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quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Guarda Costeira russa faz disparos e prisões durante protesto do Greenpeace

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A Guarda Costeira russa fez disparos de advertência e deteve dois ativistas do Greenpeace que escalaram uma plataforma petrolífera no Ártico durante um protesto. A plataforma de Prirazlomnaya, pertencente à estatal Gazprom, deveria ter começado a funcionar no ano passado, mas a inauguração foi adiada para este ano após outros protestos ambientais. A Gazprom alegou "razões técnicas".
Esse é o primeiro projeto desse tipo da Rússia no mar de Barents, que é parte do oceano Ártico, onde se estima que fiquem 13% das reservas petrolíferas não descobertas do planeta, e 30% das reservas de gás não descobertas. Ainda há divergências sobre a viabilidade econômica e a segurança ambiental da exploração.
Os ativistas detidos estavam a bordo do navio quebra-gelo Arctic Sunrise, do Greenpeace. Depois que eles escalaram a plataforma, um navio da Guarda Costeira fez os disparos para obrigar o barco a se afastar da base da plataforma.
Antes da retirada, fotógrafos do Greenpeace mostraram um grupo de embarcações - os da Guarda Costeira e os botes infláveis do Arctic Sunrise - disputando posição na base da plataforma.
Em nota, o Serviço Federal de Segurança da Rússia disse que a Guarda Costeira fez quatro disparos de advertência para afastar o barco dos ativistas. O Greenpeace disse que houve ameaças de disparos diretos contra o seu navio.
O grupo, que disse ter mobilizado outras quatro embarcações na operação, afirmou que "apesar do enorme financiamento para Prirazlomnaya, (a Rússia) não é capaz de garantir a produção segura de petróleo no Ártico".
A Gazprom e a Gazprom Neft, braço petrolífero da estatal gasífera, não quiseram comentar o assunto.
Grandes empresas globais do setor, como Exxon, Eni e Statoil, estão associadas à estatal russa Rosneft para explorar hidrocarbonetos no Ártico. A maioria desses projetos deve começar a produzir na próxima década, e eles são vistos como cruciais para manter a produção de 10 milhões de barris diários da Rússia, maior produtor mundial de gás e petróleo.
Ativistas ambientais temem o impacto dessa atividade sobre os frágeis ecossistemas árticos, e como seria o eventual trabalho de recuperação em caso de vazamento num local tão remoto.
 
Fonte: Reuters
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sábado, 26 de maio de 2012

AIEA identifica traços de urânio com enriquecimento elevado no Irã

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Inspetores da agência nuclear da ONU encontraram partículas de urânio refinado até um nível superior ao esperado num espaço subterrâneo onde o governo instalou mais de 50 por cento de centrífugas adicionais, segundo relatório divulgado nesta sexta-feira pela Agência Internacional de Energia Atômica.

O Irã, segundo o relatório, atribuiu isso a "razões técnicas" alheias ao seu controle. "A Agência está avaliando a explicação do Irã e solicitou mais detalhes", disse o texto.

Os Estados Unidos, que acusam o Irã de tentar desenvolver armas atômicas, disseram que a versão iraniana é plausível.

"Há várias explicações possíveis para isso, inclusive a que os iranianos forneceram", afirmou Victoria Nuland, porta-voz do Departamento de Estado. "Vamos depender da AIEA para ir até o fundo disso."

O urânio enriquecido pode ser usado como combustível para reatores nucleares ou, num grau de pureza muito maior, na fabricação de armas atômicas, o que Teerã diz não ser seu objetivo.

O relatório da AIEA diz que amostras ambientais colhidas em fevereiro na usina subterrânea de Fordow mostram a presença de partículas enriquecidas a 27 por cento. O Irã havia declarado que a usina enriquecia urânio a no máximo 20 por cento. Acima disso, o urânio já é considerado altamente enriquecido.

Novas amostras foram recolhidas neste mês, para que os testes sejam confirmados.

David Albright, especialista norte-americano em proliferação nuclear, disse que uma falha técnica pode ter resultado na medição realizada, mas que mesmo assim a descoberta é "constrangedora para o Irã".  

O relatório da AIEA sugere que o urânio adicionalmente enriquecido pode ser resultado de um fenômeno técnico associado ao início da operação da rede de centrífugas.

A avaliação trimestral da AIEA foi divulgada um dia depois do encerramento de reuniões, na quarta e quinta-feira em Bagdá, nas quais potências mundiais -EUA, Rússia, Grã-Bretanha, Alemanha, China e França- tentaram sem sucesso convencer o Irã a suspender seu enriquecimento de urânio a 20 por cento.

O Irã começou a enriquecer urânio nesse grau em 2010, e desde então ampliou drasticamente a atividade, alegando a necessidade de abastecer um reator de pesquisas médicas.

O Ocidente teme que, passando o limite dos 20 por cento, o Irã consiga facilmente superar os obstáculos necessários para chegar a um grau de pureza superior a 90 por cento, que é necessário para o uso em armas atômicas.

Fonte: Reuters
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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Na Argentina, Cristina Kirchner inaugura 3ª usina nuclear do país

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A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, inaugurou nesta quarta-feira a usina atômica de Atucha 3, que demandou um investimento de US$ 2,4 bilhões e que esteve paralisada durante 15 anos, na localidade de Zárate (100 km ao norte de Buenos Aires).

A usina, que está na margem do rio Paraná na província de Buenos Aires, é a terceira do país e dará um aporte de 700 megawatts ao sistema elétrico, que permitirá abastecer 4 milhões de habitantes.

"A usina poderá começar a funcionar depois do teste e da verificação de cada um dos 566 subsistemas, o que pode demandar de seis a oito meses", explicou o ministro do Planejamento, Julio de Vido.

A obra se soma às usinas atômicas de Atucha 1 (335 megawatts) e de Embalse (600 megawatts), que fornecem atualmente 7% da energia elétrica do país, mas uma vez que a nova usina entrar em produção comercial, a energia atômica fornecerá 10% da energia total do país.

O reator de Atucha 2, um dos de maior tamanho no mundo, tem projeto alemão, e pesa 3.300 toneladas.

A central começou a ser construída em 1980, mas depois ficou paralisada até que em 2006 o então presidente Néstor Kirchner (2003-2007), marido da atual presidente e falecido no ano passado, lançou o Plano Nuclear Argentino e decidiu completar o projeto.

Fonte: France Presse
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terça-feira, 27 de setembro de 2011

Explosão destrói gasoduto egípcio que abastece Israel e Jordânia

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Homens armados explodiram na madrugada desta terça-feira o trecho de um um gasoduto egípcio que abastece Israel e Jordânia, em uma ação que deixou um ferido, informaram testemunhas e fontes da segurança local.

A explosão ocorreu na região da cidade egípcia de Al Arish, no norte da península do Sinai, revelou um oficial.

Segundo testemunhas, uma pessoa ficou ferida no ataque, realizado por três homens que chegaram em uma caminhonete e abriram fogo contra o gasoduto.

Desde fevereiro passado, quando o ditador Hosni Mubarak foi deposto, este é o sexto ataque contra o gasoduto, provocando interrupções no fornecimento a Israel e Jordânia.

Nos últimos meses, o Egito reforçou o patrulhamento no Sinai para proteger melhor o gasoduto, que fornece 43% do gás natural consumido por Israel, onde produz 40% da eletricidade do país.

Fonte: Folha
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sábado, 30 de julho de 2011

Humala toma posse e diz que hidrelétricas priorizarão ‘interesse peruano’

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Em meio a um impasse sobre investimentos brasileiros no setor energético peruano, o novo presidente do Peru, Ollanta Humala, disse nesta quinta-feira, em seu discurso de posse, que a construção de hidrelétricas no país deve priorizar a demanda interna e fortalecer empresas peruanas.

"Promoveremos a construção de hidrelétricas, fortalecendo a Eletroperu e as empresas elétricas estatais regionais e promovendo as privadas, em um adequado balanço que outorgue prioridade à demanda nacional", afirmou.

Em junho, o Peru cancelou a licença provisória de um consórcio brasileiro para a construção da usina hidrelétrica de Inambari, no sul do país.

A usina faz parte de acordo assinado em 2008 pelos então presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Alan García, antecessores de Dilma Rousseff e de Humala, que prevê a construção de ao menos seis hidrelétricas na Amazônia peruana.

As usinas, que custariam US$ 15 bilhões (cerca de R$ 23 bilhões), teriam como principal cliente o mercado brasileiro e seriam erguidas por empreiteiras brasileiras, com assessoria técnica da Eletrobrás, estatal brasileira do setor elétrico.

'Guardião da democracia'

Em seu discurso, Humala seguiu o tom de sua campanha, em que procurou afastar-se da imagem do presidente venezuelano, Hugo Chávez, e adotar um discurso mais próximo do de Lula.

"Eu jurei pela democracia, e assim será. Ratifico esse juramento, sou um zeloso guardião do Estado de Direito e um defensor da liberdade de imprensa e de expressão. Sou um soldado desta democracia", afirmou.

No entanto, o presidente que pretende impor uma "nova relação entre o Estado e o mercado" em seu governo.

"O Estado será o garantidor dos direitos e liberdades, para impulsionar as oportunidades para todos, diferente do Estado excludente."

Humala afirmou ainda que a prioridade de seu governo será reduzir a pobreza. "A democracia será plena quando a igualdade for patrimônio de todos e a exclusão desaparecer até dos lugares mais remotos do nosso país."

O discurso de posse foi acompanhado por Luis Favre, ex-marido da senadora Marta Suplicy (PT-SP), que assessorou Humala na corrida eleitoral. Favre é tido como um dos responsáveis pelo tom de sua campanha.

Juramento

A cerimônia, no entanto, teve momentos tensos. Durante o juramento à nação, Humala respaldou a Constituição de 1979, ignorando a Carta aprovada pelo ex-presidente Alberto Fujimori, em 1993.

O juramento foi acompanhado pelo presidente do Congresso, Daniel Abugattás. O antecessor de Humala, Alan García, não participou da cerimônia, supostamente para evitar ser hostilizado pelo público presente.

A decisão de jurar sobre a Carta de 1979 provocou protestos entre a bancada fujimorista. "O senhor é um usurpador, um golpista e ditador. Seu juramento não é válido", gritou a parlamentar opositora Martha Chávez.

Partidários do presidente intervieram, tentando abafar o protesto com aplausos. Críticos da Constituição dizem que a carta aprovada no governo de Fujimori centraliza poderes e dificulta a inclusão social.

Passada a confusão, Humala anunciou benefícios sociais em seu governo. Segundo ele, o salário mínimo terá um aumento de 75 sóis (cerca de R$ 40) a partir de agosto, e outros 75 sóis em 2012.

O presidente divulgou ainda ações em prol de aposentados e a ampliação de um programa contra a desnutrição infantil.

Sobre a política externa, ele afirmou que priorizará a integração com países vizinhos, sejam eles andinos ou não.

Humala disse, no entanto, que não copiará modelos externos. "Queremos que o Peru deixe de ser um espaço problemático e construa um caminho próprio. Tomaremos como exemplo o melhor de outras experiências."

Fonte: BBC Brasil
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quarta-feira, 20 de julho de 2011

Irã anuncia instalação de novas máquinas para enriquecer urânio

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O Irã está instalando novas máquinas para o enriquecimento de urânio para acelerar o progresso de seu programa nuclear, informou o Ministério das Relações Exteriores da República Islâmica nesta terça-feira, num desdobramento que deve aumentar as preocupações do Ocidente com os objetivos de Teerã.

O porta-voz da chancelaria iraniana, Ramin Mehmanparast, pareceu confirmar uma reportagem da Reuters na semana passada que informou que o Irã estava instalando dois modelos mais novos e avançados de centrífugas, usadas para refinar urânio em larga escala e testando os equipamentos em uma unidade de pesquisa.

Se o Irã conseguir implementar com sucesso as novas máquinas, o país pode encurtar significativamente o tempo necessário para acumular material que pode ser usado tanto para fins civis quanto militares, se processado num grau maior.

"Ao instalar as novas centrífugas, progresso está sendo feito com mais velocidade e melhor qualidade", disse Mehmanparast, acrescentando que a medida mostra que o Irã está tendo sucesso em sua "atividade nuclear pacífica".

Mehmanparast disse que o Irã informou a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) sobre a instalação das centrífugas.

"A agência está ciente que nossas atividades nucleares pacíficas estão progredindo... a instalação é uma confirmação do sucesso da República Islâmica no campo nuclear", disse.

Há anos o Irã tenta desenvolver centrífugas com capacidade várias vezes superior às do modelo IR-1, da década de 1970, que atualmente usa em suas atividades nucleares sensíveis.

Os Estados Unidos e seus aliados acusam o Irã de tentar desenvolver bombas sob o disfarce de seu programa nuclear. O Irã nega, e afirma que sua tecnologia nuclear tem o objetivo de produzir eletricidade para atender sua crescente demanda doméstica.

Fonte: Reuters
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Com 20% das reservas mundiais, Venezuela torna-se líder petrolífero

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A Venezuela superou posição historicamente ocupada pela Arábia Saudita e tornou-se oficialmente a maior nação petrolífera do planeta, com 20% das reservas mundiais, segundo boletim anual da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), divulgado nesta segunda-feira (18/07). O estoque venezuelano cresceu e atingiu 296 bilhões de barris. Na Arábia, ficou estagnado em 264 bilhões. As reservas mundiais conhecidas somam 1,467 trilhão de barris, segundo a Opep.

A liderança venezuelana havia sido anunciada pelo governo Hugo Chávez no início de 2010 e apontada em estudos geológicos anteriormente, em decorrência da confirmação da descoberta da maior reserva petrolífera do mundo, na bacia do Orinoco, em 2009. Essa descoberta fez o estoque venezuelano aumentar 40% de 2009 para 2010. Mas ainda não entrara para as estatísticas da Opep, que reúne os grandes exportadores do mundo e controla 81% das reservas conhecidas.

Nos cinco anos entre 2006 e 2010, os estoques petrolíferos da Venezuela triplicaram, enquanto as sauditas permaneceram os mesmos. A Venezuela, que controlava 7% deles, passou a deter 20% agora. No período, as reservas internacionais subiram 20%.

Além de Venezuela e Arábia Saudita, só mais três países possuem reservas superiores a 100 bilhões de barris – Irã, Iraque e Kuwait. Juntas, as cinco nações respondem por dois de cada três barris contabilizados como reservas mundiais.

O Brasil ocupa a 14 posição no ranking, numa lista de 40 países, com 12 bilhões de barris. É mesma posição desde 2006. Os estoques da chamada camada pré-sal ainda não fazem parte oficialmente das estatísticas da OPEP.

Caso as expectativas do governo e da Petrobras se concretizem quanto ao potencial do pré-sal, o Brasil pode se tornar o terceiro maior estoque do mundo, com reservas acima de 200 bilhões de barris.

Fonte: Carta Maior
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segunda-feira, 11 de julho de 2011

Até a última gota

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Até a última gota é a saga do consumo e do delírio da humanidade, no início do século XXI, da era cristã ocidental. Se depender das previsões das agências internacionais, da indústria petrolífera, dos países extratores, o Planeta não terá sequer uma amostra do que foi a vida do período carbonífero, muito menos daquele óleo cru, embalsamado nas profundezas do oceano, que um dia poderia ter algum outro destino.

Desenterrar os mortos nunca foi um propósito adequado para uma civilização. Muito ao contrário. Sempre foi sinônimo de profanação. A espécie humana, principalmente, alguns representantes interessados em negócios fáceis, em ganhar dinheiro rápido, investiram profundamente na profanação. Claro que isso é uma metáfora. Afinal, os mortos são bilhões de toneladas de fitoplâncton, que morreram há milhões de anos e formaram nas profundezas dos oceanos, em locais sem oxigênio, imensas jazidas de petróleo. Um conteúdo cheio de óleo e ceras, que precisa cozinhar entre 100 e 135 graus Celsius, por milhões de anos.

Um cientista americano, Jeffrey Dukes, da Universidade de Utah, calculou em 100 toneladas de fitoplâncton (massa vegetal), para produzir 4 litros de petróleo. Nesse raciocínio, que envolve a luz solar, responsável pela fotossíntese e o crescimento das plantas, também calculou que em 1997, a humanidade consumiu 422 anos de luz solar fossilizada. Ou algo, como 24 bilhões de barris. Em 2011, o consumo do petróleo aumentará quase dois milhões de barris/dia, deverá alcançar 87,9 milhões barris/dia, conforme os cálculos da Agência Internacional de Energia (IEA).

Será assim até 2030, conforme todos os outros cálculos de consultorias, em presas petrolíferas, até chegarmos ao consumo de 111 milhões de barris/dia, em 2030. O que corresponderia a uma emissão de gás carbônico muito maior do que as quase 30 bilhões de toneladas de 2008. Seguiremos aumentando em 1,8% o consumo de petróleo, na média mundial embora a China deva crescer o dobro (3,6%). Não é mera coincidência que o maior mercado da indústria automobilística é o chinês, já ultrapassaram os americanos na produção de carros – 13 milhões em 2010. O que está muito claro, a esta altura, de infrutíferos debates sobre aquecimento global e mudanças climáticas, é o seguinte: a indústria petrolífera desenterrará até a última gota do ouro negro existente nas profundezas dos oceanos do planeta. Em 2011, tem um número que define o tamanho e a vontade das petrolíferas nesta corrida: US$ 500 bilhões de dólares. É o que as maiores petrolíferas, privadas e estatais, pretendem investir na busca pelo petróleo de águas profundas com sondas, plataformas, tubulações, barcos, navios.

O pré-sal brasileiro, que poderá ter 15 bilhões de barris, praticamente as reservas atuais do país, ou até mesmo 30 bilhões, se confirmarem as expectativas sobre o campo de Libra, está nesta conta.

Quem são os maiores

Mas a história desse cenário é um pouco mais complicada. As antigas 7 irmãs, como eram chamadas as 7 maiores empresas petrolíferas privadas, agora são 4: Exxon Mobil, Chevron, Royal Dutch Shell e Britsh Petroleum, renomeada de BP PLC, a responsável pelo vazamento ocorrido em 20 de abril de 2010, quando mais de cinco milhões de barris jorraram pelo Golfo do México. O problema é que as empresas estatais cresceram, compraram ou investiram em tecnologia, e aumentaram suas participações na extração de óleo negro. O maior exemplo disso é a Aramco, a Saudi Arabian Oil, empresa da Arábia Saudita, que tem uma reserva de mais de 260 bilhões de barris, a maior do mundo. Onde também está localizado o poço Gahwar, de onde saíram quase 1/7 das reservas mundiais de petróleo. Seguidas pela National Iranian Oil, com seus 136,5 bilhões de barris e a Petróleos de Venezuela (PVDESA), com 99,4 bilhões de barris. A maior petrolífera privada, a Exxon Mobil tem 7,6 bilhões de barris, depois a Chevron com 7,3 bilhões de barris e a Conoco Philips com 5,6 bilhões. A BP e a Shell estão na faixa dos 4,5 bilhões de barris. As duas europeias vivem brigando pelo posto de maior petrolífera do velho continente.

Pelos cálculos do periódico mundial, especializado no setor, Oil & Gas Journal, as reservas mundiais de petróleo em 2009 eram de 1,34 trilhão de barris. E, se somássemos o valor de mercado das petrolíferas (50 maiores) daria algo como US$ 3,9 trilhões, e suficiente para bater o valor de mercado de todas as companhias de tecnologia da informação eletrônica, listadas na NASDAQ. As informações são da Consultoria PFC Energy, de Washington. Vamos ver, em valores de mercado, quanto vale cada uma:

Empresas............Cotação (US$) em bilhões..................País

Exxon Mobil............................. 369.................................EUA

PetroChina............................... 303.................................China

Petrobras................................. 229.................................Brasil

Royal Dutch Shell....................208.................................Anglo holandesa

BP PLC..................................... 136.................................Reino Unido

Sinopec..................................... 102.................................China

Chevron.................................... 184.................................EUA

Total.......................................... 124.................................França

Gasprom....................................149.................................Rússia

GDF Suez (*)............................. 80.................................Franco-belga

Total..........................................1.884

(*) Entre seus negócios é sócia majoritária da Usina de Jirau, no rio Madeira, que encontra-se em fase final de construção.

Petróleo e a guerra


Todas as empresas de capital aberta, com ações em bolsas. As estatais fechadas como a Aramco e a iraniana, não estão no cálculo. E o que é mais importante, a maioria das empresas privadas não tem aumentado as suas reservas, e por isso, se empenham tanto em buscar a última gota em água profundas. Na verdade o único lugar onde as petrolíferas aumentaram a extração, entre 10 e 20%, foi no Iraque. A segunda maior reserva do Oriente Médio, exporta 2,1 milhões de barris/dia, mesmo depois da invasão americana e seus 80 mil mortos civis. Na verdade as instalações do Iraque, principalmente no sul do país, pelo Golfo Pérsico, onde é mais barato exportar, continuam destruídas, desde a guerra com o Irã, também apoiada pelos Estados Unidos, contra os xiitas. Petróleo e guerra são sinônimos de poder e lucros.

As quatro empresas que aumentaram a extração foram Exxon, Eni SPA (italiana) e Shell. Até o próximo ano pretendem duplicar a exportação, 4 milhões de barris/dia. Para isso vão investir US$ 1,4 bilhão em navios flutuantes no mar, capazes de armazenar grandes quantidades de petróleo (servem de porto em alto mar), em três oleodutos, além de continuar utilizando o da Turquia, que leva o óleo até o mar Mediterrâneo.

Petróleo também significa logística e aparato para protegê-la. Por isso, os americanos têm suas bases no Oriente Médio, e a sede de um dos comandos no Qatar. Na divisão das reservas mundiais, 56% estão nos países do Oriente Médio, o que significa uma quantidade em torno de 722 bilhões de barris. Os estadunidenses importam 70% do petróleo consumido. Eles diminuíram os gastos nos últimos anos em torno de 4%, mas ainda consomem 19 milhões de barris/dia. Traduzindo: 22% do consumo mundial. Para complementar: 75% dos trabalhadores estadunidenses vão de carro para o trabalho. E 14 milhões de barris/dia são gastos com o transporte.

Também complementando os dados da logística da guerra: os bombardeios da OTAN, ou seja, os ricos europeus, na Líbia, têm um significado – 50 bilhões de barris, do outro lado do Mediterrâneo, um petróleo mais leve que o da Arábia Saudita, ou seja, com menos enxofre, muito melhor para produzir combustível de carros, caminhões, navios. Por sinal, a amizade de Silvio Berlusconi com o líbio Muamar Khadafi se traduziu nos maiores contratos para a Eni, a petrolífera italiana, onde o governo da Itália, detém 30% do controle.

Em águas profundas


No dia 10 de janeiro de 1901, no alto da pequena colina chamada Spindletop, na localidade de Beaumont, no Texas, um solitário garimpeiro chamado All Hamil tentava alcançar uma jazida, que ele ainda não sabia se existia. Já tinha furado 300 metros, uma novidade na época. Até que, finalmente, uma espessa nuvem de gás metano esguichou do buraco e tomou conta do ambiente. “Em seguida veio o líquido, como relata Tim Flanery, cientista e escritor australiano, em seu livro “Os Senhores do Clima”, uma coluna de 6 polegadas de largura que subia centenas de pés no céu de inverno, como uma chuva negra”. Quarenta anos antes, o primeiro poço em terra, havia sido perfurado na Pensilvânia. Desde 1882, Thomas Edson descobriu a utilidade do carvão mineral para produzir eletricidade, ao inaugurar a primeira usina na baixa Manhattan. Duas descobertas trágicas para a atmosfera do planeta.

O problema é que a tragédia vai aumentar. A busca pelo petróleo abaixo de mil metros, podendo chegar a 7 mil metros, é a última sensação da indústria petrolífera mundial. Em 2010, foram produzidas 25 plataformas para extrair petróleo. Em 2011, serão 35. A capacidade mundial de construção de tubulações, que tiram o petróleo do sono profundo no oceano, até a superfície, está toda contratada. A Petrobras é a principal cliente. Nem mesmo o acidente no poço Macondo, na plataforma Deepwater, contratada pela BP, mas de propriedade da Transocean, empresa americana – em 2008, transferiu seus escritórios para a Suíça, por motivos tributários – diminuíram o vigor dos investimentos. Por exemplo, a Halliburton, também americana, especializado na cimentação dos poços, inclusive o que explodiu, teve seus lucros engordados em US$ 1,8 bilhão, a receita subiu 40% para US$ 5,3 bilhões.

Erle P. Halliburton fundou a empresa como cimentadora de poços em 1919 e, agora, dizem os executivos, descobriram uma nova “tecnologia” para explorar novos poços em terra – a receita cresceu 3 bilhões de dólares, no primeiro trimestre de 2011. Os ambientalistas dizem que a tecnologia de perfuração contamina a água e o ar, porém, quando se trata de busca pela última gota, isso não tem a mínima importância. Dick Cheney, vice de Bush, trabalhava na empresa.

Segundo levantamento da Barclays Capital de Londres, quem vai se colocar contra investimentos de 500 bilhões de dólares ao ano, na próxima década, por exemplo, que é o gasto das petrolíferas em águas profundas? Mesmo depois de furar 50 mil poços no Golfo do México e matar 11 pessoas no Macondo e derramar 5 milhões de barris, a economia não para. Como escreveu um analista de The Wall Street Journal, recentemente: os países precisam de dinheiro, empregos, energia e as empresas de lucros, e os consumidores de combustível, porque não largam seus carros, não viverão nunca sem eles.

Estrutura Gigante


Vejamos alguns desses investimentos em águas profundas. O Brasil não fabrica sondas de perfuração. O aluguel desse equipamento custa US$ 500 mil por dia. Uma sonda perfura um poço em 3, 4 meses, ou seja, três poços por ano. Uma plataforma de produção, as FSPCO, como eles chamam em inglês, usa de 15 a 20 poços para montar um sistema de produção, como a de Tupi, por exemplo, que começou a produzir 100 mil barris, em outubro de 2010. Cada sistema de produção precisa extrair entre 100 e 180 mil barris/dia. A previsão da Petrobras para o pré-sal é produzir 4,5 milhões de barris em 2020. Como disse o presidente da empresa, Sérgio Gabrielli, “precisamos ter entre 40 e 41 desses sistemas de produção. Cada sistema custa em torno de US$ 3 bilhões. Cada um deles precisa de 5 barcos de apoio (rebocadores, chatas, navio bombeiro). Seriam 200 barcos”.

Um petroleiro com capacidade máxima para transportar 1,1 milhão de barris (Suez Max) poderia resolver o problema do escoamento. Mas eles não estão disponíveis. Seriam necessários entre 20 e 30 navios, para escoar a produção diária. Por isso, nos próximos quatro anos a Petrobras pretende investir mais de 200 bilhões de dólares. É o maior investimento, entre as petrolíferas, no mundo. Segundo os cálculos de cada 1 dólar investido pela empresa, outros 1,6 a 2,2 dólares correm na economia, por conta dos 55 setores que apóiam a atividade. Então, o negócio salta para 400 a 600 bilhões de dólares.

São fortunas e mais fortunas. Em 2008, antes da explosão no Golfo do México, o lucro da BP foi de US$ 25 bilhões. Em 2010, fez um caixa de US$ 30 bilhões. A capacidade de extrair lucros do fitoplâncton enterrado a 300 milhões de anos, é incrível. Mesmo que para isso, se altere a atmosfera do Planeta e o aquecimento global se torne uma realidade insuportável. Para as petrolíferas ele será benéfico. Proporcionará mais negócios, agora na Groenlândia e no Ártico.

Descongelando o ouro negro


A Groenlândia, uma ilha de gelo de mais de 2 milhões de quilômetros quadrados, vizinha ao Polo Norte, 57 mil habitantes, US$ 2 bilhões de PIB, cuja atividade principal é exportar camarão, ainda recebe quase 600 milhões de dólares de ajuda da Dinamarca, o país dono da área, desde os idos de 1700. Esconde uma fortuna na costa noroeste, na Baía Baffin. O Serviço Geológico dos Estados Unidos calcula que existam 31,4 bilhões de barris na Baía, e outros 17 bilhões no subsolo do oceano entre a Groenlândia e o Canadá. Pode-se arredondar o bolsão de petróleo para 50 bilhões de barris. O aquecimento reduz o gelo, muda o clima mundial, mas diminuiu os custos e as dificuldades das petrolíferas, na extração. Junte-se a isso, a vontade das lideranças da Groenlândia, há muito tempo interessadas em ser “independentes” da Dinamarca e está lançada a corrida pelo ouro do Ártico.

Nessa briga também estão Noruega, Rússia, Estados Unidos, todos reivindicando novas terras para seus territórios. Em 2010, a Groenlândia concedeu 7 novas licenças de exploração. Nos próximos dois anos, 12 empresas já se inscreveram. Isso inclui, petrolíferas menores, como a Cairn Energy (inglesa), a Statoil (norueguesa) e a Moeller Maersk, maior empresa de transporte marítimo do mundo, maior números de navios e de contêineres.

Ou seja, depois das reservas do pré-sal brasileiro, que também incrementou uma corrida das petrolíferas. [A BP comprou os ativos da Devon Energy por US$ 7 bilhões em 2010, a Sinochen comprou 40% do campo de Peregrino da Statoil e a Sinopec comprou 40% da Repsol (espanhola) no Brasil, traduzindo um robusto investimento chinês (inclui mais US$ 10 bilhões de empréstimos à Petrobras)] a Groenlândia é a segunda maior oportunidade. Tem um problema de custo, mas o petróleo acima de 100 dólares o barril (159 litros), viabiliza qualquer exploração. O cálculo é de 30 a 40 dólares, para extrair petróleo de areia betuminosa, como na província de Alberta, no norte do Canadá, ou da pedra de xisto, que os Estados Unidos tem a maior reserva mundial (já exploram 20%). No caso da Groenlândia, 50 dólares é o preço mínimo do barril, que viabiliza a operação. No pré-sal brasileiro, o custo de Tupi ficou abaixo de 45 dólares/barril. O poço pronto para escoar o óleo, envolve outros seis poços, custou US$ 245 milhões.

Em setembro de 2010, 300 participantes, de 15 países discutiram a situação do Ártico, na Groenlândia. Por sinal, o governo autônomo da ilha, pretende ficar com 60% do ouro descoberto. No Iraque a taxa é de 95%. Uma comparação interessante sobre o custo de extração de um abril, em terra: na Líbia ele é de 5 a 10 dólares por barril.

A explosão da Deepwater


A proprietária da plataforma que explodiu no Golfo do México, a Transocean, fundada na Louisiana, em 1926, é uma empresa especializada em alugar plataformas de petróleo para as grandes petrolíferas. Em 2007, ainda comprou a concorrente global Santa Fé por US$ 18 bilhões. Ela aluga 11 plataformas no litoral brasileiro. O número de plataformas marítimas, que atuam a partir dos 1 mil metros de profundidade, aumentou 43% desde 2006, são agora 146. Outras 65 estarão em operação até o final do ano. Existe um mecanismo instalado no leito do oceano, faz parte da estrutura da plataforma, que é um conjunto de válvulas, chamadas de blowout preventer ou BOP, são ativadas numa explosão. Lógico que elas não funcionaram no dia 20 de abril. No levantamento dos casos de incidentes com plataformas no Golfo do México, ficou constatado, que depois da fusão das duas empresas 24 dos 33 incidentes estavam relacionados com plataformas da Transocean. Eles continuam acontecendo pelo mundo inteiro.

O The Wall Street Journal fez o levantamento no final do ano passado. Os casos incluíam um vazamento grande na costa australiana, um outro poço fora de controle no Golfo do México, envolvendo a plataforma Lorris Bonzigard. No Mar do Norte, litoral da Noruega, um vazamento de gás numa plataforma de produção quase causou outro acidente do nível da Deepwater. Nas estatísticas analisadas de quatro países, com grandes indústrias de perfuração em alto-mar (EUA, Grã Bretanha, Noruega e Austrália), constavam 28 registros importantes de derramamento de óleo e gás no Golfo do México – 65% a mais do que em 2006. A Agência de Saúde e Segurança do Reino Unido registrou 85 vazamentos sérios de petróleo e gás, no ano encerrado em 31 de março de 2010 – 39% a mais. Na Noruega foram 37 vazamentos. Na Austrália outros 23 derramamentos no primeiro semestre de 2010.

As empresas argumentam as dificuldades com mão de obra qualificada, de retenção de trabalhadores, equilibrar as prioridades de segurança com os lucros, e a lapsos ocasionais devido à regulamentação frouxa. Além disso, como ressalta o jornal, que é o porta-voz das grandes corporações no mundo além de ser propriedade do bilionário da mídia Rupert Murdock -:


- Perfurar em águas profundas é crucial para saciar a crescente sede de combustível do mundo. O potencial retorno, lucro para acionistas das petrolíferas, arrecadação de impostos, emprego e independência energética para o país, é grande demais par conter o avanço dessa atividade. A confiança do setor na própria capacidade de operar com segurança nas instalações de exploração de petróleo e gás no mar segue basicamente inabalada”.

Risco de 1 em 43


O engenheiro David M. Pritchanrd, consultor da área de petróleo, fez um levantamento sobre a possibilidade dos riscos de acidentes em poços no alto mar. Ao invés de analisar 50 mil poços, selecionou por complexidade de operação. Entre 5 mil poços, no nível de operação da plataforma Deepwater, selecionou 43. Quer dizer, a probabilidade de ocorrer acidente é de 1 poço em 43. No dia 21 de agosto de 2009, uma empresa tailandesa perfurava no Mar do Timor, 650 km a oeste de Darwin (Austrália), quando perdeu o controle do poço, e acabou lançando centenas de barris ao mar. Logo em seguida, a plataforma pegou fogo e explodiu. A empresa teve um prejuízo de US$ 150 milhões. Jane Cutler, da agência reguladora da Austrália, atribuiu o acidente à “incompetência de operários, funcionários e empreiteiras”.

A BP, petrolífera que explorava o poço Macombo explodiu com o gás metano vazado na plataforma Deepwater – constataram que os computadores não estavam configurados para registrar o vazamento – perdeu 46% do valor de suas ações. Ela ainda não foi condenada nos Estados Unidos, mas já fez uma provisão em seu orçamento de US$ 40 bilhões de dólares, para pagamentos de indenizações e limpeza do mar e da superfície atingida. Também trocou de presidente. Criou uma força tarefa com 500 especialistas, para lidar com qualquer tipo de incidente, que ocorra em seus poços. Uma iniciativa muito atrasada. A BP tem um histórico de acidentes por motivos de falta de segurança. Nos últimos anos, vinha cortando orçamento nesta área. Chegou a demitir 7.500 funcionários, e cortou US$ 4 bilhões de custos. O ex-presidente Tony Hayward comentava em documento interno, que eles estavam perdendo espaço para a Shell, e cederiam o título de maior petrolífera europeia.

Cada dólar importa


Em dezembro de 2007, num memorando interno, o vice-presidente para produção no Golfo do México, Richard Morrison, comentava os fatos:


- Nas últimas duas semanas de 2007, uma frequência sem precedentes de incidentes sérios em nossas operações... somos extremamente afortunados que um ou mais dos nossos colegas não tenham sido seriamente feridos ou mortos”.

As operações no Golfo se concentravam em atingir metas de desempenho e redução de custos, que eram os parâmetros, para definir o tamanho dos bônus dos gerentes de alto escalão e trabalhadores de nível mais baixo. Era a “cultura de que cada dólar importa”.

Em outubro de 2007, a BP concordou em pagar US$ 373 milhões para arquivar acusações relativas à explosão ocorrida em uma refinaria de Texas City (Ohio), um vazamento de petróleo no Alasca e mais a acusação de manipular o mercado de gás propano nos EUA. A agência responsável pela segurança do trabalho estadunidense (OSHA) fez uma inspeção, de 6 meses depois da explosão da refinaria de Texas City, onde morreram 15 pessoas em 2005.

Descobriu o seguinte: as válvulas que aliviam a pressão na refinaria não foram trocadas. Enquanto isso, o porta-voz oficial da BP dizia: “a redução na frequência de lesões, maiores incidentes relacionados a compra de equipamentos, foi possível economizar por meio da redução de despesa e simplificação da estrutura corporativa”. Sobre a vibração de certas bombas concluiu: “não era em si uma causa para preocupação com a segurança e o meio ambiente” e adiou o conserto. Em documento interno havia registro sobre “a falta de engenheiros e inspetores, que poderia por em risco a manutenção de equipamentos críticos”. Em dezembro de 2007, foram 10 ocorrências com “alto potencial de risco em unidades da empresa”.

Após a explosão da plataforma, o presidente do Conselho de Administração da BP, Henric Svanberg dizia:

- A BP será uma empresa diferente no futuro, exigindo uma nova liderança, sustentada por uma governança robusta e um conselho muito engajado”.


O maior drama da petrolífera envolve as duas sócias no poço Macondo, a Anadarko Corporation e a Mitsui & Co (no Brasil é acionista da Vale e dona da marca Café Brasileiro, entre outras coisas). Se ela for condenada pela justiça dos Estados Unidos, como responsável pelo acidente, as sócias não pagarão nada pelos prejuízos. Já avisaram sobre a decisão.

Procura e crescimento


A empresa especializada em análise de tendências do mercado do petróleo, a IHS Cambridge Energy Reserch Associates calcula que a produção em águas profundas no mundo, hoje avaliada em 5 milhões barris/dia, irá duplicar até 2020 – 10 milhões barris/dia, significa um pouco mais de 10% da demanda mundial. A previsão da Agência Internacional de Energia (AIE) é um consumo de 87,9 milhões de barris/dia em 2011, algo como 1,3 milhão a mais comparada a 2010. A IHS também publicou no final do ano passado uma lista com as maiores descobertas de petróleo no mar, acima de 300 metros de profundidade. Entre os 10 maiores poços comprovados, o Brasil ocupa 7 posições (de 1 ao 7), em termos de volume estimado. São eles: Tupi, descoberto em 2006, já produzindo, com 5 a 8 bilhões de barris. Júpiter (2008) até 8 bilhões. Franco (2010): 4,5 bilhões. Iara (2008) 3 a 4 bilhões. Jubarte (2001) 1,7 bilhão de barris e 17,7 bilhão de m3 de gás. Mexilhão (2001): 200 milhões de barris e 227 bilhões m3 de gás. Na lista não está o poço de Libra, que ainda segue sendo investigado. Todos os poços brasileiros encontram-se nas bacias de Campos, Espírito Santos e Santos.

Em décimo lugar tem um poço descoberto em Gana, na África Ocidental (Jubille), descoberto em 2007, com 1,5 bilhão de barris. Depois na Nigéria (Bouge Southwst, 2001), descoberto pela Shell, com 1 bilhão de barris. Nos Estados Unidos descobriram Tiber (2009), com 600 milhões de barris, da BP, a petrolífera inglesa. E outro da Shell, Great White (2002), com 500 milhões de barris.

A previsão da IHS para 2020 destaca os três maiores pontos de prospecção em volume no mundo. O Golfo do México, que já produz 1,2 milhão barris/dia, e deverá seguir com a mesma extração até 2020, com 38 plataformas.

O Brasil conta com 1,4 milhão de barris/dia atualmente e em 2020 terá 3,5 milhões de barris, com 61 plataformas. A Petrobras calcula 4,5 milhões de barris para o mesmo período, e já tem em operação 118 plataformas. Por último, a África Ocidental, que extrai 2,2 milhões de barris e em 2020 aumentará para 3,6 milhões de barris, com 32 plataformas. As áreas onde as pesquisas mais avançam em águas profundas estão no Golfo da Guiné, Mar Mediterrâneo e nas águas turcas do Mar Negro. A Chevron, a Statoil, norueguesa (67% de participação do governo) e a inglesa Tullow Oil PLC se destacaram mais entre as petrolíferas privadas. A Tullow anunciou a descoberta, na profundidade de 1.427 metros, de um poço na costa de Gana, com 1,5 bilhão de barris e começou a produzir no final do ano passado. A Chevron anunciou a compra de direitos de exploração em águas profundas de 3 grandes blocos na Libéria, começa a perfurar em 2011, além de outras áreas na águas turcas no Mar Negro e na China.

Sem dúvida, como diz o jornal inglês Financial Times, “o queridinho do momento” quando se fala em petróleo em águas profundas é o Brasil. Como diz o diretor do Programa de Energia do Instituto das Américas, da Universidade da Califórnia, Jeremy Martin:

- Eles (Brasil) tornaram a sua bacia atlântica o maior laboratório de pesquisa e desenvolvimento offshore do mundo. A grande história desta década, é o Brasil ter passado de uma posição coadjuvante para o topo da lista das potências petrolíferas da América Latina”.

Em 1980 o Brasil extraía 263.900 barris/dia, hoje são 2,5 milhões.

Mercado sem futuro

Não sei como as leis econômicas funcionarão no futuro, digamos daqui há 100 anos. Mas certamente, elas não poderão vender o que não existe, por se tratar de produto não renovável. Ou seja, algo produzido ao longo de milhões de anos, por processos naturais, que posteriormente serviu de base para a industrialização e a locomoção de milhares de produtos e, principalmente, pessoas. As petrolíferas privadas ou estatais podem brigas até morrer pela última gota de petróleo, porém será a última, não haverá a próxima. A tecnologia moderna, maior estrela do momento, na civilização ocidental, não esboçou a mínima capacidade de recriar um barril de petróleo, muito menos, os seus derivados, como a gasolina, o óleo diesel, ou a nafta, que é a base da petroquímica. Poderemos desenvolver a alcoolquímica. Resta saber quanto da porção de terra do planeta será necessária para sustentar o aumento do consumo de combustível fóssil – petróleo, gás e carvão.

Segundo a Agência Internacional de Energia o consumo primário de energia em 1973 era de 6,115 bilhões de toneladas. Em 2008, esse número cresceu para 12,267 bilhões de toneladas. Na década de 1970 o petróleo era responsável por 46,1% do consumo. Em 2008, o índice baixou para 33,2%. Ao mesmo tempo aumentou o de gás (de 16% para 21,1%) e o de carvão, que é o pior emissor de gases estufa entre os combustíveis fósseis.

O maior consumo, lógico, é dos países ricos, reunidos na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Mas a China consumia apenas 7% da energia primária do mundo em 1973, hoje (2008), consome 17,4%. As mesmas proporções valem para o consumo apenas de combustível. Em 1973, o consumo era de 2,805 bilhões de toneladas, pulando para 3,696 bilhões de toneladas em 2008. A participação da Europa nessa quantia era de 36,4% e passou para 34,7% levando em consideração as mesmas datas, e apenas os países desenvolvidos. O maior consumo é da América do Norte: 53% em 1973, e 50,3% em 2008.

No mundo o consumo total de combustível foi de 4,676 bilhões de toneladas em 1973 e 8,428 bilhões de toneladas em 2008. Os índices da OCDE variam de 60,1% (inclui Europa, América do Norte, Japão e Coreia do Sul). O restante da Ásia saltou de 6,4% para 11,6%. .A China, não entrou na contabilidade da Ásia, saiu de 7,9% para 16,4%. Outro dado revelador: o consumo mundial da indústria baixou: de 19,9% para 9,5% em 2008. Já o do transporte cresceu de 45,3% para 61,4%. O consumo de petróleo, envolvendo os principais setores da economia, inclui agropecuária, comércio, saiu de 2,250 bilhões de toneladas em 1973 para 3,502 bilhões de toneladas em 2008.

Não há ganhadores


A maior consequência disso está marcada na emissão de gás carbônico. Em 1973, eram 15,623 bilhões de toneladas emitidas. Trinta e cinco anos depois, o número chegou a 29,381 bilhões. As emissões oriundas do petróleo baixaram de 50,6% para 36,8%, mas a de gás metano (natural) cresceram de 14,4% para 19,9%. E a do carvão subiu de 34,9% para 42,9%. É o triunvirato fóssil responsável por mais de 97% das emissões de CO2. Os países ricos ficaram com 43% de participação (2008). A China e a Ásia, em conjunto, assumiram 32,6% das emissões. A queda de mais de 20% nas emissões dos países ricos está muito mais ligado a transferência de indústrias pesadas (alumínio, ferro-liga, siderúrgicas, celulose e alimentos), do que por questões de eficiência ou redução do consumo entre europeus, japoneses ou norte-americanos.

Esse é um jogo em que não há ganhadores, ou milionários vencedores. O máximo que estamos fazendo é condenar, antecipadamente, os nossos descendentes, netos, bisnetos e tataranetos. Condenação irrestrita e totalmente consciente. Na ponta do lápis. Pois, a partir de 2030, com todos os recursos e técnicas disponíveis para retirar a última gota de petróleo da terra ou do mar, não mudarão os índices de extração rumo à queda nas reservas.

Muito provavelmente nesta conta destrutiva a floresta boreal do Canadá, que guarda em seu subsolo cerca de 1,374 trilhão de barris de petróleo, misturado a areia – as chamadas areias betuminosas, ou areias de piche -, conforme estimativa da consultoria internacional Ernest & Young, será detonada. Cada barril extraído, literalmente, cozido porque as areias são fervidas para desencravar o óleo cru, 2,5 a 4 barris de água. Ou então, da pedra do xisto betuminoso, onde os Estados Unidos guardam uma reversa de 1,5 trilhão de barris. Completando o quadro futuro: 1,3 trilhão de barris de petróleo pesado – custo de 30 dólares para transformar – da Venezuela.

A soma indica 4,4 trilhões de barris de “petróleo não convencional”, como dizem e registram os analistas de mercados e as consultorias. Todos enfocam os graves prejuízos ambientais, que resultam da exploração desse ouro negro. A gasolina da areia de piche poluiu 30% mais.

Não haverá redução


Entretanto, o marco, que define as circunstâncias da exploração, é a cotação na bolsa Mercantil de Nova Iorque e Londres. O petróleo subiu 117,76% desde a crise financeira de 2008, quando atingiu seu pico máximo – 147 dólares por barril. Agora está na faixa dos 100 dólares. Não há economista, banqueiro, ou burocrata de governo que não reconheça uma cota de especulação nesse patamar de preço. O próprio preço do dólar no mercado internacional, e os juros quase zerados nos Estados Unidos, levou os investidores em busca de ganhos. De qualquer tipo: nos últimos tempos procuram as commodities, como minério de ferro, trigo, açúcar, soja, milho e petróleo. Hoje em dia, se investe não apenas em ações, títulos ou bônus de mercado. Existem índices, como o de commodities, onde se aposta em preços futuros.

No mercado petrolífero ninguém acredita em redução de preços. O cálculo mais lógico está entre 60 e 80 dólares. Qualquer um dos parâmetros desencadeia a exploração de areia, do xisto, Ártico, ou águas profundas. É exatamente isso que acontece neste momento, no mundo inteiro. Os países ricos não gostam da cotação de 100 dólares o barril, apesar de seus investidores bilionários, ganharem rios de dinheiro com elas. A previsão dos Estados Unidos é um custo de US$ 385 bilhões em importações, exatamente US$ 80 bilhões a mais, com esta cotação, segundo cálculos do economista chefe da IEA, Fatih Birol.

No caso da Europa, a importação custará US$ 375 bilhões, ou, US$ 76 bilhões a mais. E a OPEP, que reúne os 12 países “produtores” de petróleo já avisou que não vai aumentar a extração. Eles são responsáveis por quase 40% do petróleo comercializado no mundo, em dezembro de 2010 eram 29 milhões de barris/dia. A Arábia Saudita contribui com mais de 6 milhões, a Rússia e seus parceiros, com 4,8 milhões, são os dois maiores exportadores. Na crise do petróleo em 1973 os preços subiram de 4 dólares o barril para 12 dólares. Em 1979, nova crise, aumentaram de 12 para 40 dólares.

E agora não vai baixar. O maior extrator, a Árabia Saudita implantou um plano de geração de emprego e distribuição de renda de mais de US$ 100 bilhões. A família do rei Abdallah não quer ter problemas com revoltas populares, de nenhuma espécie. Muito menos, depois dos bombardeios da Otan em Tripoli, caçando Khadafi. O consumo doméstico aumentou de 3,4 milhões de barris/dia para 8,3 milhões, o que inclui gastos com usinas elétricas, dessalinização e indústrias pesadas como do alumínio e siderúrgicas. Os sauditas não deram atenção ao gás – tem a quarta maior reserva – e correm contra o tempo. Ou melhor, passaram a negociar mais com os chineses, os motores da economia mundial. A China investe em 20 dos 31 países, onde tem a marca das empresas nacionais, na indústria petrolífera. A Arábia Saudita bateu o recorde de venda de 1 milhão de barris/dia, antes dos Estados Unidos, agora da China. Eles também compram 52% da produção do Sudão (465 mil barris) e entre 155 e 400 mil barris, da Venezuela. Os chineses trocam investimento em indústrias, ou na exploração de poços, refinarias, por petróleo Na América Latina investiram quase 20 bilhões de dólares, em 2010, entre ativos a compra da Pan American Energy, na Argentina, onde descobriram reservas de xisto.


Números da Cadeia

No Brasil participam da exploração do pré-sal com a Sinochen, como sócia da Statoil, e a Sinopec que comprou parte da Repsol. No ano passado a China importou 4,8 milhões de barris/dia, além de produzir outros 4 milhões de barris/dia. O aumento, na comparação com 2009, foi de 17,5%. Nos próximos cinco anos, conforme a previsão da Agência Internacional de Energia, vai responder por metade da demanda mundial. Em 2030, a previsão aponta para uma importação de 79% do consumo. No jogo do mercado mundial, os Estados Unidos reduziram 4% do consumo, e a China, Índia, Brasil e Arábia Saudita juntas, cresceram 76%, traduzindo em barris, são 18,8 milhões. A consultoria internacional Ernest & Young, em seu trabalho de previsão até 2020, sobre mercado de energia, registrou os números de consumo do petróleo, para o final da década – daqui a duas copas do mundo de futebol.

Consumo de energia pelos principais países:

Países.........................................................Consumo de petróleo em milhões de barris/dia

Estados Unidos..........................................................................26,5
China...........................................................................................16,1
Japão.............................................................................................5,8
Índia..............................................................................................4,0
Rússia............................................................................................3,7
Brasil.............................................................................................3,7
México..........................................................................................3,6
Coreia do Sul................................................................................3,3
Canadá..........................................................................................3,0
Alemanha.....................................................................................2,9
França...........................................................................................2,3

Total............................................................................................74,9


Fonte: Ernest & Young

Estes serão os maiores consumidores em 2020.

Os maiores “produtores” de petróleo cru:

Países...........................Extração em milhões de ton...............Participação (%)

Federação Russa............................494..............................................12,9

Arábia Saudita................................452..............................................11,8

EUA..................................................320...............................................8,3

Irã.....................................................206............................................. 5,4

China.................................................194............................................. 5,0

Canadá..............................................152............................................. 4,0

México..............................................146............................................. 3,8

Venezuela.........................................126..............................................3,3

Kuwait...............................................124.............................................3,2

Emirados Arábes............................ 120.............................................3,1

Resto do mundo............................1.509..........................................46,1

Total................................................3.843......................................100,0

Fonte: IEA


Nota: Base de dados de 2009.

Delírio da Humanidade

No Brasil a maior parte das reservas estão na Bacia de Campos (RJ). São mais de 10 bilhões de barris. Seguidos pelo Espírito Santo com 1,9 bilhão de barris. O Amazonas tem 200,5 milhões de barris. A maior parte, 92,5% das reservas brasileiras estão no mar, apenas 7,5% em terra, em estados do nordeste, como Rio Grande do Norte, Sergipe, Bahia (no Recôncavo). A proporção para o gás é de 81,7% no mar e 18,3% na terra.

Até a última gota é a saga do consumo e do delírio da humanidade, no início do século XXI, da era cristã ocidental. Se depender das previsões das agências internacionais, da indústria petrolífera, dos países extratores, o Planeta não terá sequer uma amostra do que foi a vida do período carbonífero, muito menos daquele óleo cru, embalsamado nas profundezas do oceano, que um dia poderia ter algum outro destino. Menos o de destruir a própria vida e um dos princípios fundamentais da evolução: a fixação da atmosfera em 21% de oxigênio, 78% de nitrogênio além de minúsculas percentagens de gases nobres e gás carbônico. O CO2 apesar de ser encontrado em grandes volumes, serve como suporte para o crescimento dos vegetais, ou seja, na manutenção da vida. Ao contrário da profanação, que usa e abusa da vida e desencadeou um processo de destruição. Até a última gota...

Fonte: Carta Maior
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sexta-feira, 8 de julho de 2011

França considera abandonar energia nuclear

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A França levantou pela primeira vez a possibilidade de desistir da energia nuclear, embora seu ministro da Energia tenha enfatizado nesta sexta-feira que esse é apenas um entre muitos cenários e que não é o preferido do governo.


O ministro da Energia, Eric Besson, anunciou na rádio Europe 1 o lançamento de um estudo da matriz energética do país até 2050, com opções que incluem a desistência completa de produzir energia nuclear, uma redução de 50 por cento na participação de energia nuclear e uma redução progressiva da produção elétrica total na França.

"Vamos estudar todos os cenários possíveis para o que chamaremos de matriz energética", disse ele. "Isso será feito com total objetividade, com transparência completa e sem evitar qualquer cenário..., incluindo os cenários de uma desistência nuclear."

Um funcionário do Ministério da Energia disse à Reuters que um dos cenários prevê a desistência completa da energia nuclear até 2050 ou até mesmo 2040.

Mas Besson destacou que é a favor da manutenção da participação em dois terços da energia nuclear na produção energética total da França, comparada com os 74 por cento de participação em 2010.

"A desistência não é minha convicção, não é a escolha do governo e do presidente. Ao mesmo tempo, porém, não podemos excluir nada", enfatizou.

Contrastando com a Alemanha, que em maio declarou que vai cessar sua produção de energia nuclear completamente até 2022, a França vem sendo forte defensora da energia nuclear, e o governo tinha excluído a possibilidade de desistir dela como fonte energética.

Embora a forte dependência francesa sobre a energia nuclear dificulte muito uma mudança total de posição, com a eleição presidencial de maio de 2012 chegando mais perto, o governo pode sentir a tentação de sugerir que estaria considerando essa possibilidade.

Uma pesquisa no mês passado mostrou que três quartos dos franceses entrevistados queriam que o país deixasse de produzir energia nuclear, contra 22 por cento que apoiam a ampliação do programa nuclear.

Enquanto o partido de centro-direita UMP é principalmente em favor da ampliação do programa nuclear, o oposicionista Partido Socialista vem pedindo que não sejam construídos novos reatores e prometeu que, se for eleito em 2012, promoverá um debate nacional sobre uma transição energética.

As ações da empresa de eletricidade francesa EDF, que é responsável pelos 58 reatores nucleares da França, tiveram queda de quase 1 por cento depois da notícia de que a França vai estudar a possibilidade de abandonar a energia nuclear por completo.

Fonte: Reuters
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quinta-feira, 7 de julho de 2011

Rússia vai pedir nova divisão do Ártico na ONU

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A Rússia afirmou que vai entregar um pedido formal à ONU (Organização das Nações Unidas) no próximo ano para resenhar o mapa do Ártico, ficando, assim, com uma fatia maior.

O plano vem após o anúncio, feito na semana passada, que a Rússia vai enviar tropas e armamentos à região para garantir seus interesses. O pedido entregue à ONU mudaria as fronteiras do Ártico e permitiria a exploração do território que é rico em petróleo.

Rússia, Noruega, Estados Unidos, Canadá e Dinamarca não concordam em como irão dividir a região rica em petróleo e que tem 30% da reservas mundiais de gás e que ainda não foram explorados, segundo uma pesquisa geológica americana.

A Rússia disse que vai gastar milhões de dólares em estudos para provar que o fundo do oceano rico em petróleo, gás natural e minérios é parte extensão da Eurásia.

O Canadá e a Dinamarca rejeitam a reivindicação russa. Eles afirmam que a formação geográfica é prolongamento natural do seu território.

A Convenção da ONU sobre o Direito do Mar (1982) diz que qualquer Estado costeiro pode reivindicar o prolongamento natural do seu território terrestre até uma distância de 200 milhas marítimas da margem e tem o direito de explorar os recursos naturais nessa zona.

Fonte: Reuters
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sábado, 2 de julho de 2011

Rússia diz que enviará tropas à cada vez mais disputada região do Ártico

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O Ministério da Defesa da Rússia afirmou nesta sexta-feira que o país planeja criar duas brigadas militares especializadas para a região do Ártico, local que tende a se tornar um polo de disputa regional.

O anúncio ocorre um dia depois de o premiê russo, Vladimir Putin, ter dito que a Rússia pretende "expandir sua presença no Ártico" e defender "forte e persistentemente" seus interesses na região.

Com o derretimento de geleiras no Polo Norte, diversos países - como Estados Unidos, Dinamarca, Canadá e Noruega - têm reclamado soberania sobre partes do Ártico, onde acredita-se que haja significativas reservas inexploradas de petróleo e gás.

Putin destacou que está "aberto ao diálogo com os parceiros estrangeiros, com nossos vizinhos do Ártico", mas que vai defender seus próprios "interesses geopolíticos".

Segundo o ministro russo da Defesa, Anatoly Serdyukov, disse à imprensa estatal, a Rússia está agora avaliando detalhes sobre as brigadas, como número de soldados, tipos de armas que serão usadas e onde serão suas bases.

O correspondente da BBC em Moscou, Daniel Sandford, disse que os planos russos de enviar tropas ao Ártico ainda parecem estar em estágio inicial, ainda que relatos anteriores citassem apenas o envio de uma brigada, em vez de duas.

Dinamarca

Em maio passado, o governo da Dinamarca revelou planos de reivindicar uma grande área localizada no oceano Ártico.

"Esperamos que a Dinamarca consiga ser bem-sucedida na reivindicação de uma área que, entre outras coisas, inclui o Polo Norte", disse a ministra das Relações Exteriores dinamarquesa, Lene Espersen, em comunicado.

Além de recursos minerais, o derretimento do gelo no Ártico vai viabilizar novas rotas comerciais para navios e locais de pesca.

Fonte: BBC Brasil
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segunda-feira, 13 de junho de 2011

Os múltiplos desafios de 2011 para o sistema de energia global

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Pela primeira vez em duas décadas – e justamente em um ano recheado de eventos que parecem ter o poder de reescrever a relação do planeta com a energia que o move – uma reunião da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) terminou sem consenso em Viena na semana passada.

“Foi uma das piores reuniões que tivemos. Não conseguimos chegar a um acordo”, descreveu Ali al-Naimi, representante da Arábia Saudita, país que defendia a adição de 1,5 milhão de barris diários à cota de produção coletiva de petróleo do grupo, para aliviar o peso do preço dos combustíveis sobre a trôpega economia global.

“O desentendimento público também mostra que os 12 países membros da Opep estão cada vez mais tomando suas próprias decisões sobre os níveis de produção ao invés de aceitar os julgamentos coletivos”, descreveu o The New York Times. A correspondente de energia do The Telegraph chegou até mesmo a sugerir que o desencontro pode levar ao rompimento da organização cinquentenária.

Em Teerã, a derrota da tese saudita foi recebida com uma manchete provocativa. “Arábia Saudita perde seu domínio sobre a Opep”, cutucava o Tehran Times, apontando o Irã como o vencedor de uma queda de braço com os países do Golfo Pérsico.

Os sauditas, porém, deram de ombros para o resultado da reunião e anunciaram a intenção de elevar em 13% a produção interna – para cerca de 10 milhões de barris diários, nível somente alcançado em 1981 – , arcando sozinhos com a produção extra defendida na reunião de Viena. O anúncio fez recuar o barril de petróleo, que hoje próximo aos 100 dólares.

Mas quando comparadas aos efeitos de alguns eventos geopolíticos que 2011 tem nos apresentado, as turbulências dentro da Opep se assemelham a um suave balançar de berço. Na última semana de maio, Fatih Birol, economista chefe da Agência Internacional de Energia concedeu uma entrevista a uma rádio da Nova Zelândia durante a qual dispensou eufemismos ao retratar o mercado de energia. “Por lei eu não posso fazer previsões de preços, mas eu posso dizer que eu acredito que a era do petróleo barato acabou. Os preços que tínhamos antes de 2008, 40 dólares, 50 dólares, 60 dólares [por barril], são passado”, disse Birol.

“Nos próximos vinte anos, 90% do aumento da produção de petróleo do mundo terá de vir de 5 ou 6 países. Notadamente, Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kuwait, Emirados Árabes. Será que esses países, especialmente devido à condição geopolítica em que se encontram, estarão capacitados a fazer esses investimentos?”. Birol afirmou ainda que para que se mantenha o equilíbrio entre oferta e procura é preciso que “se descubram quatro novas Arábias Sauditas nos próximos 20 anos”.

“A questão é: Como mudar uma economia baseada em petróleo para uma baseada em alternativas? Já estamos atrasados nesse processo, mas é melhor começar agora do que mais tarde”, diz, dando a entender que é melhor não ficar esperando pelas “quatro Arábias”.

Michael Klare, professor de Paz e Segurança Global do Hampshire College, identifica, em um artigo da semana passada, três eventos que têm aumentado a urgência de se encontrar essas alternativas. “Aqui estão as boas notícias sobre a energia: graças ao aumento dos preços do petróleo e à deterioração das condições econômicas mundo afora, a Agência Internacional de Energia (AIE) reporta que a demanda global por petróleo não irá crescer neste ano tanto quanto se acreditava, o que pode resultar em uma redução dos preços nas postos de combustíveis”, escreveu Klare para o progressista Tom Dispatch, dos EUA.

“Em maio”, segue Klare, “a AIE reduziu sua estimativa para consumo global de petróleo em 2011 em 190 mil barris diários, estabelecendo-a em 89,2 milhões de barris por dia. Como resultado, os preços de venda poderão não atingir os níveis estratosféricos previstos no começo do ano, embora, sem dúvida, eles se manterão mais elevados do que em qualquer período desde os meses de pico em 2008, um pouco antes da crise global. Perceba que essas são as boas notícias”.

Em março, uma semana antes de um tsunami transformar o litoral norte japonês em uma bomba-relógio radioativa e recolocar temas como segurança a energia nuclear na pauta do planeta, Klare já descrevia um cenário energético pouco otimista em um artigo reproduzido por Carta Maior.

“Considere o recente aumento nos preços do petróleo apenas um tímido anúncio do petro-terremoto que está por vir”, escreveu Klare à época. “O petróleo não desaparecerá dos mercados internacionais, mas nas próximas décadas não irá mais alcançar os volumes necessários para satisfazer a estimada demanda global, o que significa que escassez será a condição dominante do mercado”.

Entre suas razões, ele arrolava o fato de as rebeliões em curso no Oriente Médio e Norte da África forçarem os governos locais a destinar uma parcela cada vez maior de recursos oriundos do petróleo para o mercado interno, aumentando assim o consumo energético, a fim de evitar descontentamentos ainda maiores que os que varrem a região desde o final do ano passado. Como fez preventivamente a Arábia Saudita, aumentando salários, ampliando benefícios como seguro-desemprego e expandindo linhas de crédito imobiliário.

Neste novo artigo Klare identifica outros dois desenvolvimentos diretamente ligados ao mercado de energia global. O primeiro -- e também o mais óbvio e dramático -- são as consequências do tsunami japonês de março, que alijou o sistema japonês – forçando os asiáticos a compensar através de uma maior importação de petróleo. Klare informa que esse aumento pode chegar a 230 mil barris de petróleo diários – ou o equivalente ao consumo de países como Israel ou às necessidades de importação da Austrália.

Os valores podem parecer pequenos quando diluídos na imensidão dos 90 milhões de barris diários que singram pelos mercados mundiais diariamente. Mas quando, no rastro da destruição japonesa, países começaram a fazer fila para abandonar seus projetos nucleares, parece óbvio que a demanda irá acabar por pressionar ainda mais mercado internacional de petróleo.

Como se nada disso fosse o bastante, secas “durante o último ano na Austrália, China, Rússia, em partes do Oriente Médio, América do Sul, Estados Unidos, e mais recentemente no norte da Europa têm contribuído para as altas recordes nos preços dos alimentos – e isso, por sua vez, tem sido um fator chave para as revoltas políticas que varrem Norte e Leste da África e o Oriente Médio”, escreve Klare.

Com os níveis dos rios mais baixos, cai também a geração de energia em usinas hidrelétricas. Na China, já há racionamento em função do volume de água em alguns rios estar até 40% abaixo da média histórica. Alguns reatores nucleares podem ter de ser fechados temporariamente na Europa. Principalmente na França, onde as usinas se utilizam de água dos rios para o processo de resfriamento do combustível radioativo.

A situação é tão complicada que mesmo a navegação em alguns rios europeus está comprometida, com navios sendo obrigados a abandonar os portos com menos da metade da capacidade de carga.

No começo desse mês – em uma notícia improvável há uma década, quando o preço do barril do petróleo estava em 20 dólares por barril – oficiais sauditas anunciaram planos de colocar em funcionamento 16 reatores nucleares até 2030 – a um custo de 100 bilhões de dólares (14). Logo em seguida, Al-Naimi, o ministro do Petróleo do reino árabe, foi citado por uma agência de notícias árabe revelando planos de captação de energia solar no país, que segundo ele tem potencial de produzir quatro vezes a demanda de energia elétrica global em energia solar até 2020.

As “quatro Arábias” – e mesmo os sauditas, sentados em cima das maiores reservas de petróleo do planeta, parecem entender isso – não poderão vir só de combustíveis fósseis, que hoje são mais de 80% das fontes disponíveis.

Fonte: Carta Maior
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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Alemanha promete parar de usar energia nuclear até 2022

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A Alemanha vai desligar todas as usinas nucleares do país até 2022 e planeja reduzir o uso de energia em 10% até 2020, após acordo da coalizão liderada pela chanceler Angela Merkel.

A decisão pode ser até mais ambiciosa do que a saída da energia nuclear planejada pela coalizão entre sociais-democratas e verdes quando estavam no poder em 2000, pois desativa oito das 17 usinas nucleares do país imediatamente e outras seis em 2021, mas ainda pode enfrentar oposição de empresas do setor.

Há apenas nove meses, Merkel anunciou uma ampliação da utilização das usinas nucleares em 12 anos em média. Em março, após o terremoto e tsunami que provocaram um acidente na usina nuclear japonesa de Fukushima, no Japão, Merkel reverteu a decisão e colocou a política para energia nuclear do país sob revisão.

"Nosso sistema energético tem de ser mudado fundamentalmente, e pode ser mudado. Queremos que a eletricidade do futuro seja segura e, ao mesmo tempo, confiável e econômica", disse Merkel a jornalistas nesta segunda-feira.

A decisão dos partidos da coalizão dirigida por Merkel supõe um retorno à decisão tomada no ano de 2000 pela então coalizão de social-democratas e verdes comandada por Gerhard Schröeder que tinha aprovado por lei o fim da era nuclear em 2021.

Merkel e sua equipe se retratam assim da lei que aprovaram no ano passado para prolongar a vida das usinas nucleares em uma média de 14 anos e que atrasava para 2036 o fechamento da última usina atômica no país.

Além de parar de usar a energia nuclear, a Alemanha também planeja reduzir o uso de eletricidade em 10% até 2020 e dobrar a participação de fontes renováveis de energia para 35 % no mesmo período, segundo um documento do governo obtido pela Reuters.

Merkel não deu mais detalhes do plano, mas o documento afirma que a meta alemã de reduzir a emissão de gases do efeito estufa em 40%o até 2020 está mantida.

A maioria dos eleitores na Alemanha é contra a energia atômica, que fornecia 23% da energia do país antes de sete unidades antigas serem fechadas em março.


PROTESTOS

No sábado (28), milhares de pessoas participaram de protestos em 21 cidades da Alemanha, exigindo que o governo acelerasse o processo de abandono da energia nuclear.

Cerca de 160 mil pessoas saíram às ruas em 21 cidades alemãs. Na capital Berlim e em Munique o número de manifestantes ficou em torno de 25 mil, enquanto que em Hamburgo quase 20 mil aderiram ao protesto, de acordo com os organizadores. A polícia de Berlim estimou uma presença de 20 mil pessoas.

O encerramento em definitivo dos 17 reatores nucleares alemães até o ano de 2021 atenderia a um pedido feito no início deste milênio por um grupo formado por políticos sociais-democratas e ecologistas.

Na sexta-feira (27), os ministros do Meio Ambiente dos Estados alemães aprovaram o fim das atividades dos sete reatores nucleares mais antigos do país, paralisados desde março.

Fonte: Reuters
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domingo, 22 de maio de 2011

Merkel dá apoio a fim de energia nuclear na Alemanha

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A chanceler alemã, Angela Merkel, apoiou neste sábado propostas de fechar dentro de uma década todas as 17 usinas nucleares do país.

Falando durante uma reunião da CSU (União Social Cristã), partido irmão do seu, Merkel afirmou que 2022, data proposta pela CSU, era um prazo apropriado para os fechamentos e que o seu governo irá fixar uma data para que a Alemanha deixe de produzir energia nuclear.

"Acho que o cronograma que a CSU vê como uma opção é um cronograma apropriado", afirmou ela no evento na Bavária. "As pessoas querem saber sobre uma data concreta para esse fim, e nós iremos dar essa data concreta", acrescentou. O seu governo planeja tomar a decisão em 6 de junho.

Merkel já reverteu uma decisão de ampliar o período de atividade de usinas alemãs, depois que terremoto e tsunami no Japão afetaram reatores nucleares.

A energia nuclear é há muito tempo impopular na Alemanha, e a decisão anterior de Merkel, tomada no ano passado, de prolongar as atividade de usinas, foi um fator importante para o seu partido perder poder na Bavária.

Fonte: Reuters
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quarta-feira, 18 de maio de 2011

A 'partilha' do Ártico

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Um encontro do Conselho Ártico na Groenlândia, na quinta-feira, acabou com a assinatura de uma declaração formal e um acordo regional para colaboração em operações de busca e salvamento. Assim, à primeira vista, pode-se até perguntar qual a importância disso, mas é preciso ler nas entrelinhas.

Em tempos de mudança climática, o derretimento do gelo ártico significa que áreas cada vez maiores estarão descobertas e, assim, abertas à exploração de petróleo e minérios. Calcula-se que a região de mais de 30 milhões de quilômetros quadrados abrigue até 25% das reservas globais de gás natural e petróleo.

Na prática, o acordo de busca e resgate é o primeiro passo legalmente obrigatório aprovado pelo conselho, composto por representantes dos oito países árticos: Canadá, Estados Unidos, Islândia, Finlândia, Suécia, Dinamarca (Groenlândia e ilhas Faroe), Noruega e Rússia, além de representantes de dezenas de povos indígenas.

A presença de ninguém menos que a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, em Nuuk sublinha a importância simbólica do acordo.

Por trás do lustre diplomático, nos bastidores, a corrida seria muito menos civilizada do que aparenta a foto da assinatura do acordo. Um comunicado diplomático vazado pelo site Wikileaks dá uma amostra do tom usado nessa corrida no degelo.

Segundo o Wikileaks, o ministro do Exterior da Dinamarca, Per Stig Moeller, teria feito a seguinte piada com colegas americanos: "se vocês ficarem de fora, sobra mais do Ártico para trincharmos entre nós".

Diante deste quadro de iminente desenvolvimento na região, o encontro de Nuuk indica que, entre promessas de combate às mudanças climáticas e proteção da biodiversidade, os países da região estão dispostos a colaborar de forma a organizar e regulamentar a exploração. Talvez seja um sinal de que o desastre provocado pela BP no Golfo do México ainda esteja vivo na lembraça dos governantes.

Fonte: BBC Brasil
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terça-feira, 26 de abril de 2011

Rússia propõe nova convenção internacional sobre segurança nuclear

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O presidente russo, Dmitri Medvedev, anunciou nesta terça-feira ter enviado a seus colegas estrangeiros a proposta para uma convenção internacional sobre segurança nuclear.

Medvedev visita o prédio da central nuclear de Tchernobil, na Ucrânia, onde há exatos 25 anos a explosão de um reator e o silêncio das autoridades causaram a maior tragédia nuclear da história.

"Enviei hoje aos dirigentes dos principais países, a nossos amigos e parceiros da Comunidade de Estados independentes, e certamente à Ucrânia uma proposta visando garantir o desenvolvimento necessário da segurança nuclear no mundo", declarou.

O presidente russo não deu mais detalhes sobre a proposta. Na véspera, ele afirmou que a maior lição que as autoridades de todo o mundo aprenderam com as tragédias de Tchernobil e Fukushima (no Japão) é que é necessário dizer sempre a verdade.

Medvedev pediu ainda transparência dos governos em caso de uma emergência nuclear, após se reunir com técnicos que trabalharam na crise de Tchernobil.

A maior reclamação destes técnicos, que foram expostos a níveis inconcebíveis de radiação, foi a maneira nebulosa como o governo socialista os informou do risco real que corriam.

"O mundo é tão frágil e nós estamos tão ligados que qualquer tentativa de esconder a verdade, de manipular uma situação, tornando-a mais otimista, terminará em tragédia e custará a vida de muitas pessoas", destacou. "Esta é uma lição difícil e importante sobre o que aconteceu".

Em 1986, Moscou permaneceu em silêncio sobre o desastre de Tchernobil durante três dias. A primeira reportagem divulgada na mídia oficial comunista foi uma pequena nota em letras minúsculas no verso do tabloide "Pravda". Agências oficiais como a TASS só reportaram o incidente no dia 28 de abril, depois que a usina nuclear de Forsmark, na Suécia, detectou um nível alto de radiação no continente.

Seis liquidadores --como ficaram conhecidos os trabalhadores de limpeza de Tchernobil-- e 22 técnicos da usina ucraniana, então sob governo soviético, morreram em poucos meses devido à exposição radioativa.

A maioria dos liquidadores que sobreviveu ainda sofre com os graves problemas de saúde provocados pelo trabalho no local do desastre, mas muito se questiona a respeito da real causa da morte dos mortos contabilizados da tragédia.

Medvedev visita Tchernobil ao lado do presidente ucraniano, Viktor Yanukovich. Os dois chefes de Estado chegaram à central depois de assistir a uma cerimônia religiosa.

Fonte: Folha
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segunda-feira, 25 de abril de 2011

Manifestantes protestam em Tóquio contra energia nuclear

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Milhares de pessoas protestaram neste domingo no centro de Tóquio para pedir o fim da energia nuclear e um maior desenvolvimento das energias renováveis, depois do acidente da central de Fukushima provocado pelo terremoto seguido de tsunami ocorrido em 11 de março.

Levantando cartazes onde se lia "Bye Bye Genpatsu" (adeus, nuclear), os manifestantes, muitos deles jovens e famílias inteiras, marcharam no parque de Yoyogi, em calma e sob o sol forte.

"Estamos inquietos, Antes de Fukushima, não acontecia tudo isso, mas agora precisamos reagir, precisamos fazer isso por nossos filhos", explicou Hiroshi Iino, 43 anos, um dos participantes da manifestação a favor de "uma mudança enérgica".

Paralelamente, em outra região da capital japonesa, foi realizada uma segunda manifestação, da qual também participaram milhares de pessoas para protestar contra a empresa que opera a central de Fukushima Daiichi, a Tepco.

A questão de um eventual abandono da energia nuclear não é, no momento, abertamente debatida na cena política japonesa.

"Não podemos prescindir da energia nuclear, mas devemos refletir quanto aos planos e ao calendário de construção de nossas usinas", estimou na sexta-feira o número dois do partido de centro-esquerda no poder, Katsuya Okada.

A energia nuclear representava, antes do maremoto de 11 de março que provocou danos em vários reatores, cerca de 30% da eletricidade utilizada no Japão.

Localizada a 250 km a nordeste de Tóquio, a central de Fukushima Daiichi foi danificada por uma onda de 14 metros de altura que causou falhas nos sistemas de refrigeração, provocando uma explosão e vazamentos radioativos.

A operadora Tepco espera conseguir estabilizar a situação em um período de seis a nove meses.

Fonte: France Presse
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quarta-feira, 20 de abril de 2011

Itália busca brecha para que rebeldes líbios vendam petróleo

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Uma reunião de governos ocidentais e do Oriente Médio, marcada para maio em Roma, buscará maneiras de permitir que os rebeldes líbios vendam petróleo ao mercado mundial, disse na terça-feira o chanceler italiano, Franco Frattini.

As declarações ressaltam a incerteza gerada pelas sanções da Organização das Nações Unidas (ONU) que deveriam servir para cercear o regime de Muammar Gaddafi, mas que acabaram também por impedir que os rebeldes vendam o petróleo extraído nas regiões sob seu controle, o que lhes permitiria angariar fundos para sua luta.

Falando após uma reunião com Mustafa Abdel Jalil, chefe do principal conselho rebelde da Líbia, Frattini disse que o "Grupo de Contato" com a Líbia, envolvendo países da Europa e Oriente Médio, mais a ONU, a União Africana e a Liga Árabe, vai discutir a questão no começo do mês que vem na capital italiana.

A data exata não foi definida, mas as autoridades italianas disseram que o encontro será possivelmente no dia 2.

Frattini disse que o grupo avaliará maneiras de liberar bens pertencentes a Gaddafi que estão congelados pela resolução da ONU, e que discutirá também formas de permitir "a venda de derivados de petróleo produzidos na Cirenaica (leste da Líbia) ... com instrumentos financeiros transparentes."

Jalil, que também se reuniu com o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, antes de viajar na quarta-feira a Paris, apelou às potências ocidentais para que intensifiquem suas ações militares contra as forças de Gaddafi.

Mas ele não chegou a pedir à Itália que suspenda as restrições que impedem a sua aviação de participar ativamente dos bombardeios realizados pela Otan contra as forças do regime.

"O que nós esperamos que os nossos amigos italianos façam é colocar mais pressão militar sobre Gaddafi para forçá-lo a deixar o país e renunciar", afirmou o dirigente rebelde a jornalistas.

Além de pedir apoio militar e outros tipos de ajuda, como bolsas acadêmicas, Jalil pretende com sua visita fortalecer os laços econômicos da zona rebelde com a Itália, que esteve entre os melhores amigos de Gaddafi na Europa até o início da rebelião.

Abdurrahman Shalgham, ex-embaixador da Líbia na ONU, e que acompanha Jalil na viagem, disse que a delegação teve breves contatos com empresas italianas como a elétrica Enel, a fábrica de equipamentos eletrônicos militares Finmeccanica e o banco Unicredit, o principal do país.

Paolo Scaroni, executivo-chefe da Eni, empresa italiana que era o maior exportador de petróleo da Líbia até o início do conflito, também esteve na reunião com Berlusconi, segundo um funcionário que pediu anonimato.

Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e Catar estão entre os países que defendem a autorização para a venda de petróleo do leste da Líbia.

Até agora, os rebeldes conseguiram exportar apenas pequenas quantidades, com a ajuda do Catar, que juntamente com França e Itália foi um dos primeiros países a reconhecer o Conselho Nacional de Transição, uma instância criada pelo rebeldes, como legítimo governo da Líbia.

Jalil agradeceu a Itália pelo seu apoio e reiterou que um futuro governo rebelde irá manter os tratados e acordos comerciais existentes. Ele disse que os primeiros apoiadores receberão uma recompensa especial.

"Haverá uma forte cooperação e amizade com a Itália, Catar e França, em primeira instância. Depois deles virão todos os nossos outros amigos -- Estados Unidos, Grã-Bretanha -- que nos têm apoiado, mas cada um de acordo com o quanto tem nos apoiado hoje."

Fonte: Reuters
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terça-feira, 19 de abril de 2011

Ações de petroleira britânica desabam com fracasso nas Malvinas

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A ação da empresa britânica Desire Petroleum, que acumula fracassos nas tentativas de exploração na bacia das Malvinas, desabou nesta segunda-feira na Bolsa de Londres após o anúncio de mais um fracasso de uma nova perfuração.

A empresa informou em um comunicado que será obrigada a fechar e abandonar o último poço que perfurou nas Malvinas. O local, batizado de Ninky, permitiu detectar rastros de petróleo, mas de uma qualidade muito baixa para poder ser explorado.

O fracasso provocou uma forte queda da ação da Desire em Londres. Às 7h45 no horário local (4h45 de Brasília), o título da empresa registrava queda de 58,75%, em um mercado em baixa de 0,44%.

A empresa acumula fracassos na tentativa de explorar petróleo nas Malvinas.

A Desire Petroleum integra, com a Rockhopper e a Falkland Oil & Gas, o trio de empresas britânicas que iniciaram em fevereiro de 2010 uma campanha de prospecção de petróleo nas Malvinas, o que aumentou as tensões entre o Reino Unido e a Argentina, que continuam disputando a soberania do arquipélago.

Desde então, apenas a Rockhopper descobriu uma jazida potencialmente explorável no setor de Sea Lion.

Fonte: France Presse
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segunda-feira, 28 de março de 2011

1979: Acidente nuclear em Three Mile Island

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No dia 28 de março de 1979, a usina norte-americana de Three Mile Island, na Pensilvânia, foi palco do pior acidente nuclear ocorrido até então.

Gases radioativos começaram a evaporar já bem cedo na manhã de 28 de março de 1979 num dos dois reatores da usina Three Mile Island, nas proximidades de Harrisburg, a capital do estado norte-americano da Pensilvânia. Um correspondente alemão narrou o incidente da seguinte maneira:

"Segundo as informações de que dispomos, houve uma pane na bomba de água do sistema de resfriamento, que fica fora do prédio da usina. Imediatamente, entrou em funcionamento um sistema de emergência, mas um técnico o desligou antes do tempo, não se sabe por quê. Isto desencadeou o processo, que poderia ter resultado na explosão do reator."

Um dia depois, um grupo de ecologistas mediu a radioatividade em volta da usina. Sua intensidade era oito vezes maior que a letal. Uma área de até 16 quilômetros em volta de Three Mile Island estava contaminada. Apesar de ter sido declarado estado de emergência, nenhum dos 15 mil habitantes que moravam numa área até dois quilômetros da área contaminada foi evacuado. O governador do estado da Pensilvânia, Dick Thornburgh, iniciou a retirada dos habitantes só dois dias depois, começando com gestantes e crianças.

O tema foi assunto constante da imprensa norte-americana, em todos os seus boletins de notícias. Mais de cem peritos foram reunidos para tentar resfriar os elementos combustíveis e assim controlar o reator até desligá-lo.

Falha humana

Uma bolha de gás altamente radioativo havia se instalado na parte de cima do reator, impedindo o acesso da água de refrigeração. Somente no dia 2 de abril, os técnicos conseguiram reduzir a bolha de gás em volta do reator de 50 metros cúbicos para cerca de um metro cúbico. Enquanto isso, aumentavam nos Estados Unidos as críticas às medidas de segurança.

Em contrapartida, a empresa que administrava a usina acusou as autoridades de exagero ao comentarem o incidente. Algum tempo depois, os elementos combustíveis resfriaram e o perigo de explosão estava afastado.

No dia 1º de novembro de 1979, uma comissão nomeada pelo então presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, chegou à conclusão de que o acidente fora causado por falha humana. A princípio, a direção da usina pretendia reparar o reator danificado. Os técnicos constataram, no entanto, que os danos haviam sido maiores do que se suspeitava. Setenta por cento do núcleo do reator fora destruído pelo calor.

Fonte: Deutsche Welle
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