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domingo, 20 de setembro de 2020

"Praia Limpa, Mar Limpo" - Evento em Rio das Ostras com apoio da Marinha do Brasil marca último dia da "Semana de Combate ao Lixo no Mar"

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Na última semana, foi promovida pela Marinha do Brasil entre os dias 14 e 19 de setembro a "Semana de Combate ao Lixo no Mar", evento que devido as restrições impostas pela pandemia do Covid-19, teve grande parte das atividades realizadas virtualmente. 

Porém, em Rio das Ostras, no estado do Rio de Janeiro, o editor do GBN Defense e sua filha, Bibi Nicolaci, promoveram no último sábado (19) com apoio da Marinha do Brasil a primeira edição do "Praia Limpa, Mar Limpo", que reuniu um várias pessoas na Praia do Centro, uma das mais importantes do município, realizando a retirada de vários sacos de lixo, além de distribuir várias máscaras, panfletos e sacolas de lixo para as famílias que curtiam o sábado ensolarado.

A ação que ocorreu no último dia da "Semana de Combate ao Lixo no Mar", recolheu muitos copos descartáveis, embalagens plásticas e garrafas de plástico e vidro deixados na praia por banhistas. Tais objetos acabam parando no mar com a alta da maré ou com os fortes ventos, prejudicando a vida marinha. A pequena Bibi de apenas 4 anos, já aprendeu desde cedo e ajudou na distribuição do material e conscientização do público, explicando que lugar de lixo é na lixeira e não na areia da praia ou nas ruas.

"É muito importante nosso engajamento nesta ação, pois não basta apenas reclamar do problema e esperar pelas autoridades competentes, é preciso agir, se cada um fizer sua parte teremos praias mais limpas e preservaremos a biodiversidade de nossa "Amazônia Azul. Não é difícil estabelecer parcerias como a que fechamos com a Marinha do Brasil e comerciantes da cidade, o difícil é colocar na cabeça das pessoas que um simples copo plástico pode causar dano ambiental  por muitos anos, e não custa nada coletar o lixo que geramos, e vou até mais longe, se todos quando formos as praias, rios e lagoas retirarmos o lixo ao nosso redor, já é um grande passo, pratico isso há muitos anos e a Gabrielly (Bibi) desde bebê vê essa minha atitude e assimilou ao ponto de todas as vezes que vamos a praia, ela recolhe comigo bastante plástico ao nosso redor", disse Nicolaci.

O evento que contou com adesão de moradores da cidade e teve o importante apoio da Força Aeronaval, sob o comando do Contra-Almirante Paulo Renato Rohwer Santos, que disponibilizou material para ação, com máscaras produzidas na BAeNSPA pelas oficinas do CIAAN, além do engajamento de comerciantes e empresários de Rio das Ostras, como a Elvira Boutique, Decorplaster e a LorenClin. A divulgação foi realizada com poucos dias do evento pelas redes sociais e o Canal Militarizando, o que levou ao baixo número de voluntários, com a presença do pessoal da Equipe Efatá de Paintball nesta edição.

"No próximo mês pretendemos divulgar a segunda edição do "Praia Limpa, Mar Limpo" com maior antecedência, definindo a ação no fim da tarde para que possamos ampliar o número de voluntários e realizar a varredura por uma área mais extensa de nossa orla, mantendo atenção aos procedimentos de segurança contra o Covid-19, com nosso pessoal usando máscara, luvas e álcool gel, além de manter a distancia de segurança durante a progressão no terreno. O GBN Defense abraça essa missão", divulgou Nicolaci.

A Amazônia Azul é responsabilidade de todos, a Marinha do Brasil e diversos institutos tem realizado uma série de ações na preservação de nosso mar, o GBN Defense mais uma vez se engaja na luta pela preservação ambiental, onde também é um dos signatários da Carta de Compromisso pela Preservação e Despoluição da Baía de Guanabara, assinada em 16 de fevereiro de 2019.


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terça-feira, 19 de novembro de 2019

Bandeira do Brasil - Conheça um pouco mais sobre nosso símbolo maior

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Hoje nós brasileiros comemoramos o dia de nosso simbolo maior, quando há 130 anos era hasteada pela primeira vez nossa bandeira nacional sob a declarada República do Brasil, no dia 19 de novembro de 1889, quatro dias após a proclamação.

Mas o Brasil já ostentou diversos pavilhões, porém, cinco deles foram os mais marcantes e são sempre lembrados em nossos livros de história e salas de aula. Curiosamente, nosso primeiro pavilhão republicano era uma "cópia" do norte americano, porém, com a cores verde e amarela que vem desde o Império Brasileiro. Esta primeira versão perdurou não mais que quatro dias, tendo sido desenhada por Ruy Barbosa, sendo substituída no dia 19 de novembro de 1889 pela atual bandeira nacional brasileira, a qual sofre a influência de Marechal Deodoro, que mantendo seu respeito a história nacional e em especial a monarquia brasileira, a qual curiosamente defendeu por quase toda sua vida, sendo amigo próximo de Dom Pedro II, aceitou e proclamou a República conforme todos sabemos, mas o que muitos desconhecem, é que o mesmo sugeriu que a nova bandeira republicana mantivesse os elementos da bandeira imperial, eliminando da mesma a coroa imperial que encimava o brasão de armas, adotando estrelas sob um círculo azul, as quais representavam os estados brasileiros.

Outras fontes, alegam que a bandeira nacional brasileira, adotou o retângulo verde com losango amarelo representando não a extinta monarquia, mas representando as verdes matas e os tesouros nacionais, porém, se analisarmos o decreto que estabelece nossa bandeira, veremos que a mesma tem mais relação com a história de nossas conquistas enquanto império, que a relação as matas ou tesouros minerais. Basta analisar o seguinte trecho do decreto n.º 4 que criou a bandeira republicana, diz que:

..."as cores da nossa antiga bandeira recordam as lutas e as vitórias gloriosas do exército e da armada na defesa da pátria e que essas cores, independentemente da forma de governo, simbolizam a perpetuidade e integridade da pátria entre as outras nações."

Mas apesar de tudo, a nossa bandeira não foi unanimidade e muitas outras foram sugeridas no princípio da república, porém, nenhuma conseguiu tomar o lugar de nosso verde-louro pavilhão como o conhecemos. Desde sua criação, a Bandeira do Brasil recebeu algumas adições, passando ao longo dos anos a adotar 27 estrelas em sua composição, ao invés das 21 originais, estas adições devido ao surgimento de novos estados brasileiros.

Existe uma série de ritos que envolvem nossa Bandeira Nacional, e um dos mais importantes é executado todos os dias em todas organizações militares do Brasil, falo do Cerimonia da Bandeira, a qual é hasteada todas as manhãs sob um rito e ao fim da tarde a mesma é baixada. Há inclusive um artigo em nossa constituição o qual reza que ao menos uma vez na semana deve ser realizado nas instituições públicas ou privadas de educação, o rito de hasteamento da mesma sob o entoar do Hino Nacional Brasileiro, algo que era muito comum e que aos poucos foi sendo colocado de lado pelas escolas que no final dos anos 90 passaram a abolir essa prática que esta constituída em nossa carta magna.

A bandeira do Brasil pode ser usada em todas as manifestações do sentimento patriótico, de caráter oficial ou particular. Porém, nas solenidades oficiais, há várias formalidades a serem cumpridas.

Dentre as normas protocolares e regras vigentes em órgãos governamentais e das Forças Armadas, muitos dos procedimentos são similares, apesar de algumas diferenças em determinadas normas. Segundo essas normas, a bandeira poderá ser apresentada das seguintes formas:
  • hasteada em mastro ou adriças, nos edifícios públicos ou particulares, templos, estádios esportivos, escritórios, salas de aula, auditórios, embarcações, ruas e praças, e em qualquer lugar em que lhe seja assegurado o devido respeito;
  • distendida e sem mastro, conduzida por aeronaves ou balões, aplicada sobre parede ou presa a um cabo horizontal ligando edifícios, árvores, postes ou mastros;
  • reproduzida sobre paredes, tetos, vidraças, veículos e aeronaves;
  • compondo, com outras bandeiras, panóplias, escudos ou peças semelhantes;
  • conduzida em formaturas, desfiles, ou mesmo individualmente;
  • distendida sobre ataúdes, até a ocasião do sepultamento.
Hasteia-se a bandeira:
  • diariamente nos órgãos públicos federais, estaduais e municipais, nas missões diplomáticas brasileiras e nas unidades da Marinha Mercante;
  • nos dias de festa e de luto nacional, também nos estabelecimentos de ensino e sindicatos;
  • pelo menos uma vez por semana, em caráter solene, nas escolas públicas ou particulares.
A bandeira pode ser hasteada e arriada a qualquer hora do dia ou da noite, mas normalmente isso é feito às 8 horas e às 18 horas, respectivamente. Apenas no Dia da Bandeira (19 de novembro), o hasteamento é realizado às 12 horas, em solenidade especial. Durante a noite a bandeira deve estar iluminada. Quando várias bandeiras são hasteadas ou arriadas simultaneamente, a bandeira brasileira é a primeira a atingir o topo e a última a dele descer.

Se a bandeira estiver a meio-mastro ou a meia-adriça, em sinal de luto, no hasteamento ou arriamento, deve ser levada inicialmente até o topo. Em marcha, o luto é assinalado por um laço de crepe atado junto à lança. Hasteia-se a bandeira em funeral, em todo o país, quando o presidente da República decretar luto oficial, salvo nos dias em que o luto coincida com alguma festa nacional. Quando não for decretado luto oficial, o hasteamento em funeral fica limitado à Casa Legislativa ou ao Tribunal em que haja ocorrido o falecimento de um de seus membros.

A bandeira deve sempre ocupar lugar de honra, em posição central, destacada à frente de outras bandeiras e à direita de tribunas, púlpitos, mesas de reunião ou de trabalho. Nas missões diplomáticas em países estrangeiros, estas regras podem-se tornar mais flexíveis em atenção às leis, usos e costumes do país hospedeiro.

A bandeira deve ser respeitada e jamais ser agredida, queimada ou rasgada, sendo estes atos considerados ultraje a nossa nação, lembrando que a bandeira representa algo muito maior que o governo ou qualquer figura que se instale no seio de nosso governo, pois simboliza nossa terra, nosso povo, nossa história.

Para encerrar quero reproduzir abaixo o Hino da Bandeira e saudar nosso pavilhão neste 130º aniversário, Viva ao Brasil, Viva ao povo brasileiro!!!

Hino À Bandeira do Brasil

Salve, lindo pendão da esperança!
Salve, símbolo augusto da paz!
Tua nobre presença à lembrança
A grandeza da Pátria nos traz

Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil
Querido símbolo da terra
Da amada terra do Brasil!

Em teu seio formoso retratas
Este céu de puríssimo azul
A verdura sem par destas matas
E o esplendor do Cruzeiro do Sul

Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil
Querido símbolo da terra
Da amada terra do Brasil!

Contemplando o teu vulto sagrado
Compreendemos o nosso dever
E o Brasil por seus filhos amado
Poderoso e feliz há de ser!

Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil
Querido símbolo da terra
Da amada terra do Brasil!

Sobre a imensa Nação Brasileira
Nos momentos de festa ou de dor
Paira sempre sagrada bandeira
Pavilhão da justiça e do amor!

Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil
Querido símbolo da terra
Da amada terra do Brasil!


Composição: Francisco Braga / Olavo Bilac





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quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Escola Naval declara Guardas-Marinha em cerimônia com presença de Bolsonaro

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No último sábado (8) foi realizada na Ilha de Villegagnon no Rio de Janeiro, onde esta localizada a Escola Naval, um dos mais antigos e tradicionais centros de ensino superior do Brasil, a Cerimônia de Declaração de Guardas-Marinha, ocasião em que os cadetes são declarados Guardas-Marinha e recebem a espada, simbolo do oficialato na Marinha do Brasil, simbolizando o fim do ciclo do mesmo na Escola Naval.

A cerimônia é bastante emocionada e carregada de tradições, marcando o último passo desses alunos que passam a iniciar sua carreira de fato em nossa Marinha do Brasil, onde por quatro anos enfrentaram muitos desafios, tendo sido exigidos ao máximo pela instituição que tem há séculos formado grandes líderes de nossa força naval.

A denominação da Turma “Almirante Saboia” homenageia o Almirante de Esquadra Henrique Saboia, que ocupou o cargo de Ministro da Marinha entre 1985 e 1990, onde se distinguiu por relevantes serviços prestados à pátria. O Alte Esq Henrique Saboia foi responsável por inúmeras realizações, tendo dado continuidade aos projetos de construção do reator de pesquisa na Universidade do Estado de São Paulo e de enriquecimento de urânio em Aramar, mantendo a meta da Marinha em obter o domínio do ciclo de propulsão nuclear. Teve papel de grande importância na inclusão da Marinha na participação dos lucros da exploração do petróleo na plataforma continental, o que assegurou uma nova fonte de recursos destinada à obtenção dos navios-patrulha e demais meios, Contribuiu de forma crucial ao reaparelhamento da Marinha, dando prosseguimento ao programa de construção naval no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, com a incorporação do Navio-Escola “Brasil”, da Corveta “Inhaúma” e o lançamento ao mar da Corveta “Jaceguai”, além do início da construção dos submarinos “Tamoio”, “Timbira” e “Tapajó”. Assinou, também os contratos com estaleiros privados para a construção das Corvetas “Júlio de Noronha” e “Frontin”; do Navio-Tanque “Almirante Gastão Motta”; e dos Navios-Patrulha “Graúna” e “Goiana”.

Ainda em sua atuação no programa de reaparelhamento de nossa esquadra, adquiriu, nos Estados Unidos, quatro contratorpedeiros da classe Pará, para atender às necessidades de escoltas da Marinha, os quais serviram até a incorporação das corvetas "Inhaúma" em construção, e dois navios de Desembarque-Doca da classe Ceará, essenciais para assegurar a capacidade operativa da Força de Fuzileiros da Esquadra. Além de ter realizado a aquisição e incorporação do Navio de Socorro Submarino “Felinto Perry”; os Navios Oceanográficos “Antares” e “Almirante Álvaro Alberto”; os Rebocadores de Alto-Mar “Tritão”, “Tridente” e “Triunfo”; e o Navio-Auxiliar “Trindade”.

Na Aviação Aeronaval Brasileira, foi responsável pela aquisição de onze helicópteros Esquilo; seis Super Puma e dezesseis Bell, além de modernizar quatro das aeronaves SH-3 "SeaKing".

A 19 de Abril de 1972 foi feito Comendador da Ordem Militar de Avis de Portugal, a 26 de Novembro de 1987 foi elevado a Grã-Cruz da mesma Ordem, a 25 de Julho de 1989 foi feito Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique e a 19 de Outubro de 1990 foi elevado a Grã-Cruz da mesma Ordem de Portugal, tendo falecido em 2005. 

Com toda certeza, a escolha do Almirante Saboia como patrono desta turma trás consigo o peso da responsabilidade que estes novos Guardas-Marinha trarão consigo ao longo de suas carreiras, devendo honrar o grande comandante que deu nome à sua turma.

Após o cerimonial, que contou com a presença do Comandante da Marinha, Alte.Esq Leal Ferreira, o Ministro da Defesa Silva e Luna, o Presidente eleito Jair Messias Bolsonaro, concedeu uma coletiva à imprensa presente, e apesar das repetitivas perguntas sobre assuntos que não se enquadram no contexto do evento, nosso editor Angelo Nicolaci conseguiu em meio ao marasmo e incapacidade de conferir o devido foco ao momento por parte da grande mídia, inqueriu sobre a posição do novo governo que assumirá o poder no próximo dia 1 de janeiro, com relação as necessidades de reaparelhamento de nossa esquadra, onde o Presidente eleito deixou claro que o reaparelhamento de nossas forças armadas estará entre os focos de seu governo, o qual vê a grande importância e o papel de nossas forças armadas nos rumos de nosso país em face dos desafios globais.

O GBN News aproveita para deixar aqui nossas congratulações aos Guardas-Marinha da Turma Alte Saboia, e nesta semana que se comemora o Dia do Marinheiro, data em que se homenageia o nascimento do Grande Marinheiro, o Almirante Tamandaré, desejo a todos que sigam o exemplo de nosso Marquês de Tamandaré, e que esse exemplo seja refletido ao longo de suas carreiras a serviço de nossa grande nação, o Brasil.

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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Alunos do IME são primeiros colocados em West Point, academia militar dos EUA

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Os tenentes do Exército Clara Luz e Jackson Machado, alunos do IME (Instituto Militar de Engenharia), no Rio, foram os primeiros colocados na classificação geral em todas as matérias aplicadas à Engenharia que cursaram em West Point, a Academia Militar dos Estados Unidos.

Os dois foram os alunos brasileiros pioneiros no intercâmbio na escola de formação de oficiais dos EUA, onde passaram seis meses, no segundo semestre de 2011. Eles tiveram o melhor desempenho em suas turmas em West Point nas matérias técnicas, de Engenharia.

A petropolitana Clara, 24 anos, é aluna de Engenharia de Materiais no IME; Jackson, 23, mineiro de Juiz de Fora, cursa Engenharia Química. O destaque no exterior, na academia militar do mais poderoso exército do mundo, não chega a ser novidade para a dupla. Atualmente no quinto e último ano, eles foram selecionados para o programa por merecimento, justamente por serem os primeiros da turma também no IME.
“Cursamos matérias aplicadas à Engenharia. Nesses cursos, tivemos as melhores notas da turma. A base conceitual do IME é muito diferenciada e foi primordial para o nosso desempenho lá. Em West Point, o estudo é mais aplicado; aqui é mais conceitual”, afirmou Jackson. “A participação dos cadetes nas aulas é muito grande e eles mesmos se cobram muito. O sistema de avaliação é diferente do brasileiro”, explicou Clara, segundo quem, por vezes, o estudo lá era mais intenso que no Brasil, por conta do idioma.

Com cerca de 500 alunos de graduação, o tradicional instituto do Exército tem nove especialidades e é um dos 27 estabelecimentos de ensino superior – dentre 2.176 avaliados – com nota máxima no Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes), que avalia a qualidade do Ensino Superior no Brasil. Teve a 14ª melhor média do Brasil. A história do IME remonta a 1792, quando foi criada a “Real Academia de Artilharia e Desenho”, primeira escola de engenharia e a terceira das Américas, de acordo com o Exército Brasileiro.

West Point fica em Nova York e não é apenas uma academia militar. Seus 4.400 cadetes se formam como tenentes e ao mesmo tempo em um dos mais de 40 cursos de nível superior. Foi eleita a melhor faculdade dos EUA em 2009, pela revista Forbes; em 2011, foi avaliada pelo U.S. News & World Report como a melhor faculdade e o melhor programa de Engenharia – em ambos os casos, pelo terceiro ano consecutivo. Lá, as turmas são pequenas, com no máximo 18 alunos. Estudantes de Letras precisam fazer aulas de cálculo, e os de Física também cursam filosofia, por exemplo.

O material didático usado é semelhante ao do IME, mas uma das diferenças na parte metodológica é que na academia norte-americana há maior quantidade de aulas práticas que no IME. “Aqui temos menos aulas de laboratório, porém são mais aprofundadas”, explicou Jackson.

Foram outros aspectos da experiência, no entanto, que mais surpreenderam Clara e Jackson. “Como é um país sempre em conflito, há cadetes do primeiro ano que já são veteranos de guerra, onde estiveram como soldados”, contou Clara.

Nos EUA, os brasileiros não eram os únicos estrangeiros: havia alunos da Alemanha, França, Itália, Chile, entre outros. “Tínhamos a responsabilidade de representar o IME, o Exército e o Brasil”, disse a futura engenheira, que prestou vestibular como civil – a seleção do IME abre vagas para militares e civis –, mas ao fim do primeiro ano optou por seguir a carreira no Exército. “Eu me adaptei rapidamente”, lembra.

Também chamou a atenção dos dois militares a grandiosidade da estrutura de West Point, a escala da logística e a tecnologia disponíveis. “Nos exercícios militares, mil cadetes faziam deslocamentos de helicópteros, com óculos de visão noturna, atirávamos com os armamentos modernos, havia 30 caminhões enfileirados para transportar o pessoal... As proporções são impressionantes”, disse Jackson.

Embora quatro cadetes de West Point já viessem para o IME por ano desde 2007, é a primeira vez que brasileiros foram para a academia americana. Os americanos, porém, não são alunos de Engenharia e vêm ao Brasil com o objetivo de se aperfeiçoar em português e aprender sobre o País. Cursam aulas como Ciências do Ambiente, Gerenciamento de Projetos, Geografia do Brasil e História Militar, alguns montados especialmente para eles e para alunos visitantes, principalmente de academias de países vizinhos e da África.

Com o sucesso da experiência de Jackson e Clara, no segundo semestre de 2013, mais dois alunos do IME a West Point irão e, em 2014, passarão a ser mandados quatro por ano. Uma das preocupações é fazer com que os enviados não sejam prejudicados ao voltar ao IME. A contrapartida pelo prêmio é que os dois acrescentarão ao currículo de 2012 as cadeiras que não fizeram no IME enquanto estavam nos EUA. “Vale a pena”, disse Clara.

Ao fim do primeiro ano, optou por ser militar e pretende trabalhar no CTEx (Centro de Tecnologia do Exército), após se formar. Ela participa de pesquisa sobre detectores infravermelho. Jackson também tem o CTEx e a Imbel como primeira opção.

Fonte: Último Segundo
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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Governo pressiona e apresentação do Plano de Educação é adiada

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Após a pressão do governo, o relator do PNE (Plano Nacional de Educação), deputado Angelo Vanhoni (PT-PR), decidiu adiar mais uma vez a leitura de seu texto na comissão especial que analisa o assunto na Câmara. A apresentação estava programada para a manhã desta sexta-feira.

O principal ponto de discórdia é a meta 20 do PNE, que prevê um percentual de investimento público em educação. O projeto original do Ministério da Educação prevê elevação gradual até atingir 7% do PIB (Produto Interno Bruto). Setores da educação defendem um índice de 10%.

Vanhoni busca uma proposta intermediária em consenso com o Palácio do Planalto. Na tarde desta quarta-feira, ele e outros deputados se reuniram com quatro ministros do governo para discutir a questão:

Fernando Haddad (Educação), Guido Mantega (Fazenda), Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil). O encontro, no entanto, terminou sem um acordo.

O relator havia informado que as negociações se manteriam até o início da sessão, mas descartou durante a noite adiar mais uma vez a apresentação. Ele próprio disse nesta sexta-feira que recebeu ligações da ministra Gleisi Hoffmann e outros líderes pedindo uma margem de tempo maior para um acerto.

"O governo pediu um pouco mais de prazo para poder tomar a sua definição. As consultas a respeito de um índice dessa envergadura não poderia ficar apenas restrita aos ministros. Uma discussão sobre esse tema precisava ser levada para a presidente Dilma, o tema merece", disse Vanhoni. A presidente vai viajar na tarde de hoje para a Venezuela.

Vanhoni disse que "há um espaço para entendimento" com o governo federal. O relator quer uma "proposta intermediária", em torno de 8% do PIB. Ele afirma que vai protocolar agora o seu relatório na segunda-feira e a leitura será feita no dia seguinte.

Muitos deputados já consideram que não haverá prazo regimental para a votação do texto neste ano. Há prazo regimental para a votação no dia até o dia 21, mas pedidos de vistas podem prejudicar o processo. Depois o tema será encaminhado para o Senado.

"Que leve para 2012. Correremos o risco inclusive de em 2012 não ser aprovado por ser um ano eleitoral", disse a deputada Fátima Bezerra (PT-RN) que defende um índice acima de 7%.

O deputado Dr. Ibiali (PSB-SP)afirma que a cautela em torno da questão financeira é descabida. "Se a crise vai atingir nosso país, cai também o PIB", disse.

O deputado Paulo Rubem Santiago (PDT-SP) informou que pretende convocar os ministros Gleisi Hoffmann e Guido Mantega para discutir o assunto na comissão e reclamou da ausência deles no período em que o PNE foi trabalhado.

O PNE (projeto de lei 8035/2010) contém 10 diretrizes e 20 metas que vão nortear as ações de educação nesta década. Estão presentes no plano a universalização do ensino para todas as crianças e jovens entre 4 e 17 anos, o aumento de vagas no ensino técnico médio, a elevação da titulação dos professores de nível superior, entre outras metas.

Fonte: Folha
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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Bolsonaro levanta debate sobre sexualidade de Dilma e questiona "Kit Gay" em escolas

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O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) criou nova polêmica na Câmara dos Deputados hoje ao questionar a sexualidade da presidente Dilma Rousseff em discurso no plenário. O parlamentar destacou que, em audiência na Câmara ontem, representantes do Ministério da Educação teriam discutido a inclusão do combate à homofobia nos currículos escolares. Bolsonaro lembrou que a presidente Dilma tinha ordenado a não distribuição nas escolas de material relativo ao combate à homofobia, chamado de kit gay pelo deputado do PP e outros parlamentares evangélicos.

"O kit gay não foi sepultado ainda. Dilma Rousseff, pare de mentir. Se gosta de homossexual, assume. Se o teu negócio é amor com homossexual, assuma. Mas não deixe que essa covardia entre nas escolas de 1º grau", afirmou Bolsonaro. O pronunciamento de Bolsonaro foi retirado das notas taquigráficas pelo deputado Domingos Dutra (PT-MA), que ocupava a presidência da sessão, a pedido do deputado Marcon (PT-RS). Caberá agora ao presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), decidir se o pronunciamento ficará registrado nos documentos da Casa.

Em conversa por telefone com a reportagem, Bolsonaro afirmou que não era sua intenção questionar a sexualidade da presidente da República. "Não me interessa a opção sexual dela, eu só não quero que esse material vá para a escola". Ele afirmou que estava falando do amor de Dilma com a "causa homossexual". Chegou a comemorar e disse que a polêmica criada em cima da declaração era positiva. "Uma frase equivocada está ajudando a levantar o mérito da discussão".

O deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ) criticou o colega ainda pela manhã durante a sessão. Afirmou que as declarações de Bolsonaro podem significar quebra de decoro parlamentar. A vice-presidente do Senado, Marta Suplicy (PT-SP), pediu que o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), tome "providências enérgicas" em relação a Bolsonaro. Marta afirmou que Bolsonaro está "sem freio de arrumação" e foi além dos limites do decoro parlamentar em seu pronunciamento, faltando com o respeito à presidente da República.

O discurso do deputado do PP teve ainda questionamentos ao ministro da Educação, Fernando Haddad, pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo. "Povo paulistano, será que o Haddad como prefeito vai colocar uma cadeira de homossexualismo no primeiro grau?", perguntou Bolsonaro. Mais tarde, o parlamentar voltou à tribuna da Câmara. Dessa vez, foi menos incisivo contra a presidente e sugeriu que ela possa estar sendo enganada por Haddad e pela ministra Maria do Rosário (Direito Humanos) na discussão sobre o combate à homofobia nas escolas.

O GeoPolítica Brasil defende que deve-se respeitar a opção sexual de cada indivíduo, porém isso não significa que devemos aceitar que nossos filhos venham a ser influênciados por tal material que eu classificaria como "subversivo", pois temos de respeitar a liberdade de cada individuo e grupo social, caso contrário será aberto o precedente para que haja entre nossa sociedade não uma relação de respeito mútuo, mas uma condição de conflito. É como se fossemos levar ás escolas a educação religiosa de uma determinada doutrina ignorando as demais, isso não é um exemplo democrático, mas uma forma de propagar uma determinada ideologia ou comportamento social que não cabe ás escolas influênciar, mas sim é um dever de cada familia inserir em seu meio os valores morais aos quais se espera que nossos filhos venham a seguir, respeitando a liberdade dos mesmos.

O debate é muito complexo, porém defendo que nossas crianças sejam preservadas, que se permitam ser crianças, meninos e meninas de acordo com sua fisiologia até que tenham idade e maturidade para decidir o que desejam para suas vidas, pois a individualidade não se aprende nas escolas, assim como o carater e a moral dependem de cada familia e indivíduo, não cabe ao governo se intrometer no seio desta questão, cabendo ao mesmo estabelecer leis para que se respeite as individualidades e a liberdade do ser social definir sua opção sexual, assim como pode optar por definir sua profissão e outras tantas escolhas comuns aos indivíduos sociais. Cabe ás escolas ensinar valores que há muito foram abandonados, como o civismo, o sentimento nacional, os direitos e deveres de cada cidadão e principalmente incentivar o sentimento de valorização de nossa sociedade e da importancia que cada um tem no destino de nosso país.

Fonte: GeoPolítica Brasil com Agência Brasil
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domingo, 20 de novembro de 2011

Ditadura brasileira foi cérebro da repressão na América Latina

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A verdade sem rasuras. Na medida em que se tem acesso aos papéis da ditadura brasileira, mesmo àqueles com nomes cobertos por tarjas pretas, fica exposta a falsa história oficial sobre sua participação supostamente secundária e breve na Operação Condor. Documentos mostram que Brasil serviu como cérebro logístico da repressão na América Latina. Militares brasileiros espionaram, prenderam e entregaram cidadãos de outros países para "ditaduras amigas".

Documentos secretos obtidos pelo jornal Página 12 mostram que o regime militar iniciado em 1964 e concluído em 1985 no Brasil, um dos mais longevos da região, participou e propiciou a caçada perpetrada nos anos 70 contra todo foco de resistência, na América Latina e na Europa, ao terrorismo de Estado sul americano. Nos arquivos da inteligência brasileira há relatórios sobre as atividades do escritor Juan Gelman em Roma e sobre uma viagem que supostamente realizouem Madri "junto com Bidegain, Bonasso M. e outros dirigentes…no dia 17 de junho de 1978", descreve a nota incluída num dossiê do Estado Maior do Exército do Brasil, intitulado "Movimiento Peronista Montonero en el exterior, Accionar, Contactos, Conexiones con Grupos Terroristas, Antecedentes".

"Soube que fui espionado até pela Stasi (polícia política da Alemanha Oriental), mas ignorava que meu nome estivesse nos arquivos da ditadura brasileira, como você está me informando agora" se surpreende Juan Gelman do México, no começo da conversação telefônica.

Mais adiante, depois de conhecer outras informações escondidas durante décadas nos armários de Brasília, Gelman pondera: "enfim, a verdade é que não parece ser tão assombroso que meu nome figure nos documentos brasileiros que você citou, porque houve montoneros importantes seqüestrados aí, Horacio Campliglia foi um".

Ele se refere ao guerrilheiro desaparecido após ser capturado em março de 1980 por agentes de ambos os países no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, para posteriormente ser transladado ao calabouço do Campo de Mayo.

"No Arquivo do Terror paraguaio estava guardado um telegrama enviado do Brasil falando sobre a coordenação com a Argentina e os raptos em 1980, isso foi descoberto por Stella Calloni, autora de um grande trabalho sobre a operação Condor", assinala o premio Nobel da Paz alternativo Martín Almada.

No dossiê do Exército brasileiro também existem detalhes sobre as tarefas dos exilados argentinos no México para conseguir o exílio do ex-presidente Héctor Cámpora, recluso em Buenos Aires, assim como dados sobre um encontro em Beirute, no dia 21 de junho de 1978, entre "chefes do Ejército Peronista Montoneros (com) os serviços especializados da resistência palestina".

Cruzados

Outras comunicações reservadas, estas procedentes da embaixada em Roma, falam das atividades desenvolvidas por religiosos brasileiros perante organismos internacionais de direitos humanos, operações que contavam com o aval da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, no seio da qual houve cardiais como Paulo Evaristo Arns que acolheu refugiados argentinos em São Paulo.

Pode-se observar nas notas elaboradas pelos diplomatas e agentes da Operação Condor brasileira uma preocupação recorrente com os religiosos ligados à Teologia da Libertação, tanto pelas pressões que esta realizava no Vaticano quanto pelo suposto "financiamento internacional" que receberiam as comunidades eclesiásticas radicadas em zonas rurais onde atuava a guerrilha do Partido Comunista de Brasil.

A obsessão sobre os efeitos "subversivos" dos padres "terceiro-mundistas" reaparece em uma ficha onde está escrito que os "Montoneros são a única organização guerrilheira que têm em seu seio, de forma oficial, sacerdotes com hierarquia de capelão".

Mais adiante o mesmo texto, por momentos apagado, traz informações do padre argentino Jorge Adur, que ostentava "o grau de capitão do Exército Montonero… organização que em julho de 78 enviou uma notificação ao Vaticano sobre sua designação".

O relatório, com carimbo do Exército brasileiro e supostamente escrito pelos serviços argentinos, está datado em setembro de 1978, quase dois anos antes da desaparição de Adur, ocorrida em junho de 1980, pouco depois de ter sido visto no estado do Rio Grande do Sul para onde viajara para apresentar denúncias diante da comitiva do papa João Paulo II.

(In)Segurança Nacional

Uma nota "confidencial", gerada pelo Serviço Nacional de Informações (SNI) e o Ministério do Exército, aborda a presença "de terroristas do ERP e Montoneros no Brasil", divaga sobre os motivos da "infiltração" argentina e ordena aos membros das forças armadas e da polícia que intensifiquem os esforços para capturá-los.

E em outro escrito restrito de 4 de abril de 78, o SNI, máximo organismo de espionagem subordinado diretamente à Presidência, indica que os Montoneros "voltariam a intensificar suas operações (na Argentina) durante a realização da Copa do Mundo, buscando afetar entidades governamentais …e interferir nas estações de rádio e televisão".

O balanço provisório surgido da leitura de centenas de telegramas e informes reservados é que o aparato repressivo dos ditadores, particularmente de Ernesto Geisel (que governou entre 1974 e 1979) e João Baptista Figueiredo (1979-1985), tipificava a guerrilha argentina como uma ameaça à "segurança nacional" brasileira (tal como comparece textualmente em algumas mensagens).

Daí se infere que a repressão ilegal contra os guerrilheiros dos Montoneros e do ERP e aqueles que fossem suspeitos de lhes dar apoio, respondia a uma política de Estado, com o qual fica desterrada a versão, muito divulgada até hoje aqui, de que os grupos de tarefas foram grupos desencaminhados, o que leva a crer na falsa tese de que a guerra suja ocorreu sem o aval dos altos comandos e foi o resultado da "desobediência indevida" de um punhado de oficiais.

A estratégia de espionar, informar, capturar e, eventualmente, eliminar estrangeiros no Brasil e compatriotas no exterior, foi aplicada sistematicamente pelo aparato militar-diplomático montado pouco depois do golpe contra o presidente democrático João Goulart em 1964, sustenta Martín Almada, descobridor dos Arquivos do Terror, o maior acervo de documentos da Operação Condor.

"Os brasileiros viam os demais países do cone sul como seu pátio dos fundos, e o queriam disciplinado dentro de seu plano de guerra ao comunismo, e em função dela seqüestraram e assassinaram dissidentes paraguaios, a pedido de (Alfredo) Stroessner, que lhes retribuiu fazendo a mesma coisa, colaborando na perseguição de brasileiros no Paraguai; vi vários telegramas vindos do Brasil pedindo a captura de Carlos Marighella (líder guerrilheiro)".

"O Brasil foi bem dissimulado, trabalhou com eficácia, sem deixar pistas dentro da Operação Condor, se articulou muito com as ditaduras do Chile, Paraguai, Uruguai, Bolívia, é lógico que deve haver bastante por descobrir sobre sua colaboração com a Argentina" declarou Almada em entrevista ao Página12, depois de oferecer uma coletiva diante de parlamentares em Brasília.

"Falta descobrir muita coisa, espero que esta Comissão da Verdade deslanche, acho que há vontade, a presidenta Dilma Rousseff mostrou coragem impulsionando-a, os brasileiros são responsáveis do que eu chamo de Pré-Condor, e disso não se sabe quase nada", sustenta Almada.

Certamente o "know how" da coordenação repressiva não surgiu em novembro de 1975, com a formalização da Operação Condor durante a cúpula secreta das forças repressivas estatais sul americanas em Santiago do Chile, encabeçada pelo coronel Manuel Contreras naquele país.

É provável que algumas das primeiras ações terroristas binacionais tenham ocorrido em Buenos Aires, em 1970 e 1971, quando, em duas operações coordenadas com o Brasil, foram seqüestrados, primeiro, o ex-coronel nacionalista Jefferson Cardim e, mais tarde, o guerrilheiro Edmur Péricles Camargo, até hoje desaparecido.

Segundo um telegrama com data de Buenos Aires em 1971, obtido pelo Página 12 no Arquivo Nacional, a captura de Péricles Camargo foi monitorada pela Embaixada brasileira, cujo titular era Antonio Francisco Azeredo da Silveira.

Houve outros brasileiros seqüestrados em 1973, sempre com o provável, para não dizer seguro, consentimento de Azeredo da Silveira, que depois de sua condescendência com o terrorismo regionalizado ascendeu a chanceler da ditadura e estabeleceu um vínculo extraordinariamente próximo com outro funcionário acusado de propiciar o genocídio sul americano: Henry Kissinger.

Alfredo Astiz

A ditadura brasileira sabia que Alfredo Astiz era procurado pela justiça francesa pelo assassinato de duas freiras, mas ainda assim realizou operações junto à Grã Bretanha para sua repatriação em 1982, revelou a Folha de São Paulo.

"Acho importante que se tenha publicado a informação sobre como o Brasil
intercedeu a favor de Astiz, e é fantástico que eu saiba disso no mesmo dia que aguardamos sua sentença em Buenos Aires" pela causa da ESMA, disse Juan Gelman por telefone, do México, na quarta-feira passada, quando em Brasília o Congresso, motivado pela presidenta Dilma Rousseff, aprovava a Comissão da Verdade, 26 anos depois que João Batista Figueiredo, o último ditador, deixara o poder.

O Palácio do Itamaraty foi informado por sua embaixada em Londres que Astiz era requerido pelos juízes da França e da Suécia, mas isso não freou a pressão para que fosse libertado, o que finalmente aconteceu em um avião que antes de decolar em Buenos Aires fez escala no Rio, e a bordo do qual viajou um diplomata brasileiro.

Telegramas do Serviço Exterior de 1982 tornados públicos pelo governo de Rousseff refletem o empenho com que o embaixador brasileiro em Londres, Roberto Campos, amigo do então chanceler argentino Nicanor Costa Mendes, trabalhou pela liberdade/impunidade de Astiz, prisioneiro das forças britânicas após se render na Geórgia do Sul.

Até hoje o relato oficial sobre a solidariedade brasileira com os generais e almirantes argentinos durante a guerra das Malvinas escondeu que sob o repentino antiimperialismo do ditador Figueiredo, que durante anos comandou os serviços de inteligência, se encontrava a solidariedade entre os camaradas da guerra suja transnacional.

Como explica Martín Almada, a partir dos anos 80 entrou em ação uma "nova fase da Operação Condor" que entre outras tarefas se atreviu a dar cobertura aos assassinos requeridos pela Justiça, e assim vários repressores argentinos fugiram para o Brasil e para o Paraguai nos anos 80, alguns alegando serem perseguidos políticos da democracia.

A recompilação de uma dezena de comunicados secretos gerados pela Embaixada do Brasil em Buenos Aires entre 1975 e 1978, ilustra sobre os contatos com os altos mandos militares em que se exibem coincidências na necessidade de atuar conjuntamente contra a "subversão".

Observa-se nesses documentos, até há pouco tempo secretos, uma recorrente menção à Marinha e considerações elogiosas sobre Eduardo Massera, como demonstra o "telegrama confidencial urgente" do dia 27 de julho de 1977.

Ali se fala de uma suposta viagem de Massera ao Rio de Janeiro como parte de sua agenda diplomática pessoal e da influência do marinheiro na política externa da ditadura, que esteve marcada pela aproximação com Brasília.

"Essa mulher"

O ex-prisioneiro da ESMA, Victor Basterra, declarou ao Página 12 que teve conhecimento do enlace entre esse centro de detenção clandestino da Armada e os serviços brasileiros.

Basterra,que realizou um extraordinário trabalho de contra inteligência sobre a repressão durante seus anos de cativeiro, lembra que na ESMA foi obrigado a montar cartazes com as fotos de Juan Gelman e do padre Jorge Adur, desaparecido em 1980, que foram enviados à fronteira com o Brasil.

A cooperação entre a ESMA e os organismos repressivos brasileiros se prolongou pelo menos até novembro de 1982, "isto me consta, tenho certeza de que foi assim", afirma o ex-prisioneiro político depois de citar datas e nomes com uma precisão que assombra.

O testemunho de Basterra e os telegramas enviados da Embaixada de Londres não deixam dúvidas de que Brasília esteve envolvida na Operação Condor, no plano repressivo e diplomático até 1982. O conluio começou poucos dias antes do golpe, no dia 18 de março de 1976 quando foi seqüestrado o pianista Francisco Tenório Cerqueira Santos, que havia participado em um espetáculo oferecido por Vinicius de Moraes e Toquinho no teatro Gran Rex.

A historiadora Janaína Teles conta com provas incontestáveis, datadas nos dias 20 e 25 de março de 1976 (teriam sido apresentadas perante a Justiça argentina), sobre a cumplicidade entre o regime brasileiro e a ESMA nesse crime.

Trata-se de duas notas enviadas à Embaixada do Brasil, assinadas por Jorge "Tigre" Acosta, que fazem referência à detenção e posterior morte do pianista.

Um dia depois do comunicado que a Marinha dirigiu à Embaixada em Buenos Aires, em 26 de março de 1976, a Sociedade Musical Brasileira requereu ao ditador Ernesto Geisel informações sobre Cerqueira Santos, e o Itamaraty respondeu que estava realizando "esforços" para dar com seu paradeiro, mas carecia de qualquer informação ao respeito.

Em 1979 a mítica Elis Regina dedicou seu disco "Essa Mulher" à memória do pianista assassinado.
Fonte: Carta Maior
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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Consórcio Rafale assina Acordos de Cooperação com universidades no Rio de Janeiro

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Nesta terça-feira (11), durante o seminário realizado pelo Consórcio Rafale na FIRJAN, onde estavam presentes representantes das empresas que fazem parte do consórcio que concorre no programa FX-2 com o caça francês Dassault Rafale, o empresariado do Rio de Janeiro, representantes das instituições COPPE/UFRJ e PUC-RJ, foram assinados importantes acordos de cooperação.

O primeiro acordo assinado foi entre a COPPE/UFRJ e o Grupo Rafale, onde após uma breve apresentação dos desafios enfrentados pelo centro de excelência brasileiro e as expectativas representadas pelo acordo, o professor Nelson Maculan, representando a UFRJ e Gérard Poirier, Vice-Presidente de Cooperação em P & D da Dassault Aviation, assinaram o acordo que sela o inicio de uma frutífera cooperação entre ambas instituições, o que tratá ao Brasil um importante avanço em seu setor de pesquisa e desenvolvimento.


Posteriormente o professor Carlos Frederico Borges Palmeira, Diretor do Centro de Tecnologia da PUC-RJ, realizou um breve discurso, onde salientou a importancia hoje dos acordos já vigentes entre a instituição brasileira e várias instituições francesas, principalmente no campo da engenharia, onde já é realidade o intercâmbio de alunos e a certificação dos mesmos não só no Brasil, o que eleva o nível de nossos profissionais ao nível internacional em termos de capacitação técnica. Após esta esclarecedora apresentação, foi firmado um acordo entre o Consórcio Rafale e a PUC-RJ, afim de se estabelecer cooperação na pesquisa e desenvolvimento tecnológico. O professor Carlos Frederico Borges Palmeira assinou com Gérard Poirier este importante acordo que marca o compromisso do Consórcio Rafale com o proposto ao Brasil no Programa FX-2.


Diante da assinatura destes dois acordos, fica claro o compromisso do consórcio francês com o Brasil em relação ao programa de off-set e capacitação técnica, algo que é claro e sólido, onde o grupo francês e seus parceiros tem demonstrado de maneira efetiva que estão prontos a cumprir todos os pontos da proposta.

Angelo D. Nicolaci
Editor GeoPolítica Brasil

Cobertura Especial GeoPolítica Brasil 
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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Como mudar o mundo, novo livro de Hobsbawm

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Após se sentir parte da geração com a qual se extinguiria o marxismo da vida política e intelectual do ocidente, as crises financeiras, a espiral conflitiva do capitalismo e as mudanças na América Latina deram a Eric Hobsbawm, aos 94 anos, a alegria de voltar a Marx. Em seu novo livro, que tem o sugestivo título "Como mudar o mundo", o historiador refuta com sua habitual lucidez as más interpretações, arquiva os preceitos que envelheceram e utiliza as ferramentas oferecidas pelo autor de "O Capital" para entender o mundo no século XXI e fazê-lo um lugar melhor.

Aos 94 anos, depois de publicar suas extraordinárias memórias (Tempos Interessantes), o grande historiador inglês Eric Hobsbawm – que dedicou sua vida à análise e explicação da era moderna, desde a Revolução Francesa até os estertores do século XX – tinha um livro a mais para escrever: Como mudar o mundo. Após se sentir parte da geração com a qual se extinguiria o marxismo da vida política e intelectual do ocidente, as crises financeiras, a espiral conflitiva do capitalismo e as mudanças na América Latina lhe deram a alegria de voltar ao seu querido Marx. No livro, refuta com sua habitual lucidez as más interpretações, arquiva os preceitos que envelheceram e utiliza as ferramentas oferecidas pelo autor de O Capital para entender o mundo no século XXI e fazê-lo um lugar melhor.

Imaginem a cena: Eric Hobsbawm, reconhecido historiador inglês de corte marxista, e George Soros, uma das mentes financeiras mais importantes do mundo, encontram-se para um jantar. Soros, talvez para iniciar a conversa, talvez com o objetivo de continuar alguma outra, pergunta a Hobsbawm sobre a opinião que este tem de Marx. Hobsbawm escolhe dar uma resposta ambígua para evitar o conflito, e respondendo em parte a esse culto à reflexão antes que ao confronto direto que caracteriza seus trabalhos. Soros, ao contrário, é conclusivo: “Há 150 anos esse homem descobriu algo sobre o capitalismo que devemos levar em conta”.

A estória parece quase seguir a estrutura de uma piada (“Soros e Hobsbawm se encontram em um bar...”), mas é o melhor exemplo que o historiador inglês encontra para mostrar, no começo do seu livro, essa ideia que está pairando no ar há tempos: o legado filosófico de Karl Marx (1818-1883) está longe de ter se esgotado e, muito pelo contrário, as publicações especializadas da atualidade, o discurso político cotidiano, a organização social de qualquer país não fazem outra coisa que invocar o seu fantasma para lidar com esse angustiante problema que tomou o nome histórico de “capitalismo”.

No livro, recentemente publicado em castelhano, que leva o sugestivo título Como mudar o mundo, Hobsbawm volta a oferecer seu indiscutível talento para colocar as proposições daquele filósofo alemão que seguem tendo uma vigência definidora para construir o presente.

Repassemos antes a presunção de morte que se pendurou no pescoço de Marx durante o último quartel do século XX: a crise do petróleo de 1973 desencadeou um processo político e econômico que organizou o que Hobsbawm qualificou como reductio ad absurdum das tendências da economia de mercado. A situação provocou o surgimento de governos conservadores nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha (com Ronald Reagan e Margaret Thatcher à frente de seus países), ao mesmo tempo que implicou em diversos territórios a implantação de economias de claro corte financeiro, situação que na América Latina trouxe aparelhado o surgimento de governos de fato que impuseram este tipo de organização pela força, suplantando as estratégias de desenvolvimento industrial e substituição das importações por facilidades para os capitais andorinha, a especulação e a desestruturação das organizações sindicais (somados, é claro, às estratégias de repressão dispostas há muito tempo antes dos golpes, como mostra a história nacional).

Aquela série de mudanças culminou com a queda do Muro de Berlim e do bloco soviético em 1989-1991: a URSS não podia resistir muito mais tempo com sua particular versão do marxismo e sua economia planejada. Francis Fukuyama, pensador norte-americano de corte neoliberal, se apropriou de algumas noções da filosofia hegeliana para dar a sentença final acerca desta sucessão de acontecimentos: estávamos diante do “fim da História”, o desaparecimento do mundo organizado em blocos opostos que havia marcado o destino de tudo o que conhecemos desde o final da Segunda Guerra Mundial em diante.

É neste panorama conciliador da economia globalizada e aparente pacificação social que, ao longo da década de 1990, todo o mundo deu por enterrado o pensamento marxista, inclusive, com certas justificativas de índole éticas: o nome de Karl Marx sempre vinha acompanhado de Joseph Stalin, entre muitos outros. Marx não era apenas uma má palavra para um guru econômico, mas também para um cidadão das zonas mais pobres da Rússia, que via com prazer a forma como caíam as estátuas de Lênin, Stalin e do próprio Marx.

Quem teria dito então que veríamos uma foto de Sarkozy lendo O Capital e o papa Bento XVI elogiando a capacidade analítica de seu autor?

Entre 2007 e 2009 (2001, para nós), uma série de crises do sistema capitalista financeiro (ou “capitalismo tardio” tal como o identificaram pensadores como Frederic Jameson ou Jürgen Habermas), demonstraram que o que se pensou como o começo de uma era de tranquilidade em termos políticos, sociais e, sobretudo, econômicos para depois de 1989, na verdade não era nada disso. O mercado entregue pura e exclusivamente à “mão invisível” de Adam Smith, amparado pela domesticação do Estado, começou a trincar sem necessidade de conflito com outro sistema econômico-político.

A revolução não é um sonho eterno
Disse-o muito bem a Times após a queda financeira de 2008: “Voltou”. Quem? Marx. Três anos depois, o panorama não melhorou e neste clima pouco promissor, muitos revisam sua figura para recuperar o que foi que disse e o que se pode extrair de sua análise com o objetivo de superar a crise que afeta por estes dias as principais economias do mundo globalizado (basta revisar como começamos cada semana com uma nova “segunda-feira negra”, por não somar mais dias ao calendário).

Aos 94 anos, Hobsbawm observa acertadamente que Marx havia sentenciado qual seria o destino do capitalismo ao seguir a linha que em meados do século XIX insinuava com perfeita clareza: a concentração do capital em poucas mãos produziria um mundo onde apenas um número muito pequeno de pessoas teria o maior número de riquezas, ao passo que o sistema não poderia seguir o ritmo de seu próprio crescimento desproporcionado. A quantidade de riquezas produzidas e o contínuo aumento da população não permitiriam o desenvolvimento igualitário de todos os indivíduos, ao que se somava o fato de que o ritmo de crises cíclicas acabaria aumentando com o tempo até chegar ao ponto da inevitável queda do sistema.

Em 2002, o economista indiano Meghnad Desai já anunciava em um trabalho, “A vingança de Marx”, onde afirmava que muitos acreditaram que o pensamento do alemão se extinguiria com a queda dos estados socialistas, mas as teses e observações realizadas nos trabalhos iniciais vão muito além desses 70 anos de governos comunistas que constituíram apenas um “episódio” da virada para o socialismo: os marxismos não ofuscam as observações de Marx, e é esse núcleo básico que é preciso voltar a ler.

Hobsbawm concorda com Desai: uma coisa são os trabalhos originais e outra a maneira como esses livros (com seus avatares particulares, suas más traduções ou suas publicações tardias) formaram escolas ao longo de todo o mundo. Essa história da escola marxista é a que terminou com a queda do Muro, e não a força política e filosófica das primeiras explicações. Este renascer de Marx é o que entusiasma agora um Hobsbawm que se apresentava um tanto decepcionado com a ideia de que, durante a década de 1980 até finais de 2000, o “mundo marxista ficou reduzido a pouco mais que um conjunto de ideias de um corpo de sobreviventes anciãos e de média idade que lentamente se ia erodindo”.

Quais são essas ideias? Que coisas de Marx é preciso conservar? Em primeiro lugar, a natureza política de seu pensamento. Para ele, mudar o mundo é o mesmo que interpretá-lo (parafraseando uma das míticas “Teses de Feuerbach”); Hobsbawm considera que há um temor político em vários marxistas de se verem comprometidos com uma causa, sabendo de antemão que para entrar na leitura de Marx teve que haver primeiro um desejo de tipo político: a intenção de mudar o mundo.

Em segundo lugar, a grande descoberta científica de Marx, a mais-valia, também tem lugar neste ensaio histórico de erro e acerto. Reconhecer que há parte do salário do operário que o capitalista conserva para si com o objetivo de aumentar os lucros, com a passagem do tempo é encontrar a prova de uma opressão histórica, o primeiro passo para chegar a uma verdadeira sociedade sem classes, sem oprimidos. Os operários estão conscientes dessa injustiça e só mediante uma organização política coerente poderão “dar uma reviravolta”. Ao contrário do que acreditavam os gurus da globalização, nem os operários nem o Estado são conceitos em desuso: Hobsbawm esclarece que “os movimentos operários continuam existindo porque o Estado-nação não está em vias de extinção”.

Por último, a existência de uma economia globalizada demonstra aquilo que Marx reconheceu como a capacidade destruidora do capitalismo, mais um problema a resolver que um sistema histórico definitivo. Hobsbawm chama a atenção, a partir do filósofo alemão, para essa “irresistível dinâmica global do desenvolvimento econômico capitalista e sua capacidade de destruir todo o anterior, incluindo também aqueles aspectos da herança do passado humano dos quais o capitalismo se beneficiou, como, por exemplo, as estruturas familiares”. O capitalismo é selvagem por natureza e seu final – ao menos, o final da ideia clássica de capitalismo – é evidente para qualquer pessoa no mundo.

É muito difícil dizer que da análise de Marx se possa tirar um plano de ação “à prova de bala”. A teoria marxista clássica falou muito pouco sobre modelos de Estado ou do que aconteceria uma vez instalada a revolução, mas muito sobre análise econômica: pensando o que acontece é que se pode saber como agir. O que Marx deu foram ferramentas, não receitas dogmáticas. Como bem disse Hobsbawm, os livros de Marx “não formam um corpus acabado, mas são, como todo pensamento que merece este nome, um interminável trabalho em curso. Ninguém vai convertê-lo em dogma, e menos ainda em uma ortodoxia institucionalmente ancorada”.

Mas, claro, a vida oferece surpresas: embora haja colocações de Marx que se conservam, há muitas outras que o curso da História (e dos homens que a vivem) mudou. Por exemplo, um dos paradoxos do século é que, embora Marx acreditasse que a revolução acabaria se dando em todo o mundo (“Trabalhadores do mundo, uni-vos!”), os levantamentos que terminaram com o marxismo no poder durante o século XX se deram em países bem diferentes da Alemanha, Inglaterra e França, o triângulo em que, para Marx, tudo começaria.

Por sua vez, o marxismo se misturaria com movimentos de mudança ou grupos que reconheciam diferentes injustiças sociais em territórios insuspeitados. Na Rússia, por exemplo, a filosofia marxista se mesclou com o nacionalismo agrário narodnik, ao menos, em um primeiro momento. Na China, a revolução se deu em uma cultura agrícola não ocidental, imperial e milenar. Por sua vez, todos esses modelos de país tinham muito pouco com a ideia original: assim como afirma Hobsbawm, “no período posterior a 1956, uma grande maioria de marxistas se viu obrigado a concluir que os regimes socialistas existentes, desde a URSS até Cuba e Vietnã, estavam longe daquilo que eles mesmos teriam desejado que fosse uma sociedade socialista, ou uma sociedade encaminhada ao socialismo”.

Talvez o artigo mais determinante seja aquele dedicado à redação do Manifesto do Partido Comunista, o texto breve de 1848 onde Marx e Engels declaravam a inevitável presença de um partido que não era, nessa época, o mesmo tipo de organização que o século XX conhecerá depois das propostas operativas de Lênin. O objetivo fundamental da criação de um PC era distinguir sua proposta da de toda outra forma de avatar socialista, sobretudo em suas variáveis utópicas: de Saint-Simon aos falanstérios de Fourier, onde a liberdade sexual (e as correspondentes “orgias coreografadas”) se equiparavam a uma liberdade de trabalho. Um século e pouco depois, talvez esse PC tenha sido mal entendido.

Pensar a transição de sociedades agrárias para sociedades socialistas, ou revisar a mudança histórica do feudalismo ao capitalismo, foi um dos pontos que mais preocuparam o último Marx: ali se encontra a possibilidade de entender desde o presente os movimentos revolucionários em países com estruturas agrárias como as presentes na América Latina, África ou algumas zonas do Oriente. Para além das condições para que se dê a mudança (descontentamento social, consciência do conflito, etc.), o marxismo clássico do século XIX defendia a necessidade de certas condições objetivas para a revolução: desenvolvimento industrial e comercial em grande escala (longe do artesanato e do comércio “cara a cara”). A América Latina conheceu a refutação destas condições no Che Guevara: onde havia uma necessidade, não havia apenas um direito, mas também uma possível revolução. Hobsbawm, atento a este tipo de experiência, demonstra o interesse particular que existe para revisar a mudança ao socialismo fora dos limites da Europa.

A cintura cósmica de Marx
Em uma entrevista concedida ao jornal The Guardian, e realizada por Tristram Hunt – que acaba de publicar, oh casualidade, a biografia de Engels também resenhada nestas páginas – e publicada em janeiro deste ano, Eric Hobsbawm falou com entusiasmo da recuperação de certa linguagem econômica e política que se acreditava esgotada depois do auge liberal das últimas décadas do século XX: “Atualmente, ideologicamente, sinto-se mais em casa na América Latina porque segue sendo a única parte do mundo onde as pessoas ainda falam e conduzem sua política na velha linguagem, na linguagem do século XIX e do século XX do socialismo, do comunismo e do marxismo”. Embora a pergunta apontasse para a saída de Lula do governo e a localização do Brasil dentro do grupo de países com perspectivas de liderança mundial (o BRIC, junto com a Rússia, a Índia e a China), a resposta renova a repercussão da conjuntura política latino-americana dentro do panorama mundial e a presença de diversos governos de esquerda e centro-esquerda no continente.

Um dos últimos artigos do livro, “Marx e o trabalho: o longo século”, assinala precisamente que as organizações proletárias com fins políticos não necessariamente vão de mãos dadas com a teoria marxista. O melhor caso para explicar seu ponto de vista o encontra em nosso intrigante país: “Os socialistas e comunistas, frustrados há tempo na Argentina, não podiam compreender como um movimento operário radical e politicamente independente podia desenvolver-se, na década de 1940, naquele país, cuja ideologia (o peronismo) consistia basicamente na lealdade a um general demagogo”.

A vitória de partidos operários no continente, alimentados pela perspectiva marxista de justiça e progresso igualitário, mas não ligados a organizações de claro corte comunista, apresenta a possibilidade de uma transição a um Estado socialista não mediada por uma revolução, assim como se colocou nos termos da URSS e da histórica Revolução de 1917, ou como o imaginário atual lê o futuro da revolução cubana de 1959. Em definitiva, há coisas que a própria História, não Marx ou suas muitas interpretações, demonstraram que são inviáveis: o socialismo russo fracassou por manter uma economia de guerra a curto prazo que se propunha objetivos difíceis que implicavam esforços e sacrifícios excessivos (desde concentrar todo o excedente e o esforço produtivo com a finalidade de conquistar o espaço exterior a mudar as práticas de produção agrária). Distinguir Lênin e Stalin do pensamento de Marx é um acontecimento dado nos últimos anos que pode mostrar as facetas mais interessantes para uma teoria do presente. Ou seja, algo necessário que permite pensar as circunstâncias atuais para escorar a mudança dentro da complexa geografia latino-americana.

O marxismo teve várias crises ao longo de sua história. Desde que se propôs colocar Hegel “de pernas para o ar” e transformar todo o discurso do espiritual em atenção ao material, já em 1890 apareceram os primeiros críticos às formulações básicas desta filosofia. Contudo, há algo nas ideias de Marx que segue interpelando o homem contemporâneo, que segue falando de uma mudança não considerada como mero desejo existencial ou aspiração utópica, mas como situação possível de levar a cabo na atualidade, sobretudo, pela via democrática e partidária.

Como bem pergunta Soros, e como escreve Hobsbawm: “Não podemos prever as soluções para os problemas que o mundo enfrentará no século XXI, mas para que haja alguma possibilidade de êxito devemos fazer-nos as perguntas de Marx”.

Fonte: Carta Maior

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terça-feira, 23 de agosto de 2011

Uma greve esquecida - Educação

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O Brasil precisa decidir se educar a sua infância se enquadra entre as essencialidades do Estado e da sociedade. Se assim entender, terá que repensar o tratamento dispensado a um protagonista que ocupa a linha de frente desse processo: o professor, sobretudo o do ensino básico. O principal emissário da sociedade brasileiro junto à infância, dedicado 40 horas semanais a socializar algo como 50 milhões de meninos e meninas, já em idade escolar ou a caminho, recebe pouco mais de dois salários mínimos por mês. Professores de 11 Estados entraram em greve por um holerite de R$ 1.187 reais.

Às missões essenciais destinam-se os melhores recursos. Não importa quais sejam elas, serão sempre eles: os mais eficazes, mais qualificados, os que desfrutam de maior respeito e como tal são valorizados e reconhecidos.

O Brasil precisa decidir se educar a sua infância se enquadra entre as essencialidades do Estado e da sociedade. Se assim entender, terá que repensar o tratamento dispensado a um protagonista que ocupa a linha de frente desse processo: o professor de um modo geral, mas, sobretudo, o do ensino básico.

Em meio à voltagem desordenada dos mercados financeiros mundiais nas últimas semanas, o país assistiu dia 16 de agosto, quase indiferente, como se fora uma manifestação da natureza e não uma interpelação política, a uma greve desconcertante.

Educadores do ensino básico paralisaram suas atividades para reivindicar o cumprimento de uma lei de 2008 que destina à categoria um piso salarial hoje equivalente a R$ 1.187 reais.

Isso mesmo. O principal emissário da sociedade brasileiro junto à infância, dedicado 40 horas semanais a socializar algo como 50 milhões de meninos e meninas –já em idade escolar ou a caminho-- recebe pouco mais de dois salários mínimos por mês.

É o que vale um professor do nível básico no país que desponta como uma das potências do século XXI.

A greve informou-nos que em 11 estados da federação nem isso ele vale.
O salário do professor do ensino básico é uma responsabilidade de estados e prefeituras. Prefeitos e governadores alegam não dispor de recursos para arcar com o piso.

O governo federal, através do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, Fundeb, criou uma linha de equivalência para esses casos.

Seu montante remete a uma proporção fiscal ilustrativa: os recursos previstos, de R$ 1 bi, equivalem ao valor surrupiado à Receita Federal apenas por uma rede de sonegação desbaratada no mesmo dia da greve, envolvendo 300 empresas da área química.

Para acessar recursos complementares à folha dos professores, porém, há algumas condicionalidades. Entre elas, que as prefeituras destinem 25% do seu orçamento à educação e despesas afins. Algo que, de resto, o próprio governo federal não faz.

Justiça seja feita, o orçamento do MEC triplicou no governo Lula. Saltou de R$ 17 bi para atuais R$ 69 bi, refletindo uma atenção à escola poucas vezes observada no país.

Foram criadas 16 novas universidades e dezenas de campi avançados. Cerca de 260 escolas técnicas dobraram a rede existente. Outras 208 unidades serão construídas agora no governo Dilma. Até 2014, os 500 municípios polo brasileiros terão pelo menos um centro educacional de formação técnica. Oito milhões de bolsas ampliarão essa capilaridade da educação profissionalizante, através do Pronatec. Uma espécie de Pronaf da educação técnica, esse programa de óbvia pertinência aguarda aprovação no Congresso há meses.

São saltos importantes, aos quais cumpre acrescentar ainda o aumento de 21% dos recursos do Fundeb este ano, que inclui maior atenção às creches. Se abstrairmos a base de comparação e o Everest das carências nacionais seriam números quase irretocáveis.

O que será feito de um país, e a velocidade com que isso se dará, depende porém das proporcionalidades que carências e demandas desfrutam no orçamento nacional.

O orçamento federal de 2011 destina praticamente o dobro do que reserva à educação ao pagamento de juros aos rentistas da dívida pública brasileira: R$ 69 bi e R$ 117,9 bi, respectivamente. Cada vez que eleva a taxa de juro o governo está destinando uma fatia maior do orçamento –presente ou futuro - aos detentores de papéis da dívida pública.

Num país socialmente extremado, uma das sociedades mais desiguais do planeta, não há, efetivamente, dinheiro suficiente para tudo. Governar aqui, mais que em qualquer lugar, é priorizar. Mas as proporções citadas indicam que também significa arguir: estamos no caminho certo?

O Estado brasileiro tem como meta pagar ao professor de ensino básico um salário equivalente hoje a R$ 3 mil reais num prazo de dez anos. O prazo é compatível com a essencialidade da tarefa a ele atribuída?

Arregimentará os melhores, os mais preparados, os mais eficientes para a missão?

As evidências colhidas pelo próprio governo mostram que não.

Pesquisas citadas pelo Conselho Nacional de Secretários da Educação indicam que os melhores alunos da universidade hoje fogem da carreira do magistério. Motivo: a defasagem salarial da ordem de 40% comparativamente ao início de carreira em outras profissões com diploma superior.

Um levantamento feito em 2008 pela Fundação Lemann, cotejando inscrições de vestibular e resultados alcançados no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), concluiu que os 5% com as piores notas no Enem decidiram ser professores.

Os melhores optaram por áreas médicas e de engenharia, melhor remuneradas.

Não por acaso, tem crescido no país o número de professores do ensino básico sem diploma superior. Eram 594 mil em 2007; saltaram para 636 mil em 2009.

Através da Universidade Aberta do Brasil, o governo pretende formar 330 mil deles em cinco anos. Especialistas e sindicatos questionam a qualidade da formação à distância como é o caso dos cursos oferecidos pelas UAB. Mas o balanço dos presenciais também deixa muito a desejar.

Hoje, 25% dos que abraçam o magistério estão sendo diplomados em cursos considerados ruins pelo próprio MEC.

A educação republicana, herança benigna da Revolução Francesa, é aquela que rompe a odiosa distinção de berço. Ao conceder um mesmo ponto de partida igual para todos— um ensino ‘público, gratuito e de qualidade’, como dizem os estudantes chilenos há 3 meses nas ruas por isso— secciona a transmissão da desigualdade. Impede que floresçam duas infâncias dentro de um mesmo país. Acordes da Marselhesa ao fundo. Ponto.

A ruptura da transmissão quase biológica da herança de berço – um dever da escola republicana - patina no país. Patina até na França, diga-se. Investigações baseadas no Enem indicam que a origem familiar continua a pesar decisivamente no desempenho escolar. Mais de um terço das 100 melhores notas registradas no Enem no Rio de Janeiro, por exemplo, foram obtidas por estudantes cujos pais tiveram formação superior. Em Brasília, esse número dobra: 76 de 100.

É um círculo perversamente vicioso. A baixa remuneração do professor desdobra-se em alunos com formação precária seminal que se arrastam daí em diante, da defasagem etária à desistência ou o déficit estrutural de formação. O conjunto subverte a finalidade republicana da educação, capturada assim como plataforma de reprodução da desigualdade que deveria combater.

O governo sabe disso. Deixou claro seu diagnóstico no novo Plano Nacional de Educação, o PNE. Entre 20 metas principais, ele destina 4 à valorização do professorado. Formação e remuneração, diz o documento, constitui a chave para o futuro da educação e do país.

O problema é a assimetria entre o diagnóstico e a destinação de recursos. Ela se explica pela força desproporcional dos interesses que tencionam essa relação. Para que as boas intenções do PNE sejam factíveis, o país teria que elevar o investimento em educação dos atuais 5% do PIB para 7%.

O governo concorda. Mas planeja vencer essa travessia em dez anos. Uma década, a 0,2% de acréscimo real de investimento por ano.

Trata-se de uma visão incremental muito à gosto dos mercados e de seus teóricos. Tudo se resolve gradualmente, sem a necessidade de rupturas na divisão da riqueza. Na vida real de uma nação a urgência tratada em regime de longo prazo muitas vezes é a escolha que leva ao destino oposto ao almejado.

Quanto custará socialmente esse roteiro de tartaruga resignada? Melhor: como modificar esse passo claudicante?

O Brasil dispõe hoje de uma incontrastável rede de controles financeiros e ideológicos, públicos e privados, nativos e forâneos, com braços que se articulam de dentro e de fora do governo, indo das universidades às consultorias de mercado, da prontidão midiática aos partidos políticos conservadores; esse redil articulado e eficiente trabalha sob pressão máxima para não deixar escapar um objetivo claro: garantir que anualmente se reserve algo como 3% do PIB em recursos fiscais ao pagamento de juros da dívida pública (cujo serviço efetivo atinge o dobro disso quando somados juros totais, capitalizações etc).

Assegurar o juro da dívida púbica é uma essencialidade do conservadorismo. Algo perseguido com o recrutamento dos melhores quadros, os mais contundentes instrumentos e todas as caixas de ressonância ideológica necessárias, das convictas às remuneradas. Os resultados, como se sabe, são notáveis: o Brasil é campeão mundial em custo financeiro; pratica as maiores taxas de juros do planeta e remunera religiosamente os títulos públicos com elas.

O tratamento incremental dispensado à educação , em contrapartida, sobretudo, aos salários do nível básico, reflete a aceitação de um interdito ideológico. O mesmo que faz algumas das economias mais ricas e poderosas da terra girar numa espiral descendente sem dispor de um ponto de apoio fiscal para sair da crise.

O consenso conservador instituiu nas últimas décadas que os ricos –bancos e rentistas, sobretudo— não deveriam ser taxados adequadamente em seus lucros e patrimônio em benefício da sociedade.

O dogma deixou aos Estados a opção de se tornarem mínimos em serviços e responsabilidades. Ou tomarem emprestada uma fatia da riqueza plutocrática, endividando-se a juros para proceder a investimentos e sustentar atribuições intransferíveis. Deixou-lhes também a partitura das privatizações e a do sucateamento que o Brasil dos anos 90 tocou e ouviu como aluno aplicado.

A captura do orçamento público pela lógica rentista do endividamento esgotou-se após os excessos cometidos em seus próprios termos. Entre eles a explosão do crédito sem critério, propiciado pela desregulação precedente, e das fraudes de proporções ferroviárias.

O imenso passivo acumulado regurgita agora no metabolismo econômico mundial. Um bolo de difícil digestão. Sem afrontar o dogma fiscal que impede de taxar os ricos, sobrará aos pobres mastigá-lo e serem triturados por ele durante anos.

Se for esse o caminho vitorioso aqui e alhures, o salário dos professores do ensino básico dificilmente alcançará a faixa dos três mil reais em uma década. Talvez nem em duas.

Argumentos éticos ao som da Marselhesa tocam tangencialmente o raciocínio frio de quem lucra com o fervor colegial do Tea Party. Ou dos que, em nome do ‘custo Brasil’, extinguiram a CPMF subtraindo R$ 40 bilhões por ano à saúde pública.

A esses talvez fosse mais pertinente lembrar que demonstrações explícitas de anomia social, como as registradas em Londres, não surgem do vazio.

Um estudo de Unicef, de 2007, realizado exclusivamente com países considerados desenvolvidos, oferece uma pista e um alerta de como as coisas se dão.

Intitulado "Pobreza Infantil em Perspectiva: visão de conjunto do bem-estar da criança nos países ricos", a pesquisa assume que a verdadeira medida de uma nação está na forma como ela cuida das suas crianças. A Unicef estende a fita métrica em seis dimensões da infância: a saúde e a proteção; a segurança material; a educação e socialização e o crucial modo como se sentem amadas, valorizadas e integradas na família e na sociedade onde nasceram.

O trabalho avaliou 21 países ricos abrangendo mais de 40 itens de vida material e subjetiva agrupados nas seis dimensões citadas.

A Inglaterra figurou em último lugar no conjunto de notas de cinco das seis dimensões em toda a série.

Trata-se de um balanço devastador da infância e da juventude criadas em 26 anos de governo conservador de Margareth Tatcher. Período em que se relegou a educação pública, as políticas sociais, empresas de Estado e valores associados à solidariedade e ao bem-comum a um agressivo moedor de carne de condenação ideológica e fiscal.

Valioso justamente por anteceder em cinco anos os atuais distúrbios em Londres, o trabalho pode ser consultado na íntegra no site do Centro de Estudos Innocenti da UNICEF.

Os alertas contidos no relatório merecem atenção não apenas de ingleses perplexos. Lideranças e autoridades brasileiras talvez encontrem ali boas razões para redimir sua indiferença diante da greve de abnegados professores de 11 Estados por um holerite de R$ 1.187 reais por mês.

Fonte: Carta Maior

Nota do Editor: É preciso começar uma mudança em nossa educação e o primeiro passo é valorizar os profissionais da educação, além de se investir em uma extensa reforma educacional, onde é preciso mudar conceitos e métodos educacionais, elaborar um plano de educação que realmente capacite nossos jovens e crianças, eliminar a aprovação automática e buscar qualidade e não apenas números para apresentar estatísticas falsas.

Já esta na hora de mudar, o Brasil mudou muito nos últimos anos, estabilizou sua economia, se consolidou no cenário mundial, porém carece de mão de obra qualificada e principalmente capital intelectual para desenvolver novas tecnologias e inovações.

A educação deve ser o sólido alicerce das políticas de estado, não uma estrutura secundária, pois da educação parte o futuro de um país, se combate a criminalidade, se reduz a taxa de desemprego e se aquece o mercado interno, além é claro de contribuir para uma maior capacidade crítica interna e participação política, com isso politizando de forma importante a população, além de criar um incentivo ao desenvolvimento social.

Espero que nossos representantes dentro do governo venham a atentar para estes fatos e passem a olhar com responsabilidade e seriedade as questões de educação, em todas as suas fases, desde a alfabetização até a pós-graduação.

Angelo D. Nicolaci
Editor GeoPolítica Brasil

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