulação: 1 piloto
Comprimento: 14,31 m (45 pés 11½ in)
Envergadura: 9,60 m (31 pés e 6 pol)
Altura: 3,86 m (12 pés e 8 pol)
Área das asas: 28,4 m² (306,7 pés²)
Peso vazio: 6.500 kg (14.330 lb)
Max. peso de decolagem: 12.000 kg (26.455 lb)
Powerplant: 1 × Snecma Atar 8K-50 turbojato, 49,0 kN (11,025 lbf)

Desempenho

Velocidade máxima: 1205 km/ h (651 nós, 749 mph)
Alcance máximo: 1,820 km (983 nmi, 1.130 mi)
Raio de combate: 850 km (460 nmi, 530 mi) com um míssil AM 39 Exocet, num pilone numa asa e um tanque alijável num pilone na outra asa, perfil hi-lo-hi (alto-baixo-alto).
Teto de serviço: 13.700 m (44.900 pés)
Taxa de subida: 100 m/s (19.700 pés/min)
Carregamento de asa: 423 kg/m² (86,3 lb/ft²)
Relação empuxo/peso: 0,42

Armamento

Armas: 2 × 30 mm (1.18 in) DEFA 552 canhões com 125 voltas por arma
Pilones: 4 × sob as asas e 2 × sob a fuselagem com uma capacidade de 2.100 kg (4.600 lb) no máximo
Foguetes: 4 × foguetes Matra com foguetes 18 × SNEB 68 mm cada
Mísseis:
1 × AM 39 Exocet Míssil antinavio, ou
1 × míssil ramjet nuclear Air-Sol Moyenne Portée (ASMP), ou
2 × AS-30L, ou
2 × Matra Magic 2 míssil ar-ar
Bombas: bombas convencionais não guiadas ou guiadas por laser, capacidade de uso de bomba nuclear de queda livre 1 × AN-52, capacidade de reabastecimento de ar através do sistema “buddy-buddy”.



FOTO DE CAPA: Um SEM decolando do Charles de Gaulle. (Foto: Marinha Francesa)

Com informações retiradas da Wikipedia.


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Por Luiz Reis, Professor de História da Rede Oficial de Ensino do Estado do Ceará e da Prefeitura de Fortaleza, Historiador Militar, entusiasta da Aviação Civil e Militar, fotógrafo amador. Brasiliense com alma paulista, reside em Fortaleza-CE. Luiz colaborou com o Canal Arte da Guerra e o Blog Velho General e atua esporadicamente nos blogs da Trilogia Forças de Defesa, também fazendo parte da equipe de articulistas do GBN Defense. Presta consultoria sobre História da Aviação, Aviação Militar e Comercial. Contato: [email protected]


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quinta-feira, 4 de junho de 2020

A TURBULENTA HISTÓRIA DO IAI NESHER-DAGGER-FINGER: O CAVALO DE BATALHA DA GUERRA DO YOM KIPPUR E DA GUERRA DAS MALVINAS

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A aeronave Israel Aircraft Industries (IAI) Nesher (que significa em hebraico “abutre de grifo”, mas muitas vezes é mal traduzido para “águia”) foi a versão israelense do caça com asa em delta multifunção francês Dassault Mirage 5, que foi uma evolução do famoso Dassault Mirage III. O Nesher foi uma aeronave que participou de dois grandes conflitos do século XX: a Guerra do Yom Kippur, a serviço da Força Aérea Israelense (IAF) e a Guerra das Malvinas/Falklands, a serviço da Força Aérea Argentina (FAA).

Sua origem remonta à necessidade dos israelenses de reporem urgentemente as perdas de diversas aeronaves durante a Guerra dos Seis Dias de 1967 e também durante a Guerra de Atrito travada durante o final da década de 1960. Com tais perdas, a Força Aérea Israelense (IAF) procurou obter uma variante melhorada e mais adequada ao clima e as peculiaridades da região do bem-sucedido caça de combate Dassault Mirage III.

Enquanto uma parceria para produzir tal aeronave, a Mirage 5, foi formada entre a fabricante francesa Dassault Aviation e a empresa israelense aeroespacial Israel Aircraft Industries (IAI), em janeiro de 1969, em resposta à invasão israelense de 1968 ao Líbano, o governo francês anunciou que iria impor um embargo de armas a Israel. Em resposta ao embargo, Israel decidiu prosseguir com o empreendimento, mas fabricar internamente as fuselagens.

Em 1969, a IAI iniciou o trabalho de fabricação do tipo. Segundo fontes oficiais, Israel já havia obtido um conjunto completo de desenhos e informações detalhadas do Mirage 5 francês antes da promulgação dos embargos. A estrutura do Nesher era idêntica ao Mirage 5, mas foi reformada com aviônicos fabricados em Israel, um assento ejetável zero-zero da Martin-Baker e provisões para uma gama mais ampla de mísseis ar-ar, incluindo o primitivo míssil israelense. Shafrir 1, de orientação infravermelha.

Em setembro de 1969, o primeiro protótipo do Nesher realizou seu primeiro voo. Em maio de 1971, o primeiro modelo de produção foi entregue a IAF. Em novembro de 1971, a aeronave foi oficialmente batizada como Nesher. O ponto alto da carreira de Nesher na IAF foi durante a Guerra do Yom Kippur em 1973. A aeronave supostamente teve um bom desempenho durante o conflito, os pilotos da IAF que voaram no tipo reivindicaram mais de cem abates aéreos contra os árabes e seus aliados.

Em 1974, a produção do Nesher foi encerrada em favor de mais um derivado do Mirage mais avançado, com turbina mais potente e aviônicos mais modernos, que havia sido planejado juntamente com o Nesher, conhecido depois como IAI Kfir. A IAF retirou o Nesher de serviço durante a década de 1970, estocando as células. As aeronaves foram depois vendidas para a Força Aérea Argentina, onde foram operadas sob o nome de Dagger (“Punhal” ou “Adaga”, em tradução livre). As primeiras aeronaves chegaram ao país platino em 1978.

No mesmo ano, a Argentina enviou com urgência seus primeiros Daggers para a Patagônia (sul do país) devido ao conflito de Beagle, uma disputa territorial que quase provocou uma guerra entre a Argentina e o vizinho Chile. Os Daggers também foram intensamente usados durante a Guerra das Malvinas/Falklands em 1982 entre a Argentina e o Reino Unido, realizando um total de 153 surtidas contra alvos terrestres e navais durante os 45 dias de operações de combate. Durante seus ataques antinavio, eles foram supostamente responsáveis por danificar vários navios, incluindo o HMS Antrim, o Brilliant, o Broadsword, o Ardent, o Arrow e o Plymouth. No total, onze Daggers foram perdidos em combate com os britânicos. O restante da aeronave foi posteriormente atualizado para o padrão Finger (“Dedo”, em tradução livre), o padrão definitivo da aeronave.

Há supostos relatos que a Força Aérea da África do Sul (SAAF) recebeu uma pequena quantidade de células do Nesher, que serviram de base para o desenvolvimento da aeronave localmente produzida Atlas Cheetah.

ORIGENS

No início de 1962, a Força Aérea de Israel (IAF) introduziu o primeiro dos seus aviões de combate Dassault Mirage IIICJ. Nas próximas duas décadas, seria usado como uma plataforma de supremacia aérea, protegendo os céus de aeronaves hostis e alcançando um impressionante recorde de abates durante sua vida operacional. O desempenho do Mirage IIICJ logo foi considerado altamente positivo (atraindo a atenção de vários países, incluindo o Brasil, que futuramente iria adquirir um lote de caças Mirage IIIEBR/DBR), levando o tipo a ser considerado como um forte candidato a um maior e melhor desenvolvimento.

Durante o final da década de 1960, a IAF foi obrigada a adquirir aeronaves adicionais com a finalidade de substituir mais de sessenta aviões de combate que haviam sido perdidos durante os vários conflitos entre Israel e seus hostis vizinhos, incluindo a Guerra dos Seis Dias de 1967 e a Guerra de Atrito que se seguiu imediatamente e continuou até 1970. Além disso, uma grande corrida armamentista estava surgindo entre Israel e vários de seus vizinhos, como a Síria e o Egito, que estavam recebendo armamentos cada vez mais avançados da União Soviética durante esse período.

Assim, durante o mês de julho de 1970, Israel havia começado a trabalhar em um esforço conjunto com a fabricante de aviões francesa Dassault Aviation para desenvolver e produzir uma versão mais avançada de seu avião de combate Mirage III. O produto deste programa tornou-se conhecido como o Mirage 5 (ou V) e seria construído inicialmente pela França, mas também com a fabricação em Israel sob licença, onde seria chamado de Ra’am (“Trovão” em hebraico).

A Dassault havia prosseguido o desenvolvimento do Mirage 5 a pedido dos israelenses, que eram os principais clientes estrangeiros do Mirage III e davam preferência a França como fornecedor militar nessa época. Os requisitos específicos estabelecidos pelo IAF para a próxima versão do tipo eram para diminuir a ênfase à capacidade para todos os climas da aeronave e excluir seu principal sistema de radar em troca de maior capacidade e alcance de transporte de artilharia; isso foi possível graças ao clima predominantemente claro e às condições climáticas típicas presentes no Oriente Médio.

Mesmo antes do voo inaugural do protótipo, Israel fez um pedido para um lote de 50 aeronaves, bem como um par de aeronaves de treinamento do tipo, que eram destinadas à IAF. No entanto, o programa foi descontinuado durante janeiro de 1969, quando, em resposta à invasão israelense de 1968 no Líbano, o governo francês anunciou que estaria impondo um embargo de armas a Israel e a outros países do Oriente Médio.

A promulgação do embargo impediu a entrega das primeiras 30 aeronaves Mirage 5, que já tinham sido pagas por Israel, além das opções para mais 20 do tipo. Além de impedir novas entregas, também cortou todo o apoio francês para operar a frota de Mirage IIICJ existente da IAF. Estrategicamente, o embargo deu um grande impulso a Israel para desenvolver as capacidades de sua própria indústria doméstica de armas, a fim de atender às suas demandas.

Dassault Mirage 5F, do mesmo lote dos que foram embargados para Israel. (Reprodução Flickr)

O embargo francês foi um grande revés para a IAF, que estava interessada em introduzir a nova variante Mirage 5 para compensar as perdas operacionais durante a Guerra dos Seis Dias e complementar a atuação do Mirage IIICJ, que com o embargo começou a sofrer com a falta de peças de reposição. Em resposta à decisão francesa, Israel decidiu fabricar localmente as fuselagens (conhecidas inicialmente como projeto Ra’am A e B); supostamente Israel já possuía as plantas e os ferramentais necessários para a fabricação da aeronave, embora Israel não tenha obtido oficialmente uma licença de produção da Dassault. De acordo com algumas fontes, especula-se que a agência de inteligência israelense Mossad tenha desempenhado um papel fundamental na obtenção de algumas informações de fabricação, enquanto outras fontes alegam que o próprio fundador da Dassault, Marcel Dassault, pode ter fornecido informações sobre o projeto.

PRODUÇÃO

De acordo com tais fontes, a Dassault forneceu discretamente os gabaritos, fixadores e uma grande quantidade de componentes de aeronaves para Israel através de uma triangulação industrial da empresa israelense aeroespacial Israel Aircraft Industries e da norte-americana North American Rockwell, na qual foi concedida uma licença de fabricação em janeiro de 1968. Consequentemente, as primeiras fuselagens limpas, sem armas, eletrônica, assento ejetável ou motor foram entregues diretamente da Dassault na França e enviadas de navio para Israel. Ainda tais fontes alegaram que informações detalhadas sobre a turbina Atar da aeronave foram obtidas através do fabricante industrial suíço Sulzer, que havia produzido o motor para os Mirages da Força Aérea Suíça; com a obtenção desses projetos e possuindo vários motores Atar dos Mirages existentes da IAF para engenharia reversa, Israel foi capaz de fabricar seus próprios motores de forma independente.

Durante 1969, o IAI iniciou a fabricação do projeto. Oficialmente, Israel fabricou a aeronave depois de ter obtido um conjunto completo de desenhos e ferramentais. No entanto, algumas fontes afirmaram alternadamente que Israel recebeu 50 Mirage 5 desmontados e enviados em caixotes diretamente da Força Aérea Francesa (AdlA), enquanto a AdlA passou a assumir as 50 aeronaves que foram originalmente destinadas aos israelenses. Em setembro de 1969, o primeiro protótipo Nesher realizou seu primeiro voo. Em maio de 1971, o primeiro Ra’am A foi entregue ao IAF. Em novembro de 1971, a aeronave mudou de nome e passou a ser chamada de “Nesher”.

A estrutura básica do Nesher era idêntica à do Mirage 5, mas seus aviônicos foram desenvolvidos em Israel, juntamente com a adoção de um assento de ejeção zero-zero da Martin-Baker, e capacidade para operar uma ampla gama de mísseis ar-ar, incluindo o míssil israelense infravermelho Shafrir 1. No total, 51 caças Nesher (Nesher S) e dez Nesher (Nesher T) foram construídos pela IAI. O Nesher apresentava aviônicos mais simples do que o Mirage IIICJ da IAF, além de ser um pouco menos manobrável. No entanto, ele possuía um longo raio de alcance de combate e a capacidade de uma carga útil maior. A pouca manobrabilidade da aeronave não a impediu de ter um bom desempenho em combate aéreo durante a Guerra do Yom Kippur de 1973.

Em 1974, a produção do Nesher foi abandonada em favor de um derivado do Mirage mais avançado que havia sido planejado em paralelo ao Nesher (o projeto Ra’am B). A principal diferença dessa aeronave foi a substituição do motor Atar por um motor General Electric J79, construído sob licença em Israel. O J79 era um popular e confiável motor turbojato norte-americano para aviões de combate, já tendo sido usado em caças como o Lockheed F-104 Starfighter e o McDonnell Douglas F-4 Phantom II. A aeronave resultante recebeu o nome IAI Kfir.

USO OPERACIONAL

Israel

Linha de voo dos IAI Nesher da IAF durante os anos 70. (Reprodução Internet)

Em maio de 1971, o primeiro Ra’am A foi entregue ao IAF. A fabricação da aeronave continuou até fevereiro de 1974. Um total de 51 caças monopostos Nesher S e 10 treinadores Nesher T de dois lugares foram produzidos e entregues à IAF.

O ponto alto da carreira do Nesher na IAF ocorreu durante a Guerra do Yom Kippur de 1973, quando participou do conflito operado por quatro esquadrões da IAF, o 101 Squadron (“First Fighter”), o 117 Squadron (“First Jet”), o 113 Squadron (“Hornet”) e o 144 Squadron (“Guardians of the Arava”). A aeronave supostamente teve bom desempenho durante o conflito, os pilotos da IAF que voaram no modelo relataram que acumularam mais de cem vitórias aéreas, com cerca de quatro perdas.

IAI Nesher S em ação durante a Guerra do Yom Kippur.
(Reprodução Wikipedia)

Logo após o conflito, o governo israelense resolveu aposentar prematuramente o Nesher. A introdução do Kfir, mais capaz, havia diminuído a importância do Nesher, e seu agressivo envolvimento em operações ofensivas resultou no envelhecimento rápido das células. Após a retirada do serviço com a IAF, a maioria dos Neshers remanescentes foram vendidos para a Argentina, onde passou a ser conhecido como Dagger. Um pequeno lote foi repassado à África do Sul, que assim como Israel anteriormente, estava vivendo um embargo de armas devido ao regime do Apartheid.

Argentina

IAI Dagger A da Força Aérea Argentina (FAA) com a pintura azul aplicada durante a Guerra das Malvinas, para que os atiradores da Artilharia Anti-Aérea (AAA) não os confundisse com os ingleses. (Reprodução Pinterest)

Após a retirada do serviço na IAF, as aeronaves israelenses remanescentes foram reformadas e exportadas para a Força Aérea Argentina (FAA) em dois lotes, 26 caças foram entregues em 1978 e mais 13 em 1980. No serviço argentino, a aeronave inicialmente foi operada sob o nome de Dagger; no seu auge, a Argentina operava um total de 35 Dagger A de um único assento e quatro Dagger B de dois lugares. Em 1978 a aeronave foi usada para formar uma nova unidade aérea, a 6ª Brigada Aérea; esta unidade foi imediatamente formada e estruturada com o apoio da 8ª Brigada Aéreo (que operava o Dassault Mirage IIIEA) e da Força Aérea do Peru, que já era um usuário experimentado do Mirage 5. A urgência de sua implantação inicial foi consequência do conflito de Beagle, uma disputa territorial e uma crise diplomática entre a Argentina e o vizinho Chile durante aquele ano.

Durante a Guerra das Malvinas em 1982 entre a Argentina e o Reino Unido, os Daggers foram posicionados na base aérea naval do sul de Río Grande, na Terra do Fogo, e em um campo de pouso civil em Puerto San Julián. Apesar da falta de capacidade de reabastecimento aéreo e da grande distância de seus alvos, sendo as forças britânicas nas Malvinas/Falklands e as embarcações da Marinha Real, a aeronave conseguiu realizar um total de 153 surtidas contra alvos terrestres e navais através dos 45 dias de operações de combate. Durante seus ataques antinavio usando bombas e seus canhões de 30 mm, eles foram supostamente responsáveis por danificar vários navios, incluindo os HMS Antrim, Brilliant, Broadsword, Ardent, Arrow e Plymouth. No total, 11 Daggers foram perdidos em combate, com a morte de cinco pilotos; nove deles foram atribuídos a abates conseguidos via mísseis ar-ar AIM-9L Sidewinders disparados dos Sea Harriers e dois por mísseis superfície-ar (SAM), um Sea Wolf disparado pelo HMS Broadsword e um por SAM Rapier disparado por tropas terrestres.

Como parte do contrato de 1979 com a IAI, a Força Aérea Argentina estipulou que os Daggers seriam equipados com novos sistemas aviônicos e visor de alerta ao nível da cabeça – em inglês, Head Up Display (HUD), permitindo que eles se aproximassem ao padrão da nova aeronave IAI Kfir C.2. O programa, que se chamava Finger, já estava em andamento em 1982, quando eclodiu a Guerra das Malvinas. Embora o conflito tenha sido relativamente breve, uma das consequências da guerra foi que, como alguns desses sistemas foram feitos pela britânica Marconi Electronic Systems, tornou-se necessário substituir os sistemas construídos pelos britânicos após o embargo de armas imposto pelo governo do Reino Unido logo após o final da guerra. O trabalho correspondente para substituir tais sistemas levou os aviões a serem modificados para o padrão final “Finger IIIA” (Caça) e “Finger IIIB” (Treinamento). Esses modelos diferiam principalmente do padrão original do Finger na substituição de equipamentos de origem britânica por similares de fabricação francesa, em grande parte da Thomson-CSF.
 
IAI Dagger da FAA em rota para as Ilhas Malvinas no dia 21 de maio de 1982. (Foto: Sr. Victor Hugo Martinón)

Após o final da guerra e da elevação de todos os Daggers sobreviventes para o padrão Finger, as aeronaves participaram ativamente de diversos exercícios militares, tanto da Força Aérea Argentina, quanto combinados com outras forças aéreas amigas, como o exercício ÁGUILA junto com os caças Lockheed Martin A-4AR Fightinghawk da Força Aérea Argentina e o Lockheed Martin F-16A/B Fighting Falcon da Guarda Nacional Aérea dos Estados Unidos (ANG), a CRUZEX no Brasil, CEIBO, na Argentina, dentre outras operações.

Finalmente, no dia 29 de novembro de 2015, em uma cerimônia formal, os Finger foram aposentados, juntamente com o restante das aeronaves da família Mirage ainda operacionais, após trinta e sete anos de serviço ativo.

PERDAS DO IAI DAGGER DURANTE A GUERRA DAS MALVINAS/FALKLANDS
NÚMERO
DATA
CAUSADOR
PILOTO/FATO
C-433
1º de maio
Sea Harrier XZ455 / “12”
Tenente Ardiles / morto
C-428
21 de maio
Sea Wolf do HMS Broadsword
Tenente Bean / morto
C-403
21 de maio
Sea Harrier ZA190 / “009”
Capitão Donadille / ejetou
C-404
21 de maio
Sea Harrier ZA190 / “009”
Major Piuma / ejetou
C-407
21 de maio
Sea Harrier ZA175 / “004”
Tenente Senn / ejetou
C-409
21 de maio
Sea Harrier XZ455 / “12”
Tenente Luna / ejetou
C-437
23 de maio
Sea Harrier ZA194 / “54”
Tenente Volponi / morto
C-410
24 de maio
Sea Harrier ZA193 / “93”
Tenente Castillo / morto
C-419
24 de maio
Sea Harrier XZ457 / “14”
Major Puga / ejetou
C-430
24 de maio
Sea Harrier XZ457 / “14”
Capitão Diaz / ejetou
C-436
29 de maio
SAM Rapier de tropas em terra
Tenente Bernhardt / morto

África do Sul

Atlas Cheetah E, da Força Aérea da África do Sul (SAAF). (Reprodução Wikipedia)

O embargo de armas imposto pela Resolução 418 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, iniciado em novembro de 1977 devido a política racista do governo sul-africano, chamado de Apartheid, impediu a África do Sul de comprar novas aeronaves (e outros equipamentos militares) de outros países, tornando assim a modernização das aeronaves existentes a única opção.

Na época, a frota de jatos de alta performance da Força Aérea da África do Sul (SAAF) era composta por uma boa quantidade de aeronaves Dassault Mirage III (EZ/CZ/BZ/DZ/D2Z/RZ/R2Z) e Mirage F1 (AZ/CZ). Embora os Mirage F1 fossem os mais modernos da frota, tendo sido entregues a partir de 1977 (pouco antes do início do embargo), eles eram o elemento primário da frota de defesa aérea e de ataque da África do Sul e retirá-los para uma atualização teria deixado uma lacuna inaceitável em sua defesa aérea e capacidade de ataque.

Além disso, os recursos poderiam ser integrados ao Mirage III de upgrades pré-existentes relacionados a aeronaves relacionadas, como a família Mirage V/Nesher/Kfir e o projeto Mirage 3NG (baseado no Mirage III). Consequentemente, a frota Mirage III da SAAF foi escolhida como base para a atualização, a ser conhecida inicialmente como “Projeto Cushion” (Almofada, em tradução livre)

Israel já estava vendendo tecnologia militar para a África do Sul por meio do polêmico Acordo Israel-África do Sul. Por exemplo, as peças de reposição dos Mirage III sul-africanos foram compradas em Israel e os assessores militares israelenses foram incorporados nas unidades da SAAF.

Devido a tais fatores, algumas publicações de aviação suspeitam que a Israel Aircraft Industries esteve diretamente envolvida em pelo menos nos estágios iniciais da atualização do Projeto Cushion, e que alguns componentes foram adquiridos diretamente de Israel. Cinco caças IAI Nesher podem ter sido adquiridos da Força Aérea de Israel para os testes da aeronave, que posteriormente se tornou o Atlas Cheetah, e depois as peças restantes foram absorvidas pela frota existente.

O trabalho foi realizado pela Atlas Aviation (antiga Atlas Aircraft Corporation e depois Denel Aviation). A Atlas também conseguiu adquirir técnicos qualificados com conhecimento relevante de Israel, após o cancelamento do projeto avançado de combate israelense, conhecido como IAI Lavi, nos anos 1980.

O Atlas Cheetah operou na SAAF até 2008 e depois foram transferidos para o Equador (10 aeronaves em 2010), para a operadora privada com sede nos Estados Unidos Draken International (12 aeronaves adquiridas em 2017) e duas aeronaves que são usadas pela Denel Aviation para testes.

MODELOS

Nesher S: Versão de caça de um único assento para a Força Aérea Israelense.
Nesher T: Versão de treinamento de dois lugares para a Força Aérea Israelense.
Dagger A: Versão de caça de um único assento reformada para a Força Aérea Argentina.
Dagger B: Versão de treinamento de dois lugares reformada para a Força Aérea Argentina.
Finger: Versão proposta do Dagger modernizado com equipamentos ingleses, não construído.
Finger IIIA: Versão modernizada com equipamentos franceses do Dagger A.
Finger IIIB: Versão modernizada com equipamentos franceses do Dagger B.

OPERADORES

África do Sul
Força Aérea da África do Sul (SAAF): 05 Nesher S na década de 1980, apenas para testes (nunca operacionais).

Argentina
Força Aérea Argentina (FAA): 35 Nesher S e 04 Nesher T recebidos entre 1978 e 1981, convertidos para o padrão Dagger A e B, os sobreviventes da Guerra das Malvinas/Falklands depois foram convertidos para o padrão Finger IIIA/B todos retirados de serviço em 2015.

Israel
Força Aérea de Israel (IAF): 61 Nesher S e 10 Nesher T, operados entre 1971 e 1977.

ESPECIFICAÇÕES (IAI FINGER IIIA/B)


Características gerais

Tripulação: 1 × piloto em versões de um assento, 2 × pilotos em versões de dois assentos
Comprimento: 15,6 m (51 pés)
Envergadura: 8,2 m (27 pés)
Altura: 4,3 m (13,9 pés)
Superfície Alar: 34,8 m² (374,6 pés²)
Peso vazio: 6 570 kg (14 480,3 lb)
Peso carregado: 10 770 kg (23 737,1 lb)
Peso útil: 6 930 kg (15 273,7 lb)
Peso máximo de decolagem: 13.500 kg (29 754 lb)
Motor: 1 × turbojato Snecma Atar 9C-5.
Empuxo normal: 42 kN (4 283 kgf; 9 442 lbf) empuxo.
Empurre com pós-combustor: 60,8 kN (6 200 kgf; 13 668 lbf) de empuxo.

Desempenho

Velocidade máxima de operação: 2 350 km/h (1 460 MPH, 1 269 kt) a 12.000 m (39 370 pés) de altitude
Velocidade de cruzeiro: 956 km/h (594 MPH, 516 kt)
Alcance: 1.300 km (1186 km com 4.700 litros de combustível auxiliar em 2 tanques externos mais 2 mísseis ar-ar e 2600 lb de bombas)
Teto de serviço: 17.680 m (58.005 pés)
Regime de subida: 83 m/s (16 338 pés/min)

Armamento

Canhões: 2 × DEFA 552 30 mm (1,1811 polegadas) com 125 munições cada
Pontos de ancoragem: 7 (6 subalares e 1 sob a fuselagem) com uma capacidade de 4200 kg (9 259,4 lb), para carregar uma combinação de:
Bombas: 4 × Bombas Mark 81 de uso geral de 113 kg (250 lb); 2 × Mark 82 de uso geral de 227 kg (500 lb) ou Mark 83 de 460 kg (1.000 lb)
Foguete: 2 × recipientes LAU-61/A com 19 × FFAR 70 mm (2,7 polegadas) cada
Mísseis: 2 × mísseis ar-ar Rafael Shafrir 2 ou AIM-9D Sidewinder
Outros: até 3 × tanques de combustível externos

Aviônicos

Thompson CSF head-up display
Radar telemétrico Elta EL/M-2001B



FOTO DE CAPA: IAI Nesher T da Força Aérea de Israel durante a Guerra do Yom Kippur, em 1973. (Reprodução Internet

Com informações retiradas da Wikipedia.


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Por Luiz Reis, Professor de História da Rede Oficial de Ensino do Estado do Ceará e da Prefeitura de Fortaleza, Historiador Militar, entusiasta da Aviação Civil e Militar, fotógrafo amador. Brasiliense com alma paulista, reside em Fortaleza-CE. Luiz colaborou com o Canal Arte da Guerra e o Blog Velho General e atua esporadicamente nos blogs da Trilogia Forças de Defesa, também fazendo parte da equipe de articulistas do GBN Defense. Presta consultoria sobre História da Aviação, Aviação Militar e Comercial. Contato: [email protected]


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