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sábado, 16 de maio de 2020

Completando 42 anos, Esquadrão HA-1 "Lince" mantém suas garras afiadas

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Nesta sexta-feira (15), foi um dia especial para Força Aeronaval, marcando os 42 anos da criação de um dos mais emblemáticos esquadrões da Aviação Naval brasileira, O 1º Esquadrão de Helicópteros de Esclarecimento e Ataque, nosso Esqd HA-1 “Lince”.


Tudo começou em 15 de maio de 1978, com a assinatura do Decreto Presidencial Nº 81.660, que criou o Primeiro Esquadrão de Helicópteros de Esclarecimento e Ataque Anti-Submarino, essa nova Organização Militar (OM) incorporava a nossa Aviação Naval um dos mais modernos e versáteis helicópteros de ataque e emprego naval do mundo, o Westland Sea Lynx Mk-21, designados SAH-11 pela Marinha do Brasil, tendo como missão prover os meios aéreos integrantes do sistema de armas das Fragatas Classe Niterói, a fim de ampliar as capacidades dos sensores de bordo, bem como oferecer maior capacidade de reação do navio, representando um salto para as Forças Navais e Aeronavais brasileiras.

O EsqdHA-1 “Lince” foi ativado no ano seguinte, para ser mais exato, no dia 17 de janeiro de 1979, contando com nove aeronaves SAH-11 “Lynx”, as quais rapidamente apresentaram um alto grau de flexibilidade, atendendo perfeitamente as atribuições que cabiam ao Esquadrão, confirmando as grandes qualidades desta aeronave. O “Lynx” representou uma grande evolução nas capacidades operativas da Marinha do Brasil, ampliando a capacidade de esclarecimento e ataque além do horizonte radar, sendo capaz de operar sob condições meteorológicas adversas, tanto de dia, quanto a noite.  Sendo pioneiro na dotação de misseis ar-superfície, realizando com êxito o primeiro lançamento desse armamento contra um alvo.

O “Lynx” se mostrou um meio ofensivo fundamental ao componente aéreo nas ações de superfície, resultando na decisão de atualizá-lo e ampliar suas capacidades, assim, em 1995 as cinco aeronaves SAH-11 (Mk21) remanescentes das nove do lote inicial, foram enviadas para o fabricante afim de passar pelo programa de modernização que elevou estas a versão “Super Lynx” Mk-21A. Essas cinco células totalmente repotencializadas e modernizadas, se somaram ao novo lote composto por nove exemplares novos desta fantástica aeronave, a qual passou a receber a designação AH-11A “Super Lynx”. Dessa forma o Esquadrão HA-1 passou a contar com estas novas aeronaves nos idos de 1995.


Em virtude da aquisição de novos navios e da flexibilidade que o Lynx demonstrou em operação, o Esquadrão HA-1 recebeu em 20 de agosto de 1997, mediante a Portaria Ministerial Nº 241, sua missão foi ampliada, abrangendo todos os meios de superfície da Esquadra. Sua designação foi alterada para 1º Esquadrão de Helicópteros de Esclarecimento e Ataque (HA-1), permanecendo assim até os dias atuais.

Dentre as capacidades do EsqdHA-1, cabe as missões de esclarecimento e ataque a alvos de superfície (ASuW), empregando o Míssil anti-navio Sea Skua, além de ser capaz de lançar ataques vetorados a alvos submarinos (ASW), este empregando como armamentos torpedos e cargas de profundidade. Porém, o “Super Lynx” entrega uma versatilidade que permite seu emprego em diversos cenários e missões embarcados.

Em 2008, o EsqdHA-1 viu a importante dotação de suas aeronaves AH-11 com sistema estabilizado multi-sensor de vigilância “FLIR” (Equipamento de Observação Infravermelho) SEA STAR SAFIRE III, como parte do programa de modernização da frota dos AH-11A, o que proporcionou aos seus “Linces” enxergarem além do alcance, tornando sua missão esclarecedora mais eficiente e segura, mantendo sua aeronave fora do alcance de armas defensivas, sendo um sensor passivo que permite a identificação noturna de contatos, ampliando assim a capacidade e versatilidade.

Em 2011, diante da participação deste Esquadrão na Força Tarefa Marítima da UNIFIL, foram adquiridas as metralhadoras laterais 12,7MM (.50) M3M fornecidas pela FN Herstal, contribuindo para a realização de operações de interdição marítima, peculiares ao mandato dessa Força, adicionando-se ainda, por doutrina, o combate à pirataria e ao terrorismo, operações de retomada e resgate (C-SAR) e a defesa de ponto dos meios de superfície contra ameaças assimétricas.


Mantendo-se na vanguarda tecnológica em sua capacidade de esclarecimento em ataque, em 3 de julho de 2014, foi firmado um contrato com a Leonardo Helicopters (antiga Agusta/Westland) visando um extenso programa de modernização, o qual engloba oito aeronaves AH-11A, as quais receberão uma nova e moderna aviônica, que traz um novo painel, full glass cockpit, totalmente compatível com emprego de Óculos de Visão Noturna (OVN), dentre o conjunto de aviônicos, o novo “Lince” incorpora um processador tático, sistema de navegação baseado em satélite, TCAS, sistema de pouso por instrumento, RWR/ESM integrados, sistemas de contra-medidas (Chaff/Flare) e um novo guincho de resgate (Hoist), acionado eletricamente, além de ter substituídos os atuais motores pelo novo LHTEC CTS800-4N, elevando estas células para o padrão AH-11B “Wild Linx”. O programa encontra-se em andamento e já contamos com três aeronaves AH-11B “Wild Lynx” incorporadas ao setor operativo, inclusive o GBN Defense já flagrou a movimentação de uma das aeronaves AH-11B pertencente ao EsqdHA-1 "Lince", o exemplar em questão, matrícula N-4001, recentemente modernizada, realizando um voo de adestramento.


É com grande orgulho que nós do GBN Defense parabenizamos aos nossos “Linces” pelos quarenta e dois anos de conquistas e excelentes serviços prestados a nossa Pátria. Onde durante nossa participação da Aspirantex 2020, foi possível admirar esta fantástica aeronave em seu pouso no convoo da PHM Atlântico, e posteriormente visitá-la e a sua tripulação a bordo da Fragata “União” durante nossa escala em Salvador. Feliz Aniversário Esquadrão HA-1 “Lince, parabéns a todos os bravos Linces, um forte e fraterno abraço ao seu Comandante, Capitão-de-Fragata, Luiz Marcelo Dias de Oliveira. Que venham muitos anos de valorosas conquistas, sempre mantendo vivo o lema: “Invenire Hostem et Delere” – Encontrar o inimigo e destruí-lo.

No Ar os Homens do Mar

Viva à Marinha Invicta de Tamandaré.


Por: Angelo Nicolaci


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quinta-feira, 23 de abril de 2020

GRUMEC - A sorte acompanha os audazes!

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A tripulação está tensa no passadiço, atentos aos contatos no radar, quando uma mensagem irrompe o silêncio da fonia de rádio do cargueiro, o qual leva uma carga de petróleo contrabandeado de um país sul-americano. A tripulação fica ainda mais nervosa diante do questionamento de sua identificação, intenções e rumo, passando a adotar uma abrupta guinada no curso afim de estabelecer uma tentativa de fuga. Do outro lado da fonia, um oficial da Marinha do Brasil repete o alerta ao navio pirata, sem respostas cabe ao Grupo Tarefa brasileiro adotar uma postura mais enérgica. Após uma breve avaliação das informações obtidas e uma análise de riscos, o Comandante do Grupo Tarefa diante do cenário, decide pelo emprego do destacamento de abordagem, dada a distância e nível de risco envolvido neste tipo de abordagem, com objetivo de tomar o controle do navio “pirata” que está a algumas milhas de distância do GT brasileiro que realizava exercícios, e garantir assim a segurança e soberania na costa Nordeste do Brasil.

Poucos minutos após ser acionados, os operadores do Grupamento de Mergulhadores de Combate (GruMeC) já estão equipados e realizando o briefing da missão, no convoo um helicóptero UH-15 “Pégasus” do EsqdHU-2 já está   acionado e pronto para receber e conduzir a força de elite brasileira e seguir a ordem para decolar do PHM “Atlântico”  rumo a "ameaça", locaizado a cerca de 35 milhas de distância. No COC (Centro de Operações de Combate) a equipe monitora a tentativa de fuga do navio “pirata” que ruma ilegalmente em águas jurisdicionais brasileiras. Todos à bordo, tudo pronto e checado, o “Pégasus” decola para mais uma missão de infiltração do GRUMEC.



O cenário acima descrito é fictício, mas serve para ilustrar o exercício de tomada do controle do navio pela equipe MeC que participou da ASPIRANTEX 2020, embarcados no PHM “Atlântico”, a equipe de oito militares altamente qualificados nas mais diversas missões, estão sempre prontos para atender as mais diversas missões, nos mais complexos cenários de emprego que demande equipes qualificadas em operações especiais no mar ou em terra.

Durante a edição 2020 da ASPIRANTEX, o Destacamento de Abordagem do GruMeC realizou uma demonstração para os Aspirantes embarcados no NDM Bahia e posteriormente no PHM Atlântico, onde realizaram a simulação de uma operação de retomada do controle do navio, utilizando a técnica de Fast Hope para realizar infiltração por meio aéreo, com emprego da aeronave UH-15 “Pégasus” que compõe parte do Destacamento Aéreo Embarcado (DAE) no PHM Atlântico. Nesta situação, por se tratar de uma demonstração aos aspirantes, fora empregado apenas um meio para infiltração da equipe MeC, quando em situação normal de adestramento ou emprego real, são comumente empregados sempre dois elementos, podendo ser constituídos por duas lanchas, ou dois helicópteros ou ainda uma lancha e um helicóptero, dependendo do cenário, como parte da doutrina que prevê que um elemento realize a cobertura da equipe, geralmente um sniper, que dá cobertura de fogo e fornece informações a equipe na ação.



A constituição de uma equipe de Mergulhadores de Combate pode variar de acordo com a missão a ser desenvolvida, empregando um contingente que pode variar, sendo a sua dotação básica de oito operadores para missão de patrulha, mas pode ser constituída por mais militares de acordo com a complexidade e demanda para o cumprimento da missão.

O sincronismo e a sinergia entre os membros da equipe MeC é algo marcante e essencial para o sucesso da operação, com utilização de técnicas próprias à progressão dentro do teatro de operações, garantido um rápido e seguro avanço dentro do navio ou instalações alvo, rumo aos objetivos previamente estabelecidos no Briefing, sendo em uma ação comum de retomada do navio, a casa de máquinas e o passadiço objetivos primários, garantindo o controle do navio em uma missão típica. Conforme é possível notar durante a demonstração realizada a bordo do PHM “Atlântico”, todos os movimentos são coordenados, mantendo sempre os membros da equipe cobertos avante e a ré da formação, mantendo uma pronta resposta a qualquer ameaça que venha a surgir durante a progressão.



Após realizar a tomada do navio, a equipe reporta ao navio “mãe” que a situação está sob controle, para só então ser enviada uma “equipe de presa” que irá guarnecer o navio até o porto mais próximo para que sejam entregues as autoridades em terra dando prosseguimento aos processos legais.


Como surgiu o GRUMEC?

Tudo começou há 56 anos atrás, quando nos idos de 1964, a Marinha do Brasil enviou quatro militares, sendo dois oficiais e dois praças, para realizar o curso UDT-SEAL (Equipes de Demolição Subaquática que surgiram nos idos da 2ªGuerra Mundial, que tinham por missão realizar a limpeza da praia antes do desembarque das tropas anfíbias, estes operavam desarmados e plantavam explosivos para destruir obstáculos que dificultassem as operações anfíbias, foram os precursores dos SEALS como os conhecemos hoje, os quais ganharam forma após o presidente Kennedy, determinar que o UDT recebesse treinamento para operar armado e tivesse condições de contrapor posições inimigas e levar a cabo um variado leque de operações especiais nos meados da década de 60, dando origem ao curso UDT-SEAL) com a US Navy nos EUA.



No início da década de 1970, foi criada a Divisão de Mergulhadores de Combate na Base Almirante Castro e Silva, fruto direto da experiência adquirida pela qualificação dos primeiros quatro militares da Marinha do Brasil no UDT-SEAL norte americano. A nova unidade, tinha como finalidade dar suporte às operações anfíbias, apoiando as manobras de desembarque de tropas na praia levadas a cabo pela Marinha do Brasil. No ano seguinte a criação da unidade, em 1971, a Marinha do Brasil visando a maior qualificação de seus homens e obter um maior ganho em capacidade operativa dessa nova e importante unidade, enviou dois oficiais e três praças para realizar o curso de “Nageurs de Combat” (Nadador de Combate), também conhecido como “Plogeurs de Combat” (Mergulhador de Combate) na Marine Nationale francesa.

Nesta nova qualificação, a nova unidade de elite brasileira ganhou importantes conhecimentos que somavam ao foco combativo do UDT-SEAL norte americano, a doutrina de operações de resgate, trabalho subaquático que envolvem a capacidade de realizar reparos submarinos, o adestramento para realizar a remoção de minas, somando as qualificações de combate similares as obtidas nos EUA, recebendo importante qualificação em operações de assalto anfíbio, sendo capaz de se infiltrar no território inimigo pela costa, além de realizar operações de sabotagem, que inclui a implantação de minas e explosivos em instalações e meios inimigos, além da eliminação de alvos estratégicos e ou operações de resgate, causando no inimigo não apenas baixas materiais, afetando sua capacidade operativa, como também minando o moral inimigo atingindo o psicológico das tropas inimigas. Por fim os Mergulhadores de Combate foram qualificados para missões de reconhecimento da costa ou exploração em profundidade no território de interesse clandestinamente.



No ano de 1974 foi criado o primeiro Curso Especial de Mergulhador de Combate pelo atual Centro de Instrução e Adestramento Almirante Átilla Monteiro Aché (CIAMA), o qual mesclava as técnicas do curso francês, com as técnicas do curso norte-americano, unindo duas doutrinas distintas que deram forma a doutrina brasileira do emprego de Mergulhadores de Combate.

Naqueles idos o mundo estava imerso na “Guerra Fria”, onde as guerras de procuração ganhavam força e surgiam novas ameaças assimétricas, as quais ganhavam forma com a ascensão da guerra irregular, manifestada em diferentes conflitos assimétricos travados em decorrência da Guerra Fria.



Diante dos inúmeros desafios e a crescente demanda por parte da Esquadra e dos Distritos Navais, no ano de 1983, a Divisão de Mergulhadores de Combate foi transformada em Grupo de Mergulhadores de Combate, passando a ser subordinada diretamente ao Comando da Força de Submarinos, sendo em 1997 finalmente transformado em Grupamento.

A sorte acompanha os audazes! “Fortuna Audaces Sequitur”, esse é o lema dos Mergulhadores de Combate da Marinha do Brasil, nosso GRUMEC!!!

Em breve o GBN Defense irá realizar uma matéria especial com GruMeC e trazer ao nosso público um pouco mais sobre estes bravos guerreiros anônimos.




Por Angelo Nicolaci - Jornalista, editor do GBN News, graduando em Relações Internacionais pela UCAM, especialista em geopolítica do oriente médio, leste europeu e América Latina, especialista em assuntos de defesa e segurança.

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domingo, 22 de março de 2020

Brasil contra o Coronavírus - Dados atualizados: Fatos e Mitos

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DADOS COLHIDOS NO DIA 22/03 ÀS 18H -

Como é de conhecimento geral, o “Novo Coronavírus” (mais tecnicamente SARS-CoV-2) e a doença causada por ele, a COVID 19, que para efeitos de simplicidade vamos chamar de covid-19, estão afetando o mundo inteiro numa pandemia de proporções que lembram a gripe espanhola de um século atrás.

Assim como nos assuntos militares, aparece todo tipo de informações, com fatos e mitos se misturando e causando grande confusão e angústia nas pessoas, com cenas lamentáveis de pessoas se agredindo em mercados e farmácias.

Como prezamos pelos fatos, além de um artigo sobre cuidados com a doença (Coronavírus (COVID-19) chega ao Brasil - Confira como se prevenir), resolvemos fazer uma pequena análise matemática sobre a evolução dos casos no Brasil, comparando os dados com os da China (país de origem da doença e que, aparentemente, já superou o primeiro surto) e a Itália (que ganhou uma triste notoriedade com os elevados números de casos).

Os dados serão apresentados em forma de gráficos, e as conclusões vão logo em seguida.

Mas, para diminuir a ansiedade, informamos desde já que o avanço da epidemia no Brasil não segue a tendência italiana, ou seja, é improvável termos aqui o caos que se abateu sobre a querida Itália.

Ademais, a própria China, com quase 7 vezes a população do Brasil, teve menos de 90 mil pessoas infectadas até o momento, e é improvável que tenhamos tantos casos por aqui.

Ou seja, nada de pânico, e nada de achar que teremos milhões de casos por aqui!


METODOLOGIA

Como os três países são obviamente diferentes em quase tudo, resolvemos fazer a comparação igualando várias coisas.

A primeira é o tempo - nos três países, avaliaremos os primeiros 30 dias com dados disponíveis, que apresentem mínima variação entre fontes. Como em qualquer doença nova, é neste período que apresentam-se as maiores variações, inclusive de metodologias dos serviços de saúde em relação a diagnóstico e tratamento, o que explica os vários ‘altos e baixos’ dos gráficos. Falaremos disso com mais detalhes depois.

O segundo ponto é a normalização dos dados. Os números de casos foram divididos pelas populações dos países, depois multiplicados por 100 mil. Com isso, a diferença de população entre os países é eliminada. Isso é feito porque, por exemplo, mil casos em São Paulo tem um impacto muito menor do que mil casos em uma cidade do interior.

O terceiro ponto é a escala dos dados é logarítmica, outra forma de corrigir as distorções. O caso da Itália é tão grave que seus dados normalizados ficam numa escala muito alta, fazendo os dados de Brasil e China quase desaparecerem. Com a escala logarítmica, a distorção italiana diminui muito de importância, e é mais fácil visualizar os dados

Outro ponto importante é que o Brasil apresentou a doença muito depois daqueles países, e foi mais rápido (em termos de casos absolutos) ao implementar medidas de quarentena - China começou em 23/01 (2 meses, 830 casos, 25 mortes - com ressalvas que serão discutidas mais adiante), Brasil começou já  em 12/03 (11 dias, 77 casos, nenhuma morte; a primeira morte foi em 17/03), e a Itália somente em 09/03 (19 dias, 9.172 casos, 463 mortes). Embora a quarentena brasileira seja, até o momento, mais branda que a italiana e muito mais branda que a chinesa, Estados e Municípios já adotaram medidas mais assertivas, inclusive com o cancelamento de aulas.

Os efeitos das quarentenas chinesa e italiana começaram a aparecer, timidamente, 5 dias depois do começo. Isso se deve ao fato que o vírus leva, em média, em torno de 14 dias para manifestar os sintomas, mas já aos 7 dias é transmissível. Espera-se que, após 20 dias, os efeitos da quarentena já sejam mais perceptíveis.

Uma última observação - há divergências de dados entre as várias fontes, às vezes até mesmo dentro do mesmo país. Os dados usados para nossa análise foram retirados do site https://www.worldometers.info/coronavirus/. É um site excelente e muito interativo, mas está todo em inglês, o que pode ser um impedimento para muitas pessoas.

GRÁFICO



Gráfico 1: novos casos de covid-19 no Brasil (círculos azuis), China (quadrados vermelhos) e Itália (triângulos amarelos); dados normalizados para 100 mil habitantes e em escala logarítmica. Percebe-se que o Brasil está muito mais próximo da China que da Itália neste sentido.


Nesse gráfico, a China implementou medidas de quarentena no 8º dia, e percebe-se uma tendência de queda até o 25º dia, com um novo salto entre o 25º e o 26º dia; falaremos disso mais adiante.

Brasil e Itália apresentam menos pontos de dados porque a doença está no 31º dia na Itália e no 21º dia no Brasil.

Um lembrete - cada unidade na escala vertical, devido à escala logarítmica, representa um aumento de 10 vezes; como exemplo, no dia 11 o valor aproximado é de 0,01 no Brasil, 0,05 na China (4 vezes maior) e 0,94 na Itália (94 vezes maior).


Gráfico 2: total de casos de covid-19 no Brasil (círculos azuis), China (quadrados vermelhos) e Itália (triângulos amarelos); dados normalizados para 100 mil habitantes e em escala logarítmica. Percebe-se que o Brasil está muito mais próximo da China que da Itália neste sentido.

Como a China foi o primeiro país com a doença, já estão numa fase de equilíbrio epidemiológico, ou seja, a doença já faz parte do normal do país, não mais um surto, e o número de casos praticamente não aumentou, o que é consequência da queda contínua de novos casos, conforme o Gráfico 1. Embora sutil, há uma variação no gráfico chinês, também entre os dias 25 e 26. Falaremos disso mais adiante.

Percebe-se, novamente, que o Brasil está mais próximo da China que da Itália. Vale novamente o lembrete da escala logarítmica. Por exemplo, aos 20 dias, Brasil apresenta um valor normalizado de 0,56, China de 1,70 (3 vezes maior) e Itália de 16,83 (30 vezes maior).

RESSALVAS

A primeira ressalva é que a covid-19 apresenta um grande número de portadores assintomáticos, ou seja, pessoas infectadas mas que não apresentam sintomas. Dessa forma, só é possível saber com um nível razoável de certeza se a pessoa está infectada com exames laboratoriais. Como é impossível testar toda a população, e várias vezes ao longo do tempo para complicar ainda mais, em todos os lugares do mundo há uma subnotificação, ou seja, o número real de casos é maior do que os relatados. O Brasil, por exemplo, só faz os testes confirmatórios em casos moderados a graves, enquanto que a recomendação da OMS (Organização Mundial de Saúde) é que todos os casos suspeitos sejam testados, o que tem sido impossível devido à pouca disponibilidade de kits para testes.

A disponibilidade de kits pode levar a protocolos diferentes protocolos de exames, e o Brasil tinha poucos kits no início da epidemia, realizando testes apenas nos casos mais graves. Entretanto, como o Brasil adquiriu uma grande quantidade de kits em 21/03, e espera-se que estejam distribuídos até 29/03. Isso deve mudar os dados brasileiros.

A segunda ressalva é que os protocolos podem mudar ao longo do tempo, seja pela disponibilidade de kits, seja porque os serviços de saúde mudam os protocolos de teste ao longo do tempo, com diferenças potencialmente grandes nos resultados. A China fez isso, e comentaremos mais adiante.

A terceira ressalva se aplica principalmente à China. Há relatos de que o surto de covid-19, na verdade, começou em novembro, mas o regime chinês só divulgou a situação a partir de janeiro. Ainda assim, os dados divulgados pelo governo central parecem não ter sido os reais, e a mudança de protocolo de teste entre os dias 25 e 26 da análise acima (9 e 10/02/2020) levou a um aumento enorme dos casos relatados (40.171 casos no dia 9 para 48.315 no dia 10), um aumento de 20% nos casos, depois de o aumento dos casos estar em queda. O aumento já tinha atingido um patamar de aumento na ordem de 8-11%.

SITUAÇÃO BRASILEIRA

A mídia relata, incessantemente, a situação ao redor do mundo, e percebe-se um grande nível de incertezas, e de acertos e erros pelos países. Em relação ao Brasil, é inegável que houve muitos acertos, mas também que houve muitos erros.

O primeiro erro do Brasil é a ausência de um plano de contingência para tais casos, o que já foi observado no derramamento de óleo no litoral brasileiro em 2019. Sem um plano unificado de contingência, há uma discrepância nas ações tomadas nos Estados e Municípios, o que pode complicar o combate à epidemia. Isso se estende também à postura pública dos governantes, que muitas vezes apresentam falas e atitudes contraditórias.

O segundo erro do Brasil, e isso é mais questionável, foi a demora em implementar medidas restritivas em relação a viagens internacionais e fronteiras. Seja devido a questões legais, seja por outros motivos, o Brasil demorou muito para implementar medidas de maior vigilância nas viagens e fronteiras. Como a doença se originou na China, e depois se espalhou para outros países, restrições a viagens internacionais poderiam ter tido um impacto significativo na contenção da doença. Vale ressaltar, porém, que há divergências entre os especialistas no impacto de tais medidas.

O terceiro erro no Brasil é a demora na implementação de medidas mais severas de quarentena e distanciamento social. Tais medidas, aparentemente, tem um impacto bastante pronunciado na disseminação da doença, mas também há divergências entre os especialistas em relação aos resultados.

Mas não são só observações negativas.

O repatriamento de brasileiros que estavam presos na China quando do início da quarentena naquele país, Operação "Regresso à Pátria Amada Brasil", foi muito bem planejada e executada. O assunto foi explorado no GBN: Operação "Regresso à Pátria Amada Brasil" retorna com brasileiros oriundos da China e inicia nova fase com apoio das equipes NBQR da Marinha do Brasil.

Além do repatriamento, as Forças Armadas também estão participando do combate à epidemia, conforme noticiado no GBN: Centro de Operações Conjuntas do Ministério da Defesa é ativado para ações de combate ao COVID-19.

O trabalho do Ministério da Saúde, no sentido de orientar a população, tem sido muito elogiado. A produção de medicamentos usados no tratamento experimental da covid-19 e importação de kits de testes para o diagnóstico foram feitos em um espaço de tempo bastante curto. Isso deve ajudar tanto no monitoramento da doença como na redução de impactos da epidemia.

POR QUÊ A SITUAÇÃO ITALIANA É TÃO GRAVE?

A Itália se encontra na Europa, em que assuntos como controle de imigração e restrição de viagens de determinados países são tabus ou até mesmo crimes.

Isso levou o país a tomar medidas no mínimo controversas, como a iniciativa “Abrace um chinês”, em que as pessoas, sem máscaras, abraçavam os chineses com quem se encontravam na rua.

Tais medidas, junto com a demora italiana em implementar restrições à entrada de imigrantes e de impor medidas de controle de imigração e de viagens internacionais, levou a um aumento explosivo no número de casos na Itália.

Uma situação parecida, embora menos drástica, pode ser observada em outros países europeus, como Alemanha e Espanha. Os motivos são os mesmos - tais países são refratários a medidas mais austeras de controle de imigração e viagens internacionais.


Gráfico 3: novos casos de covid-19 na Espanha (círculos azuis), Espanha (quadrados vermelhos) e Itália (triângulos amarelos); dados normalizados para 100 mil habitantes e em escala logarítmica. Observe-se que os três gráficos são assustadoramente próximos. Valores relativos do dia 25: Espanha (4,03), Alemanha (3,37) e Itália (5,95).


Gráfico 4: total de casos de covid-19 na Espanha (círculos azuis), Espanha (quadrados vermelhos) e Itália (triângulos amarelos); dados normalizados para 100 mil habitantes e em escala logarítmica. Observe-se que, novamente, os três gráficos são assustadoramente próximos. Valores relativos do dia 25: Espanha (25,31), Alemanha (13,23) e Itália (41,03).

CONCLUSÃO

Este é um momento que exige de todos cooperação, cautela e colaboração com as orientações das autoridades. Entretanto, queremos confortar os leitores com a informação de que a situação brasileira, embora ainda inspire cuidados, não é nem de longe catastrófica como alguns querem fazer parecer. Mesmo na Itália, onde a situação é, proporcionalmente, uma das mais críticas, a situação está começando a se estabilizar, e em poucos dias o pior já terá sido superado, tanto lá como aqui.

Sugerimos aos leitores que busquem informações em sites confiáveis, como do Ministério da Saúde (https://coronavirus.saude.gov.br/).

Nunca é demais lembrar os cuidados básicos:

  • Siga as instruções das autoridades, e lembre-se que quarentena não são férias; evite sair de casa!

  • Lave as mãos com frequência, com água e sabão mesmo, e caso disponível, sanitizantes como álcool gel

  • Evite contato com mucosas (boca, olhos e nariz), mesmo com as mãos limpas

  • Cubra a boca ao tossir com o braço; evite usar as mãos pra isso

  • Não recorra à automedicação

  • Isolamento social absoluto, ou seja, fique em casa o máximo possível e interaja com o menor número possível de pessoas

  • Faça compras através de serviços delivery tanto quanto possível, evitando fazer compras pessoalmente

  • Evite aglomerações

  • Evite contato com pessoas sabidamente doentes

  • Procure o serviço de saúde se tiver os seguintes sintomas:


    • Tosse seca

    • Febre

    • Fadiga

    • Dificuldade para respirar (se estiver com dificuldade para respirar, procure imediatamente auxílio médico)

    • Outros sintomas menos comuns: nariz entupido ou escorrendo, dor de garganta, diarreia, dores pelo corpo

  • Mesmo se não estiver sabidamente doente nem com sintomas, evite contato com pessoas dos grupos de risco


    • Idosos

    • Diabéticos

    • Hipertensos

    • Quem tem insuficiência renal crônica

    • Quem tem doença respiratória crônica

    • Quem tem doença cardiovascular

    • Pessoas com a imunidade comprometida (quimioterapia, leucemia, AIDS, etc)


E o principal: não entre em pânico! A humanidade já sobreviveu a outras pandemias, como peste negra e gripe espanhola, em tempos com muito menos recursos; venceremos mais esse desafio!

Por Renato Marçal

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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Coronavírus (COVID-19) chega ao Brasil - Confira como se prevenir

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Nesta terça-feira (25) foi confirmado pelas autoridades de saúde brasileiras, o primeiro caso de Coronavírus no Brasil, o paciente que retornou para São Paulo após uma viagem à Itália, onde teria contraído o vírus, apresentou os sintomas da doença e após análises clínicas teria sido diagnosticado como infectado.

Apesar não apresentar um alto grau de letalidade, tendo infectado mais de 80 mil pessoas, sendo responsável pela morte de 2.708 pessoas, é preciso tomar certos cuidados para evitar a contaminação e a propagação desse vírus. O tempo de incubação da doença é de 14 dias segundo as informações que foram divulgadas até o momento. O GBN Defense cooperando com as autoridades de saúde, pública os cuidados que devemos adotar para evitar o contagio pelo Coronavírus, os quais já forma divulgados pela Agência Brasil.

Higiene é fundamental:

A higiene é de suma importância, não apenas para prevenir o Coronavírus, como também muitas outras doenças que estão por ai. 

Tenha atenção com a lavagem das mãos, buscando sempre que possível as lavar com água corrente e muito sabão, tendo o cuidado de esfregar bem entre os dedos, as palmas e costas das mãos, lavando também o antebraço até a altura dos cotovelos. O uso de álcool gel também é recomendado para complementar a higienização das mãos. Essa prática simples pode eliminar vírus e bactérias com os quais possa ter tido contato no dia a dia.  

Evite tocar os olhos, o nariz e a boca
Mesmo realizando os procedimentos de lavagem das mãos, evite coçar, esfregar ou ter qualquer tipo de contato com as mucosas. Essas áreas têm contato direto com a corrente sanguínea e são mais sensíveis à presença de agentes de contaminação como o Coronavírus.
Devemos lembrar que as mãos estão em contato constante com superfícies que podem estar contaminada por vetores de transmissão do Coronavírus e mesmo outros tipos de vírus e bactérias.  Evitar que haja contato com a mucosa diminui a chance de ser infectado.
 Proteja as vias aéreas
Pessoas saudáveis, sem sintomas como febre, tosse ou espirros não precisam usar máscaras no momento, apenas profissionais de saúde e pessoas que apresentem sintomas parecidos com os do coronavírus precisam usar máscaras. A função das máscaras é conter a propagação do vírus em quem já está infectado. A OMS recomenda o uso racional das máscaras.
O simples contato com gotículas de saliva ou secreções de pessoas contaminadas podem infectar um novo indivíduo, para tanto é recomendado o uso de máscaras de proteção, cobrir a boca e o nariz com o braço curvado ou com um lenço de tecido ou papel ao tossir e espirrar é um procedimento que auxilia no controle. Lembrando de descartar adequadamente lenços e máscaras após seu uso.
Mantenha pelo menos um metro de distância de pessoas que apresentam tosse ou espirros constantes. A tosse e o espirro propagam pequenas gotas de secreção e saliva que podem conter o vírus conforme já explicamos. Com a proximidade, a chance de respirar ou ter contato essas gotículas aumenta.
Evite contato com pessoas que apresentem sintomas sem estar devidamente protegido. Um simples espirro ou tosse pode contaminar várias pessoas no ambiente. Todo cuidado é pouco, em casos de suspeita evite contato sem adotar as medidas de segurança: Uso de Máscara, Lavar bem as mãos e após o contato com indivíduo suspeito de infecção pelo Coronavírus, siga os procedimentos de higiene, além de separar os trajes usados para lavagem com desinfetantes (Cloro).
Em caso de apresentar sintomas como febre ou dificuldade respiratória, busque ajuda médica rapidamente. Não saia de casa se estiver com febre. Se os sintomas persistirem e caso haja dificuldade respiratória, busque atenção especializada imediatamente.
Apesar de serem sintomas comuns, uma ação rápida pode evitar problemas mais sérios e o desenvolvimento de sintomas mais graves de infecções respiratórias.
Mantenha-se atualizado sobre as informações divulgadas pelas autoridades de saúde, esteja atento as localidades com incidência de casos e evite-as. Tomar atitudes preventivamente ajuda o sistema de saúde a distribuir e compreender de maneira ágil a disseminação de qualquer doença.
Brasil, todos contra o Coronavírus.


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