O principal general dos Estados Unidos disse nesta quarta-feira à Reuters que não tem certeza de que Israel avisaria de antemão Washington caso decida realizar uma ação militar contra o Irã.
O general Martin Dempsey, chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, admitiu também que há divergências entre Israel e EUA sobre a melhor maneira de lidar com o Irã e com o seu programa nuclear.
Ele afirmou que os norte-americanos estão convencidos de que as sanções e a pressão diplomática são o melhor caminho para convencer o Irã a abandonar seu programa atômico, mas sempre mantendo "a intenção declarada de não retirar nenhuma opção da mesa" - expressão habitualmente usada pelos EUA para dizer que não descartam uma ação militar no futuro.
"Não tenho certeza de que os israelenses partilham nossa avaliação sobre isso. E, como eles não (partilham), e como para eles isso é uma ameaça existencial, acho que provavelmente é justo dizer que nossas expectativas são diferentes no momento", disse Dempsey em entrevista durante o trajeto Washington-Londres.
Ele não explicou quais são essas divergências, e tampouco esclareceu se considera que Israel está se preparando efetivamente para atacar o Irã.
EUA, Israel e outros governos suspeitam que o Irã esteja desenvolvendo clandestinamente armas nucleares, embora Teerã insista no caráter pacífico das suas atividades. O país está enfrentando novas sanções da comunidade internacional por causa de um recente relatório da agência nuclear da ONU que corroborava as preocupações ocidentais.
A ideia das novas sanções ganhou mais força nesta quarta-feira, quando fontes diplomáticas disseram que a Grã-Bretanha apoiaria a proibição de importação de petróleo iraniano. O Irã, no entanto, vê o programa nuclear como uma fonte de poder e prestígio, e não está claro se eventuais novas sanções alterariam a sua análise de custo e benefício.
Há temores de que, se as potências nucleares não conseguirem atrair Teerã para uma negociação séria a respeito do seu programa nuclear, Israel poderia se sentir ameaçado e atacar o país persa.
Questionado diretamente sobre se Israel alertaria os EUA de antemão caso optasse por uma ação militar, Dempsey respondeu de forma lacônica: "Não sei."
Israel exclui 'até o momento' possibilidade de atacar o Irã
O ministro da Defesa israelense, Ehud Barak, excluiu "até o momento" a possibilidade de um ataque contra as instalações nucleares iranianas, em entrevista à rádio pública nesta quinta-feira.
"Não temos a intenção de atuar por enquanto. Não é preciso começar uma guerra quando não é necessário", afirmou.
"Nossa posição não mudou sobre três pontos: um Irã nuclear é inaceitável, estamos determinados a impedir isso e todas as opções estão sobre a mesa", advertiu Barak.
Em um recente relatório, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou as suspeitas das potências ocidentais segundo as quais Teerã, apesar dos desmentidos, trabalha na fabricação de uma arma nuclear.
Em relação às repercussões de um eventual conflito armado com o Irã no caso de ataques israelenses, Barak quis mostrar-se tranquilizador.
"Uma guerra não é um piquenique, mas se Israel for obrigado a agir, não teremos 50.000, 5.000 ou mesmo 500 mortos, contanto que as pessoas fiquem em suas casas", afirmou, lembrando que os quarenta mísseis armados convencionais disparados contra Israel pelo Iraque durante a Guerra do Golfo em 1991 só deixaram 1 morto.
O ministro da Defesa, próximo ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, celebrou os incidentes e as explosões que afetaram as instalações iranianas.
"Tudo o que atrasar o programa nuclear iraniano, provenha do céu ou por outros meios, é bem-vindo", afirmou, se recusando a afirmar se os serviços secretos israelenses estavam envolvidos nesses "incidentes".
Segundo o último relatório da AIEA, de 8 de novembro, o Irã produziu um total de 4.922 kg (um pouco menos de 5 toneladas) de urânio levemente enriquecido (3,5%) e 73,7 kg de urânio enriquecido a 19,75%.
Israel, considerada a única potência atômica na região, jamais confirmou ou negou dispor de um arsenal nuclear.
Fonte: Reuters / AFP