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sábado, 27 de agosto de 2011

Prejuízos do Irene já chegam a US$ 1,1 bi, e devem subir

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O furacão Irene destruiu até 1,1 bilhão de dólares em patrimônios cobertos por seguro durante sua passagem pelo Caribe, disse na sexta-feira a empresa de avaliação de catástrofes AIR Worldwide, e mais prejuízos são esperados com a passagem da tempestade pelo nordeste dos EUA.

Embora ninguém saiba ao certo onde o Irene irá atingir a costa norte-americana nem com que força, na sexta-feira parece haver certeza que Filadélfia, a costa de Nova Jersey, a cidade de Nova York, Long Island e grandes trechos de Connecticut, Rhode Island e Massachusetts serão atingidos.

Os prejuízos cobertos por seguros no Caribe devem ficar entre 500 milhões e 1,1 bilhão de dólares, principalmente nas Bahamas, disse a AIR, um das três empresas usadas pelo setor de seguros para avaliar os impactos de desastres naturais ou humanos.

A AIR já havia alertado que o Irene deveria causar mais estragos nas ilhas do que o furacão Floyd, de 1999, o último a atingir o arquipélago de forma tão direta.

Agora, a grande questão é qual estrago o Irene causará na Costa Leste dos EUA. Algumas estimativas falam em até 4 trilhões de dólares em patrimônio coberto por seguros na rota da tempestade.

Uma análise do blog FiveThirtyEight, que é ligado ao The New York Times e trata de temas estatísticos, mostrou que um furacão da categoria 2 que chegue à costa numa distância de até 160 quilômetros de Nova York pode causar prejuízos de pelo menos 2,15 bilhões de dólares só nessa cidade.

Se o impacto ocorrer a menos de 80 quilômetros, o prejuízo em Nova York pode alcançar 10 bilhões de dólares.

Dependendo do tamanho da tempestade, os prejuízos podem levar a uma estabilização ou aumento no custo dos seguros, após anos de declínio provocado pela forte concorrência no setor e pelo excesso de oferta.

No final da tarde de sexta-feira, no entanto, todos os sinais eram de que o Irene estava se enfraquecendo, contrariando as expectativas iniciais. A AIR disse que aparentemente a tempestade estará na categoria 2 quando atingir a costa das Carolinas, e ficará no limite da categoria 1 ao passar por Long Island na tarde de sábado.

Mas o fato de os ventos serem menos fortes pode ser um falso alívio, disse o diretor de ciência atmosférica da empresa, Peter Dailey, já que a tempestade também está avançando para o norte com maior velocidade do que se previa, e uma coisa pode "compensar" a outra.

A tempestade pode causar problemas também em investidores que detém os chamados "títulos catastróficos", papéis que as seguradoras emitem para transferir seus riscos ao mercado de capitais.

O volume desses títulos com exposição ao risco de furacões nos EUA é de 67 por cento- sendo 506 milhões de dólares em exposição a furacões só na Carolina do Norte, segundo a corretora Guy Carpenter's GC Securities.

Papéis como o Shore Re Ltd, que cobre danos por furacões em Massachusetts, e o Johnston Re Ltd, que serve para furacões na Carolina do Norte, podem ser particularmente arriscados neste momento. A Standard & Poor's disse na sexta-feira que adiará a divulgação de qualquer avaliação para depois da passagem do Irene, mas que o furacão pode fazer alguns papéis entrarem em "observação negativa", caso os danos pareçam graves.

Fonte: Reuters

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sexta-feira, 17 de junho de 2011

Informe diz que Banco Mundial contribui para o caos climático

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Um novo informe publicado pela organização Amigos da Terra Internacional durante as negociações da ONU sobre o clima, que estão acontecendo esta semana em Bonn, denuncia que o Banco Mundial investe cada vez mais em combustíveis fósseis e promove falsas soluções empresariais frente as mudanças climáticas, tais como o comércio de carbono, que aprofundam, ao invés de mitigar, as atuais crises ambientais.

O informe, “Banco Mundial: catalisador das mudanças climáticas devastadoras”, expressa, segundo seus autores, as preocupações expressadas pelos países dos Sul sobre o papel cada vez maior que está adquirindo o Banco Mundial no financiamento para o clima.

O informe mostra como o Banco investe cada vez mais em combustíveis fósseis, o que induz países como Índia e África do Sul a depender cada vez mais do carvão mineral. Segundo o documento, em 2010, o Banco bateu um novo recorde em matéria de financiamento para combustíveis fósseis (6,6 bilhões de dólares no total), o que representa um aumento de 116% com respeito a 2009. Desse total, 4,4 bilhões de dólares foram investidos em projetos associados ao uso de carvão, o que também significou um aumentos recorde de 365% com respeito ao ano anterior.

Além disso, o Banco impulsiona a expansão dos mercados de carbono, que são uma válvula de escape a disposição dos países industrializados para evitar reduzir suas emissões, que causam danos ecológicos e o deslocamento de comunidades no Sul global. E apesar de seus impactos negativos em termos ambientais, sociais e para as mudanças climáticas, o Banco Mundial continua aumentando significativamente seu apoio as grandes represas hidrelétricas.

O Banco Mundial vem incrementando seus investimentos em grandes represas desde 2003, depois de uma pausa na sua atividade de financiamentos neste setor na década de 1990, a pesar de que as represas já deslocaram entre 40 e 80 milhões de pessoas no mundo.

O braço do Banco Mundial para o setor privado, a Corporação Financeira Internacional (CFI), aprovou empréstimos de 450 milhões de dólares para a central de energia elétrica a carvão de 4.000 MW de Tata Mundra em Gujarat, na Índia, que emitirá 25,7 milhões de toneladas anuais de CO2 durante 25 anos ou mais.

Em abril de 2010, o Banco Mundial aprovou um volumoso empréstimo de 3.750 milhões de dólares, a maior parte dos quais se utilizará para financiar a central a carvão de Medupi de 4.800 MW que está construindo a Eskom, a empresa estatal de energia elétrica da África do Sul. A África do Sul é hoje em dia responsável por 40% de todas as emissões de gases de efeito estufa da África, e este empréstimos lhe agregará ainda mais emissões.

Enquanto outorga empréstimos sumamente insustentáveis em todo o mundo, o Banco está procurando assegurar-se um papel influente no novo Fundo Verde para o Clima da ONU e nos mecanismos para reduzir as emissões derivadas do desmatamento e de degradação das florestas (REDD).

O Coordenador do Programa de Justiça Econômica de Amigos da Terra Internacional, Sebastián Valdomir, disse: “O Banco Mundial é parte do problema climático, não de sua solução. Seus conflitos de interesses e seus péssimos antecedentes sociais e ambientais deveriam servir para desqualificá-lo automaticamente de qualquer participação no desenho do Fundo Verde para o Clima e do financiamento para o clima em geral”.

O Banco Mundial é acusado de conflitos de interesses ao assumir a administração interina do Fundo Verde para o Clima (função fiduciária) e formar parte da Unidade de Apoio Técnico que está desenhando o fundo (função de consultoria). Como conseqüência, o Banco estaria desenhando um fundo que supostamente deveria supervisionar suas próprias atividades.

A Amigos da Terra Internacional reclama que o financiamento para o clima provenha de aportes orçamentários e de outras fontes inovadoras que não estejam baseados nos mercados – tais como a taxação das transações financeiras – e que seu volume venha em proporção com o papel desproporcional que os países ricos tem na geração do problema das mudanças climáticas.

Kate Horner, analista de políticas de Amigos da Terra Estados Unidos, disse: “O Banco Mundial pretende mostrar liderança na luta contra as mudanças climáticas, mas, como mostra este informe, é um dos maiores financiadores de projetos de combustíveis fósseis sujos, do comércio de carbono e das mega represas. Estas iniciativas agravam a pobreza e nos levam a beira de um desastre ambiental mundial”.

Para Lucia Ortiz, de Amigos da Terra Brasil, coordenadora Regional do Programa de Justiça Climática e Energia, é preocupante também a expansão dos fundos de desenvolvimento de mercados de carbono pelo Banco Mundial, como o FIP – Programa de Investimento Florestal. Ela afirma que “é uma grande incoerência o Banco Mundial oferecer empréstimos geradores de dividas para que os países do Sul, que não tem responsabilidade histórica com o problema climático, empenhem esforços de mitigação. Felizmente o Governo do Brasil tem resistido a um novo endividamento para integrar FIP como país piloto.”

Para os Amigos da Terra Brasil, parte da Divida Climática do Norte com o Sul deve ser reparada através de fundos públicos de doação, para que países como o Brasil reduzam suas emissões, por exemplo as decorrentes do desmatamento de florestas, sem com isto capitalizar o banco mundial com créditos de carbono que podem ser usados para a especulação financeira. No Brasil, Amigos da Terra é membro fundador e integrante da Coordenação da Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais.

Fonte: Carta Maior
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segunda-feira, 16 de maio de 2011

Aramar suporta até 4 graus na escala Richter

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Os prédios do reator do Centro Experimental Aramar, do combustível e de outros setores onde se trabalhará com material radioativo são projetados e construídos para resistirem a abalos sísmicos (terremotos) equivalentes até o grau 4 na escala Richter, levando-se em consideração balanços estatísticos da região de Sorocaba. Esta mesma projeção é válida para outros prédios que trabalharão com material radioativo em Aramar.

Em 11 de março deste ano, no nordeste do Japão, um terremoto atingiu a magnitude 8,9 da escala Richter, foi seguido de gigantesca tsunami que destruiu cidades e causou milhares de mortes e a tragédia provocou um acidente em central nuclear da cidade de Fukushima. Vazamentos radioativos assustaram o mundo e mobilizaram a comunidade internacional.

Para a Marinha do Brasil, "o ocorrido no Japão não possui correlação estatística com a região de Sorocaba." A Força acrescenta que, em ordem de potência térmica, os reatores japoneses são 15 vezes, no mínimo, maiores do que o reator previsto para ser instalado em Aramar em 2014, e ambos possuem sistemas de segurança diferentes.Estas comparações foram apresentadas pela Marinha do Brasil a partir de perguntas do Cruzeiro do Sul enviadas por e-mail e respondidas pelo contra-almirante Paulo Mauricio Farias Alves, diretor do Centro de Comunicação Social da Força. O objetivo da reportagem foi esclarecer quais as lições que a Marinha pode tirar do acidente nuclear de Fukushima em relação a Aramar - a principal unidade do seu programa nuclear localizada em Iperó, município da região de Sorocaba.

Segundo a Marinha, o acidente no Japão oferecerá "muito provavelmente" ensinamentos técnicos que serão levados em conta. A Força informa que o Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTM/SP), órgão vinculado a Aramar, observa as leis de segurança industrial e nuclear, juntamente com a legislação de proteção e preservação ambiental.

Os recursos da ordem de R$ 1,040 bilhão liberados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva num período de oito anos estão sendo executados conforme o previsto, segundo a Marinha. Isto faz com que, atualmente, Aramar seja um canteiro de obras. Estão em construção os prédios do reator, do combustível nuclear, das turbinas, de preparação e testes de embalados, de armazenamento intermediário de rejeitos e o prédio de apoio operacional. Veja a íntegra das avaliações da Marinha do Brasil:

1) A catástrofe no Japão (terremoto/tsunami/complexo de Fukushima) reativou os debates sobre as preocupações com a segurança das usinas nucleares. Como a Marinha do Brasil avalia esse tipo de preocupação em relação ao Centro Experimental de Aramar, localizado em Iperó, cidade vizinha de Sorocaba?

Os eventos ocorridos no Japão (isto é, terremotos de elevada intensidade, ondas marítimas de grandes proporções, entre outros) e suas consequências proverão muito provavelmente ensinamentos técnicos, como já ocorreu no passado, os quais serão analisados oportunamente, contando inclusive com avaliações e recomendações de organismos internacionais. Assim, podemos concluir que o ocorrido no Japão não possui correlação estatística com a região de Sorocaba.

O Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP) observa as leis de segurança industrial e nuclear, juntamente com a legislação de proteção/preservação ambiental. Para tal, os projetos desenvolvidos seguem as recomendações e normas técnicas aplicáveis para cada caso, dentro de processos de licenciamento junto à Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) e ao Ibama.

Para a parte nuclear especificamente, há códigos de normas técnicas que são utilizadas por vários países, as quais derivam de experiências anteriores e de experimentação em laboratórios dedicados. Tais normas são de origem dos EUA e da Europa, havendo também um conjunto de orientações brasileiras. A aplicação dos códigos de projeto verifica-se em diversas etapas dos projetos: fabricação mecânica, recebimento de materiais, construção civil, montagens eletromecânicas. Para os projetos do ciclo do combustível e do Labgene (reator PWR de pequena potência), as normas técnicas de projeto empregadas estão de acordo com o que se preconiza no licenciamento junto à Cnen e Ibama. Dentre os vários preceitos, vários tipos de defesas ou de sistemas de proteção são utilizados para se evitar consequências às pessoas, ao meio ambiente e ao patrimônio. Por exemplo, nos projetos do Labgene a possibilidade de ocorrência de abalos sísmicos e ventos de elevada intensidade é levada em consideração.

2) Que medidas de segurança estão previstas para Aramar em caso de desastres naturais?

São adotados diversos procedimentos para lidar com esse tipo de situação. O treinamento das equipes de operação é uma preocupação contínua, com relação aos procedimentos de segurança (isto é, utilização de monitores, isolamento de áreas, mobilização de meios de apoio, dentre outros). Adicionalmente, os dispositivos de alarmes e de segurança são verificados e são executados exercícios periódicos para os tipos de situações emergenciais que são previstas, onde são inclusas as consequências de eventos naturais de elevada intensidade (mencionados acima à título de exemplo). Na parte dos sistemas, estes contemplam dispositivos de alarme, válvulas de fechamento rápido, estruturas de contenção, suportação especial para abalos sísmicos, e outros, quando assim for necessário e exigido no processo de licenciamento nuclear e ambiental.

3) Na hipótese de ocorrências de desastres naturais na região de Sorocaba, qual é a capacidade de resistência das instalações de Aramar aos impactos de qualquer natureza?

A capacidade de resistência a determinados carregamentos ou solicitações naturais é considerada ao longo de toda a vida de um projeto (construção, operação, manutenção etc.) Por exemplo, no caso do Labgene, as edificações (o prédio do reator, o prédio do combustível e alguns outros prédios, onde se trabalhará com material radioativo de vários tipos de atividades) são projetadas e construídas para resistir a abalos sísmicos equivalentes até o grau 4 na escala Richter, baseando-se nos levantamentos estatísticos relativos à região de Sorocaba. Igualmente importante, os ventos de elevada intensidade são também considerados no projeto e na construção de tais prédios, como tornados típicos da região de Itu/Salto, que se verificaram mais recentemente, dentro de uma avaliação estatística referente à região em tela.

4) Que lições a Marinha do Brasil tira do complexo de Fukushima? Os atuais acontecimentos no Japão vão levar a Marinha do Brasil a fazer algum tipo de reavaliação sobre as condições de segurança do Centro Experimental de Aramar?

Os reatores existentes na central japonesa de Fukushima são do tipo BWR (boiling water reactor), enquanto que o Labgene é do tipo PWR (pressurized water reactor). Em ordem de potência térmica, os reatores japoneses são 15 vezes, no mínimo, maiores do que o Labgene, possuindo também sistemas de segurança diferentes. Os reatores japoneses foram projetados para trabalhar com vapor com radioatividade, blindando-se assim todo o conjunto reator, tubulações, turbinas, condensador etc. Essa situação leva a um conjunto eletromecânico de dimensões grandes.

No caso do PWR, como no Labgene, não se trabalha com vapor radioativo, havendo uma separação entre o vapor e o núcleo do reator. Vale também acrescer que o reator do Labgene operará dentro de um tanque de blindagem, o qual se situará dentro de uma contenção metálica, a qual estará imersa em uma piscina de água leve, estando esse conjunto dentro de um prédio projetado para suportar abalos sísmicos e ventos de elevada intensidade. Essa configuração converge para a aplicação do conceito de defesa em profundidade. Todavia, como se verifica em diversas áreas de conhecimento, como a indústria aeronáutica, de engenharia civil e automobilística, os resultados das análises técnicas dos eventos severos ocorridos recentemente no Japão poderão indicar modificações eventualmente necessárias, as quais serão objeto de avaliações pela Cnen.

5) Em 2007, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve em Aramar e anunciou a liberação de recursos da ordem de R$ 1,040 bilhão para o programa nuclear da Marinha do Brasil em oito anos. Esses recursos estão sendo liberados conforme o cronograma previsto?

Sim, os investimentos previstos pela Presidência da República estão sendo executados conforme planejamento acertado.

6) O reator de Aramar deverá estar pronto para entrar em funcionamento em 2014, segundo informação divulgada em 2008 pelo engenheiro de produção Edgard Batochio e o engenheiro e capitão-de-fragata Cláudio Velasco, durante visita ao Centro feita pelo ex-vice-presidente da República, José Alencar. Esse cronograma continua previsto? Que obras novas estão em fase de construção em Aramar?

O cronograma de término da montagem eletromecânica do Labgene e início do seu comissionamento está previsto para 2014. Atualmente, estão em obras civis o prédio do reator, o prédio do combustível nuclear, o prédio das turbinas, o prédio de preparação e teste de embalados, o prédio de armazenamento intermediário de rejeitos e o prédio de apoio operacional. Em paralelo, diversos sistemas estão na fase final de projeto e em construção mecânica, os quais começarão a ser montados em 2012. Outro setor que está em obras é o Centro de Treinamento Nuclear, voltado para a formação dos operadores do Labgene. A Unidade Piloto de Produção de Hexafluoreto de Urânio (Usexa) está em fase final de montagem eletromecânica e início de testes de comissionamento.

Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul via Notimp
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terça-feira, 12 de abril de 2011

Reconstrução do Japão após terremoto pode custar mais de R$ 445 bilhões

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O governo e as empresas do Japão começaram a acertar os detalhes de um plano de reconstrução após o terremoto e posterior tsunami do dia 11 de março que poderá custar mais de 200 bilhões de euros [R$ 445 bilhões].

A intenção do governo é aprovar o mais rápido possível um primeiro orçamento de 4 trilhões de ienes (cerca de 33 bilhões de euros) para começar uma gigantesca reconstrução no litoral nordeste do país após o terremoto de magnitude 9 ocorrido há um mês.

As prioridades serão os trabalhos de remoção de escombros de uma região que abrange mais de 600 quilômetros, as primeiras ajudas para normalizar a vida dos refugiados, a construção de 70 mil casas e a reconstrução da economia local, que enfrenta sério risco de colapso.

Para definir ainda mais um programa de reconstrução que terá uma escala recorde, o governo japonês criou nesta segunda-feira um conselho de especialistas que inclui professores universitários, empresários e arquitetos como Tadao Ando para que, por volta de junho, apresente propostas em áreas como urbanismo e geração de empregos.

Alguns políticos acreditam que a primeira fase da reconstrução precisará, além disso, de três orçamentos adicionais até atingir a marca de 10 trilhões de ienes (81,7 bilhões de euros).

Para o Japão, a catástrofe natural aconteceu em um momento especialmente delicado, quando a economia começava a se recuperar e lutava para reduzir o perigo latente de sua grande dívida pública, que dobra em valor o Produto Interno Bruto (PIB).

O problema de confeccionar um novo orçamento sem emitir dívida forçará o país a mudar várias despesas, como a contribuição à previdência, e a repensar uma parte das políticas do governo do Partido Democrático de Naoto Kan.

Para ajudar no financiamento das empresas que precisarão de milionários fundos para reconstruir seus negócios, o Banco do Japão (BOJ) aprovou na quinta-feira um programa de empréstimos de emergência no valor de 1 trilhão de ienes (8,178 bilhões de euros).

Além das pequenas e médias empresas de grande importância nas províncias mais afetadas (Fukushima, Miyagi e Iwate), as grandes multinacionais japonesas estão trabalhando para restabelecer o funcionamento de suas fábricas nessas regiões o mais rápido possível.

FÁBRICAS

Companhias como Nissan, Sony e Kirin tiveram que interromper suas operações em algumas fábricas devido ao terremoto, e algumas não sabem quando poderão retomar suas atividades, outro motivo de preocupação para os trabalhadores da região.

Além do dano direto em suas instalações, as empresas enfrentam um período de escassez energética pelo pausa brusca em algumas das usinas nucleares e de outros tipos no nordeste do Japão.

Alguns exportadores que trabalham em regiões próximas ao complexo de Fukushima estão realizando revisões de radiação em seus produtos para acabar com os receios de consumidores. Ao mesmo tempo, o governo analisa os níveis de radioatividade nos portos do Japão para evitar que os produtos que por ele passarem sejam rechaçados em portos estrangeiros.

O país prometeu compensar, através de uma seguradora pública, os exportadores que forem afetados pelo aumento dos níveis de radiação ou rumores que prejudiquem suas vendas.

As emanações da central de Fukushima prejudicam também pescadores, agricultores e criadores de gado de várias províncias no centro do Japão, e por isso o governo previsivelmente terá que dedicar muitos fundos durante um longo tempo para se recuperar de seu maior desastre desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Fonte: EFE
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quarta-feira, 23 de março de 2011

Terremoto japonês é o mais caro da história

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O Japão estimou que o custo dos danos do terremoto e do tsunami devastadores deste mês pode chegar a 300 bilhões de dólares. As autoridades de Tóquio alertaram que os bebês não devem ingerir água de torneira por causa da radiação vazada de uma usina nuclear.

A primeira estimativa oficial desde a tragédia de 11 de março cobre os danos a estradas, casas, fábricas e infraestrutura, e ofusca as perdas do tremor ocorrido em Kobe em 1995 e do furacão Katrina, que devastou Nova Orleans, nos Estados Unidos, em 2005, o que faz deste o desastre natural mais caro do mundo.

No momento em que aumenta a preocupação com o risco de alimentos contaminados pela radiação da usina de Fukushima, a cerca de 250 quilômetros da capital japonesa, os EUA se tornaram o primeiro país a proibir algumas importações de alimentos da zona do desastre.

A usina, atingida por um terremoto de magnitude 9,0 e por um tsunami que deixaram 23 mil mortos ou desaparecidos, ainda não foi controlada, e os trabalhadores foram forçados a abandonar o complexo quando uma fumaça negra começou a emergir de um dos seis reatores.

Autoridades de Tóquio disseram nesta quarta-feira que a água em uma usina de purificação para a capital de 13 milhões de pessoas continha 210 becquerels de iodo radioativo - mais do que o dobro do nível seguro para crianças.

O governador de Tóquio, Shintaro Ishihara, afirmou entretanto que esse nível não representa risco imediato e que a água pode ser usada. "Mas, para crianças com menos de um ano, gostaria que evitassem usar água de torneira para diluir alimento para bebês", acrescentou.

A agência norte-americana FDA (Administração de Alimento e de Drogas na sigla em inglês) anunciou a suspensão da importação de leite, vegetais e frutas de quatro regiões na vizinhança do complexo nuclear afetado.

A Coreia do Sul pode ser a próxima a proibir alimentos japoneses após o pior crise nuclear desde Chernobyl em 1986. Nesta semana a França solicitou à Comissão Europeia que procure harmonizar os controles sobre a radioatividade de produtos importados do Japão.

Os alimentos representaram somente 0,6 por cento do total de exportações japonesas no ano passado.

Autoridades declararam que níveis de radiação acima do que é seguro foram detectados em 11 tipos de vegetais da área, além do leite e da água.

O secretário-chefe de gabinete Yukio Edano, a face pública do governo japonês durante o desastre, disse que a zona de exclusão ao redor da usina não precisa ser expandida, e pediu aos moradores de Tóquio para não estocar água engarrafada.

Mais cedo ele havia dito não haver maior perigo para humanos e pediu que o mundo não reagisse com exagero: "Vamos explicar os fatos aos países e esperamos que tomem medidas lógicas baseadas neles".

Fonte: Reuters
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Defesa Civil muda para prevenir catástrofes

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A Defesa Civil brasileira vai passar por uma reformulação geral para atuar em prevenção de catástrofes e não apenas em ações de recuperação. Está em andamento uma força-tarefa, coordenada pela Casa Civil, envolvendo os ministérios da Justiça, Cidades, Ciência e Tecnologia, Defesa, Integração e Agricultura. Em tempos de grandes desastres naturais dentro e fora do Brasil, a preocupação do governo é mudar a forma de atuação da Defesa Civil.

Haverá uma estrutura para prevenção de catástrofes, com centro de monitoramento, mapa de áreas de risco, treinamento de equipes e profissionalização da atividade. Em entrevista ao Valor, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, afirmou que o quadro da Defesa Civil será requalificado com grupos de engenheiros e geólogos. Em três meses, o governo terá um mapeamento detalhado das regiões mais vulneráveis do país e suas características geológicas.

As ações incluem ainda a aquisição de radares e demais equipamentos por parte do Ministério da Ciência e Tecnologia para aprimorar a coleta de dados sobre mudanças climáticas. O Ministério das Cidades vai tratar de mudanças na legislação atual, com o propósito de ter punições mais severas para Estados e municípios que descumpram as fiscalizações sobre ocupação irregular. As mudanças na Defesa Civil deverão fortalecer a musculatura do Ministério da Integração, pasta que alimenta a ambição de assumir projetos de impacto nacional.

Bezerra é um ministro indicado pelo PSB na composição da aliança que elegeu Dilma Rousseff, partido presidido por Eduardo Campos, governador de Pernambuco, de cujo governo foi secretário. Chegou ao ministério com espírito empresarial e nova linguagem. "Não há nada errado em ter como prioridade de trabalho as regiões Norte e Nordeste do país. O equívoco é se limitar a essas regiões."

Responsável por projetos de irrigação, o Ministério da Integração quer realizar neste ano duas licitações para contratar empresas que farão a irrigação de regiões do Semiárido. Por meio de parcerias público-privadas (PPP), o governo quer incentivar o plantio de alimentos na região. Na transposição do São Francisco, uma das principais obras do PAC, Bezerra tem que desatar o nó dos 60 contratos de consórcios atrelados à transposição. Hoje, há 43 pedidos de aditivos desses contratos para serem analisados. A seguir, os principais trechos da entrevista:

Valor: O mundo debate as ações de prevenção e combate a catástrofes. O Brasil vai continuar a agir só depois do fato consumado?

Fernando Bezerra Coelho: Essa postura vai mudar. A presidente Dilma Rousseff, ainda antes da posse, já havia pedido que nosso ministério tivesse uma conversa com o ministro Nelson Jobim (Defesa) para ver como poderia ser melhor estruturada a Defesa Civil. Havia uma visão inicial de que a Defesa Civil ficaria mais bem posicionada nas forças armadas, mas depois se verificou que essa era uma visão muito estreita, voltada apenas à reação aos eventos. Fizemos uma série de reuniões dos dois ministérios e isso gerou uma reflexão sobre a necessidade de se ter um novo sistema nacional de Defesa Civil.

Valor: O que integrará o sistema?

Bezerra: Terá de levar em conta as mudanças do clima, o aquecimento global e todos esses fatos que estão ocorrendo no mundo. Vamos propor uma nova visão e estruturação da política nacional de defesa. Após a catástrofe no Rio, ocorrida no início do ano, a presidente Dilma articulou um grupo de trabalho coordenado pela Casa Civil. Fazem parte desse grupo os ministérios da Justiça, Cidades, Ciência e Tecnologia, Defesa, Integração e Agricultura. Vamos identificar as nossas fragilidades.

Valor: Quais são?

Bezerra: A primeira fragilidade apontada pelo MCT foi a deficiência no recebimento e tratamento das informações sobre clima e tempo. O ministro Aloizio Mercadante sugeriu uma série de novos investimentos para que possamos comprar novos radares. Vamos implantar um centro nacional de monitoramento em Cachoeira Paulista, em São Paulo. Paralelamente, serão criados centros regionais. Essa estrutura estará voltada para a antecipação de informações sobre eventos extremos.

Valor: A Defesa Civil, hoje, não tem nem informações antecipadas sobre as catástrofes?

Bezerra: Hoje, a estrutura da prevenção de desastres é limitada. Faltam profissionais, um quadro de carreira. Dos 5.565 municípios brasileiros, não temos a Defesa Civil oficialmente implantada nem em 500 cidades. Estamos perseguindo a ideia de que a Defesa Civil tem de ser vista como um órgão de Estado, não de governo. Ela precisa receber informações rapidamente e produzir os protocolos que indicam as ações a serem tomadas para cada caso. Seu papel é também o de programar simulações de eventos nas localizações de alto risco.

Valor: As verbas para isso não foram cortadas no último ajuste?

Bezerra: A Defesa Civil não entrou nos cortes, trabalha com um crédito extraordinário. No começo do ano, a presidente abriu um crédito de R$ 700 milhões, que deverá ser consumido até o fim deste mês para atender às ocorrências deste início de ano. Depois devemos ter outra medida provisória para, a partir de abril, enfrentar outras situações. Mas não vamos vender ilusões, teremos o pé no chão. Não queremos reproduzir uma situação que encontramos, que foi uma Defesa Civil que tem restos a pagar de R$ 1 bilhão.

Valor: Como vai atuar a nova Defesa Civil?

Bezerra: Estamos definindo isso. Imagino que precisaremos, em Brasília, de pelo menos 150 pessoas, entre engenheiros e geógrafos, além de outros cargos técnicos. Vamos criar um centro nacional de desastres naturais, que terá uma sala de situação e monitoramento. Em seis meses teremos os recursos tecnológicos adequados. Queremos construir uma equipe e deslocar sua prioridade, que não seja mais o repassador de recursos para o pós-desastre, mas que seja o preparador de equipes para mitigar eventos.

Valor: É basicamente um trabalho de mobilização?

Bezerra: É um trabalho de articulação. Vamos informar para que equipes locais tomem as providências antecipadamente. Para que isso funcione, temos de conhecer o terreno, suas ameaças, áreas afetadas, locais de mobilização. Isso não se faz do dia para a noite.

Valor: O Ministério da Integração está preparado para seu novo papel?

Bezerra: Houve uma grande discussão com as forças armadas sobre como podemos ter um papel mais atuante em eventos de alto risco. Hoje, temos uma estrutura que precisa ser melhorada. As informações têm de chegar de forma ordenada para que a Defesa Civil possa se articular com as atuações regionais. Esse trabalho de obter a informação é do Ministério de Ciência e Tecnologia. Caberá à Integração receber esses dados e fazer o trabalho de preparação da população e, se for o caso, de evacuação. Quando chegamos aqui, encontramos um órgão pronto para fazer convênios e liberar recursos depois da ocorrência de eventos. Sempre corríamos atrás do leite derramado. É evidente que a Defesa sempre terá essa característica de ajudar na recuperação em momentos de tragédia, mas seu papel nobre é ser um órgão de articulação, treinamento e formação dos sistemas de defesa dos Estados e cidades.

Valor: Que ações já estão em andamento?

Bezerra: Há um conjunto de medidas. O Exército vai criar cinco centros regionais no Brasil, com força própria para realizar as ações de pronta resposta e ter equipamentos mais próximos das localidades que venham a enfrentar esses eventos. As forças armadas têm, claramente, um papel pós-evento e nisso já se avançou muito. Outra área que está para ser encaminhada diz respeito a mudanças na legislação. Boa parte dos problemas que enfrentamos tem relação com a ocupação irregular das áreas de risco. A legislação será mudada para punir agentes públicos, prefeitos que não tomam providências para retirar as pessoas de locais de risco.

Valor: O governo sabe quais são as áreas de risco?

Bezerra: Teremos um mapa dessas áreas. O Ministério da Integração tem um convênio com a Universidade Federal de Santa Catarina, onde estamos elaborando esse mapa, que ficará pronto até junho deste ano. Será um relatório detalhado com pontos recorrentes de catástrofes. Esse material será enriquecido com informações de governos municipais e estaduais. Vamos caracterizar o risco, ele terá uma graduação. Com esse cadastro, montaremos um programa específico de ações de prevenção e mitigação. Essas ações devem ficar concentradas no Ministério da Integração.

Valor: Por que o país ainda investe pouco em prevenção?

Bezerra: De fato, a rubrica de prevenção no Ministério da Integração é baixa, mas dentro do Ministério das Cidades há R$ 11 bilhões para programas que podem ser caracterizados como ações de prevenção. O que estamos discutindo agora é a necessidade de centralizar na Integração, especificamente, as ações de prevenção para áreas de alto risco. Há uma grande força-tarefa para reunir essas iniciativas e materializá-las até abril. Vamos tirar lições valiosas do que está ocorrendo no Brasil e fora dele e isso nos levará a um sistema de Defesa Civil à altura das expectativas da sociedade.

Valor: Qual foi o peso das experiências internacionais nessa área?

Bezerra: Fomos verificar como os outros países se preparam. Os americanos, até o furacão Katrina, também não tinham um nível adequado de articulação. Procuramos Austrália, Itália e Chile, que têm boas experiências nessa área. A partir disso, falamos com a presidente Dilma, que gostou da ideia de se fazer um grande debate internacional no país para beber dessas experiências recentes. Essa preparação preventiva da Defesa Civil está ocorrendo mundo afora e é algo muito recente. Devemos ter um seminário no início de abril, com casos de experiência internacional e boas práticas brasileiras.

Valor: Essas medidas devem mexer radicalmente com a atuação do ministério. Há reformas também em outros setores?

Bezerra: Nós queremos ser um ministério de influência nacional. Não há nada de errado em ter como prioridade de trabalho as regiões Norte e Nordeste, mas o que é um equívoco é se limitar a essas regiões. Essa situação vai mudar a partir do momento em que o ministério assumir parte da responsabilidade da Defesa Civil, com a prevenção em áreas de alto risco. Também entraremos mais diretamente nas discussões sobre o fornecimento de água em todo o país. Isso é atribuição do ministério. Se há discussões sobre o abastecimento de água na Grande São Paulo ou segurança hídrica no Rio de Janeiro, temos de nos envolver. Esses temas, dos quais o ministério sempre esteve distante, para não dizer ausente, serão colocados no nosso dia a dia.

Valor: Essa reestruturação atingirá o sistema de financiamento?

Bezerra: Temos o decreto de reestruturação do ministério que está para sair nos próximos dias. Estamos criando uma Secretaria de Fundos de Investimento e Incentivos Fiscais, que tem o objetivo de aproximar o ministério dos bancos regionais para promover políticas nos Estados. Já existem o FDA [Fundo de Desenvolvimento da Amazônia] e o FDNE [Fundo de Desenvolvimento do Nordeste], mas não existe um fundo para o Centro-Oeste. Nós estamos implantando, por meio de decreto, a Sudeco [Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste], que tem a perspectiva de evoluir para a criação do FDCO. O objetivo é apoiar pequenas empresas, incentivando o empreendedorismo nessas regiões.

Valor: A política de irrigação também muda?

Bezerra: Criaremos a Secretaria Nacional de Irrigação. O Brasil é a grande fronteira mundial na produção de alimentos e temos de cuidar das condições de nosso manancial. A irrigação no Brasil está presente em 7% da área agricultável. Hoje, nossa receita de produtos agrícolas de exportação ultrapassa US$ 30 bilhões, mas nós vamos dobrar nossa produção agrícola. Em 2030, serão US$ 60 bilhões só de produtos primários, sem incluir os industrializados. O melhor caminho para suportar essa demanda de forma sustentável é através de irrigação.

Valor: Quais são os projetos para isso?

Bezerra: As áreas irrigadas hoje são de 4,4 milhões de hectares, dos quais 4 milhões são irrigados pela iniciativa privada. Os demais 400 mil hectares de irrigação estão em perímetros públicos. A secretaria vai promover políticas públicas para ampliar a área irrigada privada. Na área pública, temos a meta de atingir mais 200 mil hectares irrigados, projetos que deverão ser implantados por meio de parceria público-privada (PPP). Temos um fundo garantidor já criado para dar respaldo financeiro.

Valor: Haverá lançamento de editais este ano para projetos de irrigação?

Bezerra: Queremos lançar dois editais. Os mais prováveis são os projetos do Pontal e do Salitre, ambos na bacia do São Francisco. Há ainda o projeto do Baixio do Irecê, na Bahia, mas esse deve sair só no próximo ano, porque ainda há estudos a serem feitos. O plano é montar uma carteira de projetos. O projeto do Pontal chegou a ser licitado no ano passado, mas a empresa que venceu o edital teria de ter apresentado até o início de março as garantias, mas pediu mais prazo. Estamos estudando se é possível conceder ou não. Vamos fazer uma carteira de PPP no Semiárido. A ideia é que a gente possa lançar editais de PPP de 25 mil hectares a cada seis meses.

Valor: Na transposição do São Francisco, há preocupações com o atraso das obras e com a renegociação de contratos com os fornecedores. O que tem sido feito para resolver os problemas?

Bezerra: São dois grandes desafios. O primeiro é a gestão dos contratos, que deve ser superado até o início de maio. Temos que lembrar que essa obra foi licitada em cima de um projeto básico, que depois se revelou algo muito distante da realidade encontrada. Os projetos executivos foram feitos à medida que a obra avançava e isso gerou muitos problemas. Isso fez com que se acumulasse uma série de demandas por parte dos consórcios. Quando nós chegamos aqui, notamos que a obra teve uma boa mobilização até o fim do ano passado, mas depois que os funcionários voltaram de férias coletivas em janeiro, os consórcios reduziram seus contingentes e cobraram uma definição.

Valor: As negociações já começaram?

Bezerra: Em fevereiro, concluímos conversas individuais com todos os consórcios. Instalamos uma comissão para centralizar os esses pedidos e fazer, portanto, os eventuais aditivos. Essa tarefa deve ser concluída até fim de abril. Hoje, nenhum dos 12 lotes das obras da transposição está paralisado, mas a mobilização ainda é inferior à do ano passado.

Valor: Quando a situação com os consórcios deve se normalizar?

Bezerra: Em breve. Ainda não podemos dizer que ela já está resolvida, porque podemos enfrentar situações em que os aditivos deverão ultrapassar o limite de 25% da obra. Teremos então que conversar com o Tribunal de Contas da União (TCU) para negociar isso e demonstrar que, às vezes, é muito melhor você ter um aditivo de 30%, 35%, do que ter que parar a obra e relicitar o saldo do contrato. Hoje, os preços seriam muito maiores que os contratados, sairia muito mais caro e o TCU sabe disso.

Valor: Isso significa que a tendência é que os aditivos sejam acatados?

Bezerra: Hoje há uma compreensão maior, da parte dos órgãos de controle, de que é importante exaurir todas as possibilidades de aditivos, desde que sejam razoáveis e justificáveis. Se não conseguirmos resolver todas as situações, o número de contratos que teremos de relicitar será muito pequeno, talvez um ou dois.

Valor: Há quantos pedidos de aditivos?

Bezerra: São 43 pedidos, por isso estamos contando com o trabalho dessa comissão para analisar cada solicitação.

Valor: E quanto ao atraso nas obras? Há estações de bombeamento de água até agora sem licitação.

Bezerra: Nós vamos soltar a licitação da primeira estação do Eixo Norte até o fim de abril e o consórcio estará contratado até julho. Acredito que não vai levar mais de 24 meses para montar a estação de bombeamento. O prazo geral da obra permanece com a entrega do Eixo Leste no fim de 2012 e Eixo Norte no fim de 2013.

Valor: Já foi dito que a transposição do São Francisco terá a água mais cara do Brasil. Será?

Bezerra: Eu não concordo com a tese. Quem afirma isso argumenta que, por ser uma obra muito cara, terá de colocar o custo na tarifa. Não é assim. O que vai para a tarifa é a operação e manutenção dos canais, mas essa é uma discussão que será iniciada só no segundo semestre. Temos de lembrar que qualquer companhia de água no Nordeste pratica o subsídio cruzado. Elas cobram tarifa social nas regiões mais afastadas, diferentemente do preço praticado com a indústria e populações mais densas. A transposição vai usar um modelo parecido. O cidadão da caatinga vai pagar o mesmo preço de alguém que vive no subúrbio de uma grande cidade, mas as indústrias e o comércio terão águas mais caras, é claro.


Fonte: Valor Econômico
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terça-feira, 15 de março de 2011

AIEA confirma nova explosão e vazamento de radiação à atmosfera

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A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou nesta terça-feira que houve uma explosão no reator 2 da usina nuclear Fukushima Diichi e que foi liberada radiação à atmosfera devido a um incêndio em um depósito de combustível no reator 4.

Em comunicado, a AIEA detalha que obteve a informação das autoridades japonesas, e que a explosão no reator 2 ocorreu por volta das 6h20 da hora local (18h20 de segunda-feira pelo horário de Brasília).

Além disso, há fogo no depósito de armazenamento de combustível usado do reator 4, na mesma usina atômica, seriamente danificada pelo terremoto e o posterior tsunami de sexta-feira, e está escapando radioatividade diretamente para a atmosfera.

No local, foi registrado nível de radioatividade de até 400 microsievert por hora.

"As autoridades japonesas estão dizendo que há a possibilidade de o fogo ter sido causado por uma explosão de hidrogênio", acrescenta a nota.

O governo japonês disse nesta tarde de terça-feira, no horário local, que a temperatura dos reatores 5 e 6 da usina nuclear central de Fukushima, ao nordeste do país, estava subindo, da mesma forma como já ocorrera com os outros quatro reatores da planta, o que causou explosões, incêndios e liberação de substâncias radioativas. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou que o incêndio que houve hoje no edifício do reator 4 provocou, de fato, a emissão direta de substâncias radioativas na atmosfera

Fonte:EFE
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Japão após terremoto seguido de tsunami fica a beira de um desastre nuclear

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As autoridades do Japão alertaram sobre o aumento dos níveis de radiação após a explosão e o incêndio ocorridos na manhã desta terça-feira na usina nuclear de Fukushima.

Segundo a agência "Kyodo", a radiação foi até 33 vezes superior ao limite legal em Utsunomiya, capital da província de Tochigi, ao norte de Tóquio, e também se mediu radiação nove vezes acima do normal em Kanagawa, ao sul da capital japonesa.

O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, indicou que os níveis de radiação se elevaram significativamente após os incidentes ocorridos nesta terça-feira em Fukushima, onde quatro reatores já sofreram avarias.

Kan pediu a todas as pessoas que vivem em um perímetro de 30 quilômetros ao redor da usina que não saiam de suas casas, não abram as janelas e evitem ligar os aparelhos de ar-condicionado.

O Ministério de Transportes estabeleceu uma zona de exclusão aérea dentro da área classificada como de risco em Fukushima, onde uma explosão ao amanhecer atingiu o invólucro secundário do reator número 2 e um incêndio foi registrado no edifício do reator 4.

Yukio Edano, o porta-voz do Governo, assinalou que o nível de radiação chegou a 100 vezes acima do limite normal no reator número 4, enquanto no reator número 3 o índice foi até 400 vezes superior.

Edano disse que os níveis podem se tornar prejudiciais à saúde humana se seguirem aumentando.

Apenas 50 dos 800 trabalhadores de Fukushima permanecem na usina, que evacuou o restante pelo risco de contaminação nuclear após o terremoto de 9 graus.

A empresa operadora da central, a Tokyo Electric Power (Tepco), reconheceu que não descarta fusões parciais do núcleo dos reatores 1, 2 e 3, pois o 4 não estava em funcionamento no momento das chamas.

Kan solicitou que os cidadãos japoneses mantenham a calma diante da série de acidentes em Fukushima, que deixaram o mundo alarmado pelo temor de uma emergência nuclear.

No entanto, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) assegurou que eram limitadas as radiações emitidas desde Fukushima até então.


Nova explosão atinge reator de usina abalada por tremor no Japão

Uma nova explosão foi ouvida na terça-feira (horário local) na usina nuclear japonesa que foi abalada pelo recente terremoto, afirmou a agência de segurança nuclear do país.

As autoridades do complexo Fukushima Daiichi, danificada na sexta-feira depois do terremoto seguido de tsunami, estão tentando evitar o colapso de todos os três reatores nucleares da usina.

Já foram registradas duas explosões que arrancaram algumas telhas da instalação, mas sem danificar os vasos do reator, disseram autoridades. Não havia informação imediata sobre danos após a terceira explosão.

A agência de notícias Jiji citou o ministro do Comércio dizendo que após a explosão a radiação continuava em nível baixo.

Ainda, segundo a agência de segurança nuclear japonesa, a explosão ocorrida no reator número 2 foi causada por hidrogênio.


Combustão de hidrogênio causa incêndio no edifício do reator 4 de Fukushima

Um incêndio está ocorrendo nesta terça-feira no edifício que abriga o reator número 4 da usina nuclear de Fukushima devido a uma combustão de hidrogênio, segundo informou o Governo japonês.

O novo incidente se soma aos problemas que já foram registrados nos reatores 1, 2 e 3 da usina número 1 de Fukushima, onde desde sábado houve três explosões devido ao devastador terremoto que atingiu o Japão na sexta-feira.

Segundo o porta-voz do Governo japonês, Yukio Edano, o incêndio que ameaça o reator número 4 segue ativo e as equipes da usina nuclear estão tentando controlá-lo.

Edano informou que o fogo se registra no quarto andar do edifício que abriga o reator número 4 e que alguns objetos caíram à estrutura do reator, que não se encontrava em funcionamento.

Pouco antes, o primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, reconheceu que aumenta a chance de vazamentos radioativos na usina Daiichi, enquanto a empresa operadora, a Tokyo Electric Power (Tepco), não descarta fusões do núcleo dos reatores devido ao superaquecimento.

Segundo Edano, o nível de radiação na região do reator número 4 supera 100 vezes o limite legal permitido, enquanto no reator número 3 o número já é 400 vezes superior ao teto recomendado.

Na usina nuclear número 1, só restam 50 trabalhadores, depois que o restante dos empregados, cerca de 800, foi evacuado. O Governo, por sua vez, pediu aos habitantes em um perímetro entre 20 e 30 quilômetros ao redor da central que permaneçam em suas casas e fechem as janelas.

Foi registrada na manhã desta terça-feira uma explosão na estrutura que protege o reator número 2 de Daiichi, a terceira desde o sábado.

As outras explosões ocorreram nos invólucros secundários dos reatores número 1, no sábado, e do número 3, no domingo, sem que, segundo o Governo japonês, seus núcleos tenham sido afetados.

O primeiro-ministro pediu calma à população japonesa diante dos crescentes problemas na usina de Fukushima, que alarmaram o mundo pelo temor de uma emergência nuclear.

Na segunda-feira, no entanto, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, a agência nuclear da ONU) enviou uma mensagem de tranquilidade, ao assinalar que eram limitadas as radiações emitidas desde Fukushima até então.

Fonte: Reuters / EFE
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segunda-feira, 14 de março de 2011

Japão tem segunda explosão em reator nuclear mas governo descarta vazamento importante

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O prédio do reator três da central nuclear de Fukushima explodiu nesta segunda-feira, mas a possibilidade de um vazamento radioativo importante é "rara", declarou o porta-voz do governo japonês Yukio Edano.

Duas explosões foram registradas no prédio do reator 3 do complexo de Fukushima 1, confirmou a companhia Tokyo Electric Power Co. (Tepco), garantindo que o casulo permanece intacto.

As explosões no prédio do reator 3 deixaram nove feridos, incluindo seis militares, que a princípio foram dados como desaparecidos, segundo a agência Jiji Press.

A Agência de Segurança Nuclear informou que as explosões podem ter sido causadas por hidrogênio.

Uma explosão similar atingiu o reator número 1 da mesma usina no sábado, deixando um morto e onze feridos, um dia após o terremoto seguido de tsunami que devastou a região nordeste do Japão.

Os problemas na central nuclear de Fukushima começaram quando o tsunami que atingiu a região interrompeu o fornecimento de energia ao complexo.

Os geradores de emergência não funcionaram e o sistema de refrigeração ficou paralisado, provocando superaquecimento e a elevação dos níveis de radiação, até a explosão dos prédios dos reatores 1 e 3.

O governo está bombeando água do mar para tentar resfriar os reatores.

O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, admitiu que a situação em Fukushima 1 é "alarmante", horas após o governo reconhecer que pode haver um processo de fusão nos núcleos dos reatores 1 e 3 da central nuclear, situada 250 km a nordeste de Tóquio.

"Pensamos ser altamente provável que se tenha desencadeado uma fusão", explicou o porta-voz Yukio Edano.

A fusão se produz por causa do superaquecimento das barras de combustível, que começam a derreter feito vela.

As autoridades também decretaram o estado de emergência na usina nuclear de Onagawa, "após o registro de níveis de radioatividade superiores aos autorizados", mas a situação já voltou ao normal, segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Na central nuclear de Tokai, que também sofreu problemas no sistema de refrigeração, as bombas auxiliares funcionavam bem e seguiam resfriando o reator.

Segundo as Nações Unidas, ao menos 210 mil pessoas foram retiradas da zona das centrais nucleares de Fukushima, onde viviam quase 400 brasileiros.

O número oficial de vítimas do terremoto e do tsunami é de 688 mortos, 642 desaparecidos e 1.570 feridos, mas cerca de 10.000 pessoas podem ter perdido a vida na prefeitura de Miyagi, a mais próxima ao epicentro, declarou o chefe da polícia local, Naoto Takeuchi.

Fonte: AFP

Nota do Blog: Houve falha no sistema de refrigeração do reator 2 de Daiichi, aguardamos novas noticias mais detalhadas para trazer até você.
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domingo, 13 de março de 2011

Chuvas no sul do Brasil obrigam 8 mil pessoas a deixar suas casas

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As chuvas que há uma semana atingem o litoral do sul do Brasil obrigaram cerca de 8 mil pessoas a deixar suas casas e deixou sem luz e água potável vastas áreas da região, informaram neste sábado fontes oficiais.

As cidades mais afetadas pelas chuvas foram Antonina, Morretes, Paranaguá, Guaratuba e Guaraquecaba, no Paraná, nas quais, além disso, há problemas no fornecimento de água e de energia elétrica, segundo um relatório divulgado neste sábado pela Defesa Civil.

Até agora, as autoridades informaram sobre a morte de uma pessoa, que foi soterrada por um desabamento de terra provocado pelas chuvas, mas o número de vítimas pode aumentar.

Os deslizamentos de terra também cortaram a passagem de algumas estradas federais e equipes do corpo de bombeiros se dirigiram ao local para tentar normalizar o trânsito.

No Rio Grande do Sul, oito pessoas morreram esta semana devido às inundações provocadas pelas chuvas, que afetaram principalmente o município de São Lourenço do Sul, onde neste sábado algumas áreas permaneciam inundadas.

Uma situação similar se vive desde quinta-feira no Mato Grosso do Sul, onde cerca de 66 mil pessoas estão instaladas em abrigos municipais.

Fonte: EFE

Nota do Blog: Ainda não recebemos informações mais detalhadas sobre as necessidades na região atingida e como enviar ajuda. Peço que o amigo leitor que possuir mais informações sobre como esta a situação nas localidades atingidas e os canais pelos quais possa ser enviada ajuda ás vítimas, a exemplo do que realizamos aqui em ajuda as vítimas da região serrana do RJ, nos envie através de comentário ou por nosso e-mail. Faça sua parte, ajude !!!
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Uma homenagem do GeoPolítica Brasil aos nossos heróis anônimos na região serrana do Rio de Janeiro - Parte II

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Dando continuidade a nossa série de entrevistas, com os profissionais e voluntários que se empenharam em salvar vidas e atender as várias pessoas que foram atingidas pelo desastre natural que atingiu a região serrana do Rio de Janeiro, trazemos agora a entrevista concedida ao nosso blog pelo Secretário de Meio Ambiente e Defesa Civil de Teresópolis, Flávio Luiz de Castro Jesus ao nosso repórter especial Claudio M. Queiroz.


GPB:Conte-nos um pouco sobre quem é o Ten. Cel.CBMERJ Flávio Luiz de Castro Jesus e sua história:

Secretário Flávio:Sou oriundo do CBMERJ, entrei para a academia em 1989 me formando em 1991. O regime lá é de internato, onde tínhamos que chegar aos domingos e saindo nas sextas-feiras à tarde. Terminando a formação fui trabalhar nos quartéis de rua, trabalhando em Campinho, Volta Redonda, Alto da Boa Vista. Neste ultimo foi onde eu tive contato com a área ambiental, mudando minha visão desta área, pois fui trabalhar no grupamento de socorro florestal, combate a incêndios florestais, resgate em montanhas, ou seja atividades mais ligadas ao ambiente natural.

Ao longo do tempo fui me especializando, tendo feito duas pós sobre gestão pública e uma em ciências ambientais. Depois fiz alguns cursos na área de defesa civil por causa dos contatos e vínculos do CBMERJ com esta. Em 2000 trabalhei no Instituto Estadual de Florestas e de lá para cá fui incrementando mais esta área voltada para o setor ambiental, em 2008 fiz outro curso sobre Defesa Civil, e em 2009 vim fazer parte do governo municipal de Teresópolis, tendo inicialmente trabalhado na área ambiental pura e simplesmente, tendo acumulado a Defesa Civil, vindo depois parques e jardins. Hoje a Secretaria de Meio Ambiente e Defesa Civil está cada vez mais forte, mas dentro do contexto administrativo da Prefeitura, sendo uma secretaria de ponta, que tem uma função muito clara que é melhorar a qualidade de vida da população, implementando melhoria com ações ambientais e de defesa civil para que se diminuam os riscos aos mesmos, também implementando a melhoria das praças públicas e áreas de lazer do município.

Um dos grandes projetos na questão preservação ambiental foi à criação do Parque Municipal da Pedra da Tartaruga, tendo este projeto sido todo desenvolvido dentro da secretaria, este foi gerado a partir de um estudo ainda na campanha eleitoral, onde foi levantado um total de 4.300 hectares de área ambiental para ser preservada, sendo o símbolo maior justamente o maciço rochoso conhecido como Pedra da Tartaruga, este um chamariz para algo maior, como o Dedo de Deus é para o Parque Nacional da Serra dos Órgãos e a cadeia de Montanhas dos Três Picos para o parque estadual de mesmo nome.

Hoje 90% da área deste parque são adjacentes à Pedra da Tartaruga, tendo estudos para ampliação do mesmo com outras áreas de preservação ambiental dentro do município com os mesmos princípios de conservação, mas não sendo contíguos ao principal.

GPB:Como foi a reação quando recebeu as noticias nos primeiros momentos, como ficou o lado humano do Flávio ?

Secretário Flávio:Nos primeiros momentos na madrugada do dia 11 de janeiro para o dia 12 de janeiro por volta das 01:00hs comecei receber ligações informando que bairros estavam tendo problemas, sendo o primeiro o bairro de Bonsucesso com inundações, depois Espanhol com barreiras e por volta das 4:00hs entrou a informação da Granja Florestal. A primeira reação foi ir para a rua e tentar atender onde tinha demanda, pois até aquele momento não tínhamos noção da magnitude do desastre, os primeiros informes eram de bairros onde estes eventos(em menor escala) eram teoricamente previsíveis, sendo o plano de ação da Defesa Civil acionado sempre que a chuva passa de 50mm, os agentes partem para a base para saírem em emergência. Mas o que ocorreu foi que a chuva passou dos 100mm e chegando a valores muitos mais altos que estes. Com isso as equipes ficaram com dificuldades de se locomover para os locais que tinham sido identificados com problemas, inclusive tendo o CBMERJ sofrido com o mesmo problema de locomoção, pois muitas ruas ficaram alagadas.

Através de caminhos alternativos consegui chegar a uma rua onde ocorreram duas barreiras com vitimas, infelizmente resultando em dois óbitos. Como estávamos presos impossibilitados de continuar, fiquei ajudando no resgate de uma das vitimas em frente ao Centro Educacional Beatriz Silva, conseguindo salvar uma senhora soterrada, mas um homem ficou ainda debaixo dos desmoronamentos, pois com a chuva as barreiras continuavam a descer pela encosta dificultando o resgate.

Fiquei até as 5:00hs pois o nível das águas abaixou, conseguimos nos locomover para o bairro do Golf, pois tinha ocorrido desmoronamentos nesta localidade, tendo outras equipes ido auxiliar o CBMERJ no bairro do Espanhol e outra equipe indo para o Campo Grande. Até este momento não sabíamos dos outros bairros atingidos, ao longo do dia os repórteres com informações dos outros lugares atingidos foram chegando, assim como os voluntários para auxiliar nos resgates.

Quanto ao lado humano do Flavio passa a ficar esquecido, pois o lado humano, emocional fica parado, estagnado e vivendo somente o lado racional onde o treinamento e tudo para o que fui preparado veio a me ajudar a deixar meio que anestesiado os sentimentos e executar somente o que fui preparado para fazer, tendo ficado em torno de uns cinco dias assim.

GPB:Se em campo ou não, qual o foi o momento ou momentos mais emocionantes, o que mais te marcou?

Secretário Flávio:Em cada situação é diferente, vivendo uma catástrofe deste tamanho, não canso de dizer que no Brasil ninguém teve esta experiência, por vários motivos. Quem no Brasil trabalhou em grandes catástrofes como esta que ocorreu aqui? Nenhuma delas chegou próxima ao que aconteceu nesta região. Talvez quem gerenciou/trabalhou em Nova Friburgo ou aqui tenham a mesma percepção. Quem foi ajudar no Haiti ou no Chile, não teve relacionamento emocional com os ajudados, pois você não conhece ninguém que está precisando de ajuda. Muito diferente do que ocorreu nesta localidade. Isso foi o que mais me emocionou, lidar com as pessoas que estavam em campo, os relatos dos que estavam em campo, as buscas pelos cadáveres normalmente de pessoas conhecidas ou que tenham algum tipo de relação com você. Em algum momento já ocorreu um encontro social(futebol, círculos de amigos) ou parente de alguém que trabalha com você ou até mesmo a casa de funcionários.

Estas situações por serem pessoas conhecidas, fez que o lado emocional das pessoas envolvidas ficassem muito abaladas, pois todo dia tinha três,quatro ou cinco pessoas da sua equipe retornando de alguma missão chorando. Isto é muito difícil de você gerenciar, administrar, motivar e incentivar para que a equipe retorne a rua no dia seguinte para executar mais resgates.

GPB:O que o lado cidadão do Flávio vê de necessidade para uma Sec.Def. Civil mais atuante, e a palavra do Secretário?

Secretário Flávio:Eu acho que não é uma questão de uma defesa civil mais atuante, e sim a defesa civil ser considerada num contexto mais atual.

Na verdade ela não precisaria nem de uma secretaria específica se tudo ocorresse dentro dos parâmetros de segurança normais, onde não tivessem ocorrido ocupações irregulares de terrenos, construções em encostas, em margens de rios. Se as prefeituras no passado não tivessem autorizado ou se omitido e até mesmo incentivado estas ocupações e as pessoas vivessem em áreas seguras, talvez nem houvesse a necessidade de defesa civil.

O que eu identifico como uma defesa civil mais atuante é uma mudança de cultura na população local e do Brasil. Trabalhamos a tempos, buscando recursos para implementar projetos de segurança, e isto não é em Teresópolis somente, isto é no Brasil como um todo. Esta muito enraizado na cultura brasileira, as pessoas ocupando encostas, áreas de riscos, e nós vamos acompanhando este processo, mas quando se solicita recursos para retirar estas pessoas antes dos desastres nunca é atendido, conseguindo estes somente após os desastres.

De uma forma geral é a cultura brasileira de tratar a conseqüência e não a causa, isto faz que não ocorra economia de recursos na implementação da prevenção, não só na área publica, mas em todas as esferas. Como exemplo a nossa mania de esperar algo parar, como um carro com defeito antes de fazermos uma revisão quando demonstra uma anomalia. Ou seja, vamos levando até onde aguentar, apesar de termos um ditado que diz “é muito melhor prevenir do que remediar”, nós não fazemos isto. É uma verdade muito ruim, pois você tem condições de fazer um trabalho muito melhor se conseguíssemos implantar projetos de prevenção para se evitar acidentes. Isso é muito difícil por questões financeiras, escassez de verbas para isso, quando existem elas são pequenas e tem que ser divididas em todas as áreas, isso não é uma questão especifica da defesa civil e sim de todos os setores da gestão pública.

GPB:Quais os pensamentos para o futuro a respeito do que aconteceu e o que pode vir acontecer ainda?

Secretário Flávio:A idéia é aproveitarmos este momento para que consigamos tirar o máximo possível de pessoas das áreas de riscos.

Complementando a pergunta anterior, como é agora que as verbas estão chegando então que façamos a aplicação destas bem feita, potencializando este dinheiro para tirar o máximo de pessoas das áreas de riscos, para que possamos transformar Teresópolis em uma cidade segura, apesar de estarmos fazendo um trabalho de remoção dos moradores das áreas de risco ainda existem muitos retornando para as suas casas que foram interditadas, fazendo que nos demande mais trabalho onde já tinha sido feito. Não abriremos mão de levar este processo até o final.

Como exemplo, existe todo um processo para que os proprietários das casas interditadas seja indenizados, para que isto ocorra é necessário que o mesmo autorize a demolição de sua residência, onde ele receberá todo o apoio financeiro para a compra, construção ou outro método de indenização para sua nova moradia. Sendo que existe muita informação errada e maldosa sendo falada, inclusive com incentivos para que a população fragilizada emocionalmente se revolte com os órgãos públicos, mas devemos informar que a prioridade de indenização de moradias é para a população de baixa renda e com dificuldades de se reerguerem sozinhas.

Infelizmente existe muitas pessoas envolvidas no meio político se aproveitando do momento para trazer benefícios próprios fazendo movimentos irresponsáveis para que pessoas voltem para os lugares atingidos e com grandes riscos de vidas, mas a administração está mapeando isto e preparando meios legais para que caso ocorram novas catástrofes estas pessoas irresponsáveis venham a serem acionadas juridicamente e criminalmente.

Hoje estamos com os processos caminhando dentro da velocidade normal planejado da secretaria, mas infelizmente por causa de vários fatores como boatos, cansaços dos desabrigados, tem feito que estas voltem para as áreas atingidas fazendo que a Defesa Civil venha a ter que refazer um re-trabalho inclusive trazendo problemas pois as equipes que são deslocadas para este trabalho poderia e deveriam estar em outras áreas liberando as sub-localidades que não foram atendidas ainda com desobstrução de ruas, e outras prioridades.

GPB:Algo que ficou sem ser feito pela Flavio cidadão?

Secretário Flávio:O Flavio cidadão deixou de existir no dia 12 de janeiro de 2011 e somente no dia 20 de fevereiro ele voltou a retornar a vida normal, onde pude rever minhas filhas, uma de oito e outra de dez anos. Desde ocorrido o Flavio era funcionário público das 6:00hs as 18:00hs e depois voluntário no restante do dia.

GPB:Como consegue lidar com as cobranças, muito delas infundadas da comunidade ?

Secretário Flávio:Eu acho que o importante nesse momento é que as pessoas confiem na Defesa Civil, que não esta em campo para prejudicar ninguém como dizem os boatos. Se estamos hoje impedindo a passagem e o acesso de moradores nas localidades, é por que queremos única e exclusivamente o bem destes moradores, não por que não gostamos ou queremos prejudicar os moradores.

Se no passado nós não tivemos oportunidade de impedir a ocupação desordenada e a ocupação de áreas de risco, hoje nós temos a obrigação legal e a competência técnica para fazer isto. Pois precisamos fazer desta cidade com a população vivendo em áreas seguras, uma cidade segura, por que senão qualquer 10 mm de chuva as pessoas saírão de suas casas e correrão para as ruas procurando segurança, por que continuam morando inseguras e pode ocorrer de que não consigam sair e venham a morrer.

Então acreditem no que a Defesa Civil fala e não no que os boateiros de plantão falam, pois estamos aqui para proteger a população.

GPB:Muito obrigado Secretário Flávio por nos conceder esta entrevista, queremos agradecer por todo o trabalho que o senhor e sua equipe vem desenvolvendo na cidade de Teresópolis e desejamos sucesso na busca pela segurança da população da cidade, que esta população venha a compreender o trabalho da Defesa Civil e atender ás suas solicitações para o bem de todos.


Nota do Blog: O GeoPolitica Brasil agradece aqui aos nossos heróis anônimos, sejam eles civis,militares ou servidores públicos, pois é louvável ver a união de todos em busca de ajudar ao seu próximo, e esperamos que sempre possamos contar com estas pessoas que abrem mão do "eu" em prol de outras pessoas em face as dificuldades que a vida nos apresenta.

Aqui encerramos nossa série em homenagem aos heróis que atuaram na região serrana do Rio de Janeiro, esperando que todos reconheçam que cada um pode fazer a sua parte e ajudar a quem precisa.
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sábado, 12 de março de 2011

Tremores e Tsunami no Japão criam ameaça de desastre nuclear

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O governo japonês confirmou o vazamento na usina nuclear Fukushima Daiichi Nº 1, e indicou que a concentração de material radioativo escapando das instalações já está oito vezes maior do que o normal. Em seguida, o primeiro-ministro do Japão, Naoto Kan, ordenou a retirada emergencial de moradores num raio de 10 km em torno das instalações.

A usina, localizada na região de Fukushima, no leste do Japão, teve seu sistema de resfriamento danificado pelo terremoto de magnitude 8,9 e subsequente tsunami que atingiram o país. Registrado às 14h46 no horário local (2h46 em Brasília), o abalo foi o maior da história no Japão e já deixou ao menos 378 mortos, mais de 800 feridos e 547 desaparecidos.

A medição do nível de radiação que escapa da usina feita pela Agência de Segurança Industrial e Nuclear do governo japonês, subordinada ao Ministério da Indústria, sugere que o vazamento tenha proporções maiores do que as previstas anteriormente pelo ministro da Indústria Banri Kaieda.

Kaieda admitiu a possibilidade de um pequeno vazamento de material radioativo na usina nuclear de Fukushima Daiichi após o governo decidir liberar vapor com teor radioativo como medida emergencial para reduzir a pressão sobre os reatores.

Embora a agência negue que a quantidade de radiação vazada ofereça um risco imediato à saúde dos moradores, o primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, ordenou a retirada de moradores em torno de duas usinas, somando mais de 45 mil pessoas deslocadas.

Mais cedo um porta-voz da Tokyo Electric Power Co (TEPCO) disse que a pressão dentro da usina estava aumentando e já ultrapassava 1,5 a capacidade prevista, com o risco de um vazamento de radiação, segundo agências de notícias japonesas.

A Agência de Segurança Industrial e Nuclear japonesa indicou que o nível de radiação nos arredores da usina nuclear de Fukushima Daiichi Nº 1 aumentaram neste sábado após o governo declarar estado de emergência em cinco reatores de duas usinas no país. O alerta chega horas após o governo confirmar ao menos 417 mortos pelo terremoto de magnitude 8,9 seguido de tsunami que devastou a região leste do Japão.

Além das medidas iniciais que incluem a visita de Kan às regiões afetadas e ao complexo nuclear, esforços de resgate e de combate a mais de 80 incêndios ativos e as estimativas de prejuízos, o sábado já foi marcado por ao menos mais uma réplica do tremor.

Um terremoto com magnitude 6,8 atingiu a mesma parte do país, informou o Instituto Geofísico dos Estados Unidos (USGS).

Contenção

Mais cedo, especialistas já haviam alertado para um risco de vazamento caso o nível de água no reator de Fukushima caísse, aumentando a temperatura do combustível nuclear.

Ressaltando as graves preocupações sobre um vazamento nuclear, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse que a Força Aérea dos EUA entregou um resfriador ao Japão para reverter o aumento da temperatura do combustível.

Os reatores fechados devido ao terremoto são responsáveis por 18% da capacidade de geração de energia nuclear do Japão. A energia nuclear produz cerca de 30% da eletricidade consumida no país.

A TEPCO disse que três dos seis reatores da central nuclear de Fukushima Daiichi estavam ativas no momento do terremoto. As outras três, fechadas para manutenção, não correm risco de vazamento.

Riscos nucleares

Além das mortes e estragos, o tremor de magnitude 8,9 seguido de tsunami causou ainda um vazamento de material radioativo na usina de Fukushima Daiichi Nº1 levando o primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, a deixar Tóquio para sobrevoar as regiões atingidas e conferir a situação emergencial nas instalações nucleares da região.

De acordo com a agência Kyodo News, Kan deixou a capital japonesa num helicóptero para conferir de perto a catástrofe causada pelo pior terremoto da história do país. "Eu quero entender a situação", disse pouco após declarar estado de emergência pelo vazamento de material radioativo e ordenar a retirada de ao menos 45 mil moradores num raio de 10 km em torno de Fukushima Daiichi Nº 1.

Kan declarou ainda estado de emergência em outra usina, Fukushima Nº 2, e ordenou a retirada de moradores num raio de 3 km em torno da instalação que fica a 12 km da primeira.

No total, cinco reatores nas duas usinas já foram desligados e permanecem em situação emergencial.


As duas usinas ficam a cerca de 250 km ao norte de Tóquio.

O governo japonês confirmou o vazamento na usina nuclear Fukushima Daiichi Nº 1, e indicou que a concentração de material radioativo escapando das instalações já está oito vezes maior do que o normal. Na sala de controle, o nível de radioatividade foi de mil vezes maior do que o normal.

Um porta-voz da Tokyo Electric Power Co (TEPCO) disse que a empresa segue as ordens do governo e continua liberando vapor radioativo como medida de emergência.

"De acordo com as instruções governamentais, liberamos parte do vapor que contém substâncias radioatiovas. Acompanhamos a situação. Até o momento não há problemas", disse.

Entre as medidas iniciais anunciadas pelo governo estão uma reunião do Escritório de
Respostas Emergenciais a Emergências Nucleares e a utilização de fundos emergenciais para a reconstruir o país e auxiliar as vítimas.

O governo e demais partidos políticos também já cogitam cancelar as eleições locais que ocorreriam em todo o país no mês de abril.


Forte explosão é ouvida perto do reator nuclear de Fukushima

Uma forte explosão deixou quatro feridos neste sábado na usina nuclear de Fukushima, onde o nível de radiação aumentara de forma alarmante após o devastador terremoto que sacudiu o Japão na sexta-feira.

Segundo a imprensa japonesa, que cita a empresa elétrica Tokyo Electric Power (TEPCO) e a Agência de Segurança Nuclear do Japão, a explosão aconteceu às 15h36 da hora local (3h36 de Brasília), aparentemente quando uma equipe tentava esfriar um reator nuclear da usina número 1.

A rede de televisão NHK assegura que o teto e as paredes do edifício que abrigava o reator desabaram.

O terremoto que atingiu a região ontem havia danificado o sistema de refrigeração da central, que paralisou suas atividades, sem que isso impedisse o aumento da pressão no reator nuclear.

Os quatro feridos foram transferidos para um hospital da região, segundo fontes da TEPCO, a companhia que opera a usina, que ainda não divulgou informações sobre o estado da central.

O incidente ocorreu pouco depois de os responsáveis da usina nuclear terem anunciado que haviam conseguido reduzir a pressão no reator.

O governo ordenara neste sábado a evacuação de cerca de 45 mil habitantes em um raio de 10 quilômetros ao redor das instalações nucleares, enquanto já havia evacuado na sexta-feira três mil pessoas em um raio de três quilômetros.

Inaugurada em 1961, a usina número 1 da Tokyo Electric Power em Fukushima, com o nome de Daiichi, fica 270 quilômetros ao nordeste de Tóquio e contava com permissão para continuar ativa até 2021.

O terremoto de sexta-feira, de 8,9 graus na escala Richter, fez com que fossem paralisadas as 11 usinas nucleares situadas nas zonas mais afetadas, como estabelecem as normas japonesas diante de casos como este.

O chefe do gabinete japonês Yukio Edano confirmou no sábado que houve uma explosão e um vazamento radiativo na usina nuclear Fukushima Daiichi, operada pela Tokyo Electric Power Co (TEPCO).

Tal descoberta levantou temores de que ocorra um desastroso derretimento da usina, que foi danificada durante o tremor de 8,9 graus de magnitude, o mais potente já registrado no Japão.

"Estamos analisando a causa e a situação e tornaremos isso público quando tivermos mais informações," disse Yukio Edano.

Edano disse que é adequada a retirada de pessoas de um raio de 10 quilômetros do reator Daiichi 1, que tem 40 anos de funcionamento e está localizado em Fukushima. Imagens de televisão mostraram vapor saindo da usina, localizada 240 quilômetros ao norte de Tóquio.

O terremoto causou um tsunami de dez metros de altura, que devastou cidades na costa nordeste do país. A imprensa japonesa calcula que pelo menos 1.300 pessoas morreram.

Fonte: GeoPolítica Brasil com agências de notícias.
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sexta-feira, 11 de março de 2011

Uma homenagem do GeoPolítica Brasil aos nossos heróis anônimos na região serrana do Rio de Janeiro - Parte I

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Nesta série de entrevistas, valorizamos os profissionais e voluntários que se empenharam em salvar vidas e atender as várias pessoas que foram atingidas por esta que já é considerada a sexta maior tragédia natural, sendo considerada uma “mega tragédia”.

Para que nossos leitores possam ter uma noção de como agiram estes cidadãos que se empenharam no resgate e apoio as vítimas, fizemos uma série de entrevistas pós catástrofe com três voluntários e com o Sr. Secretário de Defesa Civil e Meio Ambiente do Município de Teresópolis.

Queremos com esta série homenagear a todos os envolvidos neste grandioso trabalho de salvar vidas, diminuir o sofrimentos entre outras benesses para esta sofrida população da região serrana do Rio de Janeiro. Buscamos captar a visão pessoal de cada um dos voluntários entrevistados, queremos mostrar o lado humano e solidário que foi a marca registrada dos heróis anônimos desta grande operação de resgate e atendimento ás vítimas. Nossas entrevistas conseguiram fazer com que cada um expressa-se da forma mais pessoal e livre possível. Tendo esta tarefa ficado a cargo de nosso reportér especial Claudio M. Queiroz, que também atuou como voluntário nas equipes de resgate.


Nosso primeiro entrevistado foi o voluntario Leonardo Sampaio:


GPB:O que o levou a se voluntariar?

Leonardo Sampaio: O que levou a me voluntariar, primeiramente foi o fato de ser um profissional da área da saúde, acadêmico da Feso, onde tenho competências e habilidades profissionais em prestar socorro, na qual tenho o dever e obrigação de ajudar aquele que esteja necessitando de atendimento de saúde e socorro, e devido ao fato do desastre ter ocorrido em Teresópolis que é a cidade em que resido.

GPB:Como foi o primeiro momento no resgate?

Leonardo Sampaio:O primeiro momento de resgate foi muito emocionante e sem muitas palavras, uma fase muito marcante para nossas vidas, em poder ajudar aqueles que necessitam de ajuda.

GPB:Como era a organização das equipes,

Leonardo Sampaio:A organização não foi muito boa, pois recrutaram pessoas no devido momento sem muitos critérios e estratégias de equipe, com pessoas sem treinamento em resgate, e sem preparo para salvar vidas!!! Porém os voluntários demonstraram dedicação e garra, com o intuito de ajudar ao próximo, se doando ao máximo para cumprir as tarefas de resgate e apoio ás vitimas.

GPB:O momento que achou mais importante no resgate e a imagem que mais te marcou?

Leonardo Sampaio:O momento mais marcante, foi quando vi uma criançinha de cinco anos em óbito sendo retirada dos escombros da Fazenda Alpino. Apesar de ter experiência e ver óbitos de perto, foi diferente, devido ao fato de ser um desastre natural e uma fatalidade.

O momento mais importante foi quando trouxemos uma família até o abrigo que foi montado em Venda Nova.

Tenho que agradecer ao posto de saúde de Venda Nova, a Enfermeira Débora Jones, responsável pelo PSF, a médica de posto e toda a equipe, que cedeu o espaço para ajudar no atendimento aos desabrigados e onde se dedicaram a essas famílias, prestando atendimento a semana inteira, inclusive sábados e domingos e não havendo descanso para as equipes do posto. Muito obrigado a todos!


Voluntário Werner



GPB:O que o levou a se voluntariar?

Werner: Por ser católico e muito mais pelo sentimento de amor ao próximo. Senti a necessidade de ajudar aqueles que necessitavam, acima de tudo levar no momento de dor, atenção, carinho e amor. Principalmente ás crianças vitimadas ela catástrofe.

GPB:como foi seu primeiro momento no resgate?

Werner:Na verdade eu participei apenas nas etapas de transporte dos sobreviventes que foram resgatados pelas equipes que foram aos locais sem acesso.
Posso dizer que o primeiro contato com as pessoas que foram socorridas era um misto de comoção. Você via o olhar dos adultos e das crianças e ali estava estampado todo o sofrimento que passaram, por outro lado o sentimento era de muita alegria em poder ajudar e socorrer pessoas que até então eram desconhecidas, mas que a partir daquele momento olhavam para nós como uma salvação que eles mesmos não acreditavam ser possível.

Agora, olhar as crianças e ver a carinha de cada uma que mesmo sem entender ao certo o que havia acontecido tinham pela gente um carinho sem precedentes.

GPB:Como era a organização das equipes?

Werner:No nosso caso nos organizávamos em três frentes. Uma ficava responsável pela busca dos resgatados, outra ficava com a responsabilidade de buscar e transportar as doações até o abrigo e a terceira ficava no próprio abrigo auxiliando a preparação do espaço para receber os desabrigados e também as doações.

GPB:O momento que achou mais importante no resgate e a imagem que mais te marcou?

Werner:O mais importante é manter sempre o foco no trabalho que está sendo realizado e fazê-lo da maneira mais organizada possível, lembrando sempre que acima de qualquer coisa, nosso foco deve ser o bem estar daqueles que se encontram fragilizados pela situação.

O que mais me marcou, e que ainda me comove ao lembrar, foi o encontro com a pequena Maria no abrigo, uma linda menina de cinco anos que me deu um abraço que não foi apertado, não teve choro, mas que era simplesmente a necessidade de um carinho, aquela cabecinha repousada no meu ombro e aquele silêncio disseram mais que qualquer palavra que me disseram. Era a imagem do amor e carinho e de todo o agradecimento em um momento de silêncio.


Claudio Marcos de Queiroz


GPB:O que o levou a se voluntariar?

Claudio M. Queiroz:Eu acordei por volta das 02h30min da madrugada do dia 11 para o dia 12 de janeiro com o barulho da forte chuva que caia, logo depois comecei a perceber que algo de muito grande estava para acontecer, pois de onde eu estava dava para ter uma percepção de como a tempestade estava castigando a cidade, quando amanheceu sai em busca de informações a respeito do que podia ter ocorrido, e conforme eu me inteirava percebia o quão grande tinha sido a tragédia.

Como eu estava perto do centro de operações montado no Ginásio Poliesportivo Municipal, comecei a ir lá para ver onde poderia ser útil, foi quando pude constatar o caos que se instalava no local.

No momento nos bate algo do tipo: Onde posso ser útil? O que posso fazer?

Apesar de estar sentindo que era impotente para o tamanho dos acontecimentos, mesmo assim a vontade de colocar em prática o que aprendi na caserna, trabalho e outros foi maior. Comecei a formular possibilidades, identificar pessoas que pudessem ser úteis para os trabalhos que estavam surgindo no caos frenético que aparecia diante dos meus olhos e de todos a minha volta, através de contatos consegui junto com amigos organizar equipes de resgates no dia seguinte e nos dias posteriores.

GPB:Como foi o primeiro momento no resgate?

Claudio M. Queiroz:O primeiro resgate fica marcado como o marco inicial, algo que você grava na sua memória, é como uma cicatriz para a vida toda, onde sempre se lembrará do ocorrido, como é reconfortante o momento que você olhar uma família sentada à mesa comendo uma boa refeição quente após passar momentos trágicos como estes. É ai que você percebe que depois sempre existe a esperança.

GPB:Como era a organização das equipes?

Claudio M. Queiroz:Como tinha falado anteriormente, quando cheguei ao Ginásio a organização era um caos e ficou assim até que os órgãos públicos se unissem para que fossem organizados os esforços de resgate. Quanto a organização da equipe que participei, foi tentado recrutar os voluntários que tinham o máximo de experiência em resgate e atendimentos de emergência, mas infelizmente isto era muito pouco no quesito conhecimento em campo, gerando infelizmente alguns conflitos desnecessários e prejudiciais ao momento, era o que tínhamos na mão para nos lançar ao socorro. Mesmo assim conseguimos introduzir bons profissionais como Resgatistas profissionais, soldado Bombeiro do CBMESP como outros voluntários com experiência e vontade de ajudar.

GPB:O momento que achou mais importante no resgate e a imagem que mais te marcou?

Claudio M. Queiroz:Na verdade você que tem alguma experiência ou treinamento para estes tipos de ocorrências fica com seu lado humano meio que desligado, você simplesmente vai lá e faz o que tem que ser feito. Mas não posso me furtar de narrar que chegando á uma casa para convencer os moradores a aceitarem ir para o abrigo, descobri que era a família de uma amiga minha que há muito eu não via, mesmo assim você se desliga do emocional e começa a agir racionalmente, como conseqüência deste episódio, uma das senhoras que foi retirada da casa por causa do risco que corria me encontrou na cidade umas três semanas depois e me deu um dos melhores abraços que já recebi em minha vida, simplesmente sussurrou algo que ficará para sempre na minha mente.

Quanto a imagem eu não teria uma, mas várias, infelizmente muitas destas triste, como corpos de crianças embalados para transporte entre outras de tamanho impacto emocional. Prefiro tentar lembrar dos sorrisos das pessoas quando chegamos em uma localidade isolada com cestas básicas para elas.

Quero agradecer a todos os envolvidos em ajudar neste momento triste de nossa região, desde os altos oficiais das Forças Armadas, ao mais simples cidadão que deu o que tinha para dar neste momento de ajuda a todos que foi o sorriso reconfortante para quem não tinha mais nada, nem mesmo esperanças.

Meu muito obrigado em nome de todos os socorridos.


Nota do Editor: Quero agradecer imensamente o desprendimento dos voluntários e resgatistas que se empenharam arduamente nas operações de resgate. Aqui trouxemos relatos de apenas três dentre centenas de voluntários que atuaram anônimamente não só em Teresópolis, mas em toda a região serrana, como Nova Friburgo, Petrópolis e adjacências. Estendo a homenagem a todos envolvidos, sejam eles civis,bombeiros,médicos,policiais ou militares que atuaram sem parar, amenizando os danos morais e psicológicos sobre as vítimas das chuvas.

Ainda quero agradecer e parabenizar o excelente trabalho de nosso novo membro da família GeoPolitica Brasil, nosso amigo e novo repórter Claudio M. Queiroz, que nos trouxe notícias em primeira mão, direto do centro de operações, tendo inclusive acompanhado as operações aéreas de perto, tornando o GeoPolítica Brasil o único blog que tripulou os voos das equipes de resgate aéreo do Exército Brasileiro e da Polícia Civil do RJ. Parabenizando pelo excelente trabalho.

Agradeço também a todos que ajudaram as vítimas, seja com envio de alimentos e roupas, doando sangue ou seja na organização da coleta deste itens tão importantes em uma hora como essa.

Muito Obrigado a todos, que Deus esteja sempre convosco.

Angelo D. Nicolaci
Editor GeoPolítica Brasil
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domingo, 13 de fevereiro de 2011

Tragédia do Rio altera estudo de área de risco

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Um mês após a tragédia que deixou 893 mortos e 408 desaparecidos na serra fluminense, especialistas em geotecnia e hidrologia afirmam que há um consenso: é preciso revisar a metodologia de classificação de áreas de risco no País. Reunidos no Clube de Engenharia, eles defenderam a criação de órgão nacional para prevenir e centralizar ações em casos de desastres naturais.

Presidente da Associação Brasileira de Geologia de Engenharia (ABGE), Fernando Kertzman diz que os mapas de risco "terão de ser instrumentos de planejamento muito mais abrangentes do que são hoje". "Saí de lá (da região serrana) com conceitos completamente diferentes dos que eu tinha antes", conta.

Segundo ele, os mapeamentos não podem levar em consideração apenas critérios geotécnicos dos morros e encostas. Dados hidrológicos são essenciais e devem ser mais precisos, assim como os meteorológicos.

"Qualquer um de nós compraria um apartamento no prédio (em Nova Friburgo) onde os bombeiros que ajudavam no resgate morreram soterrados", acrescentou Kertzman.

"Vamos ter de revisar algumas coisas depois dessa experiência", avalia o engenheiro geotécnico Willy Lacerda, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Para Moacyr Duarte, também da UFRJ, é indispensável incorporar novas tecnologias, aliando sobrevoos de baixa altitude a imagens de satélite e inspeções geotécnicas.

Especialistas apontam como modelo de órgão federal a Geo-Rio, criada em 1966, após uma catástrofe: a chuva de verão que deixou 70 mortos e mais de 500 feridos.

"Defendo uma entidade federal para subsidiar as prefeituras, venho batendo nessa tecla desde 2005. Os municípios não têm recursos para manter pessoal especializado", disse Francis Bogossian, presidente do Clube de Engenharia.

Para Kertzman, o órgão reuniria especialistas "perdidos" em departamentos dos Ministérios da Integração e das Cidades, além da Defesa Civil. "É só reunir o que já existe e trabalhar o ano inteiro com previsão meteorológica, com definição de área de risco, com remoção de pessoas que vivem nesses locais e com política de prevenção, não só de emergência", disse o presidente da ABGE.

"A gente estima que com R$ 50 milhões dos R$ 780 milhões que foram destinados agora para emergência se cria uma instituição que vai diminuir muito o número de vítimas em acidentes", destacou.

Habitação. Um antigo levantamento citado pelo presidente da ABGE indica que o Brasil precisa de 8 milhões de novas moradias para tirar pessoas de áreas de risco. "Defendemos a construção de 1 a 2 milhões de casas por quatro ou cinco anos sem parar."

O governo do Rio informou que reservou R$ 1 bilhão da capacidade de endividamento do Estado para investir no Programa Morar Seguro. Mas o empréstimo ainda está sendo negociado com o Banco Mundial. Marilene Ramos, presidente do Instituto Estadual do Ambiente, reconheceu que a burocracia retarda a ação governamental. Para Duarte, "infelizmente somos uma sociedade inconsequente que só pensa sobre cadáveres".

Fonte: Estadão
foto: Claudio M. Queiroz - GeoPolítica Brasil
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