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quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Conselho Otan-Rússia elogia iniciativa russa no Afeganistão

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Durante a reunião do Conselho Otan-Rússia em Bruxelas, na semana passada, o ministro da Defesa da Rússia, Serguêi Choigu, propôs a criação de um sistema de formação de sapadores (engenheiros de combate) afegãos para complementar a formação de especialistas destinados à Força Aérea afegã, que estão realizando um treinamento em instituições russas na Sibéria, e dos policiais que vêm se especializando no combate ao narcotráfico.
 
As ideias apresentadas por Choigu na luta contra o terrorismo internacional, particularmente no Afeganistão, de onde a Aliança internacional irá retirar as suas forças principais no próximo ano, foram bem recebidas por praticamente todos os participantes do conselho.
 
Além de ajudar a livrar o país das minas e projéteis não detonados, a formação de tais sapadores irá fornecer um trabalho digno para um grande número de jovens afegãos que, caso contrário, poderiam preencher as fileiras dos terroristas.
 
Choigu também ofereceu à comunidade internacional o auxílio de especialistas militares russos na destruição das armas químicas sírias e manifestou a esperança de que, no próximo ano, o projeto conjunto para a destruição ecologicamente correta de munições obsoletas na região de Kaliningrado, com base na tecnologia desenvolvida em países da Otan, entrará em sua fase operacional.
 
“Se avaliarmos de uma maneira geral a nossa ação conjunta, então podemos afirmar que os participantes da reunião do conselho foram unânimes na opinião que, ultimamente, a cooperação entre a Rússia e a Otan avançou significativamente, apesar da presença de problemas prementes”, disse Choigu durante a coletiva final.
 
Confiança em dia...
 
Na véspera da reunião do Conselho OTAN-Rússia, o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, realizou uma coletiva exclusiva com jornalistas russos, na qual havia destacado “maior franqueza, previsibilidade e confiança”na relação entre as partes do conselho.
 
Rasmussen não apenas elogiou a transparência das Forças Armadas russas durante a realização dos exercícios “Zapad-2013”, aos quais tiveram acesso mais de 80 representantes de Estados estrangeiros, mas também prometeu a mesma transparência nos exercícios da Otan que serão realizados no território da Polônia e dos Países Bálticos, no início de novembro.
 
...mas nem tanto
 
Depois da reunião em Bruxelas, Choigu falou sobre os “cenários desajeitados” que freiam a cooperação entre a Rússia e a Aliança ocidental, como as tentativas de reviver o antigo Tratado Sobre Forças Armadas Convencionais na Europa (CFE), o avanço da infraestrutura militar da Otan em direção às fronteiras russas e a política de ampliação da Aliança, que poderá incluir Geórgia e Ucrânia a partir de 2014. Mas a ênfase maior foi dada à polêmica implantação de um escudo antimíssil na Europa.
 
"Não estamos conseguindo realizar um trabalho conjunto em relação ao Programa de Defesa Antimíssil na Europa”, disse Choigu. “Gostaria de salientar que continuamos defendendo a proposta de uma cooperação mutuamente vantajosa no campo da defesa antimíssil. No entanto, antes de iniciar a elaboração de projetos de defesa antimíssil comuns precisamos de garantias legais sólidas e confiáveis de que o sistema antimíssil americano não será usado contra a força de dissuasão nuclear da Rússia”, acrescentou o ministro russo.
 
Fontes nas Forças Armadas russas garantem que a questão do escudo antimíssil carrega uma grande carga política, dificultando que as partes cheguem a um acordo sobre algum de seus pontos. Enquanto algumas acreditam que especialistas encontrarão uma opção viável técnica e tecnologicamente, outras sugerem que é preciso buscar uma solução para o problema no nível Moscou-Washington, e não Moscou-Bruxelas.
 
Fonte: Gazeta Russa
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quarta-feira, 20 de março de 2013

Chipre busca ajuda na Rússia; UE ameaça cortar auxílio

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O ministro das Finanças do Chipre, Michael Sarris, pediu ajuda à Rússia nesta quarta-feira para evitar um colapso financeiro, depois que o Parlamento da ilha rejeitou os termos do resgate europeu, aumentando o espectro de um default iminente e de uma falência bancária.
 
Sarris disse que não chegou a um acordo sobre o financiamento com o ministro das Finanças russo, Anton Siluanov, mas que as negociações estavam em andamento.
 
Autoridades cipriotas revelaram que o ministro de Energia do país também está em Moscou, supostamente para uma exposição de turismo. O Chipre encontrou grandes reservas de gás em suas águas próximas a Israel, mas ainda não as desenvolveu.
 
"Tivemos uma discussão bastante honesta, destacamos como a situação é difícil", disse Sarris a repórteres após negociações com Siluanov. "Agora continuaremos nossa discussão para encontrar a solução com a qual esperamos receber algum apoio."
 
"Não houve ofertas, nada concreto", disse ele.
 
O Chipre pediu à Rússia uma extensão de cinco anos do empréstimo existente de 2,5 bilhões de euros que vence em 2016, e a redução da taxa de juros de 4,5 por cento. Sarris disse a repórteres em Moscou que ele discutiu "coisas além disso".
 
O ministro das Finanças da Áustria deixou claro que o Banco Central Europeu (BCE) pode em breve parar de ajudar os bancos cipriotas, depois que o Parlamento da ilha refutou as demandas da União Europeia (UE) de criação de um imposto sobre depósitos bancários para levantar 5,8 bilhões de euros.
 
Nem um único parlamentar votou a favor de um imposto proposto sobre as contas bancárias, muitas delas detidas por russos e outros estrangeiros, embora deixe de lado poupadores pequenos com menos de 20 mil euros no banco.  
 
Foi a primeira vez que uma legislatura nacional rejeita as condições de assistência da UE, depois de três anos em que Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e Itália aceitaram medidas de austeridade amargas para garantir ajuda.
 
A rejeição da condição essencial para o resgate de 10 bilhões de euros colocou o bloco monetário de 17 países em águas desconhecidas, com o risco de um contágio financeiro em outros Estados-membros problemáticos.
 
No entanto, a UE tem a tradição de pressionar países menores a votar novamente até conseguirem o resultado desejado.
 
"PLANO B"
 
O presidente do Chipre, Nicos Anastasiades, há cerca de um mês no cargo, encontrou líderes de partidos e o presidente do banco central em seu Gabinete. O porta-voz do governo Christos Stylianides disse que um "plano B" estava sendo desenvolvido.
 
"Uma equipe de tecnocratas foi ao banco central para discutir um plano B relacionado ao financiamento e redução da quantia de 5,8 bilhões de euros", disse ele a repórteres durante intervalo de reunião com líderes de partidos. Ele não elaborou o assunto.
 
Anastasiades também irá participar de uma reunião de Gabinete e conversar com autoridades da chamada "troika", grupo de credores internacionais composto pela UE, Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI).
 
Entre os decisões esperadas mais urgentes estava se o governo irá permitir que os bancos sejam reabertos como planejado na quinta e sexta-feiras, ou se irá mantê-los fechados até a semana que vem com esperanças de uma solução. O vice-presidente do BC Spyros Stavrinakis disse que nenhuma decisão foi tomada.
 
Fonte: Reuters

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Dragão chinês e Urso russo cortam garras da Águia americana

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Os EUA colocaram no Japão 35.000 militares do Comando do Pacífico dos Estados Unidos (USPACOM, sigla inglesa) dois porta-aviões, cinco destroyres e quatro fragatas, tendo instalado uma base no porto de Yokosuka. Um contingente de 17.000 mil fuzileiros navais se encontra na ilha de Okinawa. A esquadra nipônica dispõe de três porta-helicópteros, oito contra-torpedeiros oceânicos, 20 fragatas e 16 submarinos.
 
Ao mesmo tempo, na Coreia do Sul foi estacionada a 2ª Divisão de Infantaria e uma brigada das Tropas Especiais, composta de 19.700 efetivos. Os paióis do USPACOM, repletos de equipamentos militares, munições e víveres para o 8º Exército, se localizam no Japão. A Frota do Pacífico dos EUA (USPACFLT), integrando três porta-aviões, quatro porta-helicópteros, nove cruzadores, vinte e seis destroyres e vinte e seis submarinos, estacionados na base naval de Pearl Harbor e São Diego, foi preparada especialmente para eventuais ações no sudeste asiático. A Administração dos EUA continua emitindo dólares para financiar guerras civis e agressões militares. As campanhas no Iraque e no Afeganistão proporcionaram à Casa Branca uma enorme experiência.
 
Por outro lado, a Marinha de Guerra da China sofreu significativas transformações nos últimos 10 anos. Hoje em dia, conta com uma vasta gama de meios de combate modernos, projetados em 2004-2012 e destinados não apenas para a proteção do litoral chinês. A Marinha de Guerra da China pode desencadear ofensivas militares, eliminar qualquer alvo no Japão e na Coreia do Sul. O Vietnã também possui uma Marinha eficiente, composta de sete destroyers, dezoito fragatas e dois submarinos.
 
Citando fontes próximas do Pentágono, a agência Reuters afirma que o ministro da Defesa dos EUA, Chuk Hagel, tenciona aumentar a eficácia da base militar em Fort Greely, no Alasca, a fim de enfrentar os ânimos belicistas da Coreia do Norte. É uma medida propagandística, visto que a trajetória de mísseis balísticos intercontinentais que eventualmente possam ser lançados pela Coreia do Norte, se encontra à margem da zona de ação de antimísseis norte-americanos.
 
No que se refere à decisão de adiar a agressão contra Pyongyang apesar de ações provocatórias desta última, os EUA não cairão na cilada chinesa. Antes de mais, Washington terá de re-deslocar as suas forças do Japão e do Havaí para a península da Coreia. Neste caso, a China terá um acesso livre às águas nipônicas, enquanto a Rússia utilizará 36 bombardeiros TU-22M3, capazes de abater os B-52 estratégicos da base aeronaval Andersen, na ilha de Guam.
 
Lembre-se que em 2001, Jiang Zemin e Vladimir Putin rubricaram o Tratado de Cooperação e Boa Vizinhança. Ao decidirem agir em conjunto, a Rússia e a China vieram aumentar a sua capacidade de resistência aos três centros da força potentes – EUA, Japão e UE. A Rússia e a China, através do esforço conjunto, acabaram por concretizar o método econômico de "gotas chinesas", capaz de aniquilar a tamanha força militar norte-americana.
 
Importa referir que a dívida externa dos EUA ultrapassa 16 trilhões de dólares, o que constitui mais de 100% do PIB. A China detém a maior parte da dívida dos EUA – cerca de 2 trilhões, equivalentes ao orçamento militar trienal. Se a China retirasse, algum dia, os meios emprestados, a economia dos EUA sofreria autêntico colapso.
 
Em 2005, Vladimir Putin decretou a nova linha estratégica visando aumentar as Reservas Oficiais. A Rússia tornou-se o principal comprador do ouro no mercado mundial, tendo conseguido duplicar estas reservas em cinco anos. Atualmente, ela ocupa a 5ª posição, comprando mensalmente o ouro no valor de 500 milhões de dólares.
 
A China está com o olhar fixo em 8.133 toneladas de ouro que se encontram em bancos norte-americanos, constituindo 74,5% das Reservas Oficiais. A China tem exigido o ouro em troca da dívida dos EUA e pretende emitir a nova moeda alternativa que seja forte em relação ao dólar. Foi com este propósito que a China procedeu à repatriação das suas reservas de ouro da Suíça, Londres e Nova York.
 
Enquanto isso, Pequim assinou acordos com mais de 20 países (entre os quais figuram a Argentina, a Austrália, os EAU, o Japão e outros Estados) que se comprometem a reconhecer o Yuan como uma divisa internacional forte em detrimento do dólar. Para o dólar isto significa a saída de uma parte do mercado financeiro.
 
Deste modo, aos EUA não resta qualquer espaço da manobra: a única coisa que podem fazer é adiar a realização deste triste cenário. A partir daí, Washington terá que fortalecer a sua presença na região do sudeste asiático, não obstante os cortes orçamentais. Por isso, o Pentágono deve distribuir nesta zona os recursos de outras aéreas e não do USPACOM.
 
Fonte: Voz da Rússia
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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Rússia regressa ao mar Mediterrâneo

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Rússia vai garantir sua presença permanente no mar Mediterrâneo. A força-tarefa naval russa irá ser implantada na região até 2015. Segundo informa o Estado-Maior, o esquadrão será formado por navios das frotas do mar Negro, mar do Norte e mar Báltico.
 
O novo grupo está sendo criado à imagem do Quinto esquadrão operacional da Marinha da URSS. Durante a Guerra Fria, era esse grupo que se ocupava de missões de combate na área do mar Mediterrâneo. Naquela época, o principal inimigo do esquadrão era a Sexta frota operacional da Marinha dos EUA. No entanto, um ano depois do colapso da União Soviética, em 31 de dezembro de 1992, o Quinto esquadrão foi dissolvido.
 
Mas o tempo tem mostrado: o passo foi prematuro. A região do Mediterrâneo continua, como antes, o centro de conflito de interesses dos principais poderes mundiais. Isso tem se manifestado especialmente verdadeiro nos últimos anos – os eventos da Primavera Árabe, a derrubada de Kadhafi na Líbia, a prolongada guerra civil na Síria. O chefe do Ministério da Defesa russo, durante sua visita à Frota do mar Negro em 20 de fevereiro, notou: na área do Mediterrâneo estão concentradas as ameaças mais significativas para os interesses nacionais da Rússia. Respectivamente, a Marinha da Rússia irá executar tarefas em todas as áreas dos oceanos mundiais.
 
A tarefa, obviamente, é séria. Há que criar um sistema de sustentação material e técnica do esquadrão. E hoje em dia, a única base – que é também a única instalação naval militar russa no exterior longínquo – é o porto sírio de Tartus. Além disso, é necessário, em dois ou três anos, atualizar os navios da Frota do mar Negro, nota o assessor do chefe do Estado-Maior russo, ex-comandante da Frota do mar Negro, almirante Igor Kasatonov:
 
"Naturalmente, são necessários grandes gastos, novos navios. O fato de que é geopoliticamente necessário ter um grupo assim é bom, isso é desejável. Mas o governo precisa se esforçar para criar um grupo assim, tendo como modelo o Quinto Esquadrão".
 
Deve notar-se que o governo russo vem prestando atenção ao problema da atualização da Frota do mar Negro já durante vários anos. Agora estão sendo construídos três submarinos diesel-elétricos, três fragatas. Tão pouco devem surgir dificuldades organizacionais: o teatro de ação foi minuciosamente estudados ainda nos tempos soviéticos. Quanto aos objetivos da criação de um tal grupo, eles são muito claros, diz o editor-chefe da revista Export Vooruzheny (Exportação de Armas) Andrei Frolov:
 
"Eu acho que, primeiro de tudo, é uma demonstração da bandeira, assim como algumas ambições russas, internacionalmente. A demonstração de que, passados 20 anos, a Rússia chegou ao que tinha a União Soviética. E, finalmente, a capacidade de responder mais rapidamente a certas cituações. Muitas vezes acontece que para navios pode levar 4-5 dias para saírem de Sevastopol e chegarem no lugar certo. E a situação pode se desenvolver muito mais rápidamente".
 
Segundo especialistas, dois ou três anos e um prazo bastante real para resolver o problema da renovação da frota. Enquanto isso, especialistas acreditam que os navios atuais serão capazes de cumprir a tarefa. O Estado-Maior informou que a interação dentro do futuro agrupamento mediterrânico já foi praticada durante exercícios recentes: manobras do esquadrão russo foram realizadas na região em janeiro.
 
Fonte: Voz da Rússia
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segunda-feira, 28 de maio de 2012

Mathias Rust: o piloto alemão que invadiu a União Soviética em um Cessna

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Há 25 anos o piloto alemão, Mathias Rust invadia o espaço aéreo da União Soviética em um Cessna e pousava na praça vermelha!

Durante toda a Guerra Fria, as superpotências mundias, Estados Unidos e União Soviética, se orgulhavam de possuírem espaços aéreos inexpugnáveis, e faziam questão de fazer enorme propaganda disso, como demonstração de poder.

O espaço aéreo da União Soviética era tão bem defendido que, dentro da doutrina militar americana, as possíveis missões contra alguns alvos específicos, em caso de guerra aberta, eram considerados, praticamente, como missões suicidas. Particularmente, a cidade de Moscou era considerada como uma das cidades melhor defendidas no mundo contra um ataque aéreo direto.

Todavia, nenhuma defesa é perfeita, e sempre haverá algum ponto vulnerável. De fato, um piloto ocidental conseguiu burlar todas as defesas russas, e não somente conseguiu sobrevoar boa parte da União Soviética e de Moscou, como também pousou lá, em pleno coração da cidade, na Praça Vermelha.
Esse piloto não operava, no entanto, uma sofisticada aeronave invisível militar. Ele nem sequer era militar, era civil, e pilotava um simples e pacato Cessna 172 Skyhawk. Mathias Rust era um piloto amador alemão, e tinha então apenas19 anos de idade. Rust alugou o Cessna para fazer a mais extraordinária aventura da sua vida: invadir o espaço aéreo da União Soviética e pousar em Moscou, em uma missão idealista de “promover a paz”.

Mathias Rust, na sua “missão”, demonstrou uma boa dose de coragem, sangue frio, capacidade de planejamento e… ingenuidade. Era evidente que se tratava de uma aventura extremamente arriscada: durante a Guerra Fria, qualquer avião vindo do Ocidente sem o conhecimento e autorização dos soviéticos era considerado hostil, e estava a sujeito a destruição sem aviso prévio. Mas Rust resolveu desafiar abertamente os soviéticos, sem apoio e nem conhecimento de mais ninguém. Era uma aventura particular de adolescente.

Sua jornada começou no Aeroporto de Uetersen, perto de Hamburgo, na então Alemanha Ocidental, em 13 de maio de 1987. Tinha como destino o Aeroporto Helsinki-Malmi, na Finlândia. Quinze dias depois, na manhã de 28 de maio, após encher os tanques do avião, e com uma generosa quantidade de combustível extra a brodo, Rust fez um plano de voo para Stockholm, na Suécia. Após fazer uma última comunicação com o Controle de Tráfego Aéreo finlandês, mudou o rumo para Sudeste e voou em direção à Estônia, na então União Soviética.

O Cessna de Rust sumiu dos radares finlandeses quando sobrevoava Sipoo, no litoral do Golfo da Finlândia. Como Rust deixou de se comunicar pelo rádio, seu Cessna foi considerado desaparecido, e provavelmente acidentado, no mar. Uma missão de busca e salvamento foi organizada. Os barcos de patrulha da Finnish Border Guard encontraram uma mancha de óleo no mar, que presumiram se tratar de vestígios do Cessna, mas não conseguiram confirmar, obviamente, pois Rust ainda estava voando.

Após cruzar a linha de costa da Estônia, Rust tomou uma proa para Moscou. Voando baixo, mas sem se preocupar em voar rente ao solo, foi interceptado pelos radares do PVO (ProtivoVozdushnoy Oborony – Forças de Defesa Aérea), pela primeira vez, às 14 horas e 29 minutos, hora local. Sem nenhuma identificação como aeronave amiga e em silêncio de rádio, o Cessna foi declarado invasor. O PVO declarou alerta vermelho, colocando mísseis antiáreos em prontidão e despachou dois caças para interceptar o intruso.

Os mísseis não foram disparados, pois era necessário obter autorização superior para isso, e tal autorização nunca foi concedida. Um dos dois caças fez contato visual com o Cessna de Rust, às 14 horas e 48 minutos, perto de Gdov, na Estônia, e identificou seu alvo como um pequeno avião branco, similar a um avião leve russo Yakovlev Yak-12, de asa alta. Pediu para engajar o alvo, mas tal autorização foi negada.

É de se duvidar que os caças, ou mesmo os mísseis antiaéreos, pudessem destruir o pequeno Cessna. O avião de Rust era tão pequeno, manobrável e lento que tornaria o seu abate uma proeza equivalente a caçar pardais com canhão.

Pouco tempo depois, os caças perderam o contato com o Cessna. Quando sobrevoava a região de Starava Russa, já na Rússia, o avião também sumiu dos radares. Especulou-se que Rust talvez tivesse pousado em algum lugar dessa região, para trocar de roupas, descansar um pouco e, possivelmente, reabastecer os tanques com a gasolina extra que carregava a bordo, mas isso nunca foi confirmado.

O PVO ainda conseguiu detectar o avião várias vezes, mas, contando com uma sorte incrível, Rust e seu avião foram confundidos com aeronaves russas. Próximo a Pskov, foi confundido com aeronaves de treinamento que usavam o local como área de manobras, e cujos inexperientes pilotos frequentemente se esqueciam dos códigos IFF (Identification Friend or Foe – Identificação de Amigo ou Inimigo) corretos. Em consequência, todos os aviões na área foram considerados “amigos”, inclusive Rust.

Quando sobrevoava Torzhok, o Cessna foi confundido com um dos helicópteros que faziam uma missão de busca e salvamento de um acidente aeronáutico ocorrido no dia anterior. Depois, sempre contando com uma sorte incrível, Rust continuou sendo confundido com aeronaves russas de treinamento e continou seu voo sem ser perturbado.

Embora voando sobre a superdefendida União Soviética, que enchia de temores qualquer piloto militar americano, Rust só passou medo real por uma única vez, quando percebeu a aproximação dos caças sobre a Estônia. Procurou espantar o medo recordando do incidente do voo KAL 007, um Boeing 747 civil coreano que foi abatido, cheio de passageiros, em espaço aéreo soviético, alguns anos antes, e que provocou protestos do mundo inteiro. Julgou que os soviéticos não iriam se arriscar a novos protestos por causa de um simples monomotor civil. Mas Rust manteve-se tenso durante o voo inteiro, e não era para menos.

Sem ser incomodado, Rust começou a sobrevoar os arredores de Moscou no final da tarde. Sua intenção era pousar dentro do Kremlim, mas pensou melhor e mudou seu objetivo para a Praça Vermelha. Afinal, o Kremlim era um local fechado ao público em geral, e a KGB poderia muito bem eliminá-lo lá dentro, sem chamar a atenção de mais ninguém, e ocultar o incidente do resto do mundo. Já a Praça Vermelha era um lugar público, tinha turistas estrangeiros, o que tornaria o incidente imediatamente conhecido.de todos e da imprensa. Isso poderia protegê-lo de ser simplesmente executado.

Pouco antes da 19 horas, Rust sobrevoava a Praça Vermelha, procurando um local para pousar. Não era fácil, pois a praça sempre tem intenso tráfego de pedestres. Afinal, encontrou um espaço livre na ponte próxima à Catedral de São Basílio, e lá pousou sem maiores dificuldades, às 19 horas. Ainda era céu claro, nessa época do ano. Taxiou como se fosse um carro de passeio na avenida, parou ao lado da Catedral, a 100 metros da Praça Vermelha, desligou o motor e desceu do avião.

Sua extraordinária sorte o protegeu até esse instante: a ponte era protegida contra pousos de aeronaves por cabos de aço, que foram removidos para manutenção justamente na manhã daquele mesmo dia. Seriam reinstalados no dia seguinte.

Os transeuntes perplexos não foram hostis com Rust e até o cumprimentaram. Mas não demorou muito para a polícia chegar e prender o audacioso piloto.

O julgamento de Rust pela Justiça Soviética começou no dia 2 de setembro de 1987. Ele foi sentenciado a 4 anos de prisão por baderna, infração às regras de tráfego aéreo e invasão de fronteira, e enviado à Prisão Lefortovo em Moscou. Foi uma sentença relativamente leve, pois, em outros tempos, talvez fosse mandado para a Sibéria pela KGB por espionagem e nunca mais saísse de lá, vivo.

Não chegou a cumprir a pena integralmente. Dois meses depois de Mikhail Gorbachev e Ronald Reagan assinarem um tratado de eliminação de mísseis nucleares de médio alcance instalados na Europa, o Soviete Supremo, em um gesto de boa vontade, mandou libertar Rust, que foi deportado para a Alemanha, Ocidental. Desembarcou naAlemanha Ocidental no dia 3 de agosto de 1988.

A aventura pessoal de Mathias Rust teve consequências inimagináveis na História. Naquela época, Mikhail Gorbachev defendia uma ampla reforma e uma abertura do regime soviético, a Perestroika e a Glasnost, que tinham, no entanto, grande oposição por parte dos militares russos. O incidente de Rust, no entanto, desmoralizou e humilhou os militares russos no mundo inteiro. Afinal, um simples avião civil, com um piloto amador quase adolescente, passou por todas as defesas e pousou sem oposição no centro da capital soviética, ao lado do Kremlin.

Gorbachev soube aproveitar muito bem o incidente: demitiu o Ministro da Defesa Soviético, Serguei Sokolov, o Chefe de Defesa Aérea, Alexander Koldunov e centenas de outros oficiais. Com a desmoralização dos militares, Gorbachev conseguiu implantar as reformas que queria, que acabaram criando um caos econômico que desembocou na queda do Muro de Berlim, no fim da Guerra Fria e no fim da União Soviética, em dezembro de 1991. Pequenas causas criaram grandes efeitos.

Do jovem idealista Mathias Rust, que queria, com seu voo épico, fazer um gesto em favor da paz, sobrou pouco. Depois de voltar à Alemanha Ocidental, recusou-se a fazer o Serviço Militar Obrigatário, por razões de consciência, pois era a favor da paz. Provou isso com o seu voo. Suas razões foram aceitas, e, em alternativa, teve que prestar serviços comunitários em um hospital alemão.

Enquanto estava no hospital, apaixonou-se perdidamente por uma enfermeira que, no entanto, não correspondeu ao seu amor. Acabou esfaqueando a enfermeira, e recebeu uma sentença de 4 anos de prisão por tentativa de homicídio. Foi libertado depois de 15 meses.

Depois disso, casou-se, divorciou-se e voltou a casar. Cometeu vários pequenos delitos, como roubar um casaco de cashemira em uma loja, não pagar dívidas e cometer pequenas fraudes. O Governo da Finlândia apresentou-lhe uma conta de 100 mil dólares pela missão de busca e salvamento levada a cabo no dia do seu voo histórico. Graças à fama que ganhou com a sua “missão” a Moscou, conseguiu amealhar uma pequena fortuna e fundou uma organização dedicada à paz, denominada Orion and Isis, que, todavia, nunca fez nada muito relevante, até hoje.

Hoje, aos 42 anos de idade, Mathias Rust é sócio de uma empresa de investimentos na Estônia, mas sobrevive mesmo como jogador profissional de poker. Parece que sua sorte ainda não o abandonou, pois consegue grandes lucros com isso.

O avião que Rust usou para chegar a Moscou, um Cessna F172P, fabricado sob licença pela Reims, da França, em 1983, foi matriculado na Alemanha como D-ECJB, e ficou apreendido na Rússia durante algum tempo, até ser devolvido para a sua proprietária, a Atlas, de Ganderkesee, Alemanha. Foi posteriormente exportado para o Japão. mas, provavelmente, nunca recebeu uma matrícula japonesa. Em 2008, o Deustches Technikmuseum Berlin levou o avião do Japão de volta para a Alemanha (foto acima, ainda com a matrícula original), onde está hoje em exibição pública, totalmente restaurado (foto abaixo). O Cessna de Rust é uma aeronave histórica, pois chegou onde nenhum avião militar ocidental jamais conseguiu sequer se aproximar, durante a Guerra Fria.

Mesmo sendo um típico anti-herói, Mathias Rust teve um papel desproporcionalmente grande na história, pois o seu voo provocou uma desmoralização geral nos militares soviéticos, que perderam poder e acabaram cedendo às reformas de Gorbachev. Em última análise, Mathias Rust e seu pequeno Cessna podem ter precipitado o fim da União Soviética, do Muro de Berlim e da Guerra Fria.

Fonte: Cultura Aeronáutica
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domingo, 20 de novembro de 2011

Rússia é mais forte que alguns países da UE, diz Medvev

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O presidente da Rússia, Dmitry Medvedev, afirmou neste sábado que a economia do país é mais forte do que a de alguns países da União Europeia (UE), apesar da alta inflação e da fuga de capitais. "No geral, nossa economia agora é mais homogênea e forte do que a economia de alguns países da UE" que enfrentam uma séria crise da dívida, comentou. "A inflação está sob controle e até mesmo caindo e este ano vai ficar em torno de 7%, seu menor nível", disse, durante visita no sul do país.

Medvedev afirmou ainda que a fuga de capitais totalizou US$ 64 bilhões este ano, mas que isso não é "culpa" do governo, embora analistas afirmem que os investimentos estrangeiros estão sendo afetados pela corrupção, pela burocracia e pelos impostos. "Não é nossa culpa, mas é uma calamidade que nós precisamos absolutamente vencer", disse.

O presidente afirmou também que a Rússia precisa ter mais conhecimento dos seus pontos fortes. "Nós precisamos nos esforçar. Eu acredito que nós precisamos gastar energia e dinheiro para fazer propaganda da economia russa, no sentido positivo da palavra."

Medvedev assumiu a presidência em 2008 e deve ceder o posto para o primeiro-ministro Vladimir Putin em março do ano que vem. Durante seu mandato, ele tentou acelerar a modernização da economia russa, fortemente dependente da exportação de matérias-primas. As informações são da Dow Jones.

Fonte: Agência Estado
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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Moscou já prepara resposta ao escudo antimísseis dos EUA

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Moscou já trabalha em uma resposta militar ao escudo antimísseis dos Estados Unidos, uma vez que Washington reconheceu oficialmente que não dará garantias jurídicas de que seus mísseis não apontarão para a Rússia, revelou uma autoridade do Kremlin em entrevista publicada nesta sexta-feira pelo diário "Kommersant".

"Em linhas gerais, já sabemos o que é preciso fazer. Nossa resposta (militar) será barata, mas excepcionalmente efetiva", antecipou o funcionário do Kremlin ao jornal russo.

Para a Rússia, "as intenções dos americanos são cada vez mais óbvias: pretendem construir o escudo antimísseis sem levar em conta nossa postura".

A autoridade russa ressaltou que nem sequer as garantias jurídicas, se fossem oferecidas em última instância, satisfariam a Rússia neste momento.

"Já não nos conformaríamos, uma vez que estas garantias teriam uma validade máxima de cinco anos. O próximo presidente (dos Estados Unidos) poderia anulá-las", explicou.

Na quarta-feira, o diretor do departamento russo do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Michael McFaul, indicou no Congresso americano que as exigências da Rússia em matéria de defesa antimísseis não podem ser assumidas por Washington, pelo que as negociações se encontram em ponto morto.

Fonte: EFE

Nota do Blog: A Rússia já trabalha em sua nova geração de seu sistema anti-aéreo o S-500. O S-500 deverá ter um alcance de 600 km sendo capaz de atacar em simultâneo até dez alvos. Em relação ao S-400 será também mais eficiente contra mísseis balísticos e de cruzeiro, como aqueles usados pelos EUA e seus aliados.  

Atualmente o projeto do novo sistema enfrenta um atraso no prazo de entrega dos primeiros protótipos, o que deverá ocorrer em 2015 com um atraso de dois anos na programação inicial, inciando então os testes que se bem sucedidos levarão as forças russas à incorporar o sistema operacionalmente em 2017, com isso dando a Moscou uma resposta real e a altura do escudo de mísseis da OTAN. 
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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Como entender a Rússia de hoje

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Quem tem a cabeça no século XX e ainda pensa ideologicamente nunca vai entender a Rússia de hoje. O poder hoje no país é exercido e disputado por grupos políticos que defendem interesses econômicos e não estão interessados nas velhas divisões marxistas de classe. O que esses grupos mais querem, além de acumular altos lucros, é dinamizar a economia da Rússia para afastar da população mais carente certa nostalgia dos tempos soviéticos, quando, acredita-se, o país crescia mais devido à competição com os Estados Unidos, motivada pela Guerra Fria.

Hoje, em Moscou, o que mais preocupa as autoridades é o futuro daquela que é a maior cidade da Europa, com mais de 10 milhões de habitantes. O prefeito de Moscou, Sergei Sobyanin, e o governador da região de Moscou, Boris Gromov, andam às voltas com planos que prevêem a construção de um distrito financeiro internacional no distrito Oeste da cidade. Um desses projetos estabelece uma expansão de 144 mil hectares de terras na periferia de Moscou nos próximos 20 anos.

De acordo com esse plano de expansão dos limites da cidade, que está hoje nas mesas de Sobyanin e Gromov e do presidente Dimitri Medvedev, Moscou cresceria 2,4 vezes, cobrindo uma área de 251 mil hectares, em vez dos 107 mil atuais. Mas, mesmo sem o plano, a cidade já cresce a um ritmo intenso, pois onde quer que se vá vê-se prédios em construção tanto para fins residenciais como comerciais. Até porque mais e mais gente vem se instalando em áreas periféricas de Moscou, embora a maioria procure e encontre emprego no centro da cidade.

Duas áreas estão na mira dos planejadores: o distrito de Rublyovo-Arkhangeskoye, no Oeste da cidade, o lugar favorito da nova classe média alta, e Varshavskoye Shosse e Kievskoye Shosse, no Sudoeste. São áreas menos povoadas. Mas Rublyovo-Arkhangeskoye aparece como o lugar mais viável para se tornar esse centro financeiro internacional projetado para Moscou. Segundo os planos, deverá abrigar pelo menos dois milhões de moradores e oferecer emprego para pelo menos 10% da força trabalhadora de Moscou.

Financiar o projeto é o que mais preocupa as autoridades, mas, seja como for, boa parte do financiamento deve sair dos cofres do governo. Para tanto, pensa-se que o governo pode vender os escritórios que hoje ocupa no centro de Moscou, nos arredores da Praça Vermelha, onde está o Kremlin, com o objetivo de torná-los hotéis de três, quatro ou cinco estrelas.

O problema é que, segundo os especialistas, Moscou dispõe da pior infraestrutura entre as grandes cidades dos países do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China). De qualquer modo, a área de Rublyovo-Arkhangeskoye já oferece conexões com o centro de Moscou, embora o metrô moscovita seja muito antigo, se comparado, por exemplo, com o de São Paulo. É barulhento e extremamente abafado nos dias de verão. Além disso, precisa passar por reformas urgentes, já que, em muitas estações, as escadas rolantes não funcionam e as sinalizações em russo transformam o turista em barata tonta. Sem contar que, em algumas estações, as catracas são bem antigas.

Para se tornar uma capital turística com um centro financeiro internacional, Moscou precisa também domar a ânsia desenfreada por dinheiro de seus motoristas de táxi. Não há turista que não saia do aeroporto Domododevo com má impressão dos taxistas. Este articulista, em seu primeiro dia de Moscou, teve de pagar 500 rublos (30 reais) por uma corrida de menos de cinco minutos, que, no Brasil, não sairia por mais de 7 reais, da estação de metrô Yugo-Zapadnaya ao Hotel Astrus, na Leninskiy Prospect.

Pior ocorreu com um casal de franceses que se perdeu de seu grupo de viagem e ficou um bom tempo no aeroporto Domododevo sem saber o que fazer. Sem nenhum contato na cidade, sem reserva em hotel e sem falar uma palavra de russo, o casal passou pela pior experiência que Moscou pode oferecer: caiu nas mãos da máfia de taxistas.

Depois de 14 horas no aeroporto tentando obter informações, os franceses conseguiram dormir num hotel nas proximidades do Domododevo. Mas para levá-los do aeroporto ao hotel o taxista cobrou-lhes 5 mil rublos (321 reais). E, quando o francês recusou-se a pagar, teve de entrar em luta corporal com o taxista, o que lhe valeu escoriações e arranhões nos braços. A situação dos franceses só melhorou no dia seguinte quando eles conheceram, no balcão da Air Moldova, no aeroporto, o jornalista Olaf Koens, que fala francês. Koens contou a triste história do casal francês numa crônica publicada na edição de 15-18 de julho de 2011 do The Moscow News (pág. 15).

De qualquer modo, se os franceses soubessem falar pelo menos inglês, talvez tivessem tido melhor sorte. Tanto no aeroporto Domododevo como nas principais estações de trem de Moscou - são nove -, há postos de informação com atendentes que falam inglês. Basta dizer o destino a que se pretende ir para que a atendente informe antecipadamente o valor da viagem e chame um taxista autorizado. De preferência, deve-se pedir à atendente que escreva num papel o valor em rublos da viagem. Depois, é só exibi-lo ao taxista. É melhor tomar essa precaução porque pegar um táxi na rua é correr o risco de sofrer um constrangimento igual ao que passou o casal de franceses.

Até porque, em função de dificuldades financeiras, há muitas pessoas que usam o próprio automóvel como táxi. E não trabalham com taxímetro, cobrando de acordo com a cara do freguês. Em dias de calor, é comum ver-se taxistas trabalhando muito à vontade: de bermudas e chinelos. Muitos, inclusive, dispensam o uso do cinto de segurança. E, ao que parece, não correm riscos de sofrer multa por isso.

Olhando sob uma perspectiva macro para a Rússia pós-soviética, percebe-se que o país ainda carrega um pesado fardo histórico deixado pelo antigo regime - burocracia, corrupção e fragilidade das instituições, além de certa vulnerabilidade econômica. Além disso, há quem veja na era Putin-Medvedev um retrocesso em relação às reformas liberais empreendidas por Boris Yeltsin a partir de julho de 1991, quando o presidente assinou a lei de privatização de moradias, garantindo a propriedade àqueles que já moravam no mesmo apartamento desde os anos 70.

De início, houve uma explosão nos preços dos imóveis e muita especulação. Máfias atuaram nesse mercado, forçando muitos moradores desfavorecidos a deixar suas casas. Mas a situação hoje parece normalizada, ainda que os prédios de apartamentos residenciais de áreas mais próximas ao centro Moscou, que foram construídos dentro de áreas verdes, mostrem-se, na maioria, em situação crítica, exibindo janelas em condições precárias. Sem contar o espetáculo um tanto deprimente dos fios que passam de um prédio para outro.

Na época stalinista, os locais e prédios mais próximos do centro de Moscou eram os de maior prestígio e mais valorizados, mas hoje já não é assim. Casas que mais parecem pequenos castelos começaram a ser levantadas em locais mais distantes do centro, inclusive, em áreas próximas do aeroporto Domodedovo.

Hoje, quem manda na Rússia são alguns oligarcas-burocratas que se deram bem com as reformas de Yeltsin: dominam os negócios privados com o beneplácito do poder público. Há cada vez maior conexão entre a esfera dos negócios privados e a esfera política. Em outras palavras: há uma interpenetração cada vez mais intensa entre o capital e o Estado. Aqueles que usufruem desses negócios, geralmente, são os proprietários dos carrões modernos que se vêem estacionados nas avenidas do centro de Moscou. O partido Rússia Unida (Yedinaya Rossiya), que domina o Parlamento, tem apoiado algumas intervenções do Estado sobre a economia.

O que se discute hoje nas ruas é a iniciativa do primeiro-ministro Vladimir Putin, que foi presidente de 2000 a 2008, de articular a formação de um bloco de livre comércio entre Rússia, Belarus e Cazaquistão, que muitos já começam a chamar de "mini-União Soviética". Desde o dia 1º de julho, já não há maiores exigências alfandegárias nas fronteiras entre esses países: os cidadãos ainda têm de exibir seus passaportes, mas já não pagam taxas aduaneiras para passar com mercadorias.

Desde janeiro, trabalhadores e empresas de serviços podem atuar indiferentemente nos três países. Mas no Cazaquistão e em Belarus já surgiram protestos contra essa zona de livre comércio: os preços da gasolina são diferentes nos três países e começou a haver uma entrada excessiva de carros de segunda mão.

Há planos para a formação de uma União Econômica Euroasiática, que poderia começar a funcionar no início de 2013. Seria, na verdade, uma restauração do antigo espaço soviético, mas dentro de moldes capitalistas. Não está em discussão a restauração da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), mas maior inter-relação entre as nações do antigo bloco.

O Cazaquistão, por exemplo, dispõe de três milhões de metros cúbicos de reservas de gás, a que a Rússia poderia ter maior acesso, desde que desse uma contrapartida, permitindo que os empresários daquele país colocassem seus produtos no seu mercado interno. Como o país tem crescido nos últimos anos, a popularidade de Putin continua em alta e não será difícil que venha a suceder Medvedev na presidência. Nesse caso, a formação desse bloco estaria assegurada.

Fonte: Pravda

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quinta-feira, 14 de julho de 2011

Líder da oposição russa critica Putin e Medvedev

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Um dia depois de ser julgado por insubordinação a autoridade policial e participação em protesto não autorizado o Estratégia-31, que exige o cumprimento do artigo da Constituição que garante a liberdade de reunião na Rússia o ex-vice-premiê e líder da oposição Boris Nemtsov recebeu do Ministério da Justiça russo uma negativa de registro de seu novo Partido da Liberdade do Povo (PLP).

A decisão praticamente anula as chances do PLP de participar das eleições parlamentares de dezembro deste ano. Procurado pela Folha, o Ministério da Justiça da Federação Russa afirmou que não vai se pronunciar sobre o assunto. "Todo comentário sobre o caso está no site do Ministério", afirmou a assessoria do órgão.

Não temeroso, porém, três dias depois Nemtsov liderava uma nova demonstração autorizada, na Praça Púchkin, em Moscou, para exigir a diversidade de partidos no país. Dessa vez, saiu ileso.

Assim como Garry Kasparov, o descendente de judeus Nemtsov conta com as detenções a seu próprio favor, como denúncia de um sistema arbitrário e autoritário contra o qual luta. A diferença entre ele e o enxadrista exilado, entretanto, está na proximidade constante com a população.

Nemtsov falou à Folha em entrevista exclusiva após a negativa de registro do partido. Leia a entrevista na ítegra:

FOLHA - O Ministério da Justiça alegou haver "almas mortas" registradas no PLP. Você pode comentar a negativa dada ao registro do partido?

BORIS NEMTSOV - Infelizmente aqui não se registra a oposição e não se permite que ela vá às eleições. Eleições sem oposição não são eleições, são uma farsa, uma manipulação. Essas eleições não são legítimas. O poder, na verdade, demonstra covardia, ele tem medo. O Brasil é um exemplo de democracia, porque a oposição de vocês participa das eleições, enquanto aqui não. Aliás um dos motivos porque há problemas econômicos mais duros na Rússia, é porque os nossos regimes municipais roubam do orçamento bilhões. Enquanto de vocês roubam objetos, de nós roubam o orçamento e o petróleo. Você vê a diferença?

Mas no Brasil também há muita corrupção...

Na América Latina há muita corrupção, com exceção do Chile, mas também o que eu vejo é que a democracia, a concorrência política, a liberdade de imprensa são coisas que existem no Brasil e essas são premissas importantes na luta contra a corrupção, porque se você roubou, então vão te prender, ou pelo menos escrever sobre o assunto, enquanto aqui se você roubar nem escrever sobre o assunto não vão. O fato de haver democracia no Brasil dá esperanças de que esse tipo de problema seja resolvido.

Mas na Rússia aumenta o número de pessoas que escrevem com liberdade na internet, como por exemplo Serguêi Naválni, que trava uma guerra contra a corrupção no Live Journal. O que você acha desses ativistas na internet?

Eu acho ótimo. O Naválni é nosso aliado, nós o conhecemos há tempos e fazemos exatamente o mesmo trabalho. Eu escrevi o relatório "Putin e a corrupção", onde há a exposição dele do tema. O que acontece é que a corrupção na Rússia não é um problema, mas um sistema. No Brasil é um problema, aqui é um sistema. Nosso poder está fundamentado nisso, ou seja, alguém pega uma propina, passa para o chefe imediatamente acima, e assim por diante. E esse sistema é podre, ele por metástase paralisou todo o país e o mata. Por isso o trabalho que o Naválni faz, o que se faz na internet é muito bom. Isso traz esperanças de que possamos seguir em frente.

Muitas pessoas, entretanto, ainda não querem participar das eleições no país...

As pessoas, em primeiro lugar, não acreditam que as eleições sejam limpas, e acham que nada depende delas. O próprio poder constantemente provoca as pessoas para que elas se sentem em silêncio e calem a boca. Ou seja, "nós decidimos por vocês, e vocês se sentem em silêncio". Isso é horrível, as pessoas são estimuladas à passividade, é isso que acontece.

A imprensa russa tem discutido bastante quem será o candidato do Rússia Unida, Putin ou Medvedev. Isso pode ser um jogo para desviar a atenção da oposição?

Essas eleições estão muito degeneradas, há uma ausência de opção. Eu acredito que se as eleições fossem livres, viríamos pessoas mais expressivas. Mas o regime liquidou a oposição e não dá chance a ninguém de se revelar. Assim que aparece alguém mais notável, como Naválni, ou eu, ou etc. também se tenta ofuscá-lo. Na verdade, a Rússia é muito mais brilhante e multiforme que apenas Putin e Medvedev. Putin e Medvedev são o vexame da Rússia, uma escolha ruim porque é a escolha entre um totalitário e outro um deles, um pouco mais jovem, mas que em quase nada se diferencia do outro.

Mas Medvedev fala muito sobre a guerra contra a corrupção...

O Medvedev fala demais sobre tudo, mas faz pouco. Ele é para a gente um blogger, um articulista, mas não um presidente. Há três anos ele guarda lugar no Kremlin, mas não se tornou presidente, e isso é uma tragédia. Por isso, é preciso não levar muito a sério as palavras dele. Fala não sei o quê, e depois não acontece nada.

Na política externa, o governo tem apoiado regimes como o sírio, o líbio...

Falta-nos uma política externa, que hoje é eclética na Rússia: por um lado apoia a Síria, por outro tenta fazer amizade com Israel, votou neutro quanto à Líbia, depois o Putin diz que é preciso apoiar o Gadaffi... Eles têm uma confusão mental, uma turbulência. A falta de uma doutrina é uma tragédia, porque no espaço soviético, a política se acostumou com o fato de que ao redor de si os outros tinham virado inimigos. Por exemplo, o Brasil tem lá seus problemas com a Argentina, com o Peru, mas todo mundo entende que com os vizinhos é preciso fazer amizade, de alguma maneira. Vocês têm lá a loucura da Venezuela e do Chávez, mas de qualquer maneira é preciso coexistir. Aqui todos se afastaram, todo mundo a nossa volta é inimigo: a Geórgia é inimiga, Ucrânia, Belarus, Ásia Central, os bálticos... Isso é um absurdo. Não se pode viver quando se está rodeado de inimigos, mas eles sofrem da síndrome do império, são agressivos, e por isso as pessoas se afastam deles.

Como você considera os 20 anos de desenvolvimento da Rússia após a queda da União Soviética?

Penoso. O pior de tudo é que, nesses 20 anos, as pessoas foram despojadas de novo das leis de liberdade civil. Ou seja, as pessoas não têm liberdade política. O poder é o grupo de Putin, e Putin quer conduzir o Estado eternamente. O fato de ele querer isso eternamente é uma catástrofe.

O papel do Exército no país deveria estar mais desligado da política?

O Exército é muito arcaico, ficou para trás, e não pode desempenhar suas funções. É preciso ter um Exército profissional terceirizado, é preciso diminuir a corrupção. O Exército tem hoje um orçamento de US$ 40 bilhões, mas a maior parte é desviada, por isso o equipamento russo é muito ruim. E a Rússia tem muitos problemas, no Cáucaso, na Ásia Central, na China e assim por diante.

Qual poderia ser a solução no Cáucaso do Norte?

Eu acredito que seja um erro estabelecer um quartel-general num clã corrompido. O Cáucaso já está de fato separado da Rússia, lá agem separatistas, e devido a isso pagamos uma soma imensa de dinheiro. Eu acho que nós devemos instituir a Constituição no Cáucaso, a qual falta lá. Lá se vive pela Sharia, a lei islâmica. É preciso que a constituição seja a russa.

Então você acredita que o Cáucaso não merece independência, que ele deve se manter como república russa?

Eu acredito que isso seria perigoso. O Cáucaso é a nossa Palestina. Se você construir um cercado entre a Rússia e o Cáucaso, vai ser como um cercado entre a faixa de Gaza e Israel. As consequências desse cercado são ruins, por isso um segundo erro é desnecessário.

Fonte: Folha
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segunda-feira, 16 de maio de 2011

Medvedev pede à Otan que crie escudo antimísseis russo-europeu

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O presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, enviou neste sábado uma mensagem à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) pedindo a criação de um escudo antimísseis europeu em estreita cooperação com a Rússia, informou o Kremlin em comunicado. “O sistema antimísseis europeu só poderá ser eficaz e viável de verdade caso a Rússia participe de um plano de igualdade”, diz a carta enviada por Medvedev ao Conselho Otan-Rússia.

O líder russo ressalta a “necessidade de garantir de maneira segura que o desdobramento do potencial antimísseis na Europa não altere o equilíbrio estratégico e não seja dirigido contra alguma das partes”. O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas russo, o general Andrei Makarov, pediu recentemente à Aliança Atlântica garantias jurídicas de que o sistema antimísseis da Otan não irá minar o potencial estratégico russo.

Por sua vez, Medvedev “corroborou o anunciado (na cúpula Otan-Rússia de 20 de novembro passado) em Lisboa sobre a disposição da Rússia de assumir a responsabilidade sobre a manutenção da estabilidade e segurança estratégica, inclusive a formação de um sistema antimísseis conjunto na Europa”, indica a mensagem.

A Rússia criticou nas últimas semanas tanto a Otan quanto os Estados Unidos por manterem os planos de criação de um sistema antimísseis continental sem ainda ter respondido à proposta lançada em Lisboa por Medvedev. Na ocasião, o chefe do Kremlin propôs aos países aliados um sistema antimísseis conjunto, no qual a Rússia se encarregaria do flanco norte continental. Medvedev advertiu que, se não houver acordo em matéria antimísseis, o mundo poderá testemunhar uma nova corrida armamentista, similar à protagonizada por Moscou e Washington durante a Guerra Fria.

O embaixador russo na Otan, Dmitri Rogozin, se mostrou na mesma linha. “O sistema antimísseis na Europa é possível ou com a Rússia ou contra a Rússia. Não há outra possibilidade”.

Fonte: EFE
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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

França e Alemanha buscam cooperação com Rússia

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O presidente francês, Nicolas Sarkozy, e a chanceler alemã, Angela Merkel, reuniram-se hoje com o presidente russo, Dmitri Medvedev, para tentar convencê-lo de que os três países compartilham os mesmos riscos e ameaças e que têm muito a ganhar se cooperarem.

"Nosso encontro tem como principal objetivo reforçar as bases de confiança com a Rússia", destacou Merkel em uma declaração à imprensa junto a Sarkozy, pouco antes dos dois receberem Medvedev para um jantar em um restaurante da localidade francesa de Deauville, no litoral de Normandia.

A chanceler assegurou que "desde o fim da Guerra Fria, a Rússia é um parceiro estratégico da Europa" e que "há muitas convergências na análise das grandes ameaças" e, por isso, os dois países podem "estabelecer uma cooperação extremamente útil".

"Se desenvolvemos a confiança entre nós, poderemos desenvolver juntos esta estratégia para enfrentar as ameaças, pois estamos no mesmo barco", afirmou a chefe do Governo do principal parceiro comercial da Rússia no Ocidente.

Sarkozy reiterou que "a palavra chave é confiança": "A Guerra Fria terminou. O Pacto de Varsóvia está acabado. A União Soviética é passado. E, portanto, os russos são nossos amigos" e "temos muito que construir juntos", ressaltou.

O presidente francês afirmou que a história do século XX, "feita de guerras e enfrentamentos", gerou muitas suspeitas entre a Rússia e o Ocidente, mas destacou que a situação mudou e que "os riscos e as ameaças que afligem a Rússia, a Alemanha e a França são os mesmos".

O encontro de hoje em Deauville terá continuidade amanhã, com uma nova reunião durante a manhã, que contará ainda com as delegações dos três países.

Eles discutirão sobre temos que voltarão a ser abordados na cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), em 17 e 18 de novembro, da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), em 1º e 2 de dezembro, e na cúpula entre União Européia (UE) e Rússia, em 7 de dezembro.

Os organizadores franceses ressaltaram que neste encontro não serão tomadas decisões e que, portanto, não há vontade de impor nada aos que não puderam ser convidados.

Segundo o Palácio do Eliseu, de Deauville é preciso esperar, sobretudo, "uma chuva de ideias" para tentar acabar com as dúvidas que os russos ou os europeus podem ter em relação às intenções da outra parte e tentar uma associação de suas respectivas estratégias de segurança.

Neste ponto, o principal empecilho é o projeto da Otan de um escudo antimíssil, o qual Moscou é contra.

A posição da França e da Alemanha é de que a Rússia deveria apoiar o escudo antimísseis, pois visa a combater a ameaça que o Irã representa por sua política armamentista e de proliferação nuclear.

Sarkozy quer superar esses obstáculos com sua ideia de constituir "um espaço econômico, humano e de segurança entre Rússia e a União Europeia", o que necessitaria que Moscou passasse a considerar a UE, e não apenas seus Estados-membros isoladamente, como um ator de negociação.

Um primeiro passo para isso seria liberar os cidadãos russos de visto para entrar no espaço Schengen.

Fonte: EFE
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